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CARTA ABERTA AOS “PETRALHAS”

Caríssimas e caríssimos “petralhas”! Calma! Muita calma nessa hora. Não se irritem com o epíteto. Estamos juntos nessa. Também sou um “petralha”. E a intenção desta carta é exatamente essa: tranquilizá-los em relação à maneira simpática pela qual somos tratados por indivíduos do “outro lado”. É verdade. Acho esse apelido muito simpático, pouco agressivo e em nada me incomoda.

“Petralha” é um neologismo criado pelo jornalista político ultraconservador Reinaldo Azevedo (ex-blogueiro da ridícula Veja e atualmente colunista do UOL do Grupo Folha) a partir da contração das palavras petista e metralha. Uma alusão aos cativantes personagens “Os Irmãos Metralhas” idealizados por Carl Barks em 1950 e incorporados ao universo lúdico das histórias em quadrinhos de Walt Disney em 1951.

Desde os primórdios, o único propósito dos atrapalhados irmãos em suas aventuras é tentar espoliar qualquer fração – por mínima que seja – da incalculável fortuna do muquirana capitalista selvagem, Tio Patinhas. E apesar de permanentemente caracterizados com roupas de presidiários e numerados com variações e combinações dos números 1, 6 e 7, “Os Irmãos Metralhas” não possuem histórico de grandes maldades em suas peripécias “robinhoodianas” em busca de justiça social.

Então, meus caros. Não estraguem o seu humor ou fiquem injuriados, quando algum do “outro lado” imaginar que está praticando a maior das ofensas, ao chamá-los de “petralhas”. Relaxem. Eu próprio há muito que já me considero um “petralha” de ótima cepa.

E não tenham dúvidas: em matéria de criatividade na hora de produzir neologismos ou apelidos, estamos anos-luz à frente dos nossos adversários. Tem coisa mais linda do que “tucanalha”? Tucano + canalha. Isto sim! É forte, direto, inapelável. Diz a que veio. “Tucanalha” não tem um autor específico. É uma criação coletiva dos militantes petistas.

E o que dizer de “coxinha”? “Coxinha” é uma delícia. Literal e figurativamente. O “tucano-coxinha” é uma variante marombada dos “mauricinhos” da época de Collor, que adoravam se exibir em público com suas camisas polo Lacoste, bermudas Hugo Boss e mocassins de couro de crocodilo Salvatore Ferragamo e sempre carregando um copo de uísque Logan nas mãos. Quando o nosso principal inimigo ainda eram os tucanos, ser chamado de “coxinha” provocava um efeito devastador sobre os do “outro lado”. Eles alcançavam os píncaros da irritação e nos questionavam enfurecidos: “por que coxinha?!”. É óbvio que nunca tivemos nenhuma obrigação de esclarecê-los. Se quiser que vão no google.

Todavia, confesso que chego a sentir saudade dos “coxinhas”, diante da virulência dos seguidores do acéfalo que assumiu a presidência do Brasil em 2019, Para esses —  exemplarmente alcunhados de “bolsominions” — qualquer sujeito contrário aos seus ideais de extrema direita é considerado um “esquerdopata” e deve ser exterminado da face da terra. Qualquer conceito relacionado à esquerda é associado a uma doença, uma psicopatia. Portanto, na atual conjuntura política do Brasil, até um “tucano-coxinha” pode ser taxado de “esquerdopata”. Não à toa, FHC, um ícone do neo-liberalismo tupininquim é tratado por eles como um comunista “feladaputa”.

Em tempo: “Bolsominion” é uma junção de bolso (de Bolsonaro) com minion (do inglês: servo, lacaio). No filme “Meu Malvado Favorito” os minions são os ajudantes do super vilão Gru em seu plano maquiavélico de roubar a lua. Nada mais perfeito.

Portanto, relaxemos e sobrevivamos, caríssimas e caríssimos. E asseguro-lhes: além de petistas, “Lulistas”, “Dilmistas”, “petralhas“, “comunistas comedores de criancinhas”, “bolivarianos desgraçados”, “vermelhos malditos”, “esquerdopatas” ou algo que o valha, nós também somos um bando de “fodásticos”. Muito “fodásticos”! Foda + fantásticos. Maravilha de neologismo, né não? Só não sei de quem é a autoria.

Saúde e paz!

Marco Túlio Cícero é jornalista

Escrito por Marco Túlio

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