Últimas histórias

  • BOCA DE CENA

    A brincadeira dos Papangus no Carnaval Pernambucano, tem seu dia maior durante o reinado de Momo no domingo, a tradicional manifestação presente em praticamente todos os estados do Nordeste e, que traz em comum as fantasias que escondem integralmente a identidade do folião ou foliã, visto que até o gênero dos brincantes se torna uma incógnita, é destaque no Agreste Pernambucano mais especificamente na Cidade de Bezerros, o termo Papangu tem, segundo estudiosos do assunto, sua origem num tradicional prato da culinária regional o Angu, feito à base do milho, leite de coco e outros ingredientes, seria quase uma variação (melhorada) da polenta e, além de ser saboroso garante energia suficiente aos brincantes para enfrentar a maratona Momesca, assim os Papa Angu ganharam seu apelido e lugar nas festividades carnavalescas, privados da fala, pois que as vozes poderiam identificar a pessoa por trás da fantasia, nem por isso falta a comunicação proposta em forma de jogos de sedução e ritmos, sarcasmos e ironias, verdades e mentiras, um caleidoscópio de emoções ritmadas pelos frevos e marchinhas que se harmonizam em toda sua diversidade, em sua humanidade.

    Mas Papangu aqui no nosso Rio Grande, tomou um novo formato um formato literário, uma revista e, diga-se de passagem, uma excelente revista, um sarapatel de temas abordados com irreverência, humor e provocações ao debate político, social, artístico e cultural, e agora justo num domingo, como se fora a apoteose dos grupos carnavalescos do agreste Pernambucano A PAPANGU ressurge numa versão digital, que provavelmente ampliará o seu alcance, claro que sem perder sua essência comunicativa, suas características que seduzem e repelem, agradam e desagradam, colorem e “monocromizam”, mas com certeza polemizam e alimentam o bom embate das distintas opiniões.

    Eu Beto Vieira, Ator, diretor, palhaço, arte educador e contador de histórias estou muito feliz pelo convite a fazer parte da equipe de brincantes escrevinhadores, um Papangu a mais e, na BOCA DE CENA trarei histórias e causos referentes ao Teatro, Cultura Tradicional Popular e Artes em geral, sem viés acadêmico e sem amarras predeterminadas, sem imposições, mas, com cheirinho de um bom café coado deliciosamente acompanhado de um bolo de macaxeira ou uma saborosa ginga com tapioca e, nesse caso já se pode até trocar o café por uma boa cerveja gelada, cenografia perfeita para um despretensioso e agradável bate papo.

  • MOSSORÓ, ENFIM LIVRE

    Após 70 anos, a família Rosado deixará de administrar Mossoró, em respeito à vontade de 65.297 eleitores, 47,52% dos votos válidos. Na campanha, muitos rosalbistas arrotavam arrogância. Diziam que era impossível que Allyson Bezerra (SD) vencesse Rosalba Ciarlini (PP). Estufavam o peito ao falar. Esnobavam o principal candidato oposicionista até mesmo pela sua origem humilde. Tiveram que engolir a arrogância a seco. Que sirva de lição.

    EXPECTATIVA
    Após a expurgação de Rosalba Ciarlini do Palácio da Resistência, a esperança é que o próximo prefeito, Allyson Bezerra (SD), atenda aos anseios de quem acreditou nele, confiando-lhe a administração da segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, com 300 mil habitantes.

    Os nomes que ele escolheu para compor a equipe de transição, bem como os secretários anunciados até agora, são sinais de que a administração será técnica. Parece bem intencionado o “menininho” do sítio Chafariz.

    PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
    Tudo indica que o próximo presidente da Câmara Municipal de Mossoró será Lawrence Amorim (SD), o 12º mais votado no dia 15 de novembro. Lawrence, que tem trânsito livre em todas as rodas, já foi prefeito de Almino Afonso (RN) por dois mandatos. Tem experiência na arte de negociar no mundo político.
    Todos os vereadores eleitos entrevistados até agora, quando perguntados sobre o assunto, ressaltam que Lawrence é um ótimo nome. Só uma manobra de bastidores muito bem feita tirará a presidência dele.

    ENTREVISTAS
    Tenho acompanhado com atenção as entrevistas concedidas pelos vereadores eleitos. No geral, são pessoas despreparadas para o cargo, mas que, curiosamente, reconhecem suas limitações, dizendo que contratarão assessorias para ajudá-los na missão de representar o povo mossoroense. A maioria foi eleita em retribuição ao assistencialismo que realizam em suas comunidades. Tirando um ou outro, parecem bem intencionados.

    NOVOS IMORTAIS
    Se arreglan para la feria / Como Maria Bonita y Lampião / Llevando sandalias de cuero / Para la sagrada fiesta de San Juan. Esses versos estão no livro Semiosis. São de autoria de Welma Menezes, que na última terça-feira (15) foi eleita para ocupar a cadeira 15 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), em candidatura única. No mesmo dia, Misherlany Gomes foi eleito para a cadeira 16, vencendo por 14 x 11 a disputa com Eriberto Monteiro.

    RUY FAUSTO
    Apenas nesta semana soube do falecimento de Ruy Fausto, um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos. Ele morreu no último dia 01º de maio, aos 85 anos. Sofreu um infarto enquanto tocava piano na sua casa em Paris, na França.
    Fausto é autor de vários livros, entre eles Caminhos da Esquerda: Elementos para uma Reconstrução (2017), onde traz os três maiores erros da esquerda latina, na sua ótica, bem como as bases para uma reconstrução, como informa o nome da obra.
    O livro desagradou ao núcleo mais duro do esquerdismo, até porque Ruy Fausto é um dos poucos esquerdistas a defender uma autocrítica do PT. Os argumentos que ele utiliza são até interessantes, mas não cabe discuti-los aqui.

    O OMBUDSMAN MISTERIOSO
    Desde meados de maio circulam nos intramuros do Itamaraty crônicas sobre o cotidiano do Ministério das Relações Exteriores. Os textos são sarcásticos, críticos, contundentes e até debochados. Eles são assinados por um tal de Ereto da Brocha. A suspeita é que seja um diplomata aposentado e bastante culto, pois os textos trazem muitos fatos antigos e muita menção à literatura, música etc. São crônicas saborosas, recheadas de um sarcasmo muito inteligente.

    Elas são enviadas semanalmente para grupos de WhatsApp de pessoas ligadas ao ministério em questão. O servidor Paulo Roberto de Almeida resolveu reunir todas as crônicas, em torno de 30, num arquivo PDF, e publicar no blog Diplomatizzando. As crônicas são pequenas. Dá para ler tudo em pouco tempo. Vale muito à pena.

    BASTIDORES CONTRA O NOBEL DA PAZ
    Num dos artigos do incógnito cronista, ele relembra o empenho dos militares, durante a ditadura, para impedir que o arcebispo de Recife e Olinda, D. Hélder Câmara, fosse agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.

    O religioso foi indicado ao prêmio quatro vezes, garantindo assim a posição de brasileiro mais indicado a qualquer Nobel. Nas quatro oportunidades, os militares brasileiros agiram para impedir a premiação, vez que o julgavam comunista, apesar de ele ter apoiado o golpe em 1964.

    Algumas dessas ações são relatadas na crônica, bem como no Livro de Jô, Vol. II, a autobiografia de Jô Soares, entre tantas outras obras.

    QUIPROQUÓ NO SERIDÓ
    Continua gerando polêmica o programa Pró-Sertão, onde facções têxteis atendem a grandes grupos industriais, entre eles o Grupo Guararapes. O cerne da discórdia está na existência ou não de vínculo trabalhista entre os empregados dessas facções e os grupos industriais, ou seja, as indústrias podem ser acionadas judicialmente caso as facções têxteis não cumpram as obrigações laborais?

    No último dia 10 de dezembro, o site oficial do Tribunal Regional do Trabalho do RN (21ª região) publicou uma matéria sobre o assunto, dizendo que, por maioria de votos, os desembargadores haviam decidido pela inexistência de vínculo.

    Dois dias após, o site oficial do Ministério Público do Trabalho do RN publicou Nota de Esclarecimento desmentindo a matéria do site oficial do TRT21, dizendo que não houve julgamento da questão em si, mas de um processo de Uniformização de Jurisprudência, que o mérito ainda não foi analisado.

    É a primeira vez que vejo “briga” entre sites oficiais do Judiciário e do Ministério Público.

  • Mulan: Lealdade, coragem e verdade na atualidade

    Nos últimos meses, em função da pandemia, com a mudança da rotina em casa, passei a assistir mais filmes infantis com meus dois filhos menores. Impressionante como a leitura atual que faço de muitos desenhos animados ou filmes (curtas e longas metragens) que havia assistido em minha infância é muito diferente. Os olhos são outros.

    Recentemente assisti a um filme da Disney com título de Mulan. Esse longa metragem é baseado na lenda chinesa de Hua Mulan que conta a história de uma jovem que para não deixar seu pai ir a guerra, já que ele era uma pessoa debilitada, alistou-se como homem no exército Chinês e lutou por uma década defendendo o imperador. A lenda diz que ela chegou a ser promovida a general.

    O que me trouxe de reflexão esse longa e o poema (lenda), que por curiosidade resolvi conhecer melhor, foram os ensinamentos que são passados e que se alicerçam na lealdade, coragem e verdade, bem como, na quebra de paradigma ao colocar uma mulher jovem numa posição que a sociedade da época (século 4 d.C) jamais aceitaria, principalmente, os regimentos militares.

    Assistindo ao filme fui fazendo algumas conexões com os tempos que vivemos hoje, ou seja, pensar no mundo de agora a partir de valores como lealdade, coragem e verdade passou a ser um grande desafio. Basta vermos que o mundo vive um grande retrocesso civilizacional, onde virtudes como as citadas viram senso comum em meio a tanta desonestidade, mentira e falta de coragem de muitos para enfrentar tudo isso que nos cerca e nos oprime.

    A ascensão no mundo do conservadorismo cria um ambiente extremamente nocivo que vai contagiando grandes massas como se elas estivessem vivendo um transe coletivo e muito dos princípios que um dia muitos foram instigados a acreditar desaparecem como num passe de mágica. A globalização nesse contexto tem uma força arretada.

    É importante frisar que a figura da mulher está na centralidade da história e a grande conquista foi exatamente romper com os dogmas da época e se apresentar à frente de seu tempo, postando as virtudes elencadas de forma firme e, sobretudo, tendo a coragem de se mostrar como mulher e enfrentar os homens e a guerra sem se esconder atrás de uma imagem masculina. Isso tem uma simbologia muito forte e se conecta com feminismo da atualidade.

    Para mim Mulan, talvez não seja um dos melhores filmes da Disney, mas nos apresenta uma releitura da lenda de Hua Mulan que nos faz refletir sobre a sociedade a qual estamos construindo. Tenho a certeza de que é imprescindível fazermos uma crítica e agirmos contra esse modelo de sociedade deformada, onde os valores éticos não passam de letras mortas e que a opressão sobre os excluídos e as mulheres é pano de fundo para retóricas de certas almas sebosas.

    Eu quero e vou continuar acreditando que ainda somos seres pensantes.

    *Gutemberg Dias — professor e empresário

  • REMINISCÊNCIAS SOBRE UMA GUERRA MITOLÓGICA

    POR SÀVIO TAVARES

    Pensando sobre a mitológica guerra troiana, cuja narrativa atravessou mais gerações e gerou mais mitos que quaisquer outras de meu conhecimento, que, diga-se de passagem, não é algo de impressionar ninguém, na breve história da humanidade, me veio a ideia de lançar mais uma pitada de tempero nessa panelada, afinal, se “quem conta um conto aumenta um ponto”, quem conta uma guerra, pode perfeitamente acrescentar ou suprimir alguns parágrafos, e se parte dessa guerra é reconhecidamente um mito, uma mentirinha a mais ou a menos não deve fazer-lhe mossa!

    Conta-se que quando os pimpolhos de Príamo, rei de Tróia, Heitor e Páris, foram em visita ao rei Menelau, da indomável Esparta; já eram ambos famosos entre os gregos, Heitor por suas façanhas guerreiras, e notáveis qualidades morais, enquanto que seu mano, Páris, era ainda mais conhecido; entre os intelectuais, por seu nível de inteligência rasa; e entre a soldadesca e as meninas de vida fácil, – Aliás, eu discordo totalmente desse conceito, apesar de nunca ter exercido o metiê, não acredito que viver da mais antiga profissão do mundo seja para fracas ou pouco dedicadas! – Fazia jus à mesma alcunha, que sem combinação prévia, ambas as classes o agraciaram: “Centauro”, ser mitológico parte homem parte cavalo, mesmo que por motivos divergentes, a intelectualidade e a plebe ignara compartilhava certa convergência de fins: Os sábios achavam que o mesmo tinha um certo (ou absoluto) atavismo intelectual, como se provou com o rapto da mulher alheia; enquanto que para a soldadesca e as incautas, que naqueles tempos já abundavam – e como davam! – ele teria além das ideias de jerico, parte da anatomia, que remetia ao mesmo animal.

    Pois muito bem, durante a visita principesca, estando a linda Helena desfilando as doiradas melenas pelo palácio espartano, ao passar por determinado setor, que dava vistas para a área de banhos masculinos, viu, por entre pilares, o jovem mancebo, Páris, a lavar a chamada “ferramenta de manufaturar gente”, e, contrariando a premissa do colorido capilar, efetuou mentalmente uma aritmética simples; “no mínimo 30 menos no máximo oito, igual a um prazeroso ganho de vinte e dois centímetros, fácil, fácil”; além de que, o candidato a chifrudo, em eleição de voto único, Menelau, que passaria vergonha em sauna de japonês, como todo bom rei espartano, passava muito mais tempo trocando sopapos e se agarrando, à guisa de treinamento, com seus soldados que nas chamadas guerras de alcova, com sua adorável Helena.

    Como sempre acontece quando a mulher deseja algo, a rainha espartana não teve dificuldades em comprovar em “test drive”, o acerto de sua matemática, deduziu também, que seria uma troca bastante favorável para o seu amado rei Menelau, o seu(dela, é claro), talento amoroso sub utilizado, por uma vistosa peruca de touro, que o maridão poderia ostentar com garbo e distinção, durante as batalhas que ele tanto amava, esquecendo um simples detalhe: Essa moda de ir à luta com a cabeça ornada de chifres, só entraria em vigor séculos depois, com os vikings, e, como o amante recém conquistado, o seu cônjuge não poderia nunca ser considerado um homem com ideias à frente de seu tempo, menos ainda em termos de adereços de alta costura.

    Voltando Menelau de sua faina diária frente às tropas, não encontrou a amada esposa, e sim um bilhete, avisando de sua (dela), ida à manicure, e, como a demora estava passando dos limites, o Menê, (apelido carinhoso, dado por Helena), resolveu interrogar algumas criadas, para tomar pé da situação; foi nesse momento que tomou conhecimento que, a conselho de Fabíola, uma amiga de longa data, Helena teria ido a um determinado salão, e que a mesma teria partido com tal destino, a bordo da famosa biga “Saveiro Preta”, de propriedade e conduzida por seu amigo e hospede de honra, Páris. Devidamente informado do inocente paradeiro da amada, Menelau volta ao quartel, para continuar o pagode junto com a soldadesca, e adentrando de forma sorrateira, pensando em fazer um susto a alguém, acabou ele mesmo sendo assustado, ao ouvir os comentários da rapaziada. Dizia um deles: Rapaz, a Fabíola tem um segredo infalível pra manter as unhas perfeitas; eu a vi repassando a uma amiga, dizia ela : Pinto todo dia! Como o soberano não era tonto nem nada, aplicou ele também os conhecimentos da arte Euclidiana, só que ao invés de subtrair, somou dois mais dois, e o resultado não lhe agradou! Feitas algumas investigações preliminares, deduziu que se não cuidasse na vida, de sua Helena não veria mais nem o rastro, então convocou suas tropas, e, como bem se sabe, homem é tudo igual em qualquer tempo, sendo para ver um corno revoltado, principalmente um rei, choveu voluntário pra acompanhar o cornudo – digo – soberano na viajem de resgate da rameira – falo – rainha, entre eles até mesmo o herói Aquiles, que diziam ser filho de um rei, também dotado de luzidio par de guampas, essas de divina origem, pois sua fiel esposa teria andado brincando de “camisola arribada” com deus, desses de somenos, que teria tomado para si o cargo de padrinho do guri. Claro que as más línguas sempre tinham uma versão turbinada da estória, mas, deixemos para outra ocasião.

    Ocorre que, quando do nascimento do indigitado Aquiles, a mãe foi instruída pelo deus pai, mais ou menos poderoso , para lambuzar o rebento com ambrosia e em seguida mergulha-lo no rio Estige, simpatia essa que o tornaria invulnerável, em todas as partes mergulhadas na tal tisana. A mãe do pimpolho, Tétis, fez o que lhe foi ordenado, segurando o filhote pelos mocotós, posição essa que teve como consequência deixar o moleque fraco dos calcanhares, o que veremos futuramente, teve consequências funestas. Tal ponto fraco talvez, pudesse ser evitado, se a diligente genitora tivesse pensado melhor; poderia ter aumentado o nível de invulnerabilidade do guri, segurando-o com o indicador em gancho, acoplado a determinado orifício, para muitos um órgão multiuso, estrategicamente localizado, e durante quase todo o tempo fora das vistas de possíveis inimigos, e até de amigos, se na época já fosse disseminado o uso de cuecas, podendo talvez deixar a guarda aberta(ops!), apenas se o mesmo resolvesse aderir ao uso versátil de tal apetrecho, podendo deixa-lo vulnerável a uma ou outra investida, quase sempre verbal, de um Malafaia ou Bolsonaro da vida, mas, nesses casos, poderia contar com as defesas Jeanwillicas erguidas, de modo que descontada alguma ardência, seria indubitavelmente vantajosa, a forma alternativa de sustentação.

    Mas, voltemos ao tema, e vamos botar essa estória pra andar, – A peleja durou por dez anos, com todos os deuses do panteão metendo a colher nesse sangangu, e convenhamos, depois de dez anos de fuque-fuque, a bela Helena já deveria estar meio estragada da lagarta, e com certeza não valia mais tanto rapapé, mas, gosto é gosto! Para abreviar o relato, Menelau e sua trupe resolveram fazer de conta que iam embora, deixando um cavalo de madeira à guisa de presente para os troianos, devidamente recheado de soldados, que, tendo sido levados para dentro da cidade, após as comemorações, aproveitaram a premissa que se “Culo bebitis nec proprietis”, traduzindo – cu de bêbado não tem dono, fizeram pequena extrapolação para “portão de cidade de bêbado, igualmente, pode ser aberto por qualquer um”, e abriram os tais portões para a carnificina, tendo nessa ocasião o famoso Aquiles, recebido uma flechada, disparada segundo consta nos autos, pelo Centauro/Páris, pelo que já vimos, não perdeu com o tempo a mania de cutucar o que não lhe pertence, justo no bendito calcanhar, fato que levou o Aquiles a um óbito de lascar, enquanto que os troianos foram passados a fio de espada.

    Não sei para vocês, mas, para mim a coisa poderia ser contada de maneira muito mais lacônica, já que falamos de gregos – Um cara com um pau de cavalo, provocou uma guerra, que terminou com um cavalo de pau!

  • O GRILO E EU

    Cricricri, faz o grilo
    quando quer, quando quer namorar
    É por isso que eu queria ser um grilo
    e cantando te acordar

    Trecho da música “Grilo Seresteiro” de autoria de Estanislau Silva, Arlindo Júnior e Roberto Roberti. Esses três sujeitos deviam estar pra lá de “lombrados” quando tiveram a brilhante ideia de homenagear com uma música, um bicho chato que só a “mulesta”. E em 1958 essa piada de mau gosto foi gravada por ninguém mais, ninguém menos do que Nelson Gonçalves, o Rei do Rádio. É mole!? Quem “diabos” em seu juízo perfeito, gostaria de ser acordado(a) ou perturbado(a) pelo cantar intermitente de um grilo? Eu que o diga.

    Essa é uma história pré-pandêmica e de antemão deixo claro que foi legítima defesa: era eu ou o grilo.

    Um belo dia, aliás, uma bela noite dei por conta de um grilo no meu quarto. A partir daquele fatídico momento, o inseto de nome científico grylloidea, da ordem dos ortópteros, não me deixou mais dormir nem às custas de Rivotril. Nem eu, nem Maria, minha esposa. A partir da origem do cricrilar percebemos que o danado estava escondido por detrás do guarda-roupa. Não queríamos apelar para o veneno, porque Maria Beatriz, minha neta e bebê mais lindo do mundo, gostava muito de brincar no nosso quarto e empestá-lo com o mau cheiro de inseticida não seria recomendável. E também não seria politicamente correto envenenar um pobre inseto indefeso e inofensivo. Ou não.

    Toda noite era um suplício. Ficávamos lá, eu e Maria, na maior tensão e expectativa esperando o grilo começar a “grilar”. Pontualmente, às 21 hs, 37 min, 43 seg, começava a serenata. Deitado na rede, eu dava uma batidinha com o pé no guarda roupa e ele parava. Dez segundos depois, recomeçava a cantoria. Era como dar um cutucada numa pessoa que tá roncando ao seu lado: ela vira de lado, para de roncar e daí a pouco começa de novo.

    Então, muito bem intencionado, comecei a pesquisar na internet como desalojar um grilo sem ser necessário apelar para medidas extremas. Encontrei uma receita assim: pegue uma vasilha ou pote pequeno, preencha até a metade com mel de engenho (melaço), complete com água e deixe em um lugar próximo ao esconderijo do grilo. A explicação: o grilo é atraído pelo cheiro do melaço, mergulha no recipiente e não consegue mais sair. Daí, você pode devolvê-lo à natureza. De preferência a uns dez quilômetros de distância de sua residência. Fiz desse jeito. Em cada uma das laterais do guarda-roupa coloquei um pote com a mistura. Surpresa! Não aconteceu nada. O grilo continuou na sua entoca, belo e cantante. Virei motivo de chacota lá em casa por causa do fiasco dessa melosa e mal sucedida experiência.

    Quatro dias depois da armadilha que não funcionou, perdi a paciência. Comprei um veneno fraquinho, desses de spray à base de camomila, eucalipto, hortelã, sei lá mais o que, quase um desodorante Rexona Antibacterial Protection Men Aerosol. Proibi a entrada de Maria Beatriz no quarto por um dia e dei umas “sprayadas” por trás do guarda roupa até quase esvaziar o recipiente. Minutos depois, o coitadinho (aí deu pena) do grilo saiu se arrastando por debaixo do guarda roupa. Não sobreviveu. Peço desculpas aos defensores da natureza, mas não tive alternativa.

    E acabei esquecendo de tirar os potes de mel de perto do guarda-roupa.

    Final de semana, Maria foi dar uma varrida no quarto e de repente, a tragédia: mete a vassoura em um dos potes e o mel se espalha pelo aposento. Por mais que tentasse, ela não conseguiu deixar o quarto livre do cheiro e do “melecado” do mel.
    Aí vieram as formigas. Mas aí já é outra história.

    *Marc Túlio Cícero — jornalista

  • A VIUVEZ DE DOMÊNICA

    — Comadre Gildinha, eu sei que ele não vai me perdoar!

    Domênica, com as mãos trêmulas e os olhos marcados pela saudade, a conversar com sua amiga Gildinha.

    — Amiga, o golpe foi forte, mas a situação não era das melhores. Eu bem sei…

    — O problema é que, apesar de tudo, ele sempre foi um romântico. E era o que me mantinha ligado a ele, superando todos os dissabores, atravessando as crises.

    Nessa hora Domênica não se conteve, as lágrimas tornaram-se testemunhas do seu testemunho.

    — Calma, calma. Não se resolve um drama com outro, você sempre me ensinou. Lembra-se da minha crise com o Juvenal? A sua atitude foi decisiva, e não rompemos com a nossa relação.

    — Sei, lembro…

    Domênica conteve o choro, enxugou a face inchada, marcas das noites em claro, e ajeitou o vestido de listinhas, como se Ferreira fosse chegar. Era a hora do Ângelus, ele costumeiramente voltava naquele horário, coçava o rosto com a barba hirsuta por fazer, o gesto do pelo-sinal de forma descrente, e solfejava uma ave-maria. Entrava no banheiro; em seguida, cheirando a sabonete, chamava-a de “princesa” num tom manhoso; enquanto a esposa lhe exigia os cobres: do mercadinho, do débito com a padaria, e do botijão do gás… Enfim, a vida com o mínimo de dignidade. No entanto, ele afastava todas aquelas cobranças da sua boca, beijando-a e cobrindo-a de afagos. “Minha Dodó, o céu se enche de estrelas para celebrar o nosso amor. Deixemos as coisas menores de lado. Deus há de nos ajudar. Olhai os lírios do campo…” E a abraçava, com a sofreguidão de um banido, com a fúria e pressa ardentes de um condenado.

    Não foram poucas as noites nas quais Domênica mergulhara as dívidas nas lavas do vulcão do amor de Ferreirinha, esquecendo-se de tudo e festejando nova noite de paixão.

    Pela manhã, o cesto sem pães e a geladeira sem o leite das crianças traziam a raiva de Domênica de volta, porém Ferreirinha saía cedo. “Quem madruga, minha filha, Deus ajuda!”

    No final da tarde a cena se repetia, com as discussões a estourarem no centro da sala. Ferreirinha, pai zeloso, dava um jeito de levar as crianças para a vizinha, e deixá-las sob a tutela da boa Gildinha, comadre e amiga leal.

    Contudo, quando o padre Armênio entrou certa tarde, o relógio a marcar quinze horas, e pediu licença para sentar, Domênica julgara que os céus os abandonaram. O vigário não aceitou o café ralo, indo direto ao assunto que o trouxera ali:

    — Há oito meses que o senhor Ferreira não honra com as mensalidades escolares dos filhos. A paróquia é pobre e não suporta mais, mantemos o colégio com muita dificuldade; aprovei uma bolsa de cinquenta por cento, coisa que só concedemos aos mais necessitados. Mesmo assim… nem um centavo foi pago pelo seu esposo. É tripudiar da nossa boa vontade! Vim até aqui com a missão de pedir a vocês que resolvam tal situação, ou não me restará outra saída senão…

    Padre Armênio suspendeu a ameaça, apontando-lhe o nariz adunco. Aquela pausa cortou as carnes dela mais do que a pior das admoestações.

    O pároco saiu sem lhe dar a bênção, e Domênica ficou com a mão estendida, como se numa posição de pedinte.

    Com pouco sua cabeça entrou num rebuliço infernal. As crianças fora da escola, as cobranças sobre o criado-mudo, a geladeira sem nada, os filhos a rabiscarem as cartas endereçadas ao Papai Noel… Tudo foi se misturando e azedando o juízo de Domênica.

    Em torno das cinco da tarde, Domênica foi à calçada, chamou pela comadre Gilda e lhe pediu que levasse Telzinho e Belinha. Os olhos rubros e a voz embargada deram a pista de que algo de muito mau a afligia.

    — Não me pergunte nada, comadre! Apenas, por nossa amizade e pelo amor de Deus, fique com as crianças. Preciso ter uma conversa com o senhor Ferreira das Mercês.

    Gilda, ao ouvi-la chamar o esposo de “senhor Ferreira das Mercês”, concluiu que a situação descambara para um litígio sério. Recolheu os meninos, sob a justificativa de que aquela seria noite de pipoca com guaraná.

    — Vamos, Telzinho e Belinha, o milho já está na panela na minha cozinha. Podem me ajudar?

    As crianças desembestaram felizes, sem dar por nada.

    Seis da noite, em ponto, o portão da casa se abriu. Mal pôs o pé na sala, Ferreirinha recebeu o primeiro agravo:

    — Quem é tão irresponsável como você, senhor Ferreira das Mercês, nem deveria se benzer na hora do Ângelus. Deus odeia os maus pagadores…

    Ferreirinha tentou um contra-ataque:

    — Minha princesa, o amor de Deus é maior do que…

    — Não meta Deus na sua falta de vergonha! Você, como provedor do lar, tem se revelado um fracassado. Um fracassado!

    Aquela palavra, fracassado, repetida e assacada com a potência de uma maldição, levou Ferreira a baixar a cabeça, murchar os olhos e puxar os beiços.

    — Sua pindaíba, seu Ferreira das Mercês, acabou com tudo. Inclusive com o meu amor, sabia?

    Ferreirinha, que já se sentia golpeado, dobrou os joelhos, como se recebesse a cutilada mortal.

    Quis argumentar, nada lhe assomou aos lábios miúdos. Nem o choro o socorreu.

    — Nossos filhos fora da escola?!… Não saí da casa dos meus pais para me entregar a uma vida de sem-vergonhice, senhor Ferreira! Logo, nada nos resta…

    Ferreira ainda manteve o ânimo e proferiu algumas palavras. As primeiras, inaudíveis. As últimas soaram vívidas:

    — … faltou tudo a ti, senhora Dômenica Melgaço, menos amor. Adeus. Diga aos meninos que o pai deles morreu.

    E saiu, sem nada levar. O gato Felizardo ainda ronronou-lhe aos pés, última esmola de carinho daquela casa.

    &&&

    — Comadre Gildinha, eu sei que ele não vai me perdoar!

    Domênica, com as mãos trêmulas e os olhos marcados pela saudade, a conversar com sua amiga Gildinha.

    Lá fora, as estrelas a luzirem num céu de dezembro. Em todas as casas de Licânia, a espera das crianças pelo Papai Noel.

    *Clauder Arcanjo é escritor e editor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras.
    clauderarcanjo@gmail.com

  • Ação social com cachorros de rua emociona

    O programa Pet Zoo, que vai ao ar na Band TV aos sábados pela manhã para o Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará, trazendo informações importantes sobre a população de pets, principalmente caninos e felinos, apresentando boas maneiras de saúde e divertimentos para os animaizinhos de estimação. A jornalista e produtora do programa, Jaqueline Cordeiro, ainda encontra tempo para colocar em prática um trabalho social para Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC) criando assistência social às pessoas em situação de rua bem como seus pets com banho e tosa, vermífugos, coleiras, ração de boa qualidade e avaliação de um veterinário. “Nós não resgatamos nenhum animal porque não temos abrigo. Não somos protetores, mas sim defensores dos animais”, declarou Jaqueline, ressaltando que não ganha nenhum centavo para o trabalho. De acordo com Jaqueline, todos os cães que são resgatados e depois do tratamento, eles são devolvidos ao dono. “É duro ver aquela situação na rua? Sim. Mas, eles são felizes com seus humanos”. Disse a jornalista, alertando que o cão não distingue o rico, o pobre, o feio ou o bonito. “Ele é fiel ao seu dono”.

    REVELAÇÕES
    “A fotografia é um reconhecimento simultâneo, numa fração de segundo, do significado do acontecimento, bem como da precisa organização das formas que dá ao acontecimento sua exata expressão”. – Cartier Bresson, fotógrafo francês.

    “O guia de turismo é um embaixador, um agente natural de desenvolvimento territorial.”
    Carlinhos de Cabano, guia de turismo em Carnaúba dos Dantas RN.

    CLASSIFICADO
    Troca-se um crepúsculo azul, devaneio caicoense dos anos 50, por um sonho barroco, ligeiramente escandaloso, de qualquer época, de qualquer lugar, de qualquer tudo. Tratar com Moacy Cirne, poeta e cangaceiro da anticultura, no Balaio Incomum, em São Saruê dos Delírios Nordestinos. (Moacy Cirne, Balaio, n° 328, in memorian)


    WEB SEPTO
    Uma das produções potiguares mais conhecidas, “Septo” é uma websérie lésbica que atualmente está em sua terceira temporada. A série é toda rodada em Natal e tem como protagonista a atriz Alice Carvalho. A trilha sonora tem Simona Talma, Luisa & os Alquimistas, entre outros talentos da nova cena musical natalense. Septo no Instagran: https://www.instagram.com/septowbs

    CINE NORDESTE
    A nova sessão de cinema das 16 horas é a Cracolândia instalada debaixo da marquise do antigo Cine Nordeste, em pleno Grande Ponto de Natal, ao lado da Praça Kenedy. Enquanto o prefeito Álvaro Dias faz que não ver o problema para moradores e comerciantes da Cidade Alta, os cracudos noiados abordam qualquer pessoa que passar por lá, exigindo pedágio “para inteirar uma lapada de cana”.

    BEIJA MÃO
    Fatura a eleição no primeiro turno, o prefeito Álvaro Dias correu pra Brasília se reunir com o ministro Rogério Marinho. O alcaide natalense escondeu o apoio bolsonarista durante toda a campanha, mas não perdeu tempo para mostrar que pode beijar mão e lamber botas em nome da governabilidade!

    CENTRO HISTÓRICO
    A maioria dos equipamentos históricos/turísticos de Natal estão em ‘reforma’ a mais de um ano. O Teatro Alberto Maranhão, Museu de Cultura Popular, Largo da Ribeira, Pinacoteca do Estado, Forte dos Reis Magos, além das praças André de Albuquerque e Padre João Maria. Apesar de totalmente destruída, a Praça João Tibúrcio, por trás da Igreja do Galo, continua abandonada e cheia de lixo a céu aberto.

    SERTÃONAUTAS
    No Sertão Central do Rio Grande do Norte, há uma Estação Espacial Análoga Habitat Marte, uma experiência desenvolvida pelo professor Júlio Rezende que simula uma estação espacial no planeta Marte com “sertãonautas” numa fazenda a 10 km do município de Caiçara do Rio Dos Ventos, no meio da caatinga potiguar. Veja atividades da estação marciana pelo site: www.habitatMarte.com

    SERIDÓ TUR
    Pouco utilizado para ser ofertado aos turistas, mas que tem um enorme potencial pelas belezas naturais, história e culinária diferenciadas, o Polo Seridó tem de tudo para ser um grande Polo Turístico. Mas, a carência de infraestrutura básica dificulta uma campanha de marketing para vender os destinos. Se faz necessário qualificar as pessoas para receber o turista cada vez mais exigente, criando parceria público-privada nas áreas de transporte receptivos e de agências.

    ZÁS TRÁS
    Até 2007, quando fechou suas portas definitivamente, o Zás Trás era uma casa de shows que apresentava espetáculos genuinamente potiguar para turistas. O produtor cultura Fernando De La Torre criou a casa para apresentar diversas manifestações artísticas do Rio Grande do Norte. O show principal era uma superprodução artística, excelentes bailarinos, figurinos e iluminação. O repentista Manoel do Coco fez história no Zás Trás, fazendo repentes e tirando onda com os turistas. Até hoje, nada parecido foi feito em Natal para valorização dos artistas locais. Ainda predomina o turismo de sol e praia e o cabra ainda pergunta: com emoção ou sem emoção?

    MÁFIA
    ‘Dois para 500’ é o nome da “loteria” que circula na Cidade Alta e no Alecrim, em Natal, aonde o ‘cliente’ paga R$ 2,00 e pode faturar, no mínimo, R$ 500 por dia. Quando acumula, a bolada pode chegar até R$ 15 mil. A ‘administração’ da loteria é feita por alguns venezuelanos, que também controlam um rigoroso esquema de agiotagem.

    APOCALIPSE NOW
    O artista visual e poeta-processo, Falves Silva, está produzindo muito na pandemia e prepara para lançar, em 2021, seu mais novo livro-envelope intitulado “Apocalipse”, uma alusão a esses tempos sombrios que vivemos entre Covides e Bozos.

    MALDIÇÃO
    O ano de 2020 deverá ficar conhecido pela maldição dos carrascos goleadores do futebol mundial que eliminaram a Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Maradona foi responsável pela eliminação do Brasil na Copa de 1990 morreu em novembro. Paolo Rossi, que eliminou o Brasil na Copa de 1982, faz 15 dias que morreu. Zidane, que eliminou o Brasil na Copa de 1989 deve estar bastante apreensivo, desejando que o 2020 acabe logo.

    VACINA
    Em tempos negacionistas, tem que ir nas quebradas para comprar a vacina. E pra quem já comeu caranguejo, bebeu Kaiser, mergulhou no Rio Potengi e fez tatuagens, o organismo está prontinho para a vacina contra a Covid, seja lá qual for… Mas, tem que ser da boa!

    RENOVAÇÃO
    Vendo o resultado da eleição municipal natalense, percebe que a democracia é sensacional. Assim como os eleitores votam em pessoas folclóricas como Dagô do Forró para vereador de Natal, esses mesmos eleitores também retiram o mandato de vereadores radicais como o desbocado Luiz Almir, o agressivo Cicero Martins e o destemperado Fernando Lucena.

    DEFESA DO VÍRUS
    O mandrião que está na presidência coloca as vacinas sob suspeita e age, mais uma vez, em defesa do vírus. É notório que ele está empenhado em sabotar a imunização. Determinar que o ministro da Saúde use dinheiro público em uma campanha antivacina é outro desserviço ao Brasil que coloca ainda mais vidas em risco. Além de não ajudar, o imbecil atrapalha!

    CLORIQUINA
    Aqueles negacionistas convictos, que veste verde e amarelo todo dia e é fã do Véio da Havan, deveria seguir o conselho do Mandrião e tomar a Cloroquina para poder liberar a fila da vacina. Enquanto a boiada passa, Chico César canta: “Eu vou tomar vacina, quem não quiser que tome cloroquina”.

    VINGANÇA
    Vivemos em tempos incertos com o miliciano no poder. A lógica dele é alimentar a narrativa do contra. É a vingança contra a ciência, a educação, a intelectualidade, a imprensa, o conhecimento.

    EXEMPLO CHILENO
    Chile é o primeiro país da América Latina a aprovar a vacina da Pfizer. Com população de 19 milhões, o governo adquiriu 20 milhões de doses. Por lá, a vacinação começa antes do natal. Pensando seriamente em trocar milhas por uma passagem à Santiago.

    CHICO DOIDO
    O poeta caicoense Chico Doido vai virar filme com direção e produção do natalense Leon Góes. Um dos personagens do filme será Moyses Sesyom que será interpretado pelo sebista Abimael Silva que anda decorando umas glosas fesceninas e declama para os frequentadores do Sebo Vermelho. Parte do projeto do filme foi contemplado na Lei Djalma Maranhão de Cultura e o filme deverá começar a ser rodado em 2021. O Castelo Di Bivar, em Carnaúba dos Dantas, será um dos cenários do filme!

    ALDIR BLANC
    Enquanto os culturetes potiguares estão vibrando de alegria, os empresários do eixo Rio-Natal-São Paulo estão preocupados porque vai faltar Iphones, Câmeras fotográficas e Notebook no mercado eletrônico. A grande maioria dos projetos aprovados e habilitados na Lei Aldir Blanc, no edital de Empreendedorismo Cultural, estão pleiteando esses equipamentos para melhorar a performance nas produções culturais.

    FUNDAÇÃO
    A Fundação José Augusto é o órgão de cultura que representa o governo do PT do RN. Como é uma verba federal, os recursos da Lei Aldir Blanc de emergência cultural que vieram para o Erre Ene serão monitoradas com um rigor maior do governo Bolsonaro, que está doido pra pegar um deslize dos petistas potiguares.

    PRATO DO MUNDO
    O “Prato do Mundo – Festival Gastronômico do Beco da Lama”, organizado pela Samba (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências) durante mais de uma década, passou batido na pandemia inteira e pelos editais emergenciais de cultura. Pelo Beco, ninguém soube dizer se a Samba participou de algum edital da Lei Aldir Blanc. Nem mesmo uma versão on line do evento, a diretoria da entidade fez. Há reclamações a boca miúda que a atual presidenta da Samba não participou das derradeiras reuniões da diretoria da Samba.

    CATARRO
    Depois de ser protagonista de um curta-metragem, dirigido pelo jornalista e cineasta Paulo Dumaresq, Catarro é o novo sebista de Natal. É fácil encontra-lo empreendendo com uma banca recheada de livros, aos sábados, nas festas pandêmicas do Beco da Lama.

    TIRANDO ONDA
    É só uma gripezinha. No meu governo não tem corrupção. O Auxilio Emergencial é de 1.000 Dólares. Não existe queimadas no Pantanal e nem na Amazônia. Não há machismo e nem racismo no Brasil. A cloroquina pode curar o Coronavírus. A pandemia está no finzinho.

    ABC FC
    O Mais Querido não conseguiu vencer o Globo de Ceará Mirim e vai amargar mais um ano na Série D do Campeonato Brasileiro. Má administração, péssimos treinadores e um elenco de pernas de paus, ingredientes de uma receita macabra para irritar a Fraqueira. Tudo indica que o time inteiro e a comissão técnica estão entubados, precisando de remédio para recuperar o futebol que dá orgulho do povo potiguar quando vai ao estádio ver o Mais Querido jogar.

    GOROROBA POTY
    Celina Muniz (prosa)
    Iara Carvalho (poesia)
    Luíza & Os Alquimistas (música)
    Titina Medeiros (teatro)
    Luzia Dantas (escultura)
    Marcelus Bob (pintura)
    Damião Paz (fotografia)
    Erre Rodrigues (grafite)
    Buca Dantas (cinema)
    Marcelo Veni (produção cultural)

    FOTOGRAFIA
    Tem uma câmera invocada, cheia de pitôcos e não sabe nem para onde vai? Tem um celular com uma câmera lotada de recursos e também não sabe mexer para fazer boas fotos? Seus problemas acabaram. Em Natal, há um Curso de Fotografia para Iniciantes, com aulas on line e aula prática presencial, aonde qualquer pessoa pode aprender, passo a passo, as técnicas de composição e iluminação para tirar fotos como um profissional. De quebra, vai aprender a usar os recursos fotográficos da câmera do seu celular. Turmas do Curso de Fotografia em janeiro de 2021: Contatos pelo WhatsApp: [84] 98896-5436

    PAPANGUZANDO
    Vendo um velho boêmio cabisbaixo com as fofocas maledicentes em torno de sua vida, numa mesa do Bardallos, Catarro, o novo sebista do Beco da Lama filosofou: “Chifre é Igual a abelha. O problema não é a ferroada. É o zum-zum-zum”.

    JEREMIAS
    Adriano de Sousa, in Poesia. Natal, 2008.
    ai de vós
    profetas
    ai de vós
    poetas
    nem mesmo os vossos
    vos ouvirão

  • Última “dança”

    Desde que me entendo por gente, por pessoa, procurei entender as minhas limitações e possibilidades na sociedade em que vivia/vivo. Assim sendo, passei a conhecer o meu lugar e os meus iguais e decidi lutar por um lugar ao sol para todos nós.

    Sei que vocês vão dizer que não passo de um medíocre fanfarrão cartunista que, aos 61 anos, tem a cara de pau de dizer que lutou por seus iguais, sem nos mostrar um catatau de provas com lutas e batalhas épicas carimbadas e certificadas. Outros, talvez, indagarão se ouço estrelas, se perdi o senso… E eu vos direi, no entanto: talvez, os dois!

    Nesse Brasil de “cabôco” de Mãe-Preta e Pai João, faz-se necessário um pouco de loucura e de “ouvir estrela”, não só ouvi-la, mas também segui-la como um farol. Nunca me conformei com a minha e a pobreza alheia, nunca fiquei indiferente ao sofrimento do outro, nunca vi uma criança em sinal pedindo ou vendendo pirulito, ao invés de estar numa escola ou brincando sendo criança, para não encharcar os olhos d’água.

    Nos anos 80, entrei para o movimento sindical gráfico – Não imprimi uma história de grandes feitos sindicais que tenha mudado a categoria, longe disso. Foi uma passagem meramente estratégica: eu já era filiado ao Sindicato dos jornalistas/FENAJ – Federação dos Jornalistas Profissionais), para muitos amigos da época, servia até de deboche, pois eu era tesoureiro de um sindicato de pobres, que não tinha dinheiro, e quando aparecia não dava tempo de entrar em caixa. Entretanto, foi lá nessa época, no jornal Gazeta do Oeste, em uma sentada com Maria Emília Lopes Pereira, com sua folha de pagamentos do pessoal da Astecam, que aumentamos os salários de todos os funcionários, inclusive, teve um que recebeu 100% de aumento, se não evitando uma greve, mas, pondo uma pressão sobre as outras gráficas.

    Também nos anos 80, fiz número para fundar o PMDB, em sua primeira reunião na capela do Hospital Duarte Filho. Logo depois, fiz a mesma coisa com o PT mossoroense. Porém nunca me filiei a nenhum dos dois partidos – não sou, mas minha alma é liberta, não aceita algemas e ainda hoje, sou um “petista” fiel.
    Nesse tempo, construí uma família da qual muito me orgulho, com cinco filhos, cinco netos, duas noras e dois genros, que neste momento de isolamento social, comprovei que sem eles a vida seria pifiamente nula, sem muito sentido, não merecia ter sido vivida.

    Com um lápis na mão fiz e continuo lutando minhas batalhas, sei que ignorada por alguns e desdenhada por outros, porém são 42 anos sem fugir, entrincheirado no pé da Jurema. Muitas batalhas foram sonhos, utópicas, inglórias, moinhos de vento. Não fui e não sou nenhum Aquiles ou o honroso Hector. Porém, é certo que tive minhas “Tróias” a conquistar e defender, certamente, devo ter ofertado “presentes de gregos”. Contudo, não há nada a pedir perdão ou perdoar, foram e são minhas batalhas, minhas lutas e por favor, não me peça para ficar alheio às lutas por uma vida melhor para todos e, se por castigo, perder completamente o senso, pedirei a “dama de negro” a última “dança”.

    ACA
    Não sei porque cargas d’água o grande artista digital Túlio Ratto, editor desta nossa Papangu – que graça a Deus para o bem de todos e felicidade geral daqueles que apreciam um bom conteúdo, com exceção do nosso, voltou – não fez minha caricatura na campanha de retorno da revista.

    Talvez, não quisesse minha inimizade, mas não devia ter tanta preocupação, sou amigo do espelho.

    Por outro lado, me frustrou. Desde então frequento diariamente a ACA – Associação dos Cartunistas Anônimos. Mas, decidi fazer uma campanha: Quero minha “Caloi”.

    Ódio
    Pelo que indica os narizes da renas, meu barroco não está no itinerário do bom velhinho. Certamente ficarei sem ceia e panetone.

    Não consigo entender o ódio concreto do poder público aos seus artistas aldeões. Tapinhas nas costas, elogios a carradas e até comendas, mas na hora do “vamos ver”, isto é, de transformar toda essa bajulação em o que, de fato, se tornar respeito ao trabalho, que é sua remuneração, são tratados com desdém, o ódio, o desrespeito, a arrogância se impõem.

    Não conheço um só artista, que tenha ou já teve seu trabalho comprado, seja por prefeituras ou governos de estado que não sentiu na pele a humilhação da peregrinação na tentativa de receber seu suado dinheiro.

    Estou na iminência de não receber mais um trabalho. Desta feita da Secretário de Cultura – Prefeitura de Mossoró/RN, que certamente, no apagar das luzes, não vai pagar. Até porque venho cobrando a dias, recebo respostas vãs.

    Erro
    Enxergar o erro alheio é um prazer vulgar, nulo. Porém, reconhecer os seus pode até ser doloroso, mas é libertador.

    Caricatura
    A caricatura de Raimundo de Brito, está ilustrando no próximo livro, no qual iremos desenhar 100 figuras da arte e cultura do Rio Grande do Norte.

    Brito – Cartunista

  • GARANTIA

    O juiz de Direito Luis Martius Holanda Bezerra Junior, da 22a vara Cível de Brasília, determinou que empresas que estão em recuperação judicial corrijam anomalias construtivas de condomínio. Para o magistrado, a recuperação judicial não as exonera do dever de garantia.

    USO INDEVIDO DE IMAGEM
    A atriz Giovanna Antonelli processou a empresa Banuba, de origem Bielorrússa, que usou a sua imagem sem autorização como garota propaganda de um aplicativo de filtros para selfies, vendido nas lojas online do Google e da Apple. De acordo com a defesa da global, a empresa estrangeira apropriou-se indevidamente de uma foto de Giovanna para demonstrar como a ferramenta funciona e divulgou-se em links patrocinados no Instagram.

    VIOLAÇÃO DE USO DE MARCA
    A 3a turma do STJ julgou nesta terça-feira, 15, disputa da marca de luxo italiana Prada por violação marcaria de empresas brasileiras do ramo de produtos de cabelo. As empresas recorreram contra decisão que as condenou ao pagamento de uma indenização por continuarem vendendo seus produtos mesmo estando proibidas de usar a marca. Já a Prada requereu indenização por danos morais.

    ESTATUTO DO IDOSO X PLANOS DE SAÚDE
    O ministro Gilmar Mendes, do STF, pediu destaque no julgamento virtual de RE que discute a aplicação do Estatuto do Idoso em contrato de plano de saúde firmado anteriormente à vigência da norma. Agora, o caso será analisado pelos ministros em sessão por videoconferência, em data a ser definida.

    Reflexão

    “O rei que possuir a

    justiça não precisa de coragem.”| Aristóteles |

    GORJETAS
    3a turma do TST restabeleceu sentença que fixou multa de R$ 30 mil caso um restaurante de Salvador/BA volte a praticar irregularidades no pagamento de gorjetas a seus empregados. Embora o estabelecimento tenha regularizado a situação no curso do processo, a sanção tem finalidade coercitiva, a fim de evitar a reincidência.

    FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
    O Mercado Pago deverá devolver em dobro os valores debitados em conta virtual de usuário. Decisão é da juíza leiga Letícia Campos de Oliveira, homologada pelo juiz de Direito Artur Bernardes Lopes, do Juizado Especial de Contagem/MG, ao ser constatado que houve falha na prestação de serviços pela empresa. O consumidor, que possui uma conta virtual na plataforma Mercado Pago, apresentou ação alegando que em novembro de 2018 apareceu um débito automático de uma fatura no valor de R$ 5.605,46 de forma indevida. Em decorrência de tais fatos, pediu na Justiça a restituição do valor em dobro e indenização por danos morais.

    RAMIREZ FERNANDES
    Editor do Blog www.protejaseusdireitos.blogspot.com.br

  • Viva?!

    Acho que hoje estou morta. Morta antes de morrer. Uma morte não morrida e não ainda matada. Morte esculpida num frasco surrado, com uma bebida colorida, cujo gosto é de amora e alecrim. 

    Talvez este lado morto de mim esteja muito vivo e, o lado ainda é fosco e mendigo, um habitante estúpido, bêbado de insônias e surtos. Será mesmo a morte uma dama de preto, de foice afiada na mão? Não seria ela uma loira, de olhos claros e voz delicada? 

    Quem realmente está enganado, ela ou eu? Morte asfíctica, tóxica, apoplética, traumática… Será ela tão viva assim para tema de recorrentes discussões, tratada por diversos povos com misticismo? Será ela tão ordinária e má? 

    Ó dama que nos segue, siga por um lado que iremos aqui por outro, se for cedo iremos nos render e se for tarde lutaremos, talvez juntas! 

    Morte – Do latim mors, obitu… Na literatura, na história e na ciência…Ó senhora, dona de mim, eis que teus olhos brilhantes que se afagam nos meus, nas minhas doces lágrimas de sofreguidão, de abusos, absurdos nas minhas lacunas invisíveis. 

    Houve um inventor no começo do século XX que desenhou um sistema de alarme que poderia ser ativado dentro do caixão, se o cadáver acordasse poderia avisar. Isto por causa das dificuldades na definição de morte. Na maioria dos protocolos de emergência, mais de uma confirmação de morte é necessária.

    O ser humano não está pronto para morrer ou para encontrar o outro lado. Acho que também não estamos prontos para viver. É muito mais fácil definir a morte do que esta agonia em que estamos. 

    A questão é: o que acontece, especialmente com os humanos, durante e após a morte? Se pensarmos na morte como um estado permanente, é uma interrogação frequente, latente na psique humana. Consequências negativas, não seria isto o que torna a morte incômoda? 

    Ou o medo do inferno, por isto mais temida? Várias religiões creem que após a morte o ser vivo fica junto do seu criador, Deus. Por que tanto medo em encontrar com nosso Pai? A morte é representada por uma figura mitológica em várias culturas. 

    Na iconografia ocidental ela é usualmente representada como uma figura esquelética vestida de manta negra com capuz e portando uma foice. É representada nas cartas do Tarot e frequentemente ilustrada na literatura e nas artes. 

    A associação da imagem com o ceifador está relacionada ao trigo, que na Bíblia simboliza a vida. Na mitologia grega, Tânato seria a divindade que personificava a morte, e Hades, o deus do mundo da morte. Ela é relatada em vários trabalhos televisivos e cinematográficos. 

    Há histórias de que ela pode ser subornada, enganada, ou iludida, a fim de manter uma vida. A série Supernatural apresentou uma visão nova da morte onde um dos cavaleiros do apocalipse e a morte na condição humana, discutem com o personagem principal sobre sua origem, ao qual ele afirma ser mais velho do que Deus, além de ter existido também em outros planetas, tendo levado a vida lá também para o abismo. 

    A morte é considerada através de várias perspectivas na literatura de todo o mundo. Encaramos a morte, lidamos com o falecimento de entes queridos e desconhecidos, discutimos o seu significado religioso, filosófico, social, etc. A morte, no ramo das ciências, é estudada pela tanatologia. 

    Neste sentido são estudados causas, circunstâncias, fenômenos e repercussões jurídico-sociais. Um dos ramos da ciência relatados através de vários casos de quase morte estuda os sentimentos declarados de pacientes que recuperaram suas funções vitais depois de uma intervenção médica. São comuns relatos de pessoas que dizem ter visto uma luz, um túnel iluminado e às vezes vendo-se a si mesmo, fora do próprio corpo, durante uma cirurgia. Morremos um pouquinho a cada dia, após um dia aflito, de insônia, de brigas. Após uma festa ou carnaval, pandemia. 

    Após votar em um governante, uma cola na prova de português e até mesmo depois de arrotar palavrões na cara das pessoas. Talvez morte tenha uma gadanha colorida, pode ter pele pálida e voz suave… Será que não estaríamos mortos tentando a vida? 

    Por hoje me basta apenas saber que ainda não morri e aprender um pouco mais em ser um simples frasco com veneno doce, um tanto cheio ou um tanto vazio.