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  • Cenas da pandemia

    A primeira vez, daqui do terceiro andar, que vi meus filhos e netos lá embaixo, no estacionamento sem sentir o cheiro, sem poder tocá-los, sem ver os olhos deles, me deu um nó na garganta e os meus começaram a minar como os olhos de um condenado, que inerte, sente apenas o frio do fio do machado cortando o ar descendo em direção do seu pescoço e, somente uma imensa tristeza invade a alma.

    Esta cena se repetiu neste último ano e ainda continua se multiplicando. Outro dia toca o meu celular era Felipe, meu genro, com minha neta Valentina, filha de Pollynne, lá embaixo, que o “obrigou” a vir aqui, porque ela insistentemente dizia estar morrendo de saudades dos avós. Lá de baixo mandou uma porção de beijos e foi-se embora com sua saudade matada, deixando a nossa cada vez mais doída.

    Outra vez, aliás, no natal passado Jade/Roberto trouxeram sua filha, nossa neta, nós fomos até à portaria, ficamos a mais de dois metros deles e devidamente mascarados. Lívia quando nos viu estirava os braços em nossa direção e balbuciando vovô – Maria jura até hoje, que ela dizia vovó – e nós ali paralisados, sem podermos avançar nenhum centímetro, ela olhava para mãe como se perguntasse porquê de nós não tomá-la nos braços, repetiu o gesto por diversas vezes. E como se fosse para driblar nossa memória futura, a cena se repetiu logo depois com Valentina trazido por Pollyanne/Felipe. Não resisti. Subi com os olhos marejando.

    É verdade que aprendemos a lidar com esta nova situação, até com um certo controle emocional para poder permanecer saudável mentalmente. Mas não me transformei sólido e duro quanto o mármore. Sei, que feitos condenados estamos todos em prisão domiciliar, vigiados por milhões de legiões invisíveis prontas para surrupiar nosso último suspiro, nossa alma. Nesta solitária os sentimentos e sentidos oscilam em um vai-e-vem como as ondas dos mares que teimam em subir à areia branca e se banharem ao sol, mas não vão além da última espuma seca. Entretanto, como pingente me apego aquelas cenas dos netos no estacionamento, igualmente uma âncora que penetra o solo marinho parando o transatlântico sobre as águas ou como a raiz fincada no alto da colina suporta o balanço do capim durante o temporal mais medonho sem deixa-lo perder a honra. Assim me posto, convicto que passada a tormenta estaremos todos juntos e, talvez, credite isto de “novo normal”, antes disto, jamais!

    Como chamar de normal não poder abraçar meus filhos e netos? Como chamar de normal mais de quatro mil mortes por dia? Como chamar de normal mais de 360 mil mortes? Como chamar de normal a ineficiência voluntária e genocida do Governo Federal? Parece óbvio que não é normal. Mas, também nunca foi tão preciso dizer o óbvio: isto não é normal, é óbvio, e menos ainda “novo normal”, se o é, protesto e não aceito.

    O normal ou novo normal frente a pandemia seria o Governo Federal logo no primeiro momento ter comprado as vacinas que foram disponibilizadas, falar ao povo da necessidade do uso de máscaras, de não fazer aglomerações, ter implementado uma força tarefa para cuidar da crise sanitária que se mostrava no horizonte, ter implementado um Auxílio Emergencial capaz de manter as pessoas alimentadas e pagando suas contas básicas sem a necessidade de sair às ruas atrás do pão de cada dia. Isto sim, seria um “novo normal”. Não temos “novo normal”.

    Normal ou novo normal será quando meus netos, filhos, pais, irmãos e amigos couberem num abraço.

    Editais
    Tenho uma vontade danada de um dia participar de algum edital estatal, seja ele com RG municipal, estadual ou federal. Até tentei participar da Lei Aldir Blanc, mas quando abri, percebi que estes “troços” não são escritos para gente de baixo QI, como eu. Recorri a um amigo especialista, de pronto disse precisar de ajuda de um outro especialista, que também iria carecer de um terceiro. Desisti. Fiquei lambendo o dedo.

    Pedro, o esnobe
    Para ficar bem na “telinha” e com seus pares de direita do “Manhattan Connection”, no 14 de abril, o jornalista Pedro Bial, tido como inteligente e cortes, perdeu fleuma. Talvez para mostrar aos Marinho, seus patrões, que mesmo em dando entrevista em outra tv, se mantém firme ao antipetismo implementado pela Globo.
    O Pedro, grosseiro, preconceituoso, presunçoso e esnobe afirmou que só entrevistaria Lula com ajuda de um polígrafo. Ainda não aprendeu que o mundo gira e a terra é redonda.

    Polígrafo
    Fico imaginando o Capitão Bufão sendo entrevistado pelo “Pedroca’ com o auxílio de um polígrafo. Certamente, daria um trabalho danado à logística. Pois, teriam que levar todo estoque para o estúdio ou a entrevista seria no almoxarifado para facilitar a reposição do polígrafo a todo instante.

    Fogo baixo
    O nosso Fogão anda mesmo em fogo baixo. Eliminado da Copa do Brasil pelo ABC de Natal, em um jogo sofrível. Diz meu amigo Delegado: “Com esse joguinho perde até para o Potiguar, e ele torce pelo Leão da Doze”. Isto já me conformaria.

    O Conde
    O amigo, Rubens Coelho, chamado de Conde por todos, disse “Não dá para viver sem chorar com o normal bolsonariano com essa diabólica pandemia”. É verdade. Mas, também não dá para viver sem lutar.

    Seu Jorge
    Desenho do cantor e compositor Seu Jorge, que ilustra nosso e-Book 200 Caricaturas de Astros da Música Nacional e Internacional, disponível no site https://blogdobrito.com.br/loja/ Para quem gosta de caricatura e música é uma boa pedida.