Últimas histórias

  • O VICE DE ALLYSON

    O PL, capitaneado no estado pelo senador Rogério Marinho, está lambendo a rapadura para ocupar a vaga de vice na chapa à reeleição do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB). Declaração nesse sentido foi dada pelo senador em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, edição do último dia 19. Apesar do desejo, é pouco provável que a composição aconteça. Os interesses de Allyson e Marinho poderão colidir em 2026, quando ambos podem disputar o governo do Estado. Assim, Allyson entregaria o comando da prefeitura para um integrante do PL, para ele apoiar Rogério Marinho? O cálculo político é esse.

    GOVERNO DO ESTADO

    Com poucos recursos para tantas despesas, o governo estadual segue aos trancos e barrancos, puxando o curto lençol para cima e para baixo, ora descobrindo uma área, ora descobrindo outra, o que dá azo à oposição, que samba em cima de cada problema enfrentado. Curioso que todos os opositores, com exceção do senador Styvenson Valentim (Podemos), integraram governos anteriores que pouco ou nada fizeram para o crescimento do Rio Grande do Norte, muito pelo contrário, cada governador que antecedeu Fátima Bezerra (PT) cavou um pouco da cova em que nos encontramos. É preciso muita criatividade para tirar o estado do atoleiro.

    MORTE NOS PRESÍDIOS

    Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, em sessão no STF, morrem quatro detentos por dia nos presídios do país, em média. São mais de dois mil todos os anos. Os bolsonaristas até ontem não se importavam com isso, muito pelo contrário. Na visão deles, bandido tem que sofrer. “Cadeia não é SPA”, já disse o próprio Bolsonaro. Mas, bastou morrer um golpista do 8 de janeiro para eles levantarem a bandeira dos direitos humanos, para quererem punição do suposto responsável pela manutenção da prisão de Cleriston Pereira da Cunha. É chocante a hipocrisia dessas pessoas. Ora, todas as mortes em presídio importam, todas.

    ARGENTINA

    A população do país vizinho decidiu dar um basta no peronismo, corrente política inclassificável que há anos vem colecionando administrações incapazes de consertar a economia argentina. Entre o peronismo e a incerteza, optaram pela segunda opção. O candidato eleito, Javier Milei, é uma incógnita. Só mesmo ao tomar posse saberemos se se trata de um bravateiro ou se realmente buscará implementar suas ideias tresloucadas, como o fechamento do Banco Central, a saída do Mercosul e a dolarização da economia. De todo modo, a Argentina também tem instituições fortes e democráticas. Não será fácil aprovar mudanças radicais no Congresso daquele país.

    BRASIL X ARGENTINA

    O presidente Lula da Silva (PT) e a esquerda brasileira não esconderam a preferência pelo candidato Sérgio Massa, no entanto, encerrada a votação, o presidente brasileiro tratou logo de reconhecer a vitória de Javier Milei, desejando-o sorte, mesmo sem citar seu nome. Com tantos problemas para enfrentar, economistas acham pouco provável que o futuro presidente compre uma briga desnecessária com o nosso país, o que também seria uma briga com os empresários do agronegócio argentino, que têm relações milionárias com o mercado brasileiro. Nesse ponto, Milei deverá, no máximo, esfriar as relações diplomáticas, mas não desfazê-las.

    DESEMPREGO

    O IBGE registrou um índice de desemprego de 7,7% no terceiro trimestre, menor número para o período desde 2014. O número de trabalhadores empregados chegou a 99,8 milhões, maior número desde o início da série histórica, em 2012. Apesar dos bons números, apenas três estados apresentaram queda significativa no desemprego: São Paulo (7,8% para 7,1%); Maranhão (8,8% para 6,7%) e Acre (9,3% para 6,2%). Foram eles que puxaram a média para baixo. O Rio Grande do Norte registrou no período um índice de desemprego de 10,1%, o quinto maior do país. A lista é encabeçada pela Bahia, 13,3%. O menor índice pertence à Rondônia, 2,3%.

    CAFÉ DAS FEZES

    O café mais caro do Brasil é o Jacu Bird Coffe Bean, produzido na fazenda Camocim, município de Domingos Martins (ES). Ele é feito a partir de grãos retirados das fezes de um pássaro selvagem chamado de jacu. De início, o animal era visto como uma praga, pois consumia parte da lavoura, mas depois, inspirado em situação semelhante na Indonésia, o proprietário da fazenda começou a fazer pesquisas e então conseguiu produzir um café de altíssima qualidade com os grãos colhidos das fezes da ave. O quilo chega a ser vendido para o mercado externo por R$ 10 mil. A única exigência dos compradores é que não haja confinamento dos pássaros.

    FUTEBOL POTIGUAR

    No último dia 23 houve uma reviravolta e tanto no futebol potiguar. A Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF) enviou ofício ao Baraúnas informando que o time ficaria com o título de campeão da Série B, vez que o Mossoró Esporte Clube (MEC), time vencedor da competição, não era habilitado para disputar campeonatos profissionais, apenas amadores. Como o Baraúnas ficou na segunda colocação, assumiu a ponta. A notícia pegou a todos de surpresa. Ninguém nem soube como se deu esse processo, de onde partiu. E mais surpreendente ainda foi o MEC reconhecer de pronto o erro e anunciar que não iria recorrer. 

    VALE O ESCRITO

    A série mais comentada das últimas semanas tem sido “Vale o Escrito”, disponível no GloboPlay. Em sete capítulos é contada a história do jogo do bicho no Rio de Janeiro, e sua relação com o carnaval, o crime organizado e as milícias. A produção conseguiu a proeza de entrevistar muitos chefões dessa máfia, como o Capitão Guimarães, Bernardo Belo, Piruinha e Shana Garcia, os quais, claro, romantizaram suas atuações. A série esmiúça a divisão de territórios, as várias mortes relacionadas à disputa por essas regiões, a introdução dos caça-níqueis nos negócios, a parceria com milicianos etc. É uma série para sentar e maratonar.  

    NOME AOS BOIS

    Em 1987 a banda Titãs lançou seu quarto álbum, “Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas”. O disco trouxe sucessos como “Diversão”, “Comida” e “Desordem”. Entre as canções também estava “Nome aos Bois”, que apenas citava o nome de várias pessoas, entre elas muitos ditadores e assassinos, mas não apenas. Alguns nomes são destoantes do geral, como o compositor Ronaldo Bôscoli, o árbitro Wanderley Boschillia e o pensador católico Plínio Correa. Na matéria da Folha sobre o disco, publicado na época do lançamento, um quadro explica um por um quem são os citados. Sobre o disco, o jornal elogia muito o som, mas critica as letras.

  • TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

    De há muito escuto que a rendição do Brasil está na energia limpa, que temos enorme potencial para baixar a emissão de carbono na indústria e nos veículos. 90% da energia elétrica do país já vem de fontes renováveis, um recorde mundial, falta agora expandir o uso dessa energia limpa para outras áreas. As iniciativas são anunciadas em palestras, seminários, artigos de jornais etc., mas, na prática, a mudança tem sido muito lenta. Há muitos entraves burocráticos. Ora, se o futuro do Brasil está na energia limpa e renovável, por que tanto empecilho? Toda matéria anunciando um avanço tecnológico é acompanhada de um entretanto. Assim complica.

    COMPOSIÇÃO NO JUDICIÁRIO – Uma resolução aprovada no último dia 26 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pretende incluir mais mulheres nos tribunais de Justiça do país. Há casos, como os dos estados de Amapá e Roraima, onde não há nenhuma desembargadora. A nova regra prevê a inclusão do critério de gênero nas promoções por merecimento, alternando homem e mulher até alcançar o percentual mínimo de 40% de desembargadoras. As promoções por antiguidade, que levam em consideração apenas o tempo de exercício no cargo de magistrado, continuam inalteradas. As novas regras começam a valer já no ano que vem.

    AUGUSTO ARAS – No último dia 25 encerrou o segundo e último mandato de Augusto Aras a frente da Procuradoria-Geral da República. Foram quatro anos de uma atuação leniente e omissa, totalmente contrária ao que prevê a legislação. O Ministério Público tem como missão precípua defender os interesses da coletividade, mas Aras passou os quatro anos atuando para blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inclusive durante a pandemia, quando a “coletividade” foi extremamente prejudicada pelas decisões de Bolsonaro. Aras tomou posição contrária a que o cargo exige, um acinte, um tapa na cara dos brasileiros. Vai tarde.

    CENTRÃO X LULA – Tem sido interessante acompanhar a disputa de poder entre o Centrão, liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); e o presidente Lula (PT). Na gestão anterior não teve embate, Bolsonaro cedeu de prima tudo o que Lira pediu, inclusive o comando do orçamento federal, abdicando de governar, virando um mero animador de torcida. Não é o que ocorre atualmente. O presidente Lula disputa poder e força com o presidente da Câmara dos Deputados. Ambos agem com enxadristas. Por ora, ambos demonstram comportamento republicano, mas a tensão tem aumentado nas últimas semanas, sobretudo pelo impasse envolvendo o comando da Caixa.

    VAGA NO STF – Outra disputa em voga é para o STF, na vaga surgida com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Segundo a grande imprensa, o favorito é o ministro Flávio Dino (Justiça), no entanto, não seria uma surpresa a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias. Ambos têm seus pistolões. A favor de Dino pesa o conhecimento jurídico e a afinidade com os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Morais; já a favor de Messias pesa a fidelidade ao PT e a possibilidade de formar uma dupla com Cristiano Zanin, no mesmo estilo André Mendonça e Nunes Marques. Corre por fora o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.

    ANA PRISCILA AZEVEDO – Apontada como uma das líderes da tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, a influencer Ana Priscila Azevedo foi ouvida na CPI dos atos golpistas da Câmara Distrital de Brasília no último dia 28 de setembro. Em dado momento, quando respondia aos questionamentos do relator, deputado Hermeto (MDB), ela disse que era norte-rio-grandense de Mossoró. Os vídeos da golpista viralizaram dias depois da tentativa de golpe. Num deles, ela debocha do fato de uma viatura da Polícia Federal ter sido depredada; noutro, ela convoca os patriotas a irem ao Congresso Nacional sitiar os três poderes. Nunca soube que ela fosse minha conterrânea.  

    DIABETES – Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde constatou que os casos de diabetes tipo 2 (DM2) em adultos subiram 65% em 15 anos. Em 2006, 5,5% dos adultos tinham DM2; em 2021, 9,1%. O sedentarismo e obesidade são apontados como as principais causas do aumento. Especialistas também já notaram que as pessoas são acometidas da doença cada vez mais jovens. O presidente da Sbem, Paulo Miranda, disse em entrevista à Folha que é cada vez mais comum o diagnóstico antes dos 30 anos. Um estudo citado por ele mostrou um aumento de 56% em todo o mundo nos casos de DM2 entre 1990 e 2019. A diabetes é a doença crônica de maior impacto no sistema de saúde.

    CANGAÇO NOVO – Não se fala noutro assunto, até mesmo gente que eu nem sabia que assistia a séries me falou sobre “Cangaço Novo”, disponível na Amazon Prime. Nas últimas semanas li várias matérias especiais sobre a produção, inclusive uma que ocupou quatro páginas numa edição dominical da Folha de S. Paulo. A série já chegou ao top 10 em mais de 50 países, e contando. A trama se passa no interior do Nordeste, dramatizando uma situação bem comum na região: assaltos a instituições bancárias promovidos por bandos. Invariavelmente as matérias destacam a ótima atuação da atriz potiguar Alice Carvalho, que interpreta a personagem Dinorah Vaqueiro. Vale à pena assistir.

    RODOLFO ABRANTES – Em recente entrevista ao podcast JesusCopy, o ex-vocalista da banda Raimundos, Rodolfo Abrantes, disse que a decisão de deixar a banda e se tornar evangélico não foi fácil. Afirmou, inclusive, que pensou em voltar atrás de sua decisão logo após prestar seu primeiro testemunho. Revelou que na volta para casa, num carro com uma sobrinha de 15 anos e um pastor, este não tirou os olhos das coxas da adolescente. “Nunca vi alguém olhar com tanto desejo para o corpo de alguém, foi constrangedor”, confidenciou. Apesar do fato, Rodolfo continuou sendo evangélico, inclusive gravando discos de música gospel. Hoje ele mora no Havaí (EUA).

    LANÇAMENTO DO MÊS – O rapper Gabriel O Pensador acaba de lançar seu oitavo álbum de estúdio, “Antídoto Pra Todo Tipo de Veneno”, após um hiato de 11 anos. O último disco de inéditas, “Sem Crise”, foi lançado em 2012. O destaque do novo disco é “Cachimbo da Paz 2”, que assim como o primeiro, também tem a participação de Lulu Santos. Gabriel O Pensador já tem 30 anos de carreira. Seu primeiro hit, “Tô Feliz, Matei o Presidente”, foi lançado em 1993. Gabriel segue sendo o mesmo, com músicas cheias de samples, letras longas e reflexivas, além de muitos convidados. 30 anos se passaram, mas o estilo das músicas é praticamente o mesmo.

  • FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS (FPM)

    Reza a Constituição Federal, no artigo 159, que o governo federal precisa transferir para os municípios 22,5% do que for arrecadado com Imposto de Renda (IR) e Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI). É matemática, não é política. Não cabe ao gestor da vez decidir o valor transferido. Nos últimos dias, os prefeitos têm reclamado da queda no valor das transferências, mas isso depende do referencial. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) utiliza como parâmetro padrão o mesmo decêndio do ano anterior. Sob essa comparação, o FPM aumentou. Os dados estão no próprio site do órgão.

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    FPM II – Os prefeitos, contudo, têm utilizado como padrão o mês de melhor arrecadação, destoando assim do parâmetro utilizado pelo próprio órgão que congrega os municípios. É preciso diferenciar oscilação com diminuição. O caso atual tem mais a ver com oscilação, vez que a tendência para os próximos meses é de aumento de 5% na arrecadação. Até junho a arrecadação com FPM oscilou positivamente, tendo uma queda em julho e nos dois primeiros decêndios de agosto, mas no último já teve oscilação positiva. Por se tratar de uma receita com valor variável, cabe aos gestores estarem preparados para quando a oscilação for negativa, é o que sugere a própria CNM.

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    GUARDAS MUNICIPAIS – Com o voto decisivo do novel ministro Cristiano Zanin, o STF decidiu, por 6 x 5, que as guardas municipais passem a integrar o Sistema de Segurança Pública, um pleito apresentado pela Associação Nacional dos Guardas Municipais (ANGM). Até a decisão, as guardas municipais eram responsáveis pela proteção dos bens, serviços e instalações dos municípios, ou seja, era uma espécie de polícia patrimonial. Com o novo entendimento do STF, os guardas terão poderes semelhantes a de qualquer policial, como portar armas de fogo e fazer policiamento ostensivo. A preocupação é que não sejam feitos os treinamentos necessários.

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    RELAÇÕES EXTERIORES – Dia desses, ouvindo um programa de rádio da capital, a apresentadora falou de um “empréstimo” do Brasil para a Argentina, enquanto prefeitos reclamam da diminuição dos repasses do FPM. O outro apresentador rebateu a colega dizendo, com todas as letras, que ela estava faltando com a verdade, e estava. O Brasil não dá dinheiro para a Argentina ou qualquer outro país, como quis dar a entender a apresentadora. E há sim prioridade do governo para as causas sociais, basta ver o fatiamento do orçamento. Por fim, se só puder haver relações exteriores quando cessarem os problemas internos, então não haverá nunca.

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    BOLSONARO – Parte da população tem torcido dia e noite pelo encarceramento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eu não tenho dúvidas de que ele será condenado e preso, até porque a lista de crimes que cometeu é extensa, no entanto, o tempo do Judiciário é diferente do tempo da imprensa e do tempo daqueles que almejam a sua prisão. A única opção neste momento seria uma prisão processual – ou temporária ou preventiva – mas esses tipos de encarceramento são exceções e só devem ocorrer nos casos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal (CPP), o que, na visão da maioria dos juristas, não é o caso. É preciso apartar o desejo da realidade.

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    RICARDO SALLES – Ex-ministro do Meio Ambiente e atual relator da CPI do MST, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) é uma das piores heranças do bolsonarismo, e olhe que é difícil alcançar essa designação, ante o enorme número de concorrentes. Durante sua gestão no MMA, ele trabalhou deliberadamente contra as políticas ambientais de preservação das florestas e contra os povos originários. Quem não se lembra do “vamos passar a boiada”? Nos últimos dias o Ministério Público apresentou uma série de denúncias em seu desfavor, todas alicerçadas nos crimes que ele cometeu quando era ministro, até mesmo contrabando ilegal de madeira para os EUA.

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     POLÍCIA – Debater os excessos das forças policiais com extremistas de direita é uma tarefa difícil. Eles se valem logo de frases de efeito como “defender bandidos” e “leve-os para sua casa”. Claro que ninguém defende os criminosos, isso é apenas a narrativa deles. O que se busca debater são os inúmeros casos de abuso e excessos cometidos por agentes da lei, como naquele caso onde o porta-malas de uma viatura da PRF foi utilizada como “câmara de gás” para matar um homem sem histórico de crime. Como cristão de verdade, sei que só cabe a Deus decidir pela vida ou morte de alguém. Outra, no Brasil não existe pena de tortura e muito menos de morte. É sobre isso, entende?

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    JAVIER MILEI – As eleições na Argentina também são realizadas em dois turnos, mas eles têm uma fase anterior para a escolha dos candidatos. No caso, esse momento ocorreu no último dia 13 de agosto, e seu resultado foi uma grande surpresa. O primeiro colocado foi o deputado Javier Milei, um radical da extrema-direita. Ele teve um terço dos votos, 30%, contra 28,7% (centro-direita) e 27,3% (centro-esquerda). O primeiro turno das eleições será realizado no dia 22 de outubro. Daqui para lá ainda há muito chão, como dizem. As eleições estão incertas. Está ocorrendo na Argentina algo muito semelhante ao que ocorreu no Brasil em 2018. Espero que eles tenham melhor juízo.

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    VER, REVER – Os canais de YouTube e plataformas de streaming estão permitindo a muitas pessoas terem acesso a fatos relevantes de nossa história recente pela terceira ou quarta vez, e até mesmo pela primeira vez, se considerarmos a geração mais nova. Posso citar como exemplo o documentário “Isabella”, da Netflix. Eu acompanhei os fatos quando eles ocorreram, em 2008; li o livro; assisti a algum programa especial sobre o episódio; e na semana passada assisti ao documentário na Netflix. O mesmo ocorreu com os casos Daniela Perez e Suzane von Richthofen. Há vários outros exemplos, e também há um vasto território a explorar. 

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    BIQUÍNI, A BANDA – Escrevi a coluna ao som do disco “Biquíni Cavadão ao Vivo”, de 2005, mas gravado na edição do ano anterior do Ceará Music Festival, em Fortaleza. Um passeio pelos sucessos da banda, covers e algumas inéditas. A banda, que hoje se chama apenas “Biquíni”, começou sua trajetória nos anos 80, como tantas outras, mas não conseguiu ficar no primeiro escalão, onde se encontravam Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso, por exemplo. A então Biquíni Cavadão ficou por ali disputando mercado com Nenhum de Nós, Heróis da Resistência e Ultraje a Rigor. Apesar de nunca ter sido uma banda do topo, continua na estrada, fazendo excelentes shows.

  • Kelps Lima

    Na edição do último dia 25 de julho do Meio-Dia RN, na 96 FM, o ex-deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade) foi instado por Bruno Giovanni, apresentador do programa, a comentar um assalto ocorrido num supermercado em Currais Novos, onde dois assaltantes aparecem portando facões. O ex-parlamentar se limitou a dizer que um dos meliantes usava boné vermelho e o outro vestia uma camiseta dessa mesma cor, para então concluir: “Viu, aí?”, sugerindo que eles, por causa disso, seriam do Partido dos Trabalhadores (PT). É difícil descrever o nível de leviandade e baixeza desse comentário. Por causa de políticos desta “qualidade” que o estado é o buraco que é.

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    CENTRO DE MOSSORÓ – O Centro de Mossoró caminha a passos de Usain Bolt para se tornar um lugar inóspito, se não já o é. A Praça da Independência, ao lado do Mercado Público Central, foi tomada por ambulantes, tudo de forma muito desorganizada e sem qualquer planejamento. Os vendedores se amontoam uns sobre os outros em busca de espaço, e não raro vão às tapas. A calçada da Rua Coronel Gurgel, trecho entre a Avenida Augusto Severo e a Caixa Econômica Federal, também foi tomada por comerciantes, a ponto de ser difícil o tráfego de pedestres. Citei apenas dois exemplos, há vários outros.

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    BARROSO – No início do mês, uma frase dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, causou o maior reboliço. No 59ª Congresso da UNE, ele usou a expressão: “nós derrotamos o bolsonarismo”. De fato, entendo que o ministro não deveria ter proferido tal assertiva, mas isso não o transforma automaticamente num “comunista”. Se ele não é bolsonarista, muito menos é lulista. Quem for fuçar o histórico de suas decisões, verá que ele votou pela prisão de Lula, pela sua manutenção, por sua inelegibilidade etc. O ministro sempre votou alinhado com a Lava Jato. A esquerda também não morre de amores por Barroso, sabe o que ele fez no verão passado.

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    AS MULTAS DE BOLSONARO – Não é segredo para ninguém que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o maior aliado do Sars-Cov-2 durante a pandemia de Covid-19. Seu comportamento “no tocante a isso daí” lhe custou a reeleição. Numa das frentes pró-vírus, ele desrespeitava sem cerimônia os decretos estaduais que proibiam as pessoas de promoverem aglomerações e que obrigavam o uso de máscaras faciais. À época presidente, e talvez achando que nunca fosse largar o osso, Bolsonaro se achava inalcançável pelas leis. Não reeleito, o agora ex-presidente vai ter que arcar com a conta. Só em São Paulo as multas ultrapassam R$ 1 milhão. O poder não é paras sempre.

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    CANUDOS – Não é de hoje que a direita brasileira cria inimigos imaginários para justificar suas ações. Logo nos primeiros anos da República, o presidente Prudente de Morais apontou os sertanejos de Canudos, na Bahia, como monarquistas que tentavam retornar ao poder. Na verdade, era um grupo de fieis que comprou madeira a um barão a fim de construir uma igreja, e ele não entregou a mercadoria. Revoltados, se uniram e marcharam até o comércio para retirá-la. O dono do negócio então fez chegar ao presidente que se tratava de um grupo de monarquistas. Onde já se viu? Assim como hoje, naquela época a direita também acreditava em qualquer lorota.

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    FEMINISMO – No artigo “O feminismo contra as mulheres”, publicado na Folha de S. Paulo do dia 24 de julho, a escritora Lygia Maria traz uma visão diferente do tema, com potencial para render discussões acaloradas. Ele entende que desde o evento “Me Too” o feminismo trilhou o caminho do vitimismo, onde as mulheres se tornaram serem frágeis, sempre dispostas a relatar seus “sofrimentos” nas redes sociais e assim ganharem engajamento. Daí, desentendimentos normais de casais viraram “relacionamento tóxico”, paquera agora é “assédio”, traição marital é uma forma de “violência emocional” etc. A escritora defende que esse não é o melhor caminho. Mulheres são fortes.

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    BARBIE – A extrema-direita e os conservadores em geral têm dito cobras e lagartos contra o filme Barbie, atualmente em cartaz. Eles argumentam que a Warner Bros, distribuidora; e a Mattel, fabricante da boneca, esqueceram as famílias e crianças para apostarem num público adulto, inclusive promovendo a ideologia LGBT. Na película, a Barbie Médica é interpretada pela atriz trans Hari Nef, mas não há menção a essa condição, a personagem é apresentada como mulher. O site brasileiro Gospel Mais diz que o filme prega um “ódio gratuito à maternidade”. Alguns bolsonaristas também se manifestaram contra a produção. A gritaria, contudo, não tem dado certo. O filme vem batendo recorde de bilheteria.  

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    BROCK – Uma das mais recentes edições do podcast Inteligência LTDA trouxe uma entrevista com o jornalista Júlio Ettore, filho do igualmente jornalista Carlos Nascimento. Ettore se especializou em música nacional, especialmente o rock nacional dos anos 80. Seu canal no YouTube, que leva seu nome, tem 183 mil inscritos. Na entrevista que concedeu ao Inteligência, Ettore conta toda a história do rock nacional dos anos 80, banda por banda e, em alguns casos, disco por disco. Com duração de 6h e 36 minutos, o bate-papo é rico em histórias interessantes e curiosidades, um prato cheio para os saudosistas dos anos 80. A viagem começa com a banda Blitz, lançada em 1982.

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    SOLOS DE GUITARRA – Quando, numa roda, o assunto é solo de guitarra, os exemplos citados geralmente remontam ao século passado. Citam solos de músicas do Led Zeppelin, Dire Straits, AC/DC, Black Sabbath, Eric Clapton etc., mas, e de 2000 para cá, não houve solos que mereçam registros? Pensando nisso, a revista especializada “Total Guitar” elaborou uma lista com os 60 melhores solos de guitarra do século 21, até agora. Seguem os cinco primeiros: 5 – Afrique Victime (Mdou Moctar); 4 – Hammerhead (Jeff Beck); 3 – Waves (Guthrie Govan); 2 – I want My Crown (Eric Gales) e 1 – Rise (Extreme).

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    GAL COSTA – E edição de julho da revista Piauí traz uma reportagem bombástica envolvendo Wilma Petrillo, empresária e ex-companheira da cantora baiana Gal Costa. A matéria é rica em documentos e depoimentos de amigos que vivenciaram de perto o comportamento da viúva. No geral, ela é apontada como uma descumpridora de contratos, chantagista e estelionatária, com alguns inquéritos abertos. Na vida íntima, a reportagem mostra que ela afastou Gal Costa de familiares, amigos e dos colegas artistas, isso fica evidenciado nas poucas participações dela em shows de outros cantores, e vice-versa. A reportagem não mostra, contudo, existência de maus-tratos.   

  • MARROM LANCHES

    Na segunda semana de maio, Uma decisão do TSE levou a vereadora Larissa Rosado (União Brasil) a perder o mandato, dando lugar ao primeiro suplente, Marrom Lanches (DC). Paradoxalmente, a decisão foi baseada numa legislação que visa à inclusão maior da mulher na política. No seu primeiro discurso, o novo vereador rebateu as críticas pela substituição de uma mulher por um homem na Câmara, disse que para sanar o problema poderia participar das seções com batom, unha pintada etc. Que declaração infeliz. Poderia ter dito, por exemplo, que apesar de ser homem, usaria o mandato em prol das mulheres.

    RACISMO NOS ESTÁDIOS – Não é de hoje que torcedores europeus possuem comportamento racista. Com o passar do tempo, imaginava-se que tais manifestações criminosas fossem diminuindo, mas está acontecendo o contrário, estão crescendo. A principal vítima da vez é o atleta brasileiro Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid, que não tem baixado a cabeça diante das ações racistas, como outros fizeram. Daniel Alves, por exemplo, comia as bananas lançadas no campo. As reações de Vinícius Júnior já têm surtido algum efeito, mas é preciso muito mais. Ante qualquer manifestação racista, o jogo deveria ser paralisado até a identificação e expulsão do estádio do criminoso.  

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    MEIO AMBIENTE – É difícil encontrar equilíbrio quando se trata de zelo pelo meio ambiente. Uma ala prega a defesa total e irrestrita, já a outra entende que algumas situações devem ser relevadas em nome do desenvolvimento econômico do país. A expressão-chave para equacionar a questão é “desenvolvimento sustentável”, mais aí também há divergências, pois ninguém sabe apontar seu real significado. Há muitos limites a serem observados, e estes dependem muito da corrente de quem os analisa. É um assunto que invariavelmente será polêmico. Soma-se a isso o fato de ser um tema de interesse global.

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    JUIZ DE GARANTIAS – Há mais de três anos, o Legislativo aprovou e o Executivo sancionou o projeto de lei que criou a figura do “juiz de garantias”. A nova regra foi questionada junto ao STF, que até agora não tratou do assunto por obra e arte do ministro Luiz Fux, relator, que se “sentou” no processo. Nos próximos dias, contudo, por força de uma mudança no regimento da Casa, ele terá que liberar o tema para decisão do colegiado. A tendência é que o relator vote pela inconstitucionalidade da lei, mas deverá ser voto vencido. O mais esperado é que a lei seja reconhecida como válida, mas que seu prazo de aplicação seja estendido mais um pouco.

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    O que é – A figura do juiz de garantias não é uma jabuticaba, ela já existe em outros lugares do mundo, mas a decisão de trazê-la para o país surgiu após os exageros cometidos pelos juízes da Operação Lava-Jato, sobretudo Sérgio Moro e Marcelo Bretas. O instituto prevê que um magistrado participe da fase de instrução, onde são arroladas as provas, ouvidas as testemunhas, feito o interrogatório; e outro seja o responsável pelo julgamento. Atualmente, tudo é feito pelo mesmo juiz. Caso a mudança ocorra, será uma enorme reviravolta no Judiciário, tanto juridicamente como administrativamente. Completamente justificável a tendência de alongar o tempo para sua implantação.

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    LINGUAGEM NEUTRA – A transformação linguística sempre se deu de forma espontânea, natural, por isso tanta resistência em adotar a linguagem neutra com seus “amigues”, “todes”, “muites”. Sempre que escuto alguém pronunciar tais palavras, sinto logo o tom de pilhéria. Nunca vi alguém utilizá-las de forma séria, como se realmente aceitasse a incorporação delas ao nosso léxico. É o contrário do que ocorre com “printar”, “stalkear”, “cancelar”, exemplos de palavras que entraram naturalmente no nosso cotidiano. A linguagem neutra, ao que parece, ainda não recebeu a aceitação da população, e pelo jeito tardará a recebê-la.

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    FURTO “QUALIFICADO” – Em 1975, o escritor nigeriano Wole Soyinka, que em 1984 ganharia o Nobel de Literatura, esteve no Brasil com o propósito de furtar a escultura Ori Olokun, obra de seu país de origem que estava na casa do professor Hector Júlio Bernabó, em Salvador (BA). O pretexto da visita era conversar sobre a história da África, assunto de interesse de ambos. Lá pelas tantas o escritor pegou a escultura e colocou numa bolsa. A empreitada deu certo, mas depois ele descobriu que se tratava de uma cópia, e não a original, que está num museu da Inglaterra até hoje. O professor brasileiro não quis mais conversa com o escritor.

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    IMPRENSA “LIXO” – Desde a transição a grande imprensa não tem poupado o governo Lula, especialmente o jornal Estado de S. Paulo e seu “terrível editorialista”. E esse é o papel que se espera deles, e que os bolsonaristas não entendem e não aceitam. Apesar das constantes críticas ao governo Lula (PT), ainda não vi nenhum apoiador do presidente afrontar e até agredir repórteres da Folha, Globo, CNN etc., como fazem os bolsonaristas. Esse é apenas um exemplo da diferença entre os dois grupos. Inegavelmente os bolsonaristas são bem mais fanáticos, como se o líder deles fosse um ser divino, acima do bem e do mal. Está mais para religião do que para política.

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    MESSIAS JÚNIOR – O jogador brasileiro Messias Júnior, que atualmente defende as cores do Milan da Itália, tem uma história de vida bastante peculiar. Ele saiu do Brasil para Itália em 2011 a fim de ganhar a vida, como se diz, refazendo o caminho de um irmão. Ao chegar ao país, arranjou um emprego de entregador. Nas horas vagas jogava bola em campos de várzea. O seu talento foi descoberto por um olheiro e então em 2016, aos 24 anos, começou a jogar num time da série C do Campeonato Italiano. Daí em diante foi só ascendendo na carreira. Em 2021 foi contratado pelo Milan, onde se encontra até hoje.

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    QUE TAL UM SAMBA? – No ano passado o cantor e compositor Chico Buarque lançou o disco “Que Tal um Samba”, tendo como destaque a canção homônima, com uma letra que aparentemente convida para um samba, mas na realidade fala dos tempos sombrios em que vivíamos. Tipo um “vamos esquecer o que está acontecendo no país, vamos para um samba que é melhor”. Isso fica claro em versos como: “Puxar um samba, que tal? / Para espantar o tempo feio / Para remediar o estrago”. A canção ainda fala em “sair do fundo do poço”, e também da importância da cultura, da belezura de um filho negro etc. Grande Chico.

  • A COBAL

    A unidade de Mossoró da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), popularmente chamada pelo seu antigo nome, Cobal, é a maior feira livre da região Oeste do Estado. Diariamente, milhares de pessoas circulam pelas barracas para comprar frutas, hortaliças, legumes, carnes em geral etc. Espanta-me que um local em que se comercializem alimentos tenha aspecto insalubre, com muito lixo, cheiro forte de esgoto, bichos, uma total falta de higiene. O mais curioso é que seus frequentadores, ao que parece, tenham se acostumado com a situação. Raramente ouvimos um mossoroense reclamar da sujeira e dos outros problemas da feira. 

    A DIREITA – No Brasil, a direita está cada vez mais radicalizada. Na versão moderada, esse espectro político defende menor participação do estado na economia, diminuição de tributos e foco nos atributos individuais para um futuro exitoso. Já a direita radical foca mais no que eles entendem como defesa da família tradicional, combate ao comunismo e ao marxismo cultural etc. Atualmente, é cada vez mais difícil encontrar um direitista que se limite a defender os pilares básicos do pensamento de direita. Quase a totalidade também se radicalizou, e outros tantos se transformaram em extremistas, onde a democracia não deve ser observada se for um empecilho ao poder da direita.

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    DESINFORMAÇÃO – A Câmara dos Deputados se prepara para votar o Projeto de Lei n.º 2630/2020, a chamada Lei das Fake News. Não se sabe exatamente as minúcias do projeto, mas a intenção é disciplinar o uso das redes sociais, a fim de evitar a propagação indiscriminada de mentiras, como ocorre hoje, além de discursos de ódio, incitação a crimes e assassinato de reputações, sempre com base numa liberdade de expressão que alguns julgam ilimitada e autorizativa para maldizeres. Como era de se esperar, a extrema-direita é virulentamente contra a lei. Ora, eu e você sabemos que esse espectro político foi criado e se sustenta na divulgação de mentiras.

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    CPMI DOS ATOS GOLPISTAS – Pelo que se nota, a empolgação dos congressistas da extrema-direita com a instalação da CPMI dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro arrefeceu. A uma, porque os governistas, antes contrários à abertura, agora demonstram vontade de botar para frente; a duas, porque eles não conseguirão ficar no comando dos trabalhos, como chegaram a imaginar. Além do mais, quem tem um mínimo de massa cinzenta funcionando sabe que todos os atos, dos preparatórios aos executórios, foram planejados e levados a cabo por bolsonaristas extremistas que pretendiam golpear a democracia. Não adianta brigar com a realidade.

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    JUDICIÁRIO – As visões da esquerda e da direita sobre o Judiciário se inverteram nos últimos anos. O campo progressista sempre viu o poder como um auxiliar na manutenção das desigualdades sociais. Quem não se lembra do discurso comum de que no Brasil só se prendiam “pretos, pobres e prostitutas”, adágio que anda meio esquecido? Apesar das críticas, a esquerda sempre respeitou as decisões dos tribunais, nunca houve afronta. A prisão de Lula é um exemplo. As coisas, contudo, mudaram. A direita, inconformada por não mandar no Judiciário, vem movendo intensa campanha contra o poder, a ponto de o ex-presidente Bolsonaro dizer que não cumpriria mais decisões do STF.  

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    ATAQUES NAS ESCOLAS – Os professores brasileiros são os mais agredidos no mundo, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 12,5% deles são alvos de intimidações e ofensas semanalmente, contra 3,4% da média mundial. Não bastasse isso, os docentes passaram a conviver com mais um grave problema: risco de ataques terroristas. O Brasil chegou a registrar quatro eventos em apenas duas semanas no mês de abril. Por várias razões, e agora mais essa, ser professor no Brasil é uma atividade estressante. São muitas as adversidades encontradas no cotidiano. Merecem uma atenção maior dos governantes. 

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    MÃES BRASILEIRAS EM PORTUGAL – Na viagem da comitiva presidencial à Portugal, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial; e a primeira-dama, Janja, ouviram relatos dramáticos de brasileiras que tiveram filhos com portugueses. Agrupadas num comitê, elas disseram que nessas situações a Justiça lusa tem entendido que as mães não possuem condições de criar os filhos, determinando assim que a guarda fique com os pais. Elas se dizem vítimas de preconceito, que muitos as consideram objetos sexuais ou mesmo prostitutas. No Brasil, em situações assim, a guarda é dada prioritariamente para as mães, que recebem uma pensão alimentícia dos pais para ajudar nas despesas.

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    JÔ SOARES – Em meados dos anos 70, o humorista Jô Soares perdeu muitos quilos após se submeter a dieta da proteína. No entanto, recuperou tudo, e em 1978, numa tacada sagaz, lançou seu terceiro show, nominando-o “Viva o Gordo e Abaixo o Regime”, de evidente duplo sentido, vez que ainda vivíamos sob o comando dos militares. O cartaz, feito pelo cartunista Ziraldo, trazia o nome do show pichado num muro, o que evidenciava seu sentido contestatório. Para piorar, foi nesse espetáculo que Jô Soares criou o personagem Capitão Gay, que se tornaria um de seus maiores sucessos. Apesar de tudo, ele não teve nenhum problema com a censura. 

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    TITÃS – Uma das pioneiras do rock nacional, a banda paulista Titãs já começou a turnê “Titãs Encontro”, que percorrerá diversas cidades do Brasil e Portugal com a sua formação original, à exceção do guitarrista Marcelo Frommer, que morreu em 2001. Será uma oportunidade única para os velhos e novos fãs verem todos juntos no palco. O repertório será focado nos primeiros dez anos da banda, quando todos os integrantes ainda tocavam juntos, o que vai até o disco “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, de 1991. O primeiro a sair foi Arnaldo Antunes, em 1992. O produtor e músico Liminha acompanhará a banda na turnê, assim como Alice Frommer, filha de Marcelo. 

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    CÁLICE – Ao contrário do que muitos dizem, a canção “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil foi sim censurada. Escrita em 1973, para ser apresentada no Show Phono 73, ela foi excluída do show pelos censores. No dia da apresentação, a dupla até tentou cantá-la, desafiando a ordem, mas os microfones foram desligados (tem o vídeo no YouTube). Chico Buarque só conseguiu gravá-la em 1978, cantando junto com Milton Nascimento, pois Gilberto Gil estava noutra gravadora. A ideia de entoar a palavra “cálice” de modo a ter o sentido de “cale-se” foi do cantor baiano, que, sabe-se lá por que, nunca incluiu a música em seus discos.

    CAricatura: Brito
  • BOLSONARO

    Após fugir para os Estados Unidos dias antes da posse de seu sucessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou para a Terra de Vera Cruz. De início, pretendia transformar seu retorno numa grande festa, com uma multidão de devotos no saguão e um deles o carregando no tuntum. Deu errado. Por questão de segurança, o governo do DF tratou de montar um esquema para evitar aglomeração, evitando assim um novo 8 de janeiro, justamente no dia que antecede a data do golpe militar. Com a decisão dos órgãos de segurança, o ex-presidente terá que macaquear na sede do seu partido. Caso queiram quebrar algo, que seja o patrimônio do PL.

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    LULA – O atual presidente andou falando coisas que incomodou bastante alguns integrantes do arco democrático que o ajudou a se eleger. Ele recebeu críticas por causa das falas contra o presidente do Banco Central, por ter chamado o impeachment de Dilma Rousseff de golpe e também por ter dito que a operação da Polícia Federal para prender acusados de planejar a morte de autoridades era armação do senador Sérgio Moro (União Brasil). Sem entrar no mérito das falas, Lulinha precisa entender que chegou ao poder com o apoio de um leque de partidos, inclusive uns de centro-direita, e que se quiser governar não pode chutar baldes, tem que caminhar entre eles.

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    ROGÉRIO MARINHO – Eleito pelo povo potiguar para representar o Estado no Senado Federal, Rogério Marinho não vem adotando a postura técnica que marcou sua carreira. Sabe-se lá por influência de quê ou de quem, o parlamentar resolveu virar um bolsonarista de posto, daqueles que divulgam fake news, demonstram viver numa realidade paralela, ataca adversários, muitas vezes se valendo de mentiras. A postura pode até agradar ao núcleo duro do bolsonarismo, aqueles 12%, mas não vai ao encontro dos anseios da população em geral. Mesmo na oposição o senador poderia exercer um papel de relevo, não se limitando a ser sabujo do bolsonarismo mais reles.

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    IMPRENSA – Sabe aquela fábula onde no final o animal revela seu instinto? Pois é. Nos últimos meses e com mais ênfase durante a campanha, os grandes órgãos de imprensa, forçados a escolher entre Bolsonaro e Lula, optaram por este, não por ser o melhor pra eles, mas porque aquele sempre se comportou como inimigo declarado, inclusive com seguidores agredindo jornalistas em qualquer oportunidade que surgisse. Finda a eleição e Lula tomado posse, a imprensa já começa a criticá-lo sem dó. Os editoriais de O Globo e Estadão, em maior grau; e os da Folha, em menor grau, só têm sido chicotadas no lombo do petista.

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    AUDIÊNCIA NA CCJ – O ministro da Justiça, Flávio Dino, compareceu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para ser indagado dos parlamentares sobre ações tomadas durante sua gestão. Quem se propôs a assistir à audiência se deparou com uma sequência interminável de baixarias, mentiras, palavras de baixo calão, acusações levianas e tentativas de lacração. A intenção de muitos deputados não era esclarecer nada, mas tão somente produzir vídeos de impacto para serem usados em suas redes, tudo sob medida para agradar ao público respectivo. A salvação é que o ministro conseguiu se comportar com serenidade mesmo diante das mais chulas provocações.

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    NIKOLAS FERREIRA – É doloroso saber que ele foi o deputado mais votado do país; dá uma tristeza e aflora o sentimento de que tudo está perdido, de que o país não tem jeito. Nikolas representa um modo de política que destoa bastante dos princípios que embasam uma democracia republicana. Na realidade, ele é a antítese do que deveria ser um representante do povo. O único objetivo dele como deputado é lacrar; usar frases de efeito, sempre mentirosas, desrespeitosas ou distorcidas, para postar no TikTok e animar sua plateia. E daí vem minha decepção, tem gente que dá valor a isso. Aquela cena transfóbica, da peruca loira, foi de uma rabugice incalculável.

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    CANAIS DE YOUTUBE – Diariamente temos à disposição uma série de bons podcasts e de vídeos em canais de YouTube. Sinto falta, contudo, de produções potiguares, ao menos no formato que vejo em âmbito nacional. Queria que no Rio Grande do Norte tivesse canais como o “Desmascarando”, “Ronny Teles” e “Clayson”, que não são apenas gravações de programas, mas que produzem vídeos bem editados e lançados a qualquer hora do dia. Temos no estado jornalistas e afins capazes de lançar canais com conteúdo próprio, com dois ou três vídeos por dia. Acho que falta arrojo. Assunto não escasseia nesta terra de Oswaldo Lamartine.

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    AUMENTO DO ICMS – Numa edição do Jornal da Manhã da Jovem Pan News FM Natal (ufa!), a apresentadora Virgínia Coelli, ao comentar o aumento de 2% na alíquota do ICMS, disse que os preços de tudo ficariam “muito mais caros”. Ninguém gosta de aumento de tributos, eu também não, mas devemos fazer o uso correto das palavras e expressões, seguindo a orientação sempre dada pelo escritor Ariano Suassuna. Um aumento de 2% de ICMS não deixará nada “muito mais caro”. Reitero que também não sou favorável a aumento de tributos, o que critico aqui é a falta de ponderação ao noticiar um fato. E se daqui a um mês a alíquota aumentar 20%, o que ela vai dizer?

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    RODOVIAS ESTADUAIS – Dentre os vários abacaxis que a governadora Fátima Bezerra (PT) precisa descascar, um deles é a malha viária estadual. A cada dia que passa as nossas estradas estão mais esburacadas, mal sinalizadas e tomadas pelo mato. E, neste caso, é um problema que só aumenta com o passar dos dias, o que demandará mais tempo e dinheiro para solucioná-lo, à medida que não o é. Sei que alguns trechos foram recapeados, como a Leste-Oeste em Mossoró, mas no geral a situação das estradas é de fazer irar os motoristas. Nem vou comparar com as rodovias estaduais dos vizinhos Ceará e Paraíba.

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    PRAÇA DA CONVIVÊNCIA – O empresário Alexandre Rodrigues, do restaurante Tchê, arrendou a Praça de Convivência por R$ 901 mil. Ele pagará R$ 45 mil de entrada e o restante em até cinco anos, prazo de duração do contrato. Pelos termos, ele terá direito de explorar como quiser 22 boxes do equipamento, bem como o espaço da praça. Já de início ele negociará espaços para instalar camarotes pro próximo Pingo da Mei Dia. Durante a vigência do contrato, é bom lembrar, teremos cinco edições do Mossoró Cidade Junina. À primeira vista foi um excelente negócio para o empresário, não que tenha sido ruim pra prefeitura.

  • OS DESAFIOS DE JEAN PAUL

    O presidente da Petrobras, o ex-senador potiguar Jean Paul Prates (PT), encontrará uma empresa bem diferente daquela que existia em 2016, último ano do PT no poder antes da volta de Lula.

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    II – Em 2016, a empresa contava com 68.829 empregados, previsão de investimento de US$ 19 bilhões e endividamento bruto de US$ 124 bilhões. Hoje, conforme os últimos dados divulgados, são 45.532 funcionários, intenção de investir US$ 15,6 bilhões e endividamento de US$ 54,3 bilhões. De prima, uma empresa menor, mas também menos endividada.

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    III – O principal desafio é precificar os combustíveis. Atualmente o valor é decidido com base na cotação internacional do petróleo, modelo criticado por muitos setores do PT. O futuro presidente já disse que não mudará a regra atual, mas procurará uma forma de atenuar o valor sempre que a alta do preço no mercado exterior for significativa. Uma ideia é criar um fundo com recursos de dividendos, royalties e bônus de exploração e produção de petróleo.

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    IV – O que Jean Paul e toda a torcida do Corinthians sabem é que não podem cometer o mesmo erro da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que decidiu vender os combustíveis com o preço bem abaixo do aplicado no mercado exterior, causando imensos prejuízos para a petrolífera.

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    V – Além do preço dos combustíveis, o futuro presidente também lidará com a transição energética, que consiste na mudança de combustíveis fósseis para energias renováveis; a venda de ativos da empresa; e a distribuição de dividendos aos acionistas. Todos esses assuntos são sensíveis e dividem enormemente a direita e a esquerda. Prates precisará de muito jogo de cintura.

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    TRISTE FIM DA TRIBUNA DO NORTE – É duro ver um jornal como a Tribuna do Norte, com mais de 70 anos de existência, uma marca potiguar, se transformar num panfleto da pior espécie, com assombrosos erros de português, edição e diagramação. Por força do costume eu ainda leio a publicação diariamente, mas está cada vez mais difícil fazê-lo. Além dos erros citados, também entristece o viés editorial da publicação, que deixou de trazer matérias jornalísticas para fazer panfletagem em prol do bolsonarismo e de Rogério Marinho. A TN, outrora orgulho, hoje é uma vergonha.

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    PAPELÃO DO GIRÃO – O deputado federal General Girão (PL) vem sendo um parlamentar inútil para o Rio Grande do Norte. Em vez de lançar boas ideias e projetos, prefere ficar enchendo suas redes sociais de desinformação. O parlamentar tem mentido por atacado, e o pior é que, quando confrontado com a verdade, não tem nem mesmo dignidade para se retratar.

    Herança maldita da ex-prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, que “importou” Girão para o Rio Grande do Norte.

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    BG ANIMADO – O blogueiro bolsonarista Bruno Giovani está animado com a possibilidade de ser candidato a prefeito de Natal no próximo ano. Nas últimas semanas ele já se reuniu com figuras de peso da política estadual, como o deputado estadual Ezequiel Neves (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa; Paulinho Freire (União Brasil), deputado federal eleito; e o ex-senador José Agripino (União Brasil).

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    ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – A 63ª legislatura começará no próximo dia 1º de fevereiro. Dos 24 futuros deputados, oito exercerão o primeiro mandato, os demais já são passados na casca do alho. O mais experiente será José Dias (PSDB), que partirá para o 10º mandato. Depois vem Nelter Queiroz (PSDB), que cumprirá seu 9º mandato.

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    II – Mossoró, a segunda maior cidade do estado no critério populacional, terá apenas Isolda Dantas (PT), em segundo mandato, como representante. Ivanilson Oliveira (União Brasil), apesar de ser natural de Mossoró, não tem muita ligação com a cidade, seu reduto é Baraúna. O fato não deixa de ser uma vergonha para a capital do Oeste Potiguar.

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    MUITA FOFOCA – Os mossoroenses começaram o ano com vontade de fofocar. Quase todo dia circulava nos grupos de WhatsApp e em perfis apócrifos notícias de traições, trocas de casais, homossexualidade descoberta etc., tudo aquilo que só importa para os falsos puritanos, pessoas que talvez façam tudo isso, e que usam a crítica para disfarçar o que fazem.

    O que as pessoas fazem em sua intimidade não deveria ser assunto tratado em salão de beleza ou mesa de bar. Talvez daqui a 100 anos as pessoas deixem de se importar com a vida íntima alheia.

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    MÚSICAS QUE MARCARAM – Em 1990 estourou no Brasil a canção “Quatro Semanas de Amor”, interpretada pela dupla teen Luan e Vanessa, uma versão de Carlos Colla para “Sealead with a Kiss”.

    Luan, cantor iniciante; e Vanessa, ex-integrante do Trem da Alegria, se uniram em dupla por sugestão da gravadora. Com o tempo começaram a namorar e hoje são casados, residindo nos EUA desde 2003, onde possuem um estúdio de gravação voltado para o mundo gospel.

    Durante a pandemia a dupla gravou um vídeo tocando uma versão acústica da música (aqui).

  • É PELA DEMOCRACIA

    (Foto: agenciabrasil.ebc.com.br)

    Escrevo esta coluna no dia 27 de outubro, faltando três dias para as eleições. Os grandes institutos de pesquisas e os sites de apostas apontam o ex-presidente Lula (PT) como o favorito na disputa contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). A diferença na intenção de votos, contudo, não permite gritar vitória antes do tempo. Pesquisa da Datafolha já revelou que aproximadamente 10 milhões de eleitores costumam decidir o voto no dia das eleições. Essa massa faz a diferença.

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    É PELA DEMOCRACIA 2 – O meu voto já decidi, será contra o atual presidente, por tudo que ele fez (e também não fez) nas áreas de Educação, Saúde, Economia, Meio Ambiente, Relações Exteriores e Cultura. Poderia discorrer várias decisões erradas dentro de cada área, mas aí a coluna teria o tamanho e cara de uma tese de pós-graduação. O estrago feito nesses setores não encontra paralelo na história da República.

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    É PELA DEMOCRACIA 3 – Também não suporto os constantes ataques do presidente às instituições; a disseminação de notícias falsas nas redes sociais; as falas misóginas, racistas e homofóbicas; enojou-me o “pintou um clima” entre um rabugento de 67 anos e adolescentes com 14, 15 anos; revolta-me o desprezo que o ministro Paulo Guedes tem pelos pobres, bem como sua sede em tirar direitos dessa classe, que já é tão desfavorecida.

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    É PELA DEMOCRACIA 4 – E ninguém venha me dizer que vota no presidente porque ele não é corrupto. Essa lorota já caiu por terra há muito tempo. Há muitos escândalos de corrupção no atual governo, mesmo ele fazendo de tudo para impedir as investigações. Imagine se os órgãos de fiscalização tivessem liberdade.

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    É PELA DEMOCRACIA 5 – Caso ele seja reeleito, possibilidade que não descarto, levará nosso país para uma autocracia, como Venezuela, Hungria e Cuba. Seu governo será trocentas vezes pior. Ora, sabendo que ia disputar uma reeleição ele fez o que fez, imagine o que fará quando não tiver mais necessidade de se maquiar. Para salvar nossa democracia, contra a ditadura que o presidente pretende implantar, sapecarei o 13 no dia das eleições, virando essa “página infeliz de nossa história”. 

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    CREDIBILIDADE NO MATO – O empresário Flávio Azevedo, suplente do senador eleito Rogério Marinho (PL), transformou o jornal que ora comanda, a Tribuna do Norte, num panfleto bolsonarista da pior espécie, comparável àqueles blogs apócrifos que difundem notícias falsas no atacado. É triste ver um jornal que tem 72 anos de história ser usado descaradamente em favor da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Só para o leitor ter uma ideia, a Tribuna só publica as pesquisas da Brasmarket, instituto que apontou vitória do presidente no primeiro turno. Perdeu totalmente o pudor.

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    CREDIBILIDADE NO MATO 2 – O primeiro ato do empresário foi demitir o excelente chargista Brum, um dos melhores do estado, só porque ele fazia charges criticando o atual chefe do Executivo nacional. A coluna “Notas & Comentários”, apócrifa, virou uma espécie de coletânea das fake news espalhadas pelo bolsonarismo no dia anterior. O espaço para artigos só publica textos de ministros do governo ou de jornalistas simpatizantes à causa.

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    CREDIBILIDADE NO MATO 3 – O jornal mantém em seus quadros os competentes Vicente Serejo, Cassiano Arruda e Rosalie Arruda, mas sinto que eles estão medindo as palavras ao falar de Bolsonaro e Lula, provavelmente com receio de também serem afastados. Será que vale à pena jogar a credibilidade de um jornal por causa de uma campanha aparentemente perdida?

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    NÃO É VERDADE – Num artigo escrito para o jornal referido nas notas acima, o empresário Flávio Azevedo detonou o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na oportunidade utilizou aqueles argumentos sem pé e nem cabeça de que ele é parcial. Num dos pontos ele escreve que o TSE extrapolou seus poderes ao decidir que pode fazer censura prévia de ofício. Essa informação é mentirosa.

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    NÃO É VERDADE 2 – Na realidade, o tribunal decidiu que pode remover das redes sociais posts idênticos àqueles que já foram motivo de deliberação no órgão, isso evita perda de tempo. Foi isso. Curioso que o próprio presidente usou a seu favor a decisão do ministro no caso das meninas venezuelanas. Quando convém, né? Levantamento de O Globo mostrou que Moraes concedeu mais direitos de resposta à campanha de Bolsonaro do que à campanha de Lula.

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    ASSÉDIO ELEITORAL – Até o fim de semana, o Ministério Público do Trabalho (MPT) havia recebido 1.155 denúncias de assédio eleitoral no Brasil, cinco vezes mais do que a campanha de 2018. A quase totalidade dos casos envolve empresários bolsonaristas.

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    ASSÉDIO ELEITORAL 2 – O assédio eleitoral ganhou, inclusive, um novo patamar. Em Minas Gerais, três dirigentes de entidades que representam o varejo se reuniram com empresários para pedir a eles que pressionem os empregados a votar no atual presidente.

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    ASSÉDIO ELEITORAL 3 – Em Mossoró, conversei com uma caixa do supermercado Queiroz, a qual afirmou, espontaneamente, que Seu Jair, o proprietário, tinha dito aos funcionários que o voto de cada um era livre, que apenas evitassem “fazer política” no estabelecimento. Está de parabéns.

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    LEI ROUANET – A lei de incentivo à cultura é um dos alvos preferidos do bolsonarismo, apesar de pouquíssimos saberem do que realmente se trata. Os devotos apenas repetem o mantra “acabou a mamata”, sem saberem patavinas do assunto. Ainda na campanha de 2018, o então candidato Bolsonaro prometeu que a lei seria mais pulverizada, ajudando, sobretudo, a artistas iniciantes. Matéria da Folha de S. Paulo do dia 27 de outubro mostra que aconteceu exatamente o contrário.

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    LEI ROUANET 2 – O jornal trouxe que o valor médio de captação de recursos, R$ 644 mil, é o maior dos últimos dez anos. Traz também que o número de projetos aprovados caiu 43% entre 2020 e 2021, de 4.640 para 2.636, e que o valor da captação subiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 2,1 bilhões, sugerindo que está havendo concentração, e não pulverização, como prometeu Bolsonaro.

  • UM TOM A MAIS

    A dois meses das eleições em primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) torna-se cada vez mais beligerante. Na convenção que homologou sua candidatura à reeleição, ele voltou a apontar sua mira para o STF, a Corte Constitucional do país, falando em tom de intimidação. Na oportunidade, convocou o “povo” a ir às ruas no Sete de Setembro, a fim de mostrar que a força está com a população.

    O “POVO” – Em todas as suas falas, o presidente Bolsonaro confunde a vontade dos seus seguidores fanáticos com a vontade do povo. São coisas bem diferentes. Ele tem o apoio de um terço da população, como mostram as pesquisas. No geral, a maioria do povo reprova seu governo e não levanta as suas bandeiras. Pesquisa XP/Ipespe recente apontou que a reprovação de Bolsonaro está em 59%.

    UM EXEMPLO – A mesma tática é adotada pelos seus seguidores. Dia desses circulou um vídeo onde o ex-presidente Lula (PT) está chegando em algum condomínio, quando duas ou três pessoas num mesmo apartamento gritam palavras contra ele. Um texto escrito no vídeo diz que ali é a reação do povo diante do ex-presidente. Não, não era o povo, foram dois ou três bolsonaristas fanáticos que veem adversários políticos como inimigos figadais.

    DIFÍCIL DE ENGOLIR – No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) será candidata à reeleição com Walter Alves (MDB) como vice e Carlos Eduardo Alves (PDT) como candidato ao Senado. Não está sendo fácil para o petista mais raiz se animar com essas alianças. A tentação para votar em Rafael Motta (PSB), também candidato a senador, é grande.

    DANIELLA PEREZ – A série documental Pacto Brutal, que vem sendo exibida pela HBO Max, relembra o assassinato da atriz Daniella Perez pelo também ator Guilherme de Pádua e sua esposa, Paula Tomaz, fato que chocou o país em dezembro de 1992. Na época, eles faziam um par romântico na novela “De Corpo e Alma”.

    GUILHERME DE PÁDUA – O ex-ator, hoje pastor da Igreja Batista de Lagoinha, não está gostando nadinha da série, inclusive se queixou pelo fato de não ter sido procurado pelos produtores e diretores para apresentar a sua versão. Na verdade, a série dedica bastante tempo à versão que ele deu na época, uma história sem pé e nem cabeça, frise-se.

    MULHERES NA POLÍTICA – Um ranking da União Interparlamentar mede a participação das mulheres em cargos legislativos em 192 países. O Brasil ocupa a inglória 142ª posição, apesar de termos mais mulheres do que homens na população em geral. Na América Latina o país fica na frente apenas do Haiti. A Argentina, por exemplo, é a 20ª da lista. No caso do Brasil, não é por falta de interesse delas, vez que representam 46% das filiações partidárias. É o machismo da sociedade ecoando na estrutura política.

    VIOLÊNCIA POLÍTICA – Entre 2016 e 2020, foram registrados 125 assassinatos e atentados, 85 ameaças, 33 agressões, 59 ofensas, 21 invasões e quatro casos de prisão ou detenção envolvendo pré-candidatos, candidatos os políticos eleitos no Brasil. Os dados são de uma pesquisa conjunta a Terra de Direitos e da Justiça Global. A violência geral no país diminuiu, mas a violência politica disparou. Devemos diferenciá-las.

    A FAKE NEWS DE MICHELLE – Por ocasião do lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição, a primeira-dama disse que ele já sancionou 70 projetos de lei que favorecem as mulheres. Um levantamento do Estadão mostrou que os números não correspondem à realidade. Na verdade, foram aprovados 46 projetos desse tipo, nenhum de autoria do atual presidente, que só os sancionou após muita pressão.

    A FAKE NEWS DE MICHELLE II – O Estadão também lembra que o presidente vetou seis projetos que beneficiavam as mulheres, destacando o que previa a distribuição gratuita de absorventes íntimos para mulheres humildes e o que garantia auxílio emergencial em dobro para mães solteiras. Ambos os vetos foram derrubados pelo Congresso Nacional.

    “COLECIONANDO PRIMEIRAS VEZES” – A cantora Anitta, nascida no subúrbio carioca, vem colecionando ineditismos. Ela está concorrendo à estatueta de “melhor clipe de música latina”, por “Envolver”, do MTV Video Music Awards, primeira vez que uma cantora solo brasileira é indicada ao prêmio. A cantora também entrou oficialmente para o “Livro Guinness dos Recordes” por ter sido a primeira artista latina solo a alcançar o topo na plataforma “Spotify”, igualmente com a música “Envolver”.

    “COLECIONANDO PRIMEIRAS VEZES” II – Em junho, ela foi a primeira artista brasileira a ter uma estátua de cera em sua homenagem no Museu Madame Tussauds de Nova York, EUA. Em 2019 ela cantou no Palco Mundo do Rock in Rio, primeira funkeira a conseguir tal feito. Não gosto muito do seu estilo musical, mas não podemos negar que ela é um fenômeno.