ICMS
Tramita na Assembleia Legislativa um projeto de lei que restabelece a alíquota do ICMS no Rio Grande do Norte para 20%, tributo que representa 32,35% das receitas do Estado. Atualmente, por obra da mesma Assembleia Legislativa, a alíquota está em 18%, a menor do Nordeste. A diminuição não trouxe nenhuma vantagem para a população, nenhum produto baixou de preço, serviu apenas para aumentar a margem de lucro dos comerciantes. Além do mais, o ICMS deixará de existir daqui a três anos, e os estados receberão do Governo Federal a média do que foi arrecadado do tributo entre 2019 e 2026. Manter a alíquota em 18% é agir contra a saúde financeira do estado, o quanto pior, melhor.
CORTE DE GASTOS
Os deputados estaduais que já se posicionaram contra o restabelecimento da alíquota, como Luiz Eduardo (Solidariedade) e Gustavo Carvalho (PSDB), alegam que o estado precisa cortar gastos. O mesmo discurso é encampado pelo tal do setor produtivo, representado por entidades como Fecomércio, Faern, Fiern, Facern, FCDL e CDL Natal. Não tiro a razão deles, realmente é necessário reduzir despesas, mas uma ação não inviabiliza a outra, até porque tem a questão do fim do ICMS e de a futura receita ser uma média da arrecadação entre os anos 2019 e 2026, como já escrevi na nota anterior.
CHILIQUE
O tal do mercado deu chilique após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Pelas regras atuais, o cidadão que ganha R$ 3.000,00 por mês e tem um modelo Pálio 2015, paga imposto sobre a renda e IPVA do veículo; já um executivo de banco que ganha R$ 10 milhões por mês e tem um iate ancorado em Angra dos Reis, não paga nenhum imposto sobre sua renda e nem IPVA. É uma injustiça descomunal que o governo tenta amainar, isentando do imposto ao menos aqueles que ganham até R$ 5 mil, mas o tal do mercado não quer. A grande imprensa, a serviço deles, produz um rio de manchetes detonando a iniciativa do governo. Tudo para a elite, nada para o povo.
BRASIL ACIMA DE TUDO, DE VERDADE
Setores antagônicos no Brasil se uniram para defender o país no episódio envolvendo o Grupo Carrefour. Ficaram do mesmo lado o agronegócio, o governo brasileiro e políticos como Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados; e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal. O Grupo Carrefour tinha anunciado que as unidades da França não comprariam mais carne do Mercosul, Brasil incluído. Produtores locais, em retaliação, decidiram não mais fornecer para as unidades do grupo no país. Ante a decisão, o Carrefour se retratou ligeiro. Aqui sim um exemplo real de “Brasil acima de tudo”.
FALA RACISTA
A apresentadora Ana Paula Minerato, da Band FM, e musa da escola de samba Gaviões da Fiel, teve áudios vazados com frases racistas direcionadas à cantora Ananda, da banda Melanina Carioca. Em conversa com seu ex-namorado, o rapper KT, ela perguntou se ele gostava de “mina do cabelo duro”, de “neguinha”, cujo “pai ou a mãe veio da África”, tudo em tom de deboche. Logo após a divulgação do áudio, a Band FM a demitiu e ela foi desligada da Gaviões da Fiel. O episódio mostra que muitas pessoas não são nada daquilo que aparentam ser; e, infelizmente, conversas assim, com teor racista, são bem mais comuns do que imaginamos.
O OUTRO LADO
Ana Paula Minerato postou um vídeo onde, chorando muito, pede “desculpa a quem se sentiu ofendido”, e também fala que viveu um relacionamento “muito, muito tóxico”, “uma coisa horrível”, “um relacionamento abusivo onde só fui judiada”, com um homem que queria fama às suas custas etc. O vídeo quase todo é falando mal do ex, no entanto, a conversa vazada entre ambos não bate muito com o que ela disse. O rapper KT se mostra sereno, inclusive a alerta que aquelas frases racistas poderiam trazer problemas caso alguém as ouvisse. A se basear pelos comentários feitos na postagem dela, quase ninguém se convenceu de seus argumentos.
ALZIRA E GRACILIANO RAMOS
A revista Aventuras na História de setembro trouxe como matéria principal, de capa, a história de Alzira Soriano, a primeira prefeita da América Latina, tendo tomado posse como chefe do Executivo de Lajes (RN) em 1.º de janeiro de 1929, um fato tão relevante que foi destaque até no jornal The New York Times. A mesma matéria também fala de outro pioneiro, o prefeito-escritor Graciliano Ramos, chefe do Executivo de Palmeira dos Índios (AL) a partir de 1928, que lutou contra as oligarquias, acabando privilégios, tão radical a ponto de mandar multar o próprio pai. Um dos primeiros prefeitos progressistas do país.
EUA E A CIA
Os Estados Unidos sempre se valeram de sua central de inteligência, a CIA, para ditar os rumos de nações as quais possuía interesse econômico, político ou militar. A tática era quase sempre a mesma: financiar grupos oposicionistas de cada país, pagamento a formadores de opinião e criação de falsas narrativas contra os governantes. Foi assim no Irã (1953), na Guatemala (1954), Vietnã do Sul (1963), Chile (1973), Afeganistão e Nicarágua (1979) e Iraque (2002). Muitos historiadores também apontam que o país deu apoio financeiro e balístico para o golpe militar de 1964 no Brasil, que depôs o presidente João Goulart.
POBRE DE DIREITA
Já está à venda o novo livro do sociólogo Jessé Souza: “O Pobre de Direita – A Vingança dos Bastardos”. Na obra, com pouco mais de 200 páginas, ele tenta explicar por que alguns pobres defendem alguém que os prejudica sistematicamente. Segundo o autor, as respostas variam de “presunção de irracionalidade” até a causalidade religiosa e a visão de mundo conservadora. Logo na introdução ele faz um paralelo entre o cidadão empobrecido e o vilão Coringa, do filme de 2019, alguém constantemente humilhado que precisa de reconhecimento social, que necessita fugir da realidade, fantasiar que terá sucesso e fama. Daí em diante ele se aprofunda no tema.
RITA LEE
Já está nas plataformas de streaming o novo álbum póstumo de Rita Lee, intitulado “Uma Noite no Luna Park – Ao Vivo em Buenos Aires”, com 17 faixas, entre clássicos de sua carreira e covers dos Beatles, vez que o show era a turnê do disco “Aqui, Ali, em Qualquer Lugar” (2001), com músicas do quarteto de Liverpool, sendo umas canções na língua original e outras em versões em português. Duas faixas merecem destaque: “Alô! Alô! Marciano”, música de sua autoria que ela deu de presente para Elis Regina; e “Besame Mucho”, de Consuelo Velásquez, que ela nunca tinha cantado, inclusive se diz nervosa, mas o fez para agradar ao público argentino.