Últimas histórias

  • ALMA PEQUENA

    A MINA ALMA AQUI AINDA TÃO PEQUENINA…

    QUE GRITA EM UMA SINCERIDADE TÃO TRISTE

    PARA VER SE ECOA ATÉ O CÉU…

    UMA ALMA PREENCHIDA COM SUAS FLORES ASTRAIS E

    SEUS MISTÉRIOS TRAIÇOEIROS…

    A INSPIRAÇÃO PARA CULTIVAR ESTE MEU DESAMOR DIÁRIO

    VEM DA ESPERANÇA QUE ESCONDO

    NO BALAIO ESCDIDO NO QUARTO

    É RAZOÁVEL MEU VIVER ASSIM,

    INJUSTO PARA O MEU CORPO CARENTE

    EU SEI…

    E UM TANTO MISERÁVEL PARA ESTA ALMA ERRADEIRA

    TENHO DE SEDUZIR,

    COM MUITO ESMERO

    O MONSTRO QUE ME AÇOITA, EM M INHAS NOITES MIÚDAS

    PARA QUE ESTA MORTE SINISTRA TENHA GRATIDÃO POR UM MOMENYO

    E DEIXAR QUE DEUS ESCUTE MEU CLAMAR

    NA SENSATEZ DOS MEUS GRITOS SINCEROS…

  • Cartas de Ana

    Querido Deus. Hoje é somente um desabafo. Nada tenho a lhe pedir e não tenho algo planejado. Sou Ana. Apenas uma pessoa, simples Ana, feito qualquer Maria, tentando abrir o baú com pequenas chaves que me cortam os dedos. O baú contém todos os segredos para amenizar a minha dor. Uma dor imensa e calma, feito o mar em dias atípicos. Há neste baú sorrisos discretos e facas afiadas. Qual chave mágica me guiará para sair deste sonho, deste punho fechado na face? Ela está escondida no molho discreto de pingente antigo?

    As tentativas são diversas e constantes… E em cada amanhecer tenho tentado não ser tão eu. Estive tentando chorar, na verdade e percebi o quão difícil é. Não é como brincar de teatro na frente do espelho, não é tão fácil quanto parece. Gostaria de lacrimejar um pouquinho de todos meus excessos daqui de dentro, expulsar uma parte aqui em mim que machuca, me que faz perder o ar.

    Gostaria de gerar um alívio discreto, controlável. Gostaria de desencadear de dentro de mim, todas as ideias tolas e tudo incrivelmente sinistro que me persegue. Tenho sido perseguida por esta tristeza e isto tem me assustado, parece não ter um fim. Sou ainda Ana, matuta tentando abrir a fechadura dos meus desejos, incertos.

    Deus, me sinto tão fraca diante da possibilidade de me libertar. Por que tanto caminhar e no fim me atirar ao chão? Joelhos quebrados, rabiscados do asfalto negro. Que Ana estúpida agora existe em mim? Sinto que engulo lágrimas e embaraço cada vez mais meus atalhos em minha mente. Jogar as chaves fora? E minhas tentativas, foram em vão? Pergunto-me, me pergunto… Sufocada na própria agonia, que nem pai ou mãe se importariam. Estive somente tentando chorar, e ainda aqui virgem, com fome e frio, tento chorar, como se um choro forte me fizesse acreditar numa outra história ou me tirar deste medo, deste apuro em abrir meu baú, meu medo.

    O jeito é rasgar de mim este sufocar macabro de uma criança perdida, uma moça mal dormida. Sinto-me agora um minuto, um momento tão curto, uma memória não definida, um fio em curto. O adeus acenado, a vida quebrada, a saudade infinita, o amor, um espírito, um voo rasante… Tudo é tão bem trancado, para uma alma apodrecida não tomar. Tem uma razão merecida para a coruja me vigiar, adivinhar minha morte com o seu piar?

    Talvez.

    Querido Deus, estou com o baú no canto novamente, coberto com relva e flor. Cubro de amor e verso. Volto para o escuro e continuo na tentativa de chorar, desapertar este nó da garganta. Sou Ana, gladiadora nesta batalha que é viver, e misteriosamente uma escrava de mim mesma. E percebo francamente, que no fim das contas, nada basta e também não importa muito e que o baú com seus mistérios abrirá, somente com o tempo.

  • MARIA CARMEM- CANTORA, COMPOSITORA E POETISA_PARA SULLA MINO

    Essa poesia eu quero dedicar para uma mulher rocheda, arretada.

    É Sulla Mino, nossa parceira desenrolada.

    Muito obrigada Sulla Mino, por todo apoio, todo carinho, por todo o afeto.

    É muito recíproco sempre ter você aqui por perto.

    Morou em Mossoró, no Rio Grande do Norte,

    quase que conheceu o Nordeste inteiro, ela foi dançarina profissional e

    dançava mais do que uma guariba e foi na Paraíba.

    Morou também na capital, João Pessoa e Natal e,

    pra colocar um ponto final,

    quem lhe conheceu sem dúvidas não lhe esqueceu

    com essa carinha de anjo que meu pai do céu lhe deu,

    disse pra mim que já faz vinte e tres anos que ela se aposentou.

    Deixou o axé e o forró de lado, mas que não perdeu o rebolado e

    aí de fato quem ganhou nessa história foi a literatura que

    arregalou logo o sorriso, da buchecha aos pé das oreia,

    ganhando Sulla Mino,

    uma grande escritora que é brasileira.

    Ligada nos duzentos e vinte como ela mesmo me falou,

    portadora de uma grande sabedoria,

    a garota de Ipanema, canceriana, carioca da gema,

    não tem alma pequena.

    Apaixonada pela vida, ela protagoniza a sua história.

    É de forma independente que assim ela se faz,

    pra ficar sempre na memória.

    Hoje, ela se encontra na Alemanha mas não se desencontra das suas origens.

    É filho, é neto, correndo o sangue nas artérias,

    de coração aberto, forte e retumbante,

    que luta a todo instante, vivendo sempre a força da alegria de um país que não desiste por qualquer besteira.

    Aqui é Brasil e não é brincadeira.

    Vive sempre na correria, mas ela leva a vida dela sem agonia.

    Faz artesanato com a sua rainha que é a sua grande mãe do lado.

    Pense num povo desenrolado, cheio de talento.

    Essa família da Mino, ai meu Deus, sabe bem o que é o movimento.

    Eu só posso lhe afirmar uma coisa nesse instante: Sulla Mino,

    eu acabei de te conhecer mas pelo pouco que já sei de você,

    eu posso afirmar pra você, minha cumadre, que você é uma mulher gigante.

    SULLA MINO_RESPOSTA PARA MARIA CARMEM:

    VOU LER MINHA RESPOSTA

    DE COR NÃO VOU CONSEGUIR FALAR

    NÃO PRECISA AGRADECER O CARINHO

    ESTE ENORME QUE TENHO POR TI

    VOCÊ VEIO FEITO VENTO, SEI LÁ, PASSARINHO

    VOCÊ SÓ ENTROU PARA ACRESCENTAR

    ATÉ AGORA NÃO SABIA O QUE ERA UMA GUARIBA

    FUI LÁ NO DICIONÁRIO SABER

    QUALQUER PALAVRA OU ELOGIO ACEITO

    AS GRANDES EXPRESSÕES  DE VOCÊ

    NÃO BOTO BONECO NÃO

    PARA GÍRIA POPULAR

    SIM, MOREI NO NORDESTE

    E APRENDI TUDO POR LÁ

    TENHO CARINHA DE ANJO? TU ACHAS?

    AI MEU DEUS CABULEI

    AMO MESMO TEU CHAPÉU MEIA-LUA

    QUE TU VESTE NA CABEÇA

    FICA AÍ TODA BONITA E ENFEITADA

    ANJO MESMO É VOCÊ, EU NÃO TO MESMO COM NADA

    A LITERATURA REALMENTE É MINHA VIDA

    ISSO SIM POSSO AFIRMAR

    TENTE VOCÊ TAMBÉM FAZER POESIA

    TENHO MUITA CERTEZA QUE VAI GOSTAR

    SOU CARIOCA PODES CRER

    E CONHECI MUITOS ESTADOS…

    E CIDADES DEFERENTES

    GOSTEI DE QUASE TODOS

    INCLUSIVE RECIFE MINHA GENTE!

    REALMENTE BRASIL NÃO É BRINCADEIRA

    ALEMANHA TAMBÉM NÃO É FÁCIL, CERTEZA

    A TAL DA LÍNGUA DEUTSCH DIFÍCIL QUE SÓ

    EU QUE FICO NUMA CHORADEIRA QUE DÁ DÓ

    OBRIGADA DIVA POR VOCÊ EXISTIR

    AGORA NA MINHA VIDA E PARA TODO SEMPRE

    NÃO SE ESQUEÇA DISSO

    QUE JAMAIS NÃO DEIXO VOCÊ SAIR

    POESIA REALMENTE É MINHA VIDA

    CORRE EM MEU SANGUE, AMÉM

    VOCÊ ESCREVE MUITO BEM, MARIA

    A POESIA É SUA, TODA SUA TAMBÉM

    VOCÊ É MUITO QUERIDA NAS LIVES

    E CERTEZA EM TODO O BRASIL

    QUEM DISSER QUE NÃO TE GOSTA

    É PORQUE AINDA NÃO TE OUVIU

    MULÉ, OBRIGADA PELAS PALAVRAS LINDAS

    NÃO TE CONHEÇO PESSOALMENTE AINDA

    MAS MEU CORAÇÃO AQUI SE AQUECEU

    EU AQUI SOU TÃO PEQUENINA

    O GIGANTE QUE ADORMECE AQUI DENTRO , TE DOU DE PRESENTE

    PEGUE…ELE   É TODO SEU!

  • MÁSCARAS

    No Antigo Egito, o povo acreditava que a colocação de uma máscara na face dos mortos ajudava na passagem para a vida eterna. Na China, as máscaras eram usadas para afastar os maus espíritos, enquanto que os Gregos usavam as máscaras nas suas cerimônias religiosas. 

    O mais antigo documento sobre o uso das máscaras em Veneza data de 02 de Maio de 1268. Um outro, datado de 22 de Fevereiro de 1339, proibia os mascarados de vaguearem pela noite nas ruas da cidade. As máscaras foram utilizadas na Grécia Antiga, durante as festividades de Dionísio, o deus do vinho. Dizem que essas festividades dos povos antigos deram origem ao carnaval. Nas cerimônias para o deus Dionísio, por exemplo, usava-se a máscara e acreditava-se que ele estaria presente entre as pessoas durante a festa. No Japão, por exemplo, utilizam-se máscaras no palco até hoje para marcar bem as características dos personagens. 

    Em Veneza, as máscaras também se tornaram peças decorativas, transformando-se na principal atividade econômica da Região, no séc. XVIII, o uso da máscara tornou-se um hábito diário em homens, mulheres e crianças, ocultando o rosto com uma meia máscara que apenas cobria os olhos e o nariz. Foi precisa uma lei, a lei de Doge, para acabar com este hábito, porque a polícia tinha uma certa dificuldade em reconhecer os assassinos que constantemente matavam nas vielas da cidade. 

    Os Venezianos passaram a usá-la durante o Carnaval que durava um mês e nas festas e jantares. Em relação à palavra Carnaval, esta tem origem na Idade Média, sendo que para uns, deriva de “carrum navalis”, que eram os carros navais que faziam a abertura das Dionisías Gregas nos séculos VII e VI a.C. e para outros, a palavra surgiu quando Gregório I, o Grande, em 590 d.C. transferiu o início da Quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo que precede a Páscoa. Em muitas culturas ditas primitivas da África, da América e do Oceano Pacífico, as máscaras são usadas em cerimônias religiosas. 

    Em algumas tribos indígenas, por exemplo, cabe aos índios mais idosos usá-las durante rituais para curar doentes, espantar maus espíritos ou celebrar casamentos e ritos de passagens.  

    Hoje em dia, ainda utilizamos máscaras em festas.  Uma das datas em que elas aparecem é o Dia das Bruxas. Outra festa de máscaras bastante marcante acontece em fevereiro, no Brasil. É o Carnaval, onde os foliões se fantasiam e usam máscaras para brincar e dançar. As máscaras mais célebres foram as máscaras funerárias egípcias de TOUTANKAMON, a de AGAMÉMNON trazida de Micena, mas as máscaras podem ser feitas de diversos materiais naturais como madeira, fibras, palhas, barro, chifres, conchas, plumas, peles de animais, pedras, tecido ou espiga de milho, entre outros. Os Eskimós no Alaska acreditavam que cada criatura tinha uma dupla existência e podia mudar para a forma de um ser humano ou animal, bastando querer. Os nativos americanos na parte noroeste dos Estados Unidos usavam máscaras numa cerimónia anual em que choravam os mortos. 

    Os homens representavam os fantasmas dos mortos com máscaras pintadas e decoradas com penas e ervas. No Brasil, as tribos primitivas faziam e usavam máscaras representando animais, aves e insetos. Na Ásia, as máscaras eram também usadas para cerimônias religiosas e, mais tarde, para funções sociais tais como casamentos e diversos divertimentos. 

    Com as máscaras, nos transformamos em outra pessoa, adquirimos uma nova personalidade, apta a enfrentar qualquer realidade. Não raro usamos máscaras invisíveis, quase imperceptíveis, que nos ajudam a enfrentar as mais diversas situações. Pitty tem toda razão: “Tira a máscara que cobre o seu rosto.

    Se mostre e eu descubro se eu gosto. Do seu verdadeiro, jeito de ser. Mesmo que seja bizarro, Mesmo que seja estranho, o importante é ser você”. Mas há aqueles que usam máscaras o tempo todo; não conseguem mais se livrar delas. Se sentem tão confortáveis atrás das mesmas que não conseguem mais encarar a realidade. As máscaras podem transformar a pessoa no que ela quiser. E porque alguém se esconderia atrás de algo que não é verdade? Não podemos ser 100% sinceros o tempo todo, porque a verdade dói, é cruel, coloca o dedo na ferida.  

    Criamos dentro de nós as nossas próprias máscaras, ornamentadas do nosso jeito e só retiramos ao dormir, porque dormindo não podemos ser outra pessoa.

  • Balança, balanço

    Balança balanço, leve-me daqui porque a morte está na minha vista, eu a quero e sei que ela também me quer, quero fugir deste parque de diversão que é a vida, quero ir longe, pra longe daqui, pisar fora deste chão quente e pelo menos dar um passo fora deste círculo de terror e sair deste sobe e desce da roda-gigante, destas circunferências oscilantes sobre meu pesar.

    Meu coração bobo está cansado de se arriscar ao pé do destino cruel que é o amor e nada simpático ao meu parecer.

    Enxugo lágrimas diárias em meu rosto e cubro um homem de preto com meu olhar diabólico todas as noites antes de dormir. Cubro meu ventre depois de ter feito sexo e agora peço desculpas por não ter sido seguro?

    Quero ir para não forrar a cama que me deitei ontem à noite ou lavar a taça que deixei suja caída no chão do quarto, naquele carpete persa, retirar aquele vestido de seda que deixei em cima do abajur.

    Quero poder não poder querer nada.

    Clama meu coração e chora ao mesmo tempo, insano e tolo, se soubesse que amar era assim não teria amado, não teria saído de casa tão cedo, pensei que fossem inabaláveis as façanhas do amor e agora o balanço quebrou, já estou próxima ao chão, numa altura que eu mesma escolhi, eu mesma calculei e que em toda a minha vida desejei.

    Estou com o braço aberto, feito ave para levantar o primeiro voo ou me jogar.

    Amarrei o balanço na mangueira, o galho forte que dá para a entrada principal do quintal, a corda é nova e azul, minha cor preferida, o nó que fora dado é bem apertado, um marinheiro ensinou-me um dia.

    Nenhuma razão poderá trazer-me de volta, outra vez ficar.

    A vida estava em minhas mãos e coloco-a no bolso. Não deixo um adeus, nem um sorriso, marcas de sangue deixarei. Crianças que sofrem caladas vivem assim, querendo não viver.

    Debruço no vai e vem do balanço do meu corpo, no vem e vai desta infância, as lembranças estão vindo, todas ao mesmo tempo, eu vou e elas também. Um lento suicídio, jeito feliz de morrer, minhas pernas entrelaçadas por prazer.

    O cabelo está bem preso com o laço vermelho da vovó, o vestido rendado, a melissa cor de rosa, estou pronta.

    A inocência passou rápido diante de mim.

    Balança balanço a caminho do fim.

  • Abismo do amor

    Sinto uma dor insustentável.  Feito um abismo que me corta o corpo ao cair lentamente. Partes por partes, feito pétalas se soltando. E vou caindo, feito onda limpando-me os pés ou garoa que respinga na janela do quarto. Ou isto ou nada. Vou descendo feito medo na cortina da sala de estar… Despedaçando-me.

    E giro, como gira o mundo do lado de fora, sem falhas e sem pausas. Estou plena deste jeito.  Verdadeira  como uma fotografia bem tirada. Tenho asas e posso ser colorida, preto e branco, só não posso voar. Apenas o tom que desejar e eu desejo cinza. Sou o amor. Amor? Pensando estar caindo nos braços afáveis do rei, da minha alma gêmea.

    Destino! Este sim faz parte do meu trecho por aqui, cabível diria. E dói feito esta saudade dentro do peito, apertando-me por inteira, sem pausas para enxugar a lágrima que escorre na bochecha vagarosamente. Apenas sentir faz parte de mim, este sentir que me corta e que já nem sei se gosto de sentir tantas lembranças assim. O poço das minhas delícias me engoliu. Não pulei, eu não queria conhecer segredo nenhum na escuridão que habita no poço no fundo do quintal. Parto com todos os medos que me cabem, ardendo-me a  pele… E o rasgo é largo na minh’alma. E ela chora.

    E seus gritos ecoam nas paredes deste calabouço infinito e amargo. Meu sopro é feroz na tentativa de expulsar o veneno de mim, sair feito teia forte e conseguir segurar na beirada dos tijolos gastos deste labirinto, talvez sem um fim… Talvez sem beira. O silêncio já é dono agora. Teias seguram não existem. O corpo ainda lentamente se vai, feito vento que sopra forte e tempestade repentina. Seria mesmo a morte agora? Ela que tanto eu temia e agora estou envolvida em teu seio. Isto por que blasfemei o diabo? Sufoco meu. Agora apenas o pó de mim sujando o espelho quebrado que segurava em minhas mãos ensanguentadas. A dor é insustentável ainda na alma.

    E me lambuzando com tintas coloridas para enganar a foice afiada não foi o bastante. O profundo mereço. Que me come e me cospe inteira.  Duzentos anos não bastam para a dor transmutar. E pela pequena brecha que vejo um pedaço azul do céu, mando um beijo para Deus enquanto vou fechando os olhos meigos de menina.

    Estou presa neste cofre de fantasias que se chama amor.

  • Quem matou Zefa Fauna?

    Ambientado entre a Europa e a América Latina e tendo Natal, o romance “Quem Matou Zefa Fauna?”, do escritor Guto de Castro, retrata os efeitos da 2ª Guerra Mundial na América Latina. O livro, no mercado brasileiro desde 2007, dá ênfase a vida dos americanos em Natal no Rio Grande do Norte, bem como a vivência dos judeus em campos de concentração nazistas. Conheci o autor Guto de Castro em Mossoró, na feira do livro, comprei um exemplar para matar minha curiosidade na pergunta de capa.

    Guto nasceu em Mossoró e reside em Natal desde 1978. Zefa Fauna, a personagem principal, é um exemplo de quem busca sonhos, nesta vida tão ordinária, embora por caminhos tortuosos.

    Guto retrata no livro a indústria da morte na Alemanha, execuções em massa, as torturas aos judeus, de como o bairro Ribeira era fascinante, a relação ao nazismo no mundo, a guerra, Hitler, o samba, os criminosos de guerra, a queda do III Reich, bordel, o holocausto…Zefa, uma menina pobre de Mulungu, município de Macau no Rio Grande do Norte, uma jovem que queria vencer na vida, conhecer os americanos, as roupas, tomar sorvete, beber Coca-Cola e via a possibilidade de se casar com um Yanque e ter com ele um grande futuro. Guto escreve o cortejo de Zefa com lindas palavras, “sob o céu, a Aeronáutica sobrevoava o Potengi, voos rasantes…O cadetes jogavam flores sobre o telhado”.

    Concordo com o autor, em suas palavras, mais de meio século depois, lembrar essa história para as novas gerações é um dever não apenas dos judeus, mas de toda a humanidade.

    Principalmente, em tempos de Internet, quando os revisionistas neonazistas negam a existência do ‘Holocausto’.

    O livro vale muito a pena, narra o maior momento da cidade na história mundial no período da segunda Guerra Mundial, onde os norte-americanos procuravam uma aproximação com o Brasil, com o objetivo de construir bases aéreas no Nordeste Brasileiro. E Zefa, uma mulher corajosa e sedutora, era a mais desejada da cidade e de todas as tropas.

    “Enquanto o mundo se matava, Zefa ensinava o homem a amar”. O livro é uma verdadeira fonte de realidade intensa.

  • VISLUMBRE DE NÓS

    Tenho uma história para te contar… Como umacalentar que aumenta aqui em meu coração, um breve momento um tanto inspirador, um ninar para o bebê no colo, como um afago sincero da caneta de um poeta.

    Você já deve ter assistido muitas Lives por aí, mas deste casal sinceramente, eu aposto que não! Dá vontade de guardá-los em um potinho.

    Estava tentando decorar um poema com palavras simples e não conseguia, mas neste mesmo dia me veio um clarão, quando me “esbarrei” sem querer com estes cantores na Internet. Sim, e para minha surpresa, tinha certeza que tinha encontrado as palavras coloridas que eu precisava para meu poema. Eles são novos nas plataformas e Lives, fui conferir mais de perto o extraordinário trabalho que eles estão fazendo e inflamando noite após noite.

    Não, não  são apenas um casal fofo que cantam lindamente On Line, são criadores de momentos incríveis em sua noite, de um momento em que você realmente precisa se desconectar do caos que acontece no mundo lá fora e mergulhar um pouco em canções que te deixam mais leve, que te levam as lembranças boas da vida, te fazem sorrir sem querer e continuar um pouco mais…Como se estivéssemos sendo inseridos numa caixinha boa da vida,  com a chave em formato de flor. Flor singela, pequenina… E sou capaz de apostar minhas moedinhas que eles são colecionadores de raras flores, e estão completando cuidadosamente o  jardim, com uma plaquinha na entrada escrito Amor.

    Nestes meus momentos na Internet, tenho procurado um mundo colorido para minh`alma também, um breve momento que me fizesse sorrir, me apaixonar por palavras bobas, me prender na tela, me conectar mais com as pessoas…

    Posso dizer, que provavelmente, eles me encontraram! E desde então, tenho feito parte do mundo deles e eles do meu, que estava um tanto triste, um tanto acinzentado, e este mundo eles chamam de Família, então sou um bebê crescendo neste novo berço.

    ….O próprio nome diz, como uma forma de sinal, para as pessoas que procuram, não só uma nota musical, um agudo top, um jingle suave, mas posso dizer que eles salvam noites carentes ,noites longas demais.

    O nome dele é Gus e o dela Fe, e formam um lindo Duo. São jovens e carismáticos, atenciosos com o público e se importam como estão se sentindo, sim, eles se importam como você está de saúde, se está bem no trabalho e se descansou.

    Como assim? Isso mesmo! Vale muito conferir. Eles estão em algumas Plataformas Digitais e fazem Lives todos os dias e aos domingos Live especial para adoração a Deus com Louvores belíssimos. Não fique de fora.

    O meu amor infinito os recebeu de braços abertos e se eles almejam abraços apertados, encontraram um comigo, para a vida inteira. Eles têm vozes belas, como uma flexão de rimas, nada planejado, sem dúvidas.

    Neste turbilhão de ideias mornas, neste vendaval de acontecimentos, o que tem sido afável ao seu coração?

    Ao meu, tem sido receber tanto carinho, como as flores amarelas que caem no outono e nas noites frias que parecem me beijar a nuca.

    Enquanto tic tac do tempo dispara lá fora, e eles surgem assim, do nada, para nos emocionar, noite após noite, nossos instantes mais miúdos e apertados. Quando eles cantam, sinto que sou abraçada, soa em mim um palavreado feito poesia falada, e eu amo poesia!

    Eles vieram de Manaus tem pouquíssimo tempo, para ganhar o mundo, começando por São Paulo, como um sonho, um ressurgir e já já mundo afora. Acho que eles vieram mesmo é voar, feito pássaro…….! E se eu tivesse de dar uma nota até 10, certeza que daria 1000. Fazia tempo que eu não traçava meu caminho tão feliz.

    Como dizia Gilka Machado ¨…Uma velha Melodia se estendia, se enredava e preenchia o curto espaço que nos separava ¨

    E quem eles são? Me perguntaram uma vez… Vislumbre de Nós.

  • Noite Estrelada

    A noite hoje está estrelada e sinto que algo me toca, que algo me preenche, este momento rápido de mim e somente de vez em quando isto acontece, um frenesi. 

    E esta é uma noite de excessos, de instantes sem graça alguma, de vazios queridos, mentiras serenas demais, tudo sufoca, minha face está pálida. Tento entender estes pequenos abusos insanos de mim mesma, meus contos mal contados, meus gestos de sofreguidão e loucura, de um Eu fora de mim.

    Ecos suaves invadem meu quarto, estou acordada e posso ouvi-los, posso me ouvir também, meus gemidos tolos. Ecos desconhecidos, frios e ocos, apenas ecos. Talvez, estas estrelas de hoje queiram intimidar meu sonho diário, um sonho absurdo que me aparece toda noite, que me corta a garganta, um pedacinho de mim, de minhas histórias verdadeiras, cortam de mim o nó feito e bem atado dentro de mim, me atordoa e pela manhã, é como se nada tivesse acontecido, feito fio partido de minha insônia.

    Mesmo assim, ainda tento pelas manhãs cantar, dançar, escrever poesias, soar uma vida normal, respirar. As estrelas já são minhas amantes, nesta insônia que nunca vai embora e embora eu tente não sofrer, minhas vontades frias se apoderam de mim, não consigo dormir. Temo ser apedrejada no fim de cada dia. 

    Tomo-me em meu pleno silêncio e desespero, sinto-me dentro daquele espelho quebrado do banheiro, refletindo muitas de mim, cacos poucos. Não me aflito com a visita da morte, esta morte lenta e imbecil. Hoje estou rouca, farta dos meus próprios palavrões, até dos sussurros vastos e esquisitos, das porcarias pensadas por mim, as estranhezas pintadas na parede, meus rabiscos infantis.

    Meus olhos estão bem abertos na escuridão do meu próprio dia, torno-me livre um pouco antes de amanhecer, antes de ter sonhos preguiçosos, antes de ser mansa. Sinto apenas agora um colírio que arde os olhos mal dormidos, queima por dentro e por fora.

    Desencadeia minha corrente de imaginação, não mais me crio, não consigo esconder que estou me desfazendo, cortando o elo que me mantém aqui, por aqui inteira. Minha praia imaginária está deserta, muitas conchas, ondas, brisa mansa e gélida. Já não poderei fazer minhas entranhas transparentes e consertáveis. Sou apenas uma Maria. Apalpando minhas palavras miúdas, minha despedida.

    A ampulheta está no seu tempo corriqueiro. Estou morrendo devagar numa linda noite estrelada. Queria mais tempo, tempo de um relógio moderno, tempo para um tic tac de segundos.

  • Ritual de Espera – As Amigas

    Há uma ventania vindo de fora, ruídos nas portas e as janelas batendo para dentro e para fora, há um cheiro estranho no ar…

    Os quartos estão revirados, a caneta fora do tinteiro e nenhum bilhete preso no ímã da geladeira.

    O bule apitando na cozinha, avisando que o café está pronto, três xícaras postas na mesa e grandes rabiscos de sangue nas paredes…

    Adeus… Adeus… Adeus…

    A ventania agora está muito forte, um assovio estranho no quarto de hóspedes e a torneira do banheiro está aberta, a água neste momento desce as escadas.

    Os lustres quase caídos, as lâmpadas piscando, piscando.

    A casa parece assombrada…

    O cachorro se soltou da corrente, agora o canil está vazio, a grama lá fora está alta e começa neste instante chover, uma chuva fina, constante, agora todas as testemunhas entraram, o quarteirão está vazio, ninguém nas calçadas, só a chuva fina caindo no telhado.

    Ao som de Ravel, vindo do hall, caminho até o sótão, o corredor escuro, dava para sentir as teias das aranhas, o cheiro de algo estranho está no ar… De sangue das paredes, cheio de tédio, de vazio.

    Passo pelas escadas, cada degrau um tormento, outro degrau um suspense, mais um o susto, outro degrau o medo, cheguei até o sótão e meu corpo está pendurado numa corda.

    Não! Não! Não!

    Um corpo jovem e sadio, um corpo que caminhava pelo jardim todas as manhãs, as curvas bem traçadas, um cabelo bem cuidado, as marcas do tempo de criança…

    As mãos ofereceram o ódio e seu pescoço errante aceitou a ideia de brincar de morte…

    Como aconteceu não lembro, eu aguardava minhas amigas melancolia e solidão…

    A chuva cessou, a vizinha bate na porta, veio trazer o totó que tinha fugido do jardim…