Sobre

A COBAL

A unidade de Mossoró da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), popularmente chamada pelo seu antigo nome, Cobal, é a maior feira livre da região Oeste do Estado. Diariamente, milhares de pessoas circulam pelas barracas para comprar frutas, hortaliças, legumes, carnes em geral etc. Espanta-me que um local em que se comercializem alimentos tenha aspecto insalubre, com muito lixo, cheiro forte de esgoto, bichos, uma total falta de higiene. O mais curioso é que seus frequentadores, ao que parece, tenham se acostumado com a situação. Raramente ouvimos um mossoroense reclamar da sujeira e dos outros problemas da feira. 

A DIREITA – No Brasil, a direita está cada vez mais radicalizada. Na versão moderada, esse espectro político defende menor participação do estado na economia, diminuição de tributos e foco nos atributos individuais para um futuro exitoso. Já a direita radical foca mais no que eles entendem como defesa da família tradicional, combate ao comunismo e ao marxismo cultural etc. Atualmente, é cada vez mais difícil encontrar um direitista que se limite a defender os pilares básicos do pensamento de direita. Quase a totalidade também se radicalizou, e outros tantos se transformaram em extremistas, onde a democracia não deve ser observada se for um empecilho ao poder da direita.

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DESINFORMAÇÃO – A Câmara dos Deputados se prepara para votar o Projeto de Lei n.º 2630/2020, a chamada Lei das Fake News. Não se sabe exatamente as minúcias do projeto, mas a intenção é disciplinar o uso das redes sociais, a fim de evitar a propagação indiscriminada de mentiras, como ocorre hoje, além de discursos de ódio, incitação a crimes e assassinato de reputações, sempre com base numa liberdade de expressão que alguns julgam ilimitada e autorizativa para maldizeres. Como era de se esperar, a extrema-direita é virulentamente contra a lei. Ora, eu e você sabemos que esse espectro político foi criado e se sustenta na divulgação de mentiras.

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CPMI DOS ATOS GOLPISTAS – Pelo que se nota, a empolgação dos congressistas da extrema-direita com a instalação da CPMI dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro arrefeceu. A uma, porque os governistas, antes contrários à abertura, agora demonstram vontade de botar para frente; a duas, porque eles não conseguirão ficar no comando dos trabalhos, como chegaram a imaginar. Além do mais, quem tem um mínimo de massa cinzenta funcionando sabe que todos os atos, dos preparatórios aos executórios, foram planejados e levados a cabo por bolsonaristas extremistas que pretendiam golpear a democracia. Não adianta brigar com a realidade.

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JUDICIÁRIO – As visões da esquerda e da direita sobre o Judiciário se inverteram nos últimos anos. O campo progressista sempre viu o poder como um auxiliar na manutenção das desigualdades sociais. Quem não se lembra do discurso comum de que no Brasil só se prendiam “pretos, pobres e prostitutas”, adágio que anda meio esquecido? Apesar das críticas, a esquerda sempre respeitou as decisões dos tribunais, nunca houve afronta. A prisão de Lula é um exemplo. As coisas, contudo, mudaram. A direita, inconformada por não mandar no Judiciário, vem movendo intensa campanha contra o poder, a ponto de o ex-presidente Bolsonaro dizer que não cumpriria mais decisões do STF.  

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ATAQUES NAS ESCOLAS – Os professores brasileiros são os mais agredidos no mundo, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 12,5% deles são alvos de intimidações e ofensas semanalmente, contra 3,4% da média mundial. Não bastasse isso, os docentes passaram a conviver com mais um grave problema: risco de ataques terroristas. O Brasil chegou a registrar quatro eventos em apenas duas semanas no mês de abril. Por várias razões, e agora mais essa, ser professor no Brasil é uma atividade estressante. São muitas as adversidades encontradas no cotidiano. Merecem uma atenção maior dos governantes. 

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MÃES BRASILEIRAS EM PORTUGAL – Na viagem da comitiva presidencial à Portugal, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial; e a primeira-dama, Janja, ouviram relatos dramáticos de brasileiras que tiveram filhos com portugueses. Agrupadas num comitê, elas disseram que nessas situações a Justiça lusa tem entendido que as mães não possuem condições de criar os filhos, determinando assim que a guarda fique com os pais. Elas se dizem vítimas de preconceito, que muitos as consideram objetos sexuais ou mesmo prostitutas. No Brasil, em situações assim, a guarda é dada prioritariamente para as mães, que recebem uma pensão alimentícia dos pais para ajudar nas despesas.

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JÔ SOARES – Em meados dos anos 70, o humorista Jô Soares perdeu muitos quilos após se submeter a dieta da proteína. No entanto, recuperou tudo, e em 1978, numa tacada sagaz, lançou seu terceiro show, nominando-o “Viva o Gordo e Abaixo o Regime”, de evidente duplo sentido, vez que ainda vivíamos sob o comando dos militares. O cartaz, feito pelo cartunista Ziraldo, trazia o nome do show pichado num muro, o que evidenciava seu sentido contestatório. Para piorar, foi nesse espetáculo que Jô Soares criou o personagem Capitão Gay, que se tornaria um de seus maiores sucessos. Apesar de tudo, ele não teve nenhum problema com a censura. 

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TITÃS – Uma das pioneiras do rock nacional, a banda paulista Titãs já começou a turnê “Titãs Encontro”, que percorrerá diversas cidades do Brasil e Portugal com a sua formação original, à exceção do guitarrista Marcelo Frommer, que morreu em 2001. Será uma oportunidade única para os velhos e novos fãs verem todos juntos no palco. O repertório será focado nos primeiros dez anos da banda, quando todos os integrantes ainda tocavam juntos, o que vai até o disco “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, de 1991. O primeiro a sair foi Arnaldo Antunes, em 1992. O produtor e músico Liminha acompanhará a banda na turnê, assim como Alice Frommer, filha de Marcelo. 

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CÁLICE – Ao contrário do que muitos dizem, a canção “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil foi sim censurada. Escrita em 1973, para ser apresentada no Show Phono 73, ela foi excluída do show pelos censores. No dia da apresentação, a dupla até tentou cantá-la, desafiando a ordem, mas os microfones foram desligados (tem o vídeo no YouTube). Chico Buarque só conseguiu gravá-la em 1978, cantando junto com Milton Nascimento, pois Gilberto Gil estava noutra gravadora. A ideia de entoar a palavra “cálice” de modo a ter o sentido de “cale-se” foi do cantor baiano, que, sabe-se lá por que, nunca incluiu a música em seus discos.

CAricatura: Brito

Escrito por Erasmo Firmino

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