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PATU: Aventuras na Serra do Lima

Ao longe, a imensa Serra do Lima desponta majestosa no horizonte, como num convite encantado, saltando aos olhos do visitante silenciosamente, prometendo uma aventura sem fim. Situada no Pólo Serrano, distante 320 km de Natal, a serra de Patu é um convite para peripécias turísticas.

Se o leitor estiver de passagem por Patu e observar as pessoas olhando para cima, usando binóculos ou a olho nu, não se assuste. Eles estão observando o céu repleto de coloridos parapentes e asas-delta voando em torno da Serra do Lima e pousando no meio da caatinga potiguar.

Atualmente, a cidade norte-riograndense de Patu é considerada como um dos melhores lugares do mundo para a prática de vôos livre, tanto de asa-delta como o vôo de Parapente (Paraglider). Devido às condições climáticas e geográficas da região, vários estrangeiros e brasileiros procuram a cidade para praticar os vôos livres e tentar bater recordes.

Os vôos-livres acontecem de setembro a janeiro, quando os ventos sertanejos da caatinga são mais quentes e estão propícios para formar as “térmicas”, massas ascendentes de ar quente, que sustentam o vôo. Nessa época do ano, o sertão potiguar de Patu recebe gente do mundo inteiro que vem à cidade para praticar o vôo-livre.

Turismo religioso no Santuário do Lima

Santuário e Igreja de Nossa Senhora dos Impossíveis, em cima da Serra do Lima

O que não há pelo mundo sobra no coração do nordestino: a fé. O Rio Grande do Norte começa a despertar para o potencial do turismo religioso. Tem muita gente apostando na tradição e religiosidade do homem nordestino, cuja cultura está sedimentada no catolicismo trazido pelos portugueses.

No alto da Serra do Lima está o Santuário de Nossa Senhora dos Impossíveis, um grande complexo religioso, que atrai fiéis de todo o Brasil. Com uma arquitetura modernista, a capela tem capacidade para 700 pessoas. Nos finais de semana, é comum ver pessoas subindo a serra a pé para pagar uma promessa à Santa das coisas impossíveis.

Administrado pela Irmandade da Sagrada Família há mais de 350 anos, o Santuário do Lima tem sua maior festa no dia 1º de janeiro, dia de Nossa Senhora dos Impossíveis, quando recebe a visita de milhares de fieis que vêm subir a serra para pedir graças à Santa e rezar para que ano vindouro seja leve.

Na trilha do cangaceiro Jesuíno Brilhante

Gruta ao pé da Serra do Cajueiro aonde se escondia o cangaceiro Jesuíno Brilhante

Para conhecer de perto a história de Jesuíno Brilhante, o famoso cangaceiro patuense conhecido como o “Robim Hood da caatinga”, é preciso se embrenhar na mata para ir até a caverna de pedras onde o bando se escondia no pé da Serra do Cajueiro.

Sob a orientação do guia Turístico local, Zé Doido, os aventureiros seguem a trilha na mata, que tem como característica a riqueza de sua fauna e flora preservada. No caminho, há árvores e cipós gigantescos que chegam a medir entre dez a quinze metros.

A mata nativa é composta principalmente por jatobás, ipê roxo, aroeira e mororó, espécies também comuns à mata Atlântica. Numa área de aproximadamente cinco hectares, é fácil encontrar cascas do coco catolé, deixados pelos macacos pregos e por micos-leões, frutos de seus cardápios alimentares.

Criada pelo rolamento de grandes blocos de granito, a gruta está localizada na soleira da Serra do Cajueiro. Estes blocos são formados devido ao intemperismo e falhas que atuam na rocha. Toda a área faz parte da fazenda Cajueiro, localizada às margens da RN-078, distante 6 km de Patu.

Sítio Arqueológico do Jatobá

Inscrições rupestres no sítio Riacho do Letreiro

Devido ao relevo e excelentes condições climáticas a área serrana possui todos os pré-requisitos para pratica de vários tipos de esportes radicais como vôo livre, trilhas ecológicas, rapel e enduros.

Prática de Voou Livre é comum em Patu de agosto à novembro

Há milhares de ano, os primeiros habitantes deixaram suas inscrições gravadas nas pedras, que se formou o Sítio Arqueológico do Riacho do Letreiro, com gravuras rupestres feitas sobre as pedras de granito, já bastante destruídas pela ação do sol, água, chuva e trânsito de animais.

O Riacho do Letreiro é um sítio arqueológico a céu aberto, com suas imagens esculpidas diretamente sobre a rocha, sem a proteção de uma caverna. Segundo especialistas, os desenhos são classificados como da tradição “Itacoatiara”, comum nas regiões ribeirinhas do Nordeste brasileiro.

Origens patuenses

Vila de Patu ao Pé da Serra do Lima

O município de Patu fica situado na região Oeste e microrregião Serrana do Rio Grande do Norte, uma zona de agricultura e pecuária, que no início da colonização estava ligada ao ciclo dos currais. Os primeiros habitantes da região foram os índios Cariris.

A origem do nome Patu tem duas versões. Na primeira, de acordo com a literatural popular, dois irmãos tinham seus terrenos próximos ao pé da serra. Certo dia um disse ao outro: “Quando eu morrer isto aqui fica PA-TU”. Desde então, o nome do lugar ficou conhecido como Patu.

Casarões coloniais preservados em Patu

No entanto, a versão mais aceita é a segunda, registrada pelo historiador Câmara Cascudo. No seu livro “Nomes da Terra” (Sebo Vermelho Edições), Patu significa lugar de terra alta em tupi, denominação que os índios Cariris utilizavam para identificar o local.

O principal destaque no início da criação de Patu foi o Coronel Antônio de Lima Abreu Perreira, Comandante do Regimento de Ordenanças da Ribeira do Apodi, na Serra do Patu, que no ano de 1758, fez doação de terras para a construção da Capela de Nossa Senhora dos Impossíveis, erguida na majestosa Serra do Lima.

Patu ainda preserva traços da antiga vila. Desde as casas coloridas, ao pé da serra, até os casarões coloniais, a cidade se espalha por toda a parte. Mesmo sem os trilhos que levaram os trens para Patu, a velha Estação Ferroviária sobreviveu a modernidade da vida como uma testemunha, se transformando num museu para contar a história da região.

Antiga Estação de Trem abriga a Casa de Cultura do município

Escrito por Alex Gurgel

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