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ZooN: A Resistência da Fotografia Cultural Potiguar

Texto: Alex Gurgel (professor, fotógrafo, jornalista, escritor e guia de turismo)

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O fotógrafo e ativista cultural Henrique José está atuando a 30 anos no desenvolvimento do audiovisual norte-riograndense

Zooming é um efeito ótico que fornece forte sensação de movimento numa fotografia. Mas, a ZooN é uma entidade capitaneada pelo fotógrafo Henrique José com quase 30 anos de atuação no setor de audiovisual do Rio Grande do Norte, contribuindo fortemente com a formação e produção de fotografia e vídeo no território potiguar. Ao longo dessas três décadas, a entidade já formou milhares de jovens no mundo do audiovisual, criando uma identidade cultural através da fotografia. A ZooN continua ativa, resistindo as intempéries culturais e produzindo fotografia e conema no Mercado Público de Petrópolis, onde tem sua sede atualmente.

De acordo com o fotógrafo Henrique José, a ZooN foi idealizada pelo próprio Henrique e seu parceiro na época como Marcelo Andrade e surgiu para ser uma Agencia de Fotojornalismo onde oferecia banco de imagens, fotojornalismo, fotografia documental e tudo referente a fotografia. A ideia foi se ampliando e a dupla abriu a ZooN para outras pessoas fazer parte como o fotógrafo Adrovando Claro, Canindé Soares e Fernando Pereira. “A gente percebeu que havia demandas para ações sociais e cultrais envolvendo a fotografia”, frisou Henrique.

Ainda nos idos de 1997, Keila Sena, Vladmir Alexandre, Guaraci Gabriel, Rosa Marciel e Ana Potiguar se juntaram à ZooN, quando começou a surgir as Leis de Cultura E a entidade se transformou numa organização não-governamental, atuando no Rio Grande do Norte em projetos de difusão das artes visuais como expressão e manifestação cultural. Nessa mesma época, havia uma ebulição cultural com o surgimento do movimento da Casa da Ribeira e a Agencia Cultural do Sebrae. “Aprendemos a desenvolver projetos culturais para as Leis de Incentivo a Cultura e participamos de editais”, disse Henrique.

Conforme Henrique José, em 1997, a ZooN funcionava nun casarão na Ribeira que os próprios fotógrafos fizeram o tombamento do Casarão de Luiz de Barros através do Instituto do Patrimônio Artístico e Arquitetônico Nacional (Iphan). Atualmente, a Prefeitura de Natal adquiriu esse imóvel para transformá-la num Sala de exibição de cinema. Henrique relata que se juntou ao arquiteto Augusto Maranhão para desenvolver um projeto do Casarão que seria local para exposições de fotografia, galeria de arte e espaço para projeções de cinema. “O intuito era a revitalização da Ribeira”, frisou.

O primeiro projeto desenvolvido pela ZooN foi “Projeto Natal de Fotografia” com apoio da Fundação Capitania das Artes (Funcarte) que consistia em fazer um intercâmbio com fotógrafos de outros Estados brasileiros como de Pernambuco, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba e quando um fotógrtafo de outro Estavo trzia uma exposição para Natal, a ZooN também produzia uma exposição de um fotógrafo potiguar. “A gente aproveitava o fotógrafo de outro Estado para ele fazer oficinas de formação para os fotógrafos locais”, ressaltou Henrique.

Natal no Circuito do Audiovisual brasileiro

O projeto “Natal de Fotografia” teve mais de oito edições trazendo fotógrafo para interagir e ministrar oficinas de fotografias em Natal, culminando com a realização da “1ª Maratona Fotográfica de Natal”, reunindo fotógrafos do todo o Brasil quando a Zoon teve uma visibilidade nacional e internacional com cobertura da revista “Iris Foto” uma das principais revistas de fotografia da época. “Depois desses eventos, a ZooN começou a investir em projetos culturais e sociais”, declarou Henrique.

No primeiro Governo do presidente Lulz, por volta de 2004, quando o cantor baiano Gilberto Gil era o Ministro da Cultura, a ZooN foi selecionada com um dos primeiros Pontos de Cultura do Rio Grande do Norte, junto do os projetos da Casa da Ribeira e a Conexão Felipe Camarão. Henrique conta que a ZooN desenvolveu vários projetos culturais para o desenvolvimento de oficinas de fotografias em várias cidades do Estado em parcerias com outros instituições e prefeituras. “Recebemos verbas para fazer 06 (seis) oficinas e conseguimos duplicar as oficinas contando com as parcerias locais”, ressaltou.

Segundo Henrique, o pessoal da ZooN levou o projeto de oficinas para várias cidades como Macaíba, São José do Mipibu, Angicos, Mossoró, Natal, etc… As oficinas também foram levadas às escolas municpais. Graças à esse projeto de oficinas de fotografia do Ponto de Cultura, a ZooN ganhou um prêmio nacional chamado “Prêmio Asas” através do Ministério da Cultura. Com o valor do prêmio Henrique montou a galeria móvel da ZooN, um contêiner que percorreu vários espaços de cultura com exposições fotográficas. “Infelizmente, durante a pandemia a gente teve que se desfazer do contêiner porque ele já estava se deteriorando”, relatou Henrique.

Atualmente, a ZooN retoma o projeto de Ponto de Cultura e planeja fazer novos projetos com oficinas “Fotografia e Identidade” usando a fotografia como ferramenta de construção da identidade, de resgate da história, da cultura e tradição de cada comunidade. A ZooN desenvolveu uma metodologia de ensino intitulada “Educação Lúdica do Olhar” que já atuou no Nordeste inteiro através de editais de cultura e parcerias com prefeituras e escolas. “Nós da ZooN levamos essa educação através da fotografia como resgate de identidade para várias salas de aulas atingindo milhares de jovens”, declarou Henrique.

Fotografia, Cinema, Documentário na formação audiovisual

Outro projeto importante capitaneado pela ZooN é na área do audiovisual (cinema), fazendo parte da história do audiovisual potiguar como os percussores em projetos de formação nesse segmento. “Assim como a ZooN fez os primeiros projetos de formação em fotografia nos anos 90 em Natal, nos anos dois mil, em parceria com a Universidade Potiguar, nós fizemos o projeto de formação em Natal de cinema e vídeo com 12 edições desse projeto”, ressaltando que o projeto trouxe profissionais de várias áreas do audiovisual para para fazer oficinas emNatal como direção de fotografia, produção executiva, edição de vídeo, figurinos, etc.

Além das oficinas em audiovisual, a ZooN trazia os profissionais para fazer palestras sobre cinema e vídeo. As oficinas e palestras fizeram parte de projetos chamados: “Cena Um”, “Cena Dois”, “Cena Três” e assim por diante até a 12ª edição. Como resultado desse trabalho, Henrique José e o pessoal da ZooN Fotografia foram convidados pela Fundalção Capitania das Artes (Funcarte) através da Prefeitura de Natal, com apoio do Setorial do Audiovisual através do Ministério da Cultura e ANCINE (Agência Nacional de Cinema), para realizar o Festival “Goiamum Audiovisual” que aconteceu durante 10 edições.

Durante o projeto do “Goiamum Audiovisual”, a ZooN Fotografia contemplava a formação de público para consumir o audiovisual com oficinas de cineclubismo, exibições de filmes na periferia e também filmes competitivos no “Goiamum Audivisual” da mostra nacional de local com filmes feitos no Rio Grande do Norte com incentivo do projeto com proemiações para os curtas-metragens locais, além da formação com oficinas na área técnica e com articulação com produtores e distribuidores. “O projeto Goiamum Audiovisual foi um marco do cinema norte-riograndense e tivemos reconhecimento do Sebrae com destaque para Keila Sena, uma pessoa importante nesse processo todo”, frisou Henrique José.

No ano de 2010 e 2011, Henrique José também atual na formação da Rede de Fotografia Cultural Brasileira, movimento nacional para a valorização da fotografia no Brasil, desde as primeiras reuniões, fazendo parte das duas primeiras diretorias. Ele também tem uma participação ativa no CNPC (Conselho Nacional de Políticas Culturais) no segmento de artes-visuais contribuindo na criação da “Lei Cultura Viva” para fortalecer o movimento do audiovisual e da fotografia brasileira.

Com o advento da pandemia, a ZooN parou suas atividades culturais. Mas, desde o ano passado, Henrique José voltou com os projetos de fotografias com a sede da ZooN localizada no Mercado Público de Petrópolis e tendo a participação do fotógrafo Teotônio Roque, que faz parte da atual diretoria da entidade. “Nós estamos montando um estúdio para produzir conteúdos para internet”, disse Henrique José, ressaltando que a Zoon voltará a desenvolver oficinas de fotografias focando na “comunicação comunitária” com intuito de formar novas turmas nos Pontos de Culturas em todo o Estado.

Henrique adianta que está desenvolvendo a metodologia de ensino com um grupo de jovens da comunidade de Mãe Luíza, bairro nas proximidades da ZooN e do Mercado de Petrópolis. Conforme Henrique, envolvendo fotografia, audiovisual e jornalismo. “Estamos com alguns filmes sendo produzidos com roteiro e produção em andamento que em breve está pronto para captação dos recursos no fundo do audiovisual. Temos também um projeto na área de consultoria à outras ONG’s e empresas” destacou.

Escrito por Alex Gurgel

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