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  • Geoparque Seridó é tema de Exposição Fotográfica na Rampa

    Texto e Fotos: Alex Gurgel

    Email: alexgurgel@msn.com

    Instagram: @engenho_de_fotos

    Numa realização do Engenho de Fotos e Poty Foto Clube, uma exposição coletiva com o tema: “Ser tão Seridó – Cenas do Geoparque” celebra à mais tradicional região do RN

    Para celebrar o Mês Mundial da Fotografia, cujo dia acontece no dia 19 de agosto, que tem comemoração em todo o mundo audiovisual, o Poty Foto Clube em parceria com o Engenho de Fotos, realiza uma exposição coletiva fotográfica intitulada “Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque”, que acontecerá no Complexo Cultural da Rampa, às margens do Rio Potengi, com o apoio do Governo do Rio Grande do Norte através da Secretária de Cultura do RN e Fundação José Augusto.

    O Seridó do Rio Grande do Norte constitui uma importante região natural do semiárido nordestino, figurando com particular importância ao lado de regiões que integram uma vasta área seca no Nordeste. O Geoparque Seridó, que acaba de ser reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como território de relevância mundial, é uma região importante que oferece diversos atrativos naturais e culturais.

    Os geoparques são áreas geográficas únicas e unificadas, onde os locais e paisagens de significado geológico internacional são gerenciados com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. As cidades que abrangem o Geoparque Seridó são: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas.

    Os fotógrafos que participam da exposição fotográfica “Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque” percorreram milhares de quilômetros pelo Seridó Potiguar nas expedições fotográficas do projeto “Engenho na Estrada”, nos últimos 10 anos. Os fotógrafos participantes fizeram cursos de fotografia, oficinas ou workshops no Engenho de Fotos ou são membro do Poty Foto Clube. A maioria das fotografias da exposição foi clicada durante as expedições fotográficas.

    De acordo com o presidente do Poty Foto Clube, Delson Cursino, para a fotografia, o Geoparque Seridó oferece um cenário deslumbrante e diversificado, perfeito para capturar a beleza bruta da natureza e os traços da história humana. As paisagens áridas da caatinga, as formações rochosas impressionantes e as relíquias arqueológicas são apenas algumas das inúmeras oportunidades visuais que a região proporciona. “A exposição ‘Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque’ não só celebra a singularidade desse território, mas também convida o público a explorar e valorizar essa joia do patrimônio mundial”, destacou o presidente.

    O Geoparque Seridó está localizado no coração do Rio Grande do Norte, uma área de 2.800 quilômetros quadrados, reconhecido pela Unesco como um território de relevância mundial. Este geoparque se destaca por suas formações geológicas únicas, como as minas de scheelita e as rochas vulcânicas, além das pinturas rupestres que datam de até 10 mil anos.

    Esse reconhecimento coloca o Geoparque Seridó em um seleto grupo global, promovendo não apenas a preservação do patrimônio natural e cultural, mas também o desenvolvimento sustentável através do turismo e da educação. A importância do Geoparque Seridó para o Rio Grande do Norte é imensa. Ele representa uma nova forma de gestão territorial que valoriza e preserva as riquezas geológicas, biológicas e culturais da região.

    Com 21 geossítios distribuídos pelo território, incluindo a nascente do Rio Potengi e o sítio arqueológico Xiquexique, o geoparque atrai turistas, pesquisadores e entusiastas da natureza de todo o mundo. Esse fluxo de visitantes não só estimula a economia local através do turismo, mas também reforça a identidade cultural e histórica da região. Entre essas e outras razões históricas e tradicionais, a Região do Seridó merece uma celebração especial e o Poty Foto Clube em parceria com o Engenho de Fotos se reuniram para promover uma grande exposição fotográfica mostrando toda a beleza do lugar.

    Celebrando o Dia Mundial da Fotografia, ano passado, o Poty Foto Cube realizou a exposição “Da Brisa a Caatinga – uma jornada fotográfica do litoral ao sertão do Rio Grande do Norte”, no Bardallo’s, um barzinho cultural na Cidade Alta, em Natal. Ainda no ano passado, o fotoclube realizou a exposição fotográfica intitulada “Potengy – às Margens do Rio Grande”, uma celebração visual ao nosso Rio Potengy, que foi realizada no Iate Clube de Natal.

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    Fotógrafos participantes

    Alex Gurgel

    Antonio Alencar

    Antônio Ivo (in Memorian)

    Delson Cursino

    Eugênio Oliveira

    Evanja Barros

    Fátima Leite

    Flávio Resende

    Izaaque Medeiros

    Jenny Gay

    José Adail

    Juliana Galassi

    Márcio Gomes

    Martin Musicante

    Máurison Silva

    Noélia Alves

    Pedro Silvestre

    Sarah Ariane

    Severino Neto

    Sônia Campos

    Sônia Macêdo

    Thiago Assis

    Verônica Torres

    Vidal Sunctión

    Zaqueu Gurgel

  • A Fina Luz da Fotografia Potiguar

    A origem etimológica de “fotografia” vem do grego e significa “gravar com luz”: “foto” (luz) e “graphein” (escrever, gravar).

    Em 19 de agosto de 1827, o cientista francês Joseph Niepce desenvolveu a primeira imagem fotográfica. Niepce colocou uma gravura em uma placa de metal revestida com betume e depois a expôs à luz por 10 horas. As áreas sombrias da gravação bloqueavam a luz, mas as áreas mais brancas permitiam que a luz reagisse com os produtos químicos na placa. Por esse feito, todo ano no dia 19 de agosto, o mundo inteiro celebra a fotografia.

    12 anos depois, em 1839, o primeiro processo fotográfico prático foi inventado por Louis Daguerre. O processo de daguerreotipia envolvia expor uma chapa de cobre prateada a vapor de iodo para criar uma superfície sensível à luz. A chapa era então exposta à luz, desenvolvendo uma imagem latente que se tornava visível por vapor de mercúrio e fixada com uma solução de sal. O daguerreótipo produzia imagens altamente detalhadas e únicas, e sua introdução marcou o nascimento da fotografia comercial.

    A fotografia chega ao Brasil em 1840, apenas um ano após a invenção do daguerreótipo na França. O abade francês Louis Compte fez demonstrações ao jovem imperador Dom Pedro II, que ficou maravilhado com o invento. Dom Pedro II passou a colecionar daguerreótipos, tornando-se o primeiro fotógrafo brasileiro e constantemente posava com suas câmeras fotográficas junto com a família imperial no Brasil.

    Em Natal, os primeiros registos fotográficos foram dos irmãos suíços Max e Bruno Bougard, que chegaram à Cidade dos Reis Magos em 1897 e montaram seu ateliê na Rua Treze de Maio, nº 38, atual Rua Princesa Isabel, no Bairro da Cidade Alta, oferecendo seus serviços através de anúncios no Diário de Natal. Com o tempo, os irmãos se separaram o somente o Bruno Bougard ficou no Rio Grande do Norte.

    Bruno Bourgard foi o um fotógrafo itinerante, viajando pelo interior do Rio Grande do Norte em busca de clientes endinheirados e capazes de pagar seus serviços. Bruno Bougard retratava pessoas e as cidades. Bruno buscava lugares mais altos para fazer grandes panorâmicas e a cúpulas das igrejas eram seus lugares preferidos. Em Natal, um dos seus primeiros registros arquitetônicos é o da Praça André de Albuquerque fotografia do alto da torre da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação.

    Em 1908, o fotógrafo genuinamente potiguar era Manoel Dantas, que era também professor, advogado, jornalista, juiz de direito, político e precursor dos estudos do folclore no Rio Grande do Norte. Como Manoel Dantas era o único em Natal que possuía equipamentos sofisticados de fotografia e ótica, ele reunia amigos e convidados em sua casa para apresentar tudo que fotografava. Essas reuniões reuniam grandes plateias e contavam com um aparelho ótico de projeção conhecido como estereoscópico, que projetava paisagens e retratos fotografados por Manoel Dantas.  O estereoscópico foi muito popular entre as classes abastadas em inícios do século XX.

    Manoel Dantas e Bruno Bougard foram os pioneiros da fotografia em solo potiguar, que fizeram os primeiros registros urbanos de Natal, cujas fotografias foram testemunhos de uma cidade em transformação, tanto o aspecto urbano como as manifestações sociais que aconteciam na cidade. Ambos fotógrafos fizeram fotos de pessoas em situações diferentes, tanto na população mais humilde quantos em festas da alta sociedade natalense, criando um acervo social importante da fotografia potiguar.

    Dos anos de 1940 até 1980, o fotógrafo natalense Jaecy Galvão fez imagens icônicas da cidade e de seu povo. Aproveitando os americanos em Natal, durante a Segunda Guerra Mundial, quando fez imagens aéreas da cidade de dentro de aviões norte-americanos. Jaecy elaborou uma das maiores narrativas visuais da vida social de Natal. Ele ficou conhecido em sua juventude, entre seus amigos e clientes como o “fotógrafo dos artistas”, fotografando políticos e as pessoas que se destacavam socialmente.

    Atualmente, o “Erre Ene” é celeiro de grandes fotógrafos como Giovanni Sérgio e sua obra prima, o foto livro “As Quatro Margens do Rio” (1996 – Editado através da Lei Municipal Djalma Maranhão), uma narrativa visual onde o artista fotografou o Rio Potengi com suas paisagens por onde o rio passa e sua gente ribeirinha, desde sua nascente em Cerro Corá, no Seridó, até o quando o rio encontra o mar, na Boca da Barra tendo o Forte dos Reis Magos como testemunha do encontro do Oceano Atlântico com o Potengi.

    É importante citar o fotógrafo Canindé Soares que merece todas as homenagens por suas fotografias mostrando Natal e o Rio Grande do Norte ao mundo. Entre os inúmeros trabalhos de Canindé Soares, poderemos destacar os livros: “Vem Viver Natal” (2010), “Natal por Canindé” Soares (2012), “Natal em Fotos” (2014) e “Litoral do RN” (2019). Poderemos destacar que em 2017,a doutoranda Sylvana Kelly Marques apresentou sua tese na UFRN onde a fotografia de Canindé foi o objeto do estudo, com o tema, “As narrativas de Canindé Soares entre o turismo e a devoção”.

    A história da fotografia potiguar tem consagrado nomes como Bruno Bougard, Manoel Dantas, Jaecy Galvão, Giovanni Sérgio e Canindé Soares. Poucos Estados brasileiros tem uma fotografia tão pulsante e valorizada com pessoas comprometidas em estudar as núncias da luz e sua magia com a câmera escura. Aqui há escola de fotografia, coletivos fotográficos, foto clubes e uma gama de excelentes fotógrafos em atividade. Falta concursos fotográficos por parte do Poder Público para incentivar o fazer fotográfico, criando um ambiente para um destaque mundial da fotografia potiguar.

  • Geoparque Seridó será tema para Exposição Fotográfica

    Poty Foto Clube abriu edital convocando os fotógrafos a participar de uma grande celebração à uma das mais tradicionais regiões do Estado do RN

    Por Alex Gurgel (professor, jornalista, fotógrafo e guia de turismo)

    @alexgurgel

    alexgurgel@msn.com

    Para celebrar o Dia Mundial da Fotografia que acontece no dia 19 de agosto, que tem comemoração em todo o mundo audiovisual, o Poty Foto Clube em parceria com o Engenho de Fotos, realiza uma exposição fotográfica intitulada “Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque”, que acontecerá no Complexo Cultural da Rampa, às margens do Rio Potengi, com o apoio do Governo do Rio Grande do Norte através da Secretária Extraordinária de Cultura

    As cidades que abrangem o Geoparque Seridó são: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas. Conforme o Edital, para participar da exposição, o fotógrafo (a) deve ter participado de cursos ou workshops de fotografia do Engenho de Fotos, participado de expedições dentro do projeto “Engenho na Estrada” ou ser membro do Poty Foto Clube, e ter uma foto do Geoparque Seridó clicada nos últimos 05 (cinco) anos.

    De acordo com o presidente do Poty Foto Clube, Delson Cursino, para a fotografia, o Geoparque Seridó oferece um cenário deslumbrante e diversificado, perfeito para capturar a beleza bruta da natureza e os traços da história humana. As paisagens áridas da caatinga, as formações rochosas impressionantes e as relíquias arqueológicas são apenas algumas das inúmeras oportunidades visuais que a região proporciona. “A exposição ‘Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque’ não só celebra a singularidade desse território, mas também convida o público a explorar e valorizar essa joia do patrimônio mundial”, destacou o presidente.

    O Geoparque Seridó está localizado no coração do Rio Grande do Norte, é uma área de 2.800 quilômetros quadrados que abrange seis municípios: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas. Reconhecido pela Unesco como um território de relevância mundial, este geoparque se destaca por suas formações geológicas únicas, como as minas de scheelita e as rochas vulcânicas, além das pinturas rupestres que datam de até 10 mil anos.

    Esse reconhecimento coloca o Geoparque Seridó em um seleto grupo global, promovendo não apenas a preservação do patrimônio natural e cultural, mas também o desenvolvimento sustentável através do turismo e da educação. A importância do Geoparque Seridó para o Rio Grande do Norte é imensa. Ele representa uma nova forma de gestão territorial que valoriza e preserva as riquezas geológicas, biológicas e culturais da região.

    Com 21 geossítios distribuídos pelo território, incluindo a nascente do Rio Potengi e o sítio arqueológico Xiquexique, o geoparque atrai turistas, pesquisadores e entusiastas da natureza de todo o mundo. Esse fluxo de visitantes não só estimula a economia local através do turismo, mas também reforça a identidade cultural e histórica da região. “Entre essas e outras razões históricas e tradicionais, a Região do Seridó merece uma celebração especial e o Poty Foto Clube em parceria com o Engenho de Fotos se reuniram para promover uma grande exposição fotográfica mostrando toda a beleza do lugar”, ressaltou o presidente do Poty Foto Clube

    Celebrando o Dia Mundial da Fotografia, ano passado, o Poty Foto Cube realizou a exposição “Da Brisa a Caatinga – uma jornada fotográfica do litoral ao sertão do Rio Grande do Norte”, no Bardallo’s, um barzinho cultural na Cidade Alta, em Natal. Ainda no ano passado, o fotoclube realizou a exposição fotográfica intitulada “Potengy – às Margens do Rio Grande”, uma celebração visual ao nosso Rio Potengy, que foi realizada no Iate Clube de Natal.

    A exposição Fotográfica “Ser Tão Seridó – Cenas do Geoparque” será realizado pelo Poty Foto Clube em Parceria com o Engenho de Fotos no Complexo Cultural da Rampa com apoio da Fundação José Augusto e da Secretaria Extraordinária de Cultura através do Governo do Estado do Rio Grande d Norte

    EDITAL

    https://potyfotoclube.com.br/exposicao-ser-tao-serido

    Foto 1 – Pedra do Sino, Sítio Totoró

    Foto 2 – Cruzeiuri de Currais Novos

    Foto 3 – Cruzeiro de Currais Novos

    Foto 4 – CascteloDi Bivar, Carnaúba dos Dantas

    Foto 5 – Açude Gargalheiras, Acari

  • Fotografia de Pets: um novo mercado com arte e beleza

    Alex Gurgel (professor, fotógrafo e guia de turismo)

    @alexgurgel

    alexgurgel@msn.com

    “A beleza pode ser vista em todas as coisas. Ver e compor a beleza é o que separa a simples imagem da fotografia”.

    Matt Hardy.

    A arte e a beleza da vida sempre serão grandes motivações para se viver melhor e enfrentar as agruras de um trabalho árduo, que nos consome o dia inteiro, dentro de um banco. Desde pequena, lá em Campina Grande, Paraíba, Noélia clicava aleatoriamente tudo que via, principalmente a família. Nesse tempo, ela retratou os avós maternos que hoje figuram nas paredes como quadros, uma lembrança de sua história familiar.

    A fotografia profissional tem um leque enorme de possibilidades. O fotógrafo pode ser especialista em fotos de produtos, eventos, moda, newborn, retrato, fotojornalismo, fotografia de rua, paisagens, artística, macrofotografia, fotografia aérea, de mergulho, etc… e também há a fotografia de animais, que pode ser animais de grande porte como vacas, animais selvagens e animais de estimação conhecida como “fotografia de pets”.

    Noélia Alves descobriu a fotografia para fugir da rotina bancária e clicar a beleza pulsante da vida fora das preocupações do Mercado Financeiro. “Eu precisava fazer algo pela minha saúde mental e aí veio a ideia da fotografia”, disse Noélia, afirmando que viu um anúncio do Engenho de Foto pelo Instagram, há uns 10 anos atrás, oferendo um workshop de Fotografia. Começou a estudar fotografia e não parou mais de clicar as belezas que encontra pelos caminhos da vida.

    Ela sempre foi apaixonada pelos animais. “Depois que entrei na fotografia, veio a ideia de fotografar pets, fiz um estudo do mercado local para saber das concorrências e as demandas”, afirmou Noélia, ressaltando que a fotografia de animais de estimação movimenta um mercado bilionário. O volume grande de dinheiro em torno desse mercado serviu de motivação para Noélia investir no nicho de fotografia de pets. “Fiz um curso específico para fotografar cães, gatos e aprender as técnicas”, disse.

    Fotografar o amor entre os tutores e os pets é o objetivo na fotografia de Noélia. “Gosto de mostrar as brincadeiras do cotidiano entre o pet com seu tutor. “Sabe aquele olhar? A lambida de carinho. O abraço. É isso!”, afirmou. Segundo a fotógrafa, é preciso estudar fotografia avançada, ter muita sensibilidade, esperar os momentos de descontração quando acontecem as melhores fotos.

    O mercado de fotografia Pet é amplo, porém a maioria dos tutores de Natal e região ainda não estão acostumados com a fotografia dos pet. O pet é um membro da família.  Segundo Noélia, o desafio é alcançar o nicho certo do mercado. A fotografia de pet utiliza os mesmos equipamentos como qualquer outro ramo da fotografia. Noélia afirma que fotografar é caro, as máquinas e lentes são caras, os equipamentos têm vida útil.

    “Quando repassamos o orçamento para uma certa quantidade de fotos, incluirmos fatores como tempo, combustível, edição, estudos e cursos investido, trabalho em fotografar esses seres dinâmicos, o olhar sensível. Tudo isto tem um preço e valor”, disse. Porém, Noélia ressalta que a maioria das pessoas não valoriza adequadamente o serviço e querem que o fotógrafo faça eventos de graça por parceria. “Eu fiz muitos eventos gratuitos, mas atualmente só estou indo fotografar através dos contratos e sendo pago”, disse.

    A relação com os animais domésticos é antiga na vida da fotógrafa. Hoje, Noélia tem 10 cães e 4 gatos, além de alimentar dezenas de gatos da rua. Todos os animais que ela cria foram oriundos de adoção. Segundo Noélia, a adoção é um ato de amor, respeito com o próximo. “Vejo no olhar deles, a alegria, o amor e a gratidão por ter salvo a vida deles. É mágico, uma energia linda que eles transmitem”, relatou.  

    Com relação aos animais de rua, segundo a fotógrafa, cria-se um paradoxo, pois o Brasil tem o terceiro maior mercado de pets no mundo e é comum muitos animais abandonados perambulando pelas ruas. Os problemas são: falta de política pública como hospital veterinário e castramoveis. “Para ter uma ideia, uma cadela não castrada e seus filhotes podem aumentar a família canina em 64mil através de progressão geométrica”, ressaltou.

    Para quem quiser fazer um ensaio com seu “filho de quatro patas”, pode ser feito um ensaio pet em família, mostrando como é a relação especial do pet com a família. É possível também registrar apenas os pets e as crianças. A relação entre as crianças e os animais de estimação costuma ser inocente e muito sincera, e rende fotos encantadoras.

    De acordo com Noélia, para fotografar o pet em estúdio, é primordial ter um pequeno estoque de petiscos e também um acervo de recursos, como brinquedos que emitem algum tipo de barulho para chamar a atenção do bicho durante a sessão. “Antes da sessão em estúdio, indico ao tutor que dê um bom banho na mascote para deixá-la relaxada e também arrumadinha para a foto. Uma tosa bem-feita é indispensável e ajuda a captar a expressão do animal”, afirma Noélia.

    Os ensaios a luz do sol e ao ar livre permitem composições criativas do pet com o cenário, proporciona diversos tons à imagem (que podem variar a cada ensaio) e cria uma forma interessante de o animal interagir com o ambiente, tendo imagens espontâneas. A luz natural traz outra vantagem, o fotógrafo não precisa se preocupar com esquemas na produção de luz, mas deve saber como tirar o melhor proveito dela no ambiente.

    Quem quer fazer um ensaio de pets para guardar e ter memória de seu “filho de quatro patas” ou para postar nas redes sociais, é importante ter as fotos de seus pets, registrando com detalhes os traços da personalidade e as sutilezas que eles carregam. Seja em estúdio ou luz natural, a fotografia de pets é cada vez mais requisitada para ser feita por um especialista, pois os tutores querem mostrar seus pets com o melhor retrato. Afinal, o pet é um membro da família e merece todos os mimos.

  • A Luz Espiritual de Flávio Rezende

    Nos melhores visuais de Natal, da Redinha à Ponta Negra, capturando a luz nos cartões postais natalenses, é fácil encontrar aquele cara baixinho com uma lente do tamanho do mundo, desproporcional para quem ver, mas na proporção exata do talento de Flávio Rezende para a fotografia! Flávio sempre foi um fotógrafo nato, um contador de histórias visuais, embora sempre tenha feito sua preferência para o texto e ao jornalismo como profissão. Depois que ele redescobriu a fotografia, suas fotos estão cada vez melhores, mais cheia de luz e beleza.

    Na verdade, foi a luz da fotografia que se incorporou a big lente de Flávio para que ele capturasse detalhes, visuais e pessoas. Ele ainda não descobriu sua linha na fotografia, por isso vai fotografando tudo que ver pela frente. Em sua lente cabe desde o morro do careca na aurora de um dia azul ao pôr do sol de Macau numa tarde quente, avermelhada pela grande bola de fogo que desce mansamente por trás das dunas de sal.

    O projeto que Flávio vem realizando em retratar pessoas, criando uma nova história de vida para a pessoa retratada levantando a autoestima, é emocionante e digno de registros sem fim. Depois que Flávio faz o retrato da pessoa, ele imprime a fotografia na melhor qualidade e entrega o quadro ao fotografado. Uma maneira de resgatar a dignidade de qualquer pessoa. Flávio concentra seu olhar em pessoas conhecidas e também em gente que nunca viu, que ele encontra de alguma maneira e registra fazendo um retrato perpétuo.

    Já foi dito que uma imagem vale mais do que mil palavras. Porém, é preciso que a pessoa possa ler a imagem e não somente olhar para uma fotografia. Segundo o fotógrafo e advogado goiano Jefferson Luiz Maleski, o escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem. Flávio representa muito bem o escritor e o fotógrafo, passeando com fluidez na escrita com a caneta e a escrita de luz através de sua câmera, criando imagens com ambas formas de escrever o que vai vendo na vida.

    Quando Flávio faz um clique cria fotografias que servem para pensar, para se debruçar pela força da interpretação, da leitura, da imersão sensorial e subjetiva que se habilitam a partir das imagens que se formam em frente a sua lente do tamanho do mundo. As fotografias de Flávio já são maduras, estudadas com técnicas e regras. As vezes é possível ver alguma imagem fora dos padrões convencionais de composição ou edição de imagens. Afinal, quem faz arte com fotografia tem todo o direito em quebrar todos os paradigmas conceituais num só clique.

    Para entender a filosofia praticada na fotografia de Flávio Rezende tem que atentar aos ensinamentos do mestre francês Herry Cartier Bresson quando ele diz: “De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e fugidio. Nós fotógrafos, temos que enfrentar coisas que estão em contínuo transe de se esfumar; e quando já se esfumaram, não há nada neste mundo que faça com que voltem. Evidentemente, não podemos revelar e copiar uma recordação”. Então, quando você, meu caro leitor, encontrar Flávio Rezende e sua lente do tamanho do mundo fotografando em algum lugar, ele está criando arte com sua luz.

  • O Objeto Mágico na Literatura Infantil

    Texto: Alex Gurgel

    Uma modesta comparação na busca por uma identidade literária nos romances destinados ao público infanto-juvenil.

    “Há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida ensina.” (Schiller)

    Nessa enorme guirlanda da literatura infanto-juvenil, alguns aspectos, usados pelos escritores para contar uma história, podem ser observados durante a narrativa de contos e romances. A psicologia literária infantil (ou juvenil) impregnadas nas entrelinhas dos romances, trás a tona algumas sutilezas que vem sendo utilizadas por autores de literatura infantil desde Charles Perrault, como observa Ligia Cademartori no seu livro “O que é Literatura Infantil”. De acordo com a autora, algumas questões apontam para a natureza dessa literatura como, por exemplo, a preocupação com o didático e a relação com o popular.

    Fazendo uma ligeira leitura comparada entre os romances “A Bolsa Amarela”, de Lygia Bojunga e “As Aventuras de Tom Sawyer” de Mark Twain, pode ser percebido algumas coincidências didáticas, onde a Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, é utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental insinuar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.

    Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente. Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano.

    As narrativas procuram separar o real e o imaginário. As ações narradas referem-se a uma situação que não é vista e que só é concebida no imaginário. Segundo o crítico Jorge Larrosa, o “saber” da infância é algo muito mais radical: “nada mais ou nada menos do que sua absoluta heterogeneidade no diz respeito a nós e ao nosso mundo, sua absoluta diferença”, diz o autor quando a criança faz de conta que está usando o lado simbólico da linguagem, em ensaio no texto “O enigma da infância ou o que vai do impossível ao verdadeiro”.

    “A Bolsa Amarela”, de Lygia Bojunga, é um dos mais premiados e populares livros infanto-juvenis brasileiros. Neste livro a autora conta a inteligente e divertida história de Raquel, uma menina que presta muita atenção a tudo que se passa a seu redor. Raquel é a filha caçula da família, é a única criança. Seus irmãos, com uma diferença de dez anos, não lhe davam ouvidos, porque achavam que criança não sabe coisa alguma. Por se sentir muito solitária e incompreendida, ela começa a escrever para seus amigos. Amigos imaginários. Raquel, desde cedo, tinha três vontades enormes: vontade de crescer, vontade de ser garoto e vontade de ser escritora.

    Um dia, ganhou uma bolsa amarela, que veio no pacote da tia Brunilda. A partir daí, a bolsa passou a ser o esconderijo ideal para suas invenções e vontades. Tudo cabia lá dentro. A bolsa amarela acaba sendo a casa de dois galos, um guarda-chuva-mulher, um alfinete de segurança e muitos pensamentos e histórias inventadas pela narradora.

    O universo narrativo de Lygia Bojunga se revela a partir da infância, atingindo temas adultos com as relações de poder e repressão a liberdade de expressão no contexto social. Dando argumentos ao leitor (criança) para se identificar com as situações que dizem respeito as personagens infantis, criando uma identificação com o pequeno leitor. De acordo com Ligia Cademartori, o romance “A Bolsa Amarela” permite a adesão ao mundo ficcional pela condução do enredo e pelo desfecho, permitindo a cartase do seu leitor, propiciando uma identificação, uma descarga emocional.

    No livro “A Bolsa Amarela”, encontramos objetos lúdicos, um perfeito equilíbrio entre a liberdade do imaginário e as restrições do real. Uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades que ela esconde numa bolsa amarela – a vontade de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação – por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio “criança não tem vontade” – essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo, que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa, e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.

     

    No livro de Mark Twain, “As Aventuras de Tom Sawyer”, Tom é um rapaz do campo, muito inquieto, que mora na casa da tia Polly, com o irmão Sid e a prima Mary. É com o seu melhor amigo, Huckleberry Finn, que Tom partilha as suas maiores aventuras. Os dois perseguem javalis, brincam como piratas no Rio Mississipi, e estão constantemente aprontando novas desventuras. No meio de tanta agitação, ainda têm tempo para namoros. Conhecem o perigoso Joe, o Índio, e procuram um tesouro perdido. Ao contrário das histórias tradicionais, Tom não é um menino modelo, não obedece a ninguém, não quer estudar e mente sempre para evitar castigos ou sair de situações inesperadas. O herói infantil do romance é um menino normal, inclinado a seguir suas emoções em busca do prazer da aventura do que ver a realidade. Com essa consciência, Tom não sofre nenhum castigo e não “paga” por fazer o que quer.

    Entre os dois romances, encontramos traços de alegoria nas entrelinhas dos textos, onde o crítico G. Brougére destaca o objeto lúdico do brinquedo que é manipulado livremente por uma criança. A Bolsa Amarela representa o desprendimento às regras impostas pelos adultos, um brinquedo (objeto infantil) onde Raquel manipula suas vontades dentro da bolsa de acordo com as experiências vivenciadas. “O brinquedo é, assim, um fornecedor de representações manipuláveis, de imagens com volume está ai a grande originalidade e especificidade do brinquedo que é trazer a terceira dimensão para o mundo da representação”, escreveu o critico no ensaio “O Brinquedo, Objeto Extremo”.

    As situações vividas por Tom Sawyer, usando a esperteza para se safar de situações inusitadas ou barganhar quando está em condições de desvantagem, mesmo que precise enganar aos outros, são manifestações em um processo de identificação com os personagens, a criança passa a viver o jogo ficcional projetando-se na trama da narrativa. Em suas aventuras, Tom utiliza sua astúcia como um brinquedo capaz de manipular, concebendo e produzindo o “brinquedo” e o transformando em objeto de representação, num mundo imaginário ou relativamente real com caça ao tesouro, travessias no Rio Mississipi, viagens ao interior de uma gruta e até a visão de um assassinato.

    Ambos os textos trazem informações mostrando que o brinquedo não é qualquer imagem. De acordo com Gilles Brougére, a imagem do brinquedo deve ser manipulada no interior da atividade lúdica (a história) da criança e corresponder à lógica da brincadeira e da expectativa daquele que orienta, chamando a atenção para uma analise mais profunda da relação entre imagem e função do objeto. Uma história traz consigo inúmeras possibilidades de aprendizagem. Entre elas estão os valores apontados no texto, os quais poderão ser objeto de diálogo com as crianças, possibilitando a troca de opiniões e o desenvolvimento de sua capacidade de expressão. O estabelecimento de relações entre os comportamentos dos personagens da história e os comportamentos das próprias crianças em nossa sociedade possibilita o desenvolvimento dos múltiplos aspectos educativos da literatura infantil.

    Dessa forma, os romances “A Bolsa Amarela” e “As Aventuras de Tom Sawyer”, através das identificações que os leitores estabelecem com seus personagens, desempenham um importante papel para a saúde mental das crianças, permitindo-lhes elaborar seus sentimentos mais profundos e contraditórios. É bem verdade que esse tipo de identificação, através do jogo simbólico, está presente em muitas das brincadeiras espontâneas infantis, como brincar de casinha, médico, e tantas outras brincadeiras que qualquer criança faz, sem que seja necessária a intervenção de um adulto. Mas, nas narrativas essas fantasias adquirem uma dimensão mais ampla e profunda.

    Este é o poder mágico dos romances na Literatura Infantil – o poder de fazer conhecer e compreender melhor a nós mesmos – e esta a razão de sua permanência entre nós através dos séculos, mesmo frente a um mundo cheio de brinquedos e maravilhas tecnológicas. A mensagem de sucesso e segurança que os livros carregam os fazem não apenas sempre presentes e fascinantes, mas sobretudo únicos e insubstituíveis em sua importância para o imaginário infantil.

    Bibliografia

    BROUGÉRE, G. “O Brinquedo, objeto extremo”. In: Brinquedo e Cultura. 3ª ed. Revisão técnica e versão brasileira adaptada por Gisela Wajskop. São Paulo: Caortez, 2000.

    CADEMARTORI, L. “O que é literatura infantil”. 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

    LARROSA, J. “O enigma da infância ou o que vai do impossível ao verdadeiro”. In: LARROSA, J & LARA, N. P. de (Orgs) “Imagem do Outro”. Tradução de Celso Márcio Teixeira. Petrópolis: Vozes, 1998.

    BOJUNGA, L. “A Bolsa Amarela”. 33ª ed. Rio De Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2004.

    TWAIN, M. “As Aventuras de Tom Sawyer”. Tradução Antonio Carlos Marques. São Paulo: Editora Martin Claret, 2000.

  • A invasão dos Cangueiros

    Com a quantidade de motoristas por aplicativos nas ruas, há uma verdadeira proliferação daqueles que não tem nenhuma noção de como dirigir um carro na cidade

    Nas ruas de Natal é muito comum se deparar com motoristas fazendo barbeiragens entre os carros, colocando todos em perigo. Muitos deles demonstrando pouca aplicabilidade, pelas atitudes, das Leis de Trânsitos. Com a facilidade de fazer um cadastro on line, a pandemia do Covid-19 fez surgir uma multidão de motoristas por aplicativos em busca de trabalho para um ganho rápido, já que não conseguem uma renda constante em outras profissões. Junto com essa multidão de desempregados que aderiram aos aplicativos, chegam também os motoristas cangueiros.

    Vários profissionais também perderam seus empregos e migraram para os aplicativos que oferecem corridas de carro a preços módicos. São engenheiros, advogados, jornalistas, professores, também pedreiros, pintores de paredes, faxineiros, vendedores ambulantes e todo tipo de pessoas que perderam empregos, sejam profissionais com diplomas universitários ou aqueles que não concluíram qualificação profissional.

    Sem a menor noção de como se comportar no trânsito, observamos que boa parte desses motoristas estão nas ruas e fazem o que querem porque têm a certeza que não há fiscalização e nem muito menos multas para cangueiros de ocasião. Outro dia, em plena Avenida Rio Branco, centro histórico de Natal, um carro por aplicativo parou em frente ao Sebo Vermelho, ligou o pisca alerta – o famoso “foda-se” – como se o pisca-alerta fosse uma habeas corpus que liga e o motorista pode fazer o que bem entender no meio da rua – na cena, o motorista desce do carro para fazer não sei o quê.

    É mais comum do que se imagina alguns motoristas entrarem em curvas sem ligar a sinalização de lateralidade e quando você vai ver quem está dirigindo, nota-se um celular com o GPS ao lado da direção, deduzindo logo que é um motorista por aplicativo. Eles estão em todos os lugares. Nos shoppings há um espaço determinado para o embarque e desembarque de motoristas por aplicativos, mas eles com seus “desvios” fazem questão de congestionar o trânsito quando param no meio da rua, atrapalhando o fluxo dos carros, para o passageiro realizar o embarque ou desembarque do veículo. Muitos deles nem se preocupam em ligar o pisca-alerta e param na maior cara-de-pau, sem a menor preocupação com os demais motoristas.

    Na correria da vida, em busca de sustentabilidade financeira outro grupo de mercado para aplicativos se apresenta nas ruas, são os motoboys com seus delivers que para muita gente também formam outras fontes de renda. Como os motoqueiros ganham por entregas, a pressa se tornou o maior inimigo do trânsito, principalmente em momentos de pique, na hora do almoço ou final da tarde, perto da hora do jantar. Na ânsia de ganhar a corrida e ficar pronto para o próximo delivery, o motoqueiro corre entre carros, cruza sinal fechado, faz manobras perigosas na frente dos carros e no cruzamento imprudente na diagonal da via, sobe calçadas, pilota na contramão e faz de tudo para ser rápido. Muitos desses motoqueiros provavelmente “candidatos a defuntos” por causa da prática constante de tantas imprudências em que trafegam loucamente no trânsito das cidades.

    O cenário é crítico e levanta uma questão: estão os candidatos ao trabalho por aplicativo em sua seleção para exercer tal atividade, participando de um processo cuidadoso e rígido para obter a “licença” para dirigir carro próprio ou de aluguel? O Departamento Nacional de Trânsito (Detran) tem feito de maneira periódica a avaliação desse profissional do trânsito? Na certa, o que se observa nas ruas ainda   insuficiente, afinal ele vai transportar vidas, e por essa razão deve haver mais exigência em relação ao conhecimento das Leis de trânsito e sua aplicação, como também, uma proposta educativa para averiguar as condições psicológicas dos motoristas e as condições do próprio veículo, além de fiscalização constantemente.

  • A poesia fescenina de Zefa do Potengy

    Baixinha, cintura fina, pernas grossas, bunda grande, tetas pequenas, longos cabelos cacheados, olhos verdes, lábios grossos e língua ferina, Zefa do Potengy é uma mulher singular e com 36 anos diz gostar de fazer “poesia com sacanagem”. Segundo ela, é uma forma de expressar sentimentos e desejos incontidos, que ela faz questão de soltar nos versos que espalha pelo bairro em que ela mora em Natal, o Conjunto Potengi, Zona Norte da cidade.

    Funcionária pública, ativista social, vegetariana e mãe solteira, Maria Josefa da Silva estudou sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas não chegou a terminar o curso porque engravidou e teve que ir cuidar da criança sozinha sob os protestos da família que queria que ela procurasse o pai do rebento para ajudar na criação. “Dou conta da minha vida sozinha”, ressalta a poeta que diz que o “status” de solteira é a melhor coisa dessa vida.

    O gosto pela poesia começou na UFRN, nas rodinhas com amigos e nas farras até altas horas quando a galera recitava versos pela noite sem fim, farras regadas com álcool “e outras coisitas más que servem para instigar a criatividade, além de dar muito tesão”, declara a poeta, dizendo que sempre amanhecia com sua turma na beira da praia de Ponta Negra, aos pés do Morro do Careca.

    Fã dos poetas fesceninos Moyses Sesyon e Celso da Silveira, do Assú, Zefa escreve suas poesias sem compromisso, mas afirma que está juntando seus versos para publicar um livro no futuro. Para mostrar o que escreve, a poeta faz algumas performances poéticas pelo Beco da Lama, nos corredores do Setor 02 da UFRN ou nos barres de Ponta Negra. “Se eu tiver oportunidade de participar de saraus ou mesmo no final das farras, sempre declamo meus versos”, afirmou.

    No seu dia-a-dia, Zefa prefere ficar no anonimato e não gosta de fotografias nem tem redes sociais, apesar dos amigos insistirem em divulgar seus poemas, espalhando-os pelas teias da grande rede. Com uma personalidade forte e a alma alegre, ela promete continuar nas sombras da fama, porém quer continua espalhando seus versos pelos espartilhos nas noites de boemia.


    SONETO DE MEL

    (Zefa do Potengy)

    Aquele homem nada feio

    Queria o gosto do meu mel

    Me encabulada no alheio

    Brechando pelo buraco do tonel

    Quando eu tomava banho

    Ficava punhetando sem parar

    Com aquela venga sem tamanho

    Imaginando louca em trepar

    Naqueles dedos sebosos e ligeiros

    Esfregando docemente na vagina

    Feito açoite baboso de um punheteiro

    Gozava louca naquela pica enxerida

    O cavalo negão chamava de bambina

    Lambuzava toda com a gala colorida


    MUGANGA NA CAMA

    (Zefa do Potengy)

    Numa tarde de muganga

    Vestida numa tanga

    Lá em Cajupiranga

    Desfilando feito baranga

    Rodeada de capanga

    Cheia de bugiganga

    Soltando a franga

    Chupando uma xandanga

    Com gosto doce de manga

    Cantei coco alto na moranga

    E terminei toda galada na cama.


    CLASSIFICADOS ERÓTICOS

    (Zefa do Potengy)

    Procura-se um macho

    Que dedilhe uma vulva

    úmida de noites magras

    e desejos debochados

    Procura-se um homem

    Cheirando felação em massa

    Com falo roxo em riste alegre

    De língua ligeira sem versos

    Procura-se um tarado

    Querendo me comer

    Sem guardar noites

    Estourando sêmen verde


    MORDENDO OS BEIÇOS

    (Zefa do Potengy)



    Morder! morder o

    hímen adocicado

    Um falo feito lâmina

    entre duas coxas

    do polo ao pólem.


    Morder os bicos dos figos

    antes que murchos

    antes dos dentes

    sempre morder

    e jamais sugar.


    Morder somente a sua semente

    antes de agora

    antes da aurora

    morder e fuder

    e arder em mel

    o amor.


    CANIBALISMO

    (Zefa do Potengy)

    Sinto sua língua triturando

    Minhas entranhas

    Vejo seu cacete grande

    Entrando em mim

    Estou em coma

    Coma tudo de mim

    E depois,

    Cuspa.


    RECADO AMOROSO

    (Zefa do Potengy)

    O que dizer a meus seios

    Quando eles notarem

    A ausência definitiva

    Das tuas mãos?

    O que farei com o calor

    Entre as pernas

    Ainda sentindo molhado

    Tua língua lambendo?


    GALOPE NA BEIRADO MAR

    (Zefa do Potengy)

    Na beira do Mar

    Cavalguei Num tarado

    Com o verbo amar

    Feito um galope safado

    Na beirado Mar

    Chupei jeba latente

    Pode me difamar

    Fruta dura lactente

    Na beira do Mar

    Ele me chamava de puta

    Deixei me inundar

    Gozei feito uma matuta

    Na beira do Mar

    Nua feito imunda

    Fudendo para gamar

    Gala que  fecunda


    RETRATO

    (Zefa do Potengy)

    Beijo e lambo

    sua boca de baixo.

    seus belos cabelos

    molhados.

    Beijo a barba

    com a cara

    toda enfiada

    e cega.

    Beijo e chupo

    sem ver nada

    com a língua

    inteira.

  • A Cor do Sertão do Seridó

    Foto e Texto: Alex Gurgel

    Para aqueles bravos, com espírito aventureiro, sabedor que o litoral não é a única porção de beleza em terras potiguares, a região do Seridó oferece um roteiro alternativo, cheio de histórias e lendas de um sertão multicor.

    Adentrando a BR 226, o verde, florado pelas últimas chuvas, enche os olhos e faz esquecer a temível seca que assola o interior do Estado de tempos em tempos. Em Currais Novos, o sítio Totoró pode deslumbrar olhares ávidos pela história do seridoense e do município. De acordo com o historiador Joabel Rodrigues de Souza, o Coronel Cripriano Lopes Galvão migrou com sua família para fixar moradia e fundou a fazenda de gados Totoró – a qual era chamado “Currais Velhos” – após a guerra dos Bárbaros (1683 – 1713), quando houve a  dizimação da população indígena dos Cariris.

    O sítio Totoró é terra de lendas e folclore. História sobre o homem do campo e suas riquezas culturais são fáceis de se ouvir. Lugar misterioso e encantador. Dizem o mais antigos que o sítio ainda guarda tesouros arqueológicos na Lagoa do Santo, onde foram achados fósseis de mamíferos que habitaram a região na Era Pleistocênica (de 7 a 18 milhões de anos atrás). Na gruta da Pedra Furada, escrituras rupestres de tradição Nordeste, com aproximadamente dez mil anos, podem ser observadas. Com sua formação geológica semelhante a um caju, a Pedra do Caju é uma atração inconfundível da região.

    Uma parada na Mina Brejuí, distante três quilômetros de Currais Novos, o visitante pode conhecer detalhes das riquezas minerais exploradas na região. Com a descoberta da potencialidade mineralógica identificada no município, com destaque para a Scheelita, na década de 40, quando se registrou o crescimento econômico local e regional, Currais Novos foi considerada como a cidade mais promissora e elitista do Estado. A produção da Scheelita chegou a representar 90% da produção nacional até meados dos anos 80.

    Atualmente, a Mina Brejuí abre suas portas para receber o turismo de conhecimento, explorando a geografia da região e a história de suas riquezas minerais. Para recepcionar as pessoas, há sempre um guia entusiasmado, mostrando a vida de Tomaz Salustino, através de um Memorial sobre o visionário que criou a mina. Túneis, galerias, usinas e grutas são visitados, explorando o contato com a mineração até o subsolo. A Mina Brejuí ainda oferece um “banho de energização”, nas Dunas de Minérios, encravada em plena mata da caatinga seridoense. A apresentação da tradição folclórica de um grupo de Pastoril, no pátio da Capela da mina, completa o passeio em Currais Novos.

    De sertão a dentro, o visitante se depara com a bela cidade de Caicó, terra de Sant’ana, a capital do Seridó. Lugar marcado pela fé, onde floresceu um povoado sob a prece de um vaqueiro. Conta a “Lenda do Vaqueiro” que havia um Boi Mandigueiro, muito bravo, nas terras de Manoel de Souza Forte. Certo dia, um vaqueiro penetrando nessas terras, viu-se, de repente, atacado pelo touro encantado. O vaqueiro fez o voto à Nossa Senhora de Sant’ana de construir ali uma capela. O ano era seco e o único vestígio d’água existente era a de um poço do rio Seridó. O vaqueiro renovou o voto a Sant’ana para o poço não secar antes da construção da capela. A Matriz de Sant’ana foi erguida e o poço nunca mais secou. “Se valendo da soberana, a virgem santa, foi no Poço de Sant’ana que nasceu meu Cació”, declamou em versos o poeta e artista plástico Custódio Medeiros, justificando a lenda da origem de Caicó.

    Caicó já recebeu vários nomes como: Ribeira do Seridó, Vila do Príncipe e Queicuó. O topônimo teve seu primeiro registro documental em 1731, pelo capitão Inácio Gomes da Câmara, no sítio chamado Riacho do Seridó. De acordo com o historiador Câmara Cascudo, a origem do nome Caicó se encontra entre os índios e, dentre as várias versões existentes, a mais aceitável é a que defende sua gênese a partir dos termos Acauã e Cuó, que servem à designação de acidentes geográficos (rio e serra, respectivamente) da região. Acauã pertence ao idioma tupi, enquanto Cuó, à língua dos Tapuias e Tarairiús. Esses indígenas identificavam ainda o rio pelo nome de “quei”, o que sugere que Caicó seja uma corruptela de “Queicuó”, o mesmo que rio do Cuó.

    Passeando pelas ruas da cidade, o visitante descobre vários casarios, com sua arquitetura do século XVIII ainda preservada e bem cuidada pelos moradores. Em um desses sobrados, está instalado o Museu do Seridó, onde o turista tem a oportunidade de conhecer as relíquias dos antepassados caicoenses, bem como sua cultura e tradições.

    Localizado na periferia da cidade, o Castelo de Engady foi construído pelo pároco da cidade, monsenhor Antenor Salvino, em 1974. Para deslumbrar o visitante – o qual faz um passeio através do tempo e da história – o Engady tem sua arquitetura em estilo mouro-medieval, abrigando detalhes  de castelos europeus do século XV.

    Numa manhã de sábado em Caicó, o turista poderá fazer contato com o povo do lugar para sentir a gentileza e a hospitalidade das pessoas. Na tradicional feira livre ou no antigo Mercado Público Municipal; na Praça da Liberdade ou no Bar de Ferreirinha (conhecido reduto etílico, político e cultural da cidade), o povo caicoense está sempre celebrando sua fé e sua cultura sertaneja.

    A região do Seridó já chamava atenção desde o início do século XX, quando era visitado por celebridades nacionais. Viajando pelo Rio Grande do Norte em 1927, o escritor e folclorista paulista Mário de Andrade, admirado com a arquitetura  colonial de Jardim do Seridó, escreveu em seu livro Aprendiz de Turista: “Às 9 cortamos Jardim de Seridó, uma cidadezinha de Tarsila, toda colorida limpa e reta. Catita por demais, lembrando Araraquara por isso. Cidade pra inglês ver. Mas não tem dúvida que é um dos momentos de cor mais lindos que já tive neste aprendizado pra turista”.

    A próxima parada é Carnaúba dos Dantas, lugar mágico, onde o Monte do Galo é a máxima expressão religiosa, recebendo gente em romarias, cujas bênçãos de Nossa Senhora das Vitórias, enche de fé o sertanejo. De cima do Monte do Galo, o visitante tem uma vista deslumbrante da cidade e do castelo Di Bivar, com sua arquitetura medieval francesa, estilo arredondado e suas torres nos lembram as torres de um jogo de xadrez.

    De Carnaúba dos Dantas, o visitante segue para Acari, que ostenta o título de ser a cidade mais limpa do Brasil. Acari é nome de um peixe de escamas ásperas, com sua carne branca e saborosa, acostumado com as águas tranqüilas do histórico rio Acauã. Da boca do povo, nasceu o nome do povoado a partir da pesca fácil e permanente dos acaris.

    Nos arredores da cidade, inúmeras paisagens proporcionam a prática do ecoturismo. O Açude Gargalheiras é um marco na história e na vida de Acari, com seus 40 milhões de metros cúbicos d’água. Está situado na bacia do rio Acauã, a cinco quilômetros da cidade, oferecendo um espetáculo natural de rara beleza rústica, entre rochas e serras. Em volta do açude, trilhas ecológicas surgem a cada passo, revelando inscrições rupestres, de tradição Nordeste e datada de dez mil anos, como na Pedra do Artur.

    De volta à Natal, as lembranças das cores do sertão do Seridó purificam mentes e emocionam nossos olhos. Quem visita o Seridó, leva um pouco desse jeito sertanejo entranhado n’alma, garantindo seu retorno em busca de purificação.

  • Redinha dos meus amores

    Foto e Texto: Alex Gurgel

    Redinha velha cansada

    Muito orgulhosa de si,

    Deita o corpo embriagada

    No leito do Potengi.

    (João Alfredo)

    A praia da Redinha tem uma vasta história ocorrida em suas areias finas, onde o tempo generoso guarda todas as lendas de uma praia habitada por pescadores com suas casas de palha e seus humildes quintais. A primeira referência existente sobre a Redinha, figura no texto de sesmaria, concedida ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço, em 23 de junho de 1603.

    Nesse recanto de mar aberto, os portugueses daquela época já conheciam o potencial pesqueiro da praia, que era o antigo porto de pescaria dos capitães-mores, os primeiros colonizadores do lugar.

    Segundo o historiador Olavo de Medeiros Filho, existe um mapa intitulado “Perspectiva da Fortaleza dos Reis Magos”, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, localizado pelo historiador pernambucano Antônio Gonçalves de Melo, referindo-se a um “Porto de Pescaria”, com a presença de “rede”, no mesmo local onde hoje é a Praia da Redinha.

    O topônimo da praia, de acordo com Luís da Câmara Cascudo, faz referência a uma vila em Pombal, na beira baixa do rio Tejo, em Portugal. “Distrito vila, a margem esquerda do município de Natal. Redinha-de-fora é um local arruado. A Redinha-de-dentro fica na foz do Rio Doce, desaguadouro da lagoa de Estremoz”, diz o mestre Cascudo, no livro Nomes da Terra.

    A igreja de pedras pretas, construída pelos veranistas, em 1954, foi erguida de costas para o mar – sem má fé, mas imperdoável para os pescadores. E é por isso que os pescadores continuam frequentando a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, bem mais antiga, construída em 1922 – igrejinha menor, “branca, como uma capelinha panda ao vento”, para usar uma expressão da música “Praieira”, do poeta Othoniel Menezes.

    Na Festa de Nossa Senhora dos Navegantes há duas procissões, com duas imagens: a da capelinha antiga é a imagem da Procissão Marítima, pelas águas do rio Potengi, entre a Boca da Barra e os confins da Base Naval; e a imagem da igreja preta vai por terra, levada pelos veranistas ao longo das ruas e becos da vila.

    O toque de fé e lirismo é o encontro das duas imagens, sob o aplauso fervoroso do povo simples da Redinha, que canta o hino da Santa arrastando a esperança de que, não tendo faltado à sua procissão, será feliz o ano inteiro. Uma velha certeza, mistura de lendas e crenças populares.

    De pedras do mar, também foi construído o Redinha Clube, em 1937, para o deleite festivo dos veranistas e pescadores em épocas de carnaval e durante a Festa do Caju. Durante décadas, o Redinha Clube teve uma importância relevante para a sociedade que frequentava aquele recanto do Potengi.

    Quando visitava Natal, em 1929, o folclorista e escritor paulista Mario de Andrade, de passagem pela Redinha, encantado, disse no seu livro Aprendiz de Turista: “Oculta nessa monotonia de banda do mar, fica a Redinha, praia de verão, bairro em que ninguém sonha pela preguiça do pensamento que atravessa o rio com esse sol.”