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A Luz Espiritual de Flávio Rezende

Nos melhores visuais de Natal, da Redinha à Ponta Negra, capturando a luz nos cartões postais natalenses, é fácil encontrar aquele cara baixinho com uma lente do tamanho do mundo, desproporcional para quem ver, mas na proporção exata do talento de Flávio Rezende para a fotografia! Flávio sempre foi um fotógrafo nato, um contador de histórias visuais, embora sempre tenha feito sua preferência para o texto e ao jornalismo como profissão. Depois que ele redescobriu a fotografia, suas fotos estão cada vez melhores, mais cheia de luz e beleza.

Na verdade, foi a luz da fotografia que se incorporou a big lente de Flávio para que ele capturasse detalhes, visuais e pessoas. Ele ainda não descobriu sua linha na fotografia, por isso vai fotografando tudo que ver pela frente. Em sua lente cabe desde o morro do careca na aurora de um dia azul ao pôr do sol de Macau numa tarde quente, avermelhada pela grande bola de fogo que desce mansamente por trás das dunas de sal.

O projeto que Flávio vem realizando em retratar pessoas, criando uma nova história de vida para a pessoa retratada levantando a autoestima, é emocionante e digno de registros sem fim. Depois que Flávio faz o retrato da pessoa, ele imprime a fotografia na melhor qualidade e entrega o quadro ao fotografado. Uma maneira de resgatar a dignidade de qualquer pessoa. Flávio concentra seu olhar em pessoas conhecidas e também em gente que nunca viu, que ele encontra de alguma maneira e registra fazendo um retrato perpétuo.

Já foi dito que uma imagem vale mais do que mil palavras. Porém, é preciso que a pessoa possa ler a imagem e não somente olhar para uma fotografia. Segundo o fotógrafo e advogado goiano Jefferson Luiz Maleski, o escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem. Flávio representa muito bem o escritor e o fotógrafo, passeando com fluidez na escrita com a caneta e a escrita de luz através de sua câmera, criando imagens com ambas formas de escrever o que vai vendo na vida.

Quando Flávio faz um clique cria fotografias que servem para pensar, para se debruçar pela força da interpretação, da leitura, da imersão sensorial e subjetiva que se habilitam a partir das imagens que se formam em frente a sua lente do tamanho do mundo. As fotografias de Flávio já são maduras, estudadas com técnicas e regras. As vezes é possível ver alguma imagem fora dos padrões convencionais de composição ou edição de imagens. Afinal, quem faz arte com fotografia tem todo o direito em quebrar todos os paradigmas conceituais num só clique.

Para entender a filosofia praticada na fotografia de Flávio Rezende tem que atentar aos ensinamentos do mestre francês Herry Cartier Bresson quando ele diz: “De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e fugidio. Nós fotógrafos, temos que enfrentar coisas que estão em contínuo transe de se esfumar; e quando já se esfumaram, não há nada neste mundo que faça com que voltem. Evidentemente, não podemos revelar e copiar uma recordação”. Então, quando você, meu caro leitor, encontrar Flávio Rezende e sua lente do tamanho do mundo fotografando em algum lugar, ele está criando arte com sua luz.

Escrito por Alex Gurgel

Cancelamento de Voo

Diário: Página 113