Últimas histórias

  • O canto da sereia

    É sabido que as sereias na mitologia grega eram demoníacas, capazes de atrair qualquer um que ouvisse o seu canto. Os marinheiros ou qualquer mortal se sentiam seduzidos por aquele belíssimo som que encantava. Daí, se descuidavam da embarcação e sempre acabavam naufragando. Razão pela qual Ulisses, rei de Ítaca, só escapou ao regressar à Tróia porque ordenou que tapassem os ouvidos de seus marinheiros com cera e o amarrassem ao mastro de sua embarcação. Ele queria ouvir o canto, mas sem correr o risco de ser destruído.

    Ulisses foi extremamente esperto. Essa situação é lembrada por prefeitos e prefeitas do RN, que necessitam do tilintar do canto do Pix nas contas das prefeituras que gerem. Para o azar de Ulisses, na Odisseia, de Homero, não existia o escabroso e vergonhoso orçamento secreto, que vem bancando o migué das canções de parlamentares de má-fé. Seria até mais feliz sua volta para os braços de amada Penélope trazendo muita riqueza.

    Vejam vocês, leitor e leitora, o caso do senador norte-rio-grandense Styvenson Valentim, que bate nos peitos (e haja peito anabolizado) para dizer que quem tá bancando as obras que o Governo Federal vem custeando pelo estado do Rio Grande do Norte é ele. Cantando com o orçamento alheio, Valentim tenta seduzir o máximo de comentários e curtidas em suas redes sociais e de possíveis aliados. Entretanto, para a infelicidade do nosso desafinado ‘sereio’ muitos gestores estão preparados com tampões nos ouvidos para não caírem em sua cantiga destoada.

    Para se ter ideia da dimensão da aposta do nosso parlamentar rico em hormônios esteroides sintéticos no estrabismo dos prefeitos e prefeitas potiguares, em um vídeo em seu perfil do Facebook ele diz, de viva voz, para todos:

    — “Eu vou ser um pouquinho arrogante, presunçoso, vou ser um pouco metido. Um político só tá mostrando, porque eu tô vendo aí umas movimentações em redes sociais de outros políticos dizendo   cem milhões pra fulano, quarenta milhões pra sicrano, quarenta milhões pra saúde, trinta milhões pra saúde. Gente, eu disse que quarenta milhões eu construí um Hospital do Seridó, cinquenta eu tô construindo um aqui no Alecrim, Hospital de Criança com câncer, quatro milhões a gente deu uma usina de asfalto e fez quatro usinas já, dez milhões a gente fez uma ponte lá em Nova Cruz, cinco milhões a gente tá construindo uma escola de doze salas agora…” – conclui sem nem tremer sua tez botocada.

    Desde que o ministro do Supremo Tribunal Federal – STF,  Flávio Dino, comprou a briga com o Centrão suspendendo emendas do orçamento, querendo entender o destino das emendas secretas, estancando assim um poço sem fundo e sem transparência, as tramoias estão sendo expostas. Existe até um relatório da Polícia Federal (PF) que mostra como funcionava um suposto esquema de comercialização de emendas parlamentares indicadas pelos deputados do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) ao município de São José de Ribamar (MA).

    Dizem que há muito mais podridão no reino da Dinamarca.

    Dados do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal revelaram baixa adesão às determinações anteriores do STF. Das 4.154 contas pré abertas pelo BB, apenas 890 foram regularizadas. Na Caixa, somente 173 das 2.642 contas estão aptas para movimentação. E o pior: um relatório do Tribunal de Contas da União enviado ao STF indica que apenas 19% das emendas Pix dos últimos 6 anos permitem identificar o beneficiário final através dos extratos bancários. O volume de emendas parlamentares cresceu significativamente na última década: saltou de R$ 6,1 bilhões em 2014 para R$ 49,2 bilhões em 2024.

    Voltando ao “esbanjador” do dinheiro do povo, a sereia, digo, o senador Valentim, ao responder a um comentário de um leitor na mesma postagem do vídeo publicado, que perguntou se essa publicidade toda do “tô pagando” seria por causa de suas pretensões ao pleito de 2026, desafinou, não só para seu interlocutor, mas, principalmente, para seus aliados que buscam – logicamente, assim como ele -, um horizonte favorável para emplacar suas musiquinhas de salvadores da pátria no próximo ano:

    – Gente, tem que tá doido mesmo, entendeu? (para ser candidato) Na situação que tá hoje o Rio Grande do Norte, se não for interesse pessoal de fazer negócios, de fazer negócios com as coisas públicas, se não for coisa pessoal, de grupo que queira tirar vantagem do Estado pobre como esse, é roubar o pobre, viu gente? Se não foi isso, realmente tem que tá pirado, tem que tá muito doido pra poder botar gente numa coisa que anos vieram quebrando, anos vieram estragando esse Estado, anos. A tagarelice do senador sempre deixou seus pares atordoados, é fato. Mas dia após dia, o canto mavioso da sereia mais parruda do cenário político do RN agita sua base parlamentar para jogar a sujeira de mal informar o cidadão-eleitor do Rio grande do Norte. Parafraseando o nobre e inchado parlamentar, tem que tá doido mesmo é para se votar em tal candidato.

  • Respeitável público – O circo está armado

    Respeitável público, a festa já começou. É alpendre pra cá, alpendre pra lá, muitos comes e bebes pelo estado, inclusive bancados com dinheiro da nação (usando verbas de gabinetes estadual, federal, e até municipal), e o veraneio 2025 seguindo  com muita pompa político-eleitoral enquanto desnuda o que se espera para o ano de 2026. O carnaval está longe de começar, mas o circo já está armado.

    “Quanto riso, oh, quanta alegria!…”, José Agripino matraqueia: ambições pessoais têm que ficar abaixo do interesse do Estado. Só um ex-senador-governador-prefeito-biônico como Agripino para se preocupar dessa forma com o Rio Grande do Norte. Seria comovente não fosse proferido depois da exclusão do seu nome da lista de convidados do mega banquete patrocinado pelo senador Rogério Marinho à prefeitos, deputados, vereadores, suplentes, secretários, assistentes, arlequins, colombinas e o escambau que passasse na frente da mansão na praia de Búzios, no litoral Sul potiguar.

    O galego do Alecrim, atualmente sem mandato, assiste à perda de protagonismo, mas defende que o escolhido da oposição (todos contra Walter Alves/Fátima Bezerra/Lula) para as eleições 2026, deveria sair de uma pesquisa. Segundo Agripino Maia, a definição deveria ser eleitoral, “muito mais do que política”. Como diria seu Armando Volta, personagem da Escolinha do professor Raimundo,  “Sambarilove, sem o menor interesse…”.

    Além das articulações para o próximo ano, Zé anda preocupado com o bafo quente no seu cangote do prefeito de Natal, Paulinho Freire, que está em sua cola — assoviando e chupando cana — querendo o União Brasil tupiniquim pra chamar de seu. Claro, contando com o apoio do aliado e senador líder do bolsonarismo estadual.

    Para conseguir uma reviravolta política, resta a Jajá apostar todas suas fichas no prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), que vem se destacando em todas as pesquisas para o governo do Rio Grande do Norte. Para entender o que se desenha na política potiguar, esqueçam o migué de Zé de “ambições pessoais têm que ficar abaixo do interesse do Estado” e mirem na investida de Zé que defende até uma aliança com a senadora Zenaide Maia e o PSD. Tanto que Allyson, reeleito com 78% dos votos dos mossoroenses, já está de malas prontas para deixar o União Brasil pelo PSD, da Doutora, exatamente para concretizar seu sonho de ser candidato. A destreza é tanta que o prefeito mexeu os pauzinhos para facilitar sua corrida e conseguiu, pasmem, a aprovação da Câmara Municipal para a instalação de escritórios fora de Mossoró. Não são comitês de uma antecipada campanha. São escritórios. Ok?  

    Do lado de cá da Reta Tabajara, Rogério e seus banquetes firulentos pelo litoral de Natal, e o candidato da governadora Fátima, Walter Alves, calado, não se bole. Do lado de lá, o menino pobrezinho dando seus pulos de mãos dadas com Jajá para virar o jogo no picadeiro.

    O circo está armado. Cai quem quer!

  • Feliz Natal

    Então bom Natal, e um Ano Novo também, que seja feliz quem

    souber o que é o bem. E o bem é um país democrático, com leis respeitadas e a liberdade de escolher representantes. Não é mesmo? O bom velhinho, ministro Alexandre de Moraes sabe muito bem disso. Tanto que presenteou antecipadamente o brasileiro quando determinou a prisão preventiva do general da reserva Walter Braga Netto nesta véspera de Natal. Para sermos exatos, bem no dia do aniversário da ex-presidenta Dilma, vítima também de um golpe. Ou esse povo é trabalhado na ironia (amamos!) ou o roteirista dessa série Brasil é um craque.

    Bom, voltando aos presentes dezembrinos, segundo a decisão de Xandão, que teve seu sigilo levantado, o ex-ministro e ex-companheiro de chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 teria tentado obter dados sigilosos dos depoimentos prestados à Polícia Federal “com a finalidade de obstruir as investigações”.

    O careca mais amado do país diz ter identificado “a presença dos requisitos necessários e suficientes para a decretação da prisão do investigado” para garantir a ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal.

    O general, claro, óbvio, tá na cara, nega todas as acusações de que é alvo no inquérito. A defesa do militar divulgou nota oficial após a prisão dele afirmando que “se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos” e que acredita que terá “oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”.

    Dias após o nosso (imagina-se) primeiro presente de natal, o ex-presidente e ex-companheiro de chapa de Braga Netto na eleição presidencial, Jair Bolsonaro, se pronunciou sobre o caso através das redes sociais, sem mencionar o nome do parceiro.

    “A prisão do General. Há mais de 10 dias o ‘Inquérito’ foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP [Ministério Público]. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, questionou o ex-presidente em postagem no X (antigo Twitter).

    Braga Netto já havia sido indiciado, no final do mês de novembro, no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Além de Braga Netto, outras 39 pessoas também foram indiciadas pela trama golpista, entre elas o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do Messias.

    O grupo foi indiciado por três crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As penas variam de três a 12 anos de prisão.

    Também faria parte do plano de golpe o monitoramento, a prisão ilegal e até uma possível execução de Alexandre de Moraes, ministro do STF e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Lula, à época presidente eleito; e Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito.

    Antes que falem em injustiça, no pedido de prisão de Braga Netto apresentado pela PF ao STF, os investigadores afirmam que ele teria atuado, “de forma reiterada e destacada”, para impedir a completa identificação dos fatos investigados.

    As primeiras provas de tais ações, segundo a Polícia, teriam sido encontradas no celular do pai de Mauro Cid, Mauro César Lorena Cid. Segundo os investigadores, Braga Netto teria tentado obter os dados do acordo de delação do ex-ajudante de Bolsonaro por meio de seus familiares.

    Uma perícia realizada no celular mostra que as mensagens trocadas com Braga Netto foram apagadas em 8 de agosto de 2023, três dias antes da operação “Lucas 12:2” (Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a ser conhecido).

    Essa investigação apurou a tentativa de uma organização criminosa de vender joias que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu em razão do cargo de presidente da República.

    A perícia também mostrou que, um dia antes da operação, Braga Netto e o pai de Mauro Cid trocaram diversas mensagens pelo WhatsApp e conversaram por telefone em uma chamada que durou pouco mais de 3 minutos.

    O ministro Alexandre de Moraes afirma que, também a partir do depoimento de Mauro Cid, foi possível estabelecer novas provas sobre a atuação de Braga Netto na tentativa de golpe de Estado.

    Segundo os documentos liberados pelo STF, o ex-ministro da Defesa obteve e entregou recursos para a operação Punhal Verde e Amarelo, que tinha como objetivo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes.

    Absurdo dos absurdos.

    Agora, para militares, Bolsonaro virou ‘passageiro da agonia’ após a  prisão de Braga Netto.

    “Passageiro da agonia” é também o nome de um filme sobre o assaltante de bancos Lúcio Flávio, bandido que monopolizou as manchetes dos jornais. Dirigido por Hector Babenco e com Reginaldo Faria na pele do ladrão, o filme chegou a ser censurado pela ditadura militar nos anos 1970.

    A nenhum outro santo o brasileiro tem confiado e clamado tanto por justiça. É Deus no Céu e o senhor Alexandre de Moraes no nosso Pólo Norte congelando os golpistas de sempre, que sempre estão prontos para atacar a democracia.

    Para não dizer que somos ruins, pedimos para que o Bom Velhinho Moraes não esqueça da casa daquele mau garoto, que na pandemia defendia remédios sem eficácia e imitava pessoas doentes com falta de ar, e que desdenhava dos mortos; um ladrão de jóias (comprovadamente) e que também está envolvido na trama do golpe. Que essa criança má receba um carrinho da polícia federal cheia agentes bem vestidos. Não deve ser complicado atender a 52% de brasileiros que, segundo o Datafolha, acreditam que o ex-presidente Bolsonaro tramou um golpe de Estado após perder a eleição para o presidente Lula e dos 62% que são contra a anistia dos responsáveis pelos ataques de 8/1.

    Os sapatos estão na janela, Papai Moraes. E o champagne gelando!

  • Por onde anda a rataria do Rio Grande do Norte?

    O mês foi estouro com a notícia do planejamento do golpe de estado que a extrema direita quis dar e que, segundo inquérito da Polícia Federal, teve início ainda em 2019. Um plano para desacreditar o processo eleitoral e os órgãos responsáveis pela lisura da eleição. Que chegou até 2022 firme e forte em narrativas que colocavam em dúvida o sistema de votação brasileiro. Entre os golpistas “mais populares” dos golpistas do relatório, estão o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, também conhecido pelo codinome “Velame”, e o general Mário Fernandes, que trocaram uma série de mensagens nas quais propunham apresentar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relatórios sabidamente falsos que atestariam uma suposta fraude nas eleições daquele ano.

    Nos diálogos interceptados pela PF, no âmbito da operação Contragolpe, deflagrada na semana passada, os dois militares afirmam que Bolsonaro deveria se reunir com “a rataria” para obter informações sobre a “apresentação da Argentina”, que apresentaria provas sobre a fraude nas eleições brasileiras e “decidir o que fazer”. Fernandes está entre os presos da operação. Segundo o militar, “pessoal acima da linha da ética” não poderia participar.

    Só a rataria deveria se reunir com o então presidente Bolsonaro. Entenderam? Não confundir rataria, ratazanas e gabirus golpistas  com esse simples Ratto da província do Rio Grande do Norte, por obséquio.

    O plano de golpe investigado pela PF detalhava até como deveriam ocorrer os assassinatos de Lula, seu vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Outros pontos divulgados revelam a adesão de militares de alta patente à trama e que a tentativa de golpe só não foi levada adiante devido à falta de apoio dos então comandantes do Exército (general Freire Gomes) e da Aeronáutica (tenente-brigadeiro Baptista Júnior) — em contraste com o endosso recebido do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, ao plano golpista, que teria dito em mensagens obtidas pela investigação, por exemplo, que “tanques no Arsenal” da Força estavam “prontos” para o golpe.

    O relatório afirma que o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, aprovou o plano para assassinar o já eleito presidente Lula.

    O relatório final das investigações, com 884 páginas, reúne indícios de como o grupo de golpistas pretendia evitar a posse de Lula como presidente em janeiro de 2023 para manter Bolsonaro no poder e convocar novas eleições.

    Entenderam como foi por pouco? Mas quem poderia imaginar que dentro de uma respeitada instituição como as forças armadas existiria uma “rataria”?

    E por falar em rataria, temos outras várias indagações sobre o golpe trazendo para dentro do nosso estado. Por onde andará a rataria daqui?  Sim, por aqui, o deputado general Girão costumava ir à porta do quartel na capital dar apoio aos baderneiros golpistas e vociferar contra o resultado das eleições e ministros do Supremo. Em dezembro de 2022, Girão fez um discurso, documentado em vídeo, na porta do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI), em Natal, prometendo aos golpistas acampados na porta de quartel um “Papai Noel Camuflado” como presente de Natal. “Eu quero dizer para vocês que essa semana é a semana que tá começando as festividades de Natal. Sim ou não? Então, todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa e aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar essa semana. Acreditem em Papai Noel. Pode até ser camuflado também”, disse.

    Já o deputado Sargento Gonçalves igualmente apoiava a onda golpista, e ainda ficava nas redes sociais inflamando a horda de “desgraçados” – que atualmente, quando não estão na cadeia, resultado da tentativa de golpe do 8 de janeiro – estão foragidas. Em momento de concentração na Av. Paulista em evento de golpistas, o sargento disparou: “o povo clama por liberdade, e não podemos tolerar que um ministro do STF não respeite o povo brasileiro”.

    O negócio era tão sério que, de acordo com a PF, foi criada inclusive uma “oração ao golpe”. O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, pedia “que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, incluíssem em suas orações, os nomes do Ministro da Defesa e de outros dezesseis Generais 4 estrelas ‘pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda”. Sorte que Deus é brasileiro, dizem.

    Entre orações, rezas para pneus, celulares na cabeça, ameaças, planos impressos, minutas, mentiras e ataques orquestrados, venceu o medo da prisão. O resultado do escarcéu golpista nos últimos anos rendeu também o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas pela PF, com a apresentação de acusações robustas.

    O número ainda é pouco se levarmos em consideração o número da rataria do RN. Estes não deveriam ficar de fora, mesmo sendo uma rataria de menor porte, desdentada e acéfala, mas, que mesmo assim – e talvez por isso – consegue inflar ‘patriotas’ defensores de assassinatos de opositores. Rataria que fala em democracia, mas que sonha mesmo é com a ditadura e as gordas tetas do governo seja ele qual for. Para esse tipo de mamífero roedor, nada de anistia. Ainda estamos aqui.

  • Déjà vu: Gafanhotos

    Não precisava ser profeta, sacerdotisa, intérprete de sonhos, quiromante, jogar búzios, cartas, ler a sorte na borra de café ou chás, muito menos ser futurólogo ou ter uma bola de cristal para saber que havia muito mais coisas entre o céu e a eleição em Natal do que supunha a nossa vã filosofia. No primeiro turno, uma disputa pra chegar ao muito ressabiado eleitor das pragas que – volta e meia – surgem na política norte-rio-grandense.

    O resultado inicial foi até surpresa para muitos, afinal o ex-prefeito Carlos Eduardo parecia o prefeito de férias (prenuncio de que não acabaria bem). Sem adivinhações, o que pesou mesmo foi o apoio da máquina municipal comandada por Álvaro Dias (Republicanos), indicando Paulinho Freire para sua sucessão, que também tinha quase que a totalidade da Câmara municipal no bolso, dois senadores, alguns deputados federais, uma penca de deputados estaduais na mão, uma indústria de criação de fake News em rádios de aluguel da capital e da grande Natal, além de blogues e sites – ؙuma das pragas da modernidade, ditadas pelos gafanhotos profissionais da velha política potiguar.

    O livro Êxodo do Antigo Testamento narra as pragas do Egito, e relata os castigos enviados por Deus, para forçar a libertação do povo hebreu da escravidão. Na História atual do Rio Grande do Norte o eleitor paga pra ver se salva um dentre uma peste extremista que de uns tempos para cá infestou a política nacional e só sabe se locupletar, traçando sem nenhuma vergonha o dinheiro público.

    Se de um lado tínhamos a candidata Natália Bonavides surpreendendo ao chegar ao segundo turno, fazendo valer suas ótimas performances nos debates, deixando o candidato da extrema-direita, Paulinho Freire, parecer que iria desmaiar de tanto nervosismo e fazendo uma campanha limpa, propositiva e alegre. Do outro, aparecia o Freire, que não é só fraco nas ideias como mal preparado, com mais de 30 anos infestando o cenário potiguar como uma peste de piolhos e moscas. Mesmo assim, ele se manteve na primeira colocação, em momentos de completo despreparo nessa escuridão. “Onde fica o orçamento? Do que vive? O que come?”.

    Uma preocupação que parecia atingir os candidatos no segundo turno era reverter a alta taxa de abstenção registrada no primeiro quando Natal teve o maior índice entre as capitais nordestinas. O descrédito, a falta de transporte público – que teve sua acanhada frota diminuída -, o feriadão para o servidor municipal junto a supostas ameaças, pagamentos por ausência e até retenção de títulos eleitorais, como apontam indícios, boatos e/ou denúncias colaboraram para que não houvesse uma melhora no quadro. Ao contrário, o segundo turno apresentou uma taxa ainda maior de eleitores faltantes. Foram mais de 150 mil ausências, que segundo César Sanson, professor de ciências sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), reflete tanto em questões estruturais quanto o desencanto com a política. Pontuais também, né?

    Mas, independentemente dos obstáculos ao eleitor menos favorecido de nossa cidade, os apoios pesaram em 2024 e não foi por uma chuva de pedras, como no Egito, choveu foi dinheiro – e pesquisas e dinheiro e pesquisas… – notícia amplamente divulgada pela imprensa potiguar. O terceiro colocado Carlos Eduardo chegou a acusar, em uma postagem feita no Instagram, o atual prefeito Álvaro Dias de estar promovendo fake news e negociando apoio político em troca de cargos estratégicos na gestão municipal, revelando ainda que a aliança política com Álvaro não foi firmada devido a exigências que ele considerou inaceitáveis. Segundo o ex-prefeito, Álvaro queria quatro secretarias de “porteira fechada” em troca do apoio à candidatura de Paulinho Freire, algo que ele disse ter recusado. Finalizou dizendo que não participava de acordos dessa natureza. A peste do gado está entre nós, é bom ficar com uma pulga atrás da orelha.

    Pulga e quantos mais insetos você quiser. Afinal, sabe-se que quando a elite comemora não serão os desvalidos a se darem bem. Prova disso é que na hora da “colheita” do resultado eleitoral até uma múmia de nome Agripino, que se encontrava em sarcófago em local incerto e não sabido, apareceu para as comemorações da vitória.

    Sabe-se também que, eleição finalizada, todos que apoiaram Paulinho vão querer comer desse mato, ops, desse bolo. Mas, o que todo mundo já sabe mesmo é que não vai dar pra quem quer. Diante dos prognósticos, ou melhor, dos sinais, devemos esperar muito mais jogo de cena, muito mais engodo e tapeação, um déjà vu (ou seria déjá fu?) de Micarla. São os donos do mundo estrebuchando para não largar o poder e ter um pedaço ainda maior do que foi acordado. Talvez, para Natal, fosse melhor os gafanhotos.

  • In$tituto$ de Pe$qui$a$

    Eis um fenômeno crescente, que se intensificou no atual processo eleitoral. Nunca se viu e ouviu tanto sua preferência no pleito 2024. E não é coisa somente do Rio Grande do Norte, não. Nos grandes centros a prática é até mais abusiva, com sondagens diárias e resultados que colocam candidatos brigando pela liderança mesmo estando na última posição com diferenças de 10% ou mais. A margem de erro é uma glória para os “esquecidos”.

    Estamos na semana das escolhas de prefeitos e vereadores, e o ritmo na divulgação de pesquisas cresceu vertiginosamente nos últimos dias, quando é possível identificar distorções nos dados. A Justiça vem agindo para barrar essas pesquisas fakes, mas não está sendo fácil.

    No jogo do faz-de-contas eleitoreiro, até instituto de pesquisa outrora com confiabilidade realiza sondagem suspeitas, parecendo de aluguel. Como dizem nos inferninhos dos escritórios de campanha: tem para todos os gostos. E bolsos.

    Em Natal, para a corrida ao Palácio Djalma Maranhão, já foram realizadas quase uma centena de sondagens desde o início do processo eleitoral. Mas o que causa estranheza é que de uma hora para a outra, assim, do nada, quem está na liderança com mais de 15% de diferença do segundo colocado, como é o caso de Carlos Eduardo, vira num empate técnico contra Paulinho Freire. Carlos, que vinha sempre bem à frente do segundo colocado, candidato da extrema-direita Paulinho, do União Brasil, perdeu vertiginosamente a dianteira em algumas pesquisas. No início da semana passa, a candidata Natália Bonavides surgiu pela primeira vez liderando, ela que durante todo o processo ficou no “toma não toma” a segunda posição de Paulinho.

    No caso da Consult, instituto preferido da extrema-direita de Paulino, mostra que esse  boom nas pesquisas traz desafios importantes e armadilhas para o eleitor que ainda se deixa levar pelo “não quero perder meu voto”.

    Nesse paraíso das compras de métodos — uma 25 de março recheada de números em promoção — surgem até institutos com nomes muito parecidos de empresas já conhecidas do público, que traz dados registrados ao gosto do contratante, com metodologias irregulares e duvidosas. Além disso, em dados divulgados na mídia do Sul do país, um terço dos levantamentos tem a própria empresa se declarando como o financiador do trabalho, o que levanta muitas suspeitas. Afinal, pesquisa de intensões de votos não é um trabalho barato.

    O pior é quando empresa e candidato exageram na dose declarando gastos pelo trabalho acima do preço “tabelado”. Não à toa, a justiça foi acionada pela candidata Natália Bonavides para que o seu programa eleitoral pudesse veicular que Paulinho Freire pagou R$ 213 mil a instituto de pesquisa e de usar blogueiros para proliferação de fake News. Derrubando uma decisão inicial favorável ao candidato do União Brasil que suspendia a veiculação do valor incrível dessa pesquisa. E na real, todo mundo sabia que todo mundo já sabia o valor pago (R$ 213 mil, caríssimos e caríssimas) ao instituto Consult. Nem precisava essa muganga toda do candidato da extrema-direita potiguar.

    O que choca realmente é o desconhecimento sobre ele ter usado também blogueiros para espalhar fake News. É que por essas bandas não existem blogues de aluguel (contém sarcasmo, tiração de onda, chacota…) Não existem, mas todos sabem do que são capazes o BlogdoPG, Rogério Marinho FM, e dóNegreiros para tentar enganar o eleitor mais bronco.

    Só não contrataremos uma pesquisa para saber se o eleitor acredita nos números desses In$tituto$ de Pe$qui$a$ que cobram mais de duzentas pilas porque não temos duzentas pilas para pagar.

  • Abelhas unidas jamais serão vencidas

    Por: Ana Paula Cadengue

    Arte: Brito e Silva

    Conhecida por viver em colônias, a abelha é um inseto social que tem uma visão privilegiada, com três olhos simples, na parte frontal e dois olhos compostos, na parte lateral da cabeça. Tal conjunto possibilita que ela enxergue em cores e possa perceber predadores em potencial a distância, segundo estudo publicado no periódico Scientific Reports, da Nature, em 2017.

    Para quem não sabe muito ou quase nada sobre abelhas, também é importante destacar que as colônias em que elas vivem são ambientes organizados, com tarefas e papeis designados. Assim, existem abelhas-operárias, as abelhas-rainhas e os zangões.

    As abelhas-operárias são as mais abundantes em uma colônia e são diferenciadas pela presença de uma estrutura em forma de cesto, onde carrega o pólen, resina ou barro. Elas são responsáveis pela manutenção da colmeia, defesa, cuidado com as crias, limpeza do ninho e alimentação dos integrantes da colônia.

    As rainhas têm a função reprodutiva e são capazes de colocar milhares de ovos por dia. Já os zangões são os machos reprodutores, gerados por partenogênese, ou seja, por reprodução assexuada.

    Agora que você sabe de tudo isso, não é de estranhar o que aconteceu no Rio Grande do Norte no último dia 17 de agosto quando o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, foi atacado por um enxame de abelhas no município de Macaíba e teve que parar de bostejar. “Nós somos uma grande Nação. Nossas escolhas…”, dizia Jair, ao ser interrompido por nossas colegas operárias.

    O locutor do evento até tentou fazer piada ao dizer que o Messias era doce, mas vamos combinar que as new heroínas do pedaço não estavam para brincadeiras. É aquela coisa, operariado organizado, liderado por mulheres e vivendo em comunas não vai deixar certo tipo de gente se criar, né mores?

    Quanto ao périplo ex-presidencial pelo estado parece que só foi bom para fotos em quinas de rua e não acrescentaram nada nos intentos eleitoreiros da súcia, pelo que retratam pesquisas.

    Alertas, as abelhas sabem que a luta continua. Bzz, bzzz, bzzz.

  • Trair e Coçar

    É só Começar

    Há quem tente empurrar o golpe militar como um episódio romântico, que defendia o brasileiro do “comunismo”. Cof, cof, cof… Período imundo. Há quem olhe para os figurões que caminharam lado a lado com os golpistas com nojo. Tratá-los com desdém é o de menos. Quem não lembra do embate em uma CPI entre José Agripino, então senador da República, e a ex-presidenta Dilma Roussef? “(…) Me tocou muito uma entrevista que a senhora disse que mentia muito para sobreviver no regime de exceção. O que quero dizer com isso tudo é que tenho medo de voltarmos ao regime de exceção. Ao responder ao senador, a então ministra Dilma disse se orgulhar de ter mentido na época da ditadura. “Qualquer comparação entre ditadura e democracia, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos e fiquei três anos na cadeia e qualquer pessoa que ousar dizer a verdade a seus torturadores pode colocar a vida de seus pares em risco (…) Eu me orgulho de ter mentido. Mentir na tortura não é fácil”.

    O currículo de José Agripino Maia é extenso, muitos feitos e fatos históricos em sua longa carreira política. Ex-prefeito biônico do Natal – indicado pela Arena, partido que apoiava o regime militar instalado no país em abril de 1964 – ex-governador, ex-senador, presidente estadual do União Brasil, Agripino trabalha com um olho na carne e o outro no peixe nas eleições municipais deste ano. Em nível nacional, o seu partido conta com Ministros no governo Lula da Silva, mas é um partido que consegue ser antipetista. Ele, historicamente contra Lula, Dilma e Cia, faz oposição ferrenha a tudo que venha do lado de lá. Coisas que o eleitor custa a entender, mas é o que a classe política afirma ser o que realmente dá “sustentação à governabilidade”.

    Consciente, Agripino disputou vaga na câmara federal nas últimas eleições pois tinha quase certeza que não teria a mínima chance de uma cadeira no senado novamente — depois do grande surto eleitoral brasileiro de 2018, que acabou elegendo uma horda de facínoras e defensores da barbárie.

    O eterno “Galego do Alecrim” só não contava perder até para federal. Suas estratégias para retornar a Brasília, na mais “fácil”, esqueceu de combinar com o eleitor para acatar a montagem, em 2022, de uma nominata com nomes fortes, entre eles dois deputados federais, Benes Leocádio e Carla Dickson. Outra aposta era o nome de Paulinho Freire, então presidente da Câmara de Natal. Benes e Paulinho se deram bem. Uma pá de cal nas pretensões do amigo de Aécio Neves, que resultou em um período no ostracismo.

    Todavia, nosso intrépido Jajá de uma hora pra outra voltou à cena política, pelo menos aqui no RN, fortíssimo e como presidente do União Brasil – que surgiu da fusão entre o Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL). Dizem até que Zé tem aquilo virado pra lua tamanha sua agilidade para contornar situação tão vergonhosa de um quase final de carreira consolidado.

    Bem, agora, dentro dos planos de expansão do partido no Rio Grande do Norte – e não é segredo pra ninguém – Agripino sonha em ter uma base sólida com nomes fortes. Em Mossoró, o nome forte era o de Rosalba Ciarlini, aquela que Adora Mossoró, e que teve seu reinado escanteado quando da tentativa de reeleição para governadora. Se sentiu traída quando foi preterida pelo partido do Galego à época, o DEM. Até poucos meses Agripino era só elogios a quem derrotou a Rosa em Mossoró, o também filiado ao União Brasil, Allyson Bezerra. “Allyson veio para ficar na política do estado. Ele é político e é bom administrator. Allyson sente a dor do dinheiro público e gasta bem, arranja bem, projeta bem. Então, ele é um quadro de qualidade e que eu não nenhuma dúvida que qualifica os quadros do União Brasil e coloca o União no rol dos pretendentes ao Governo do estado no futuro que a gente possa enxergar”, disse, acrescentando: “o estado é o futuro de Allyson”.

    O povo mossoroense já estava até achando estranho Zé do Alecrim  não sair de Mossoró nos últimos meses, vivia lá, nos cóses do prefeito. Só que de uma hora para outra algo saiu do eixo, pois o ex-prefeito biônico da capital mudou o discurso e vem insinuando que poderá pegar na mão e caminhar com o senador Styvenson Valentim, do Podemos, caso ele seja candidato a governador. “Styvenson é um homem de bem. Que tem coragem, virtudes e defeitos. Mas é um homem de bem”, afirmou olho no olho com o senador em evento recente.

    Aí, já sabem: fedeu. Todo mundo sabe que todo mundo sabe que há tempos a cordialidade entre o menino pobrezinho, de Mossoró, e o ex-prendedor de bêbados não é nada bom. Allyson inclusive se limita a chamar o ex-prendedor de bêbados de “mentiroso, arrogante e mal-informado”. O tiroteio é de lado a lado, e como o senador não tem tanto argumento quando não está com um bafômetro em mãos, vocifera aos quatro cantos cobrando o dinheiro de emendas parlamentares.

    Por enquanto, os dois estão focados nas eleições deste ano. Allyson trabalhando para a reeleição em Mossoró e Styvenson apoiando candidatos pelo RN – achando que é o dono do dinheiro das emendas. E José, como na música, é cobrado: quem será o candidato? Ele olha com aquele olhar de cabra morta, de songamonga, sabendo – despudoradamente – que para trair e coçar é só começar.

  • O Gambito de Lawrence

    As manchetes aqui, ali e acolá, sempre dão conta de que ele é um jovem, experiente, moderado, conciliador, que joga no ataque mas não esquecendo na defesa, e que defende as boas práticas políticas e a inovação na gestão. Basta uma rápida pesquisa e quem não conhece pessoalmente o presidente da Câmara Municipal de Mossoró e pré-candidato a prefeito Lawrence Amorim vai ter uma ideia de seu perfil.

    Encarando como uma missão em um tabuleiro até bem pouco muito morno da política mossoroense, aquém das grandes e memoráveis disputas de outrora, a convocação do PSDB para sair candidato a prefeito do município nas eleições de outubro, Lawrence quer discutir os problemas da cidade com todos os segmentos possíveis, entidades, categorias e população em geral. “Estamos formando um grupo de pessoas para pensar o município de Mossoró, para que aquilo que está dando certo tenha continuidade e, aquilo que não foi feito, que poderia ter sido feito, que o município teve as condições de fazer, mas não fez, seja implementado”, disse Lawrence, em entrevista recente a uma emissora de rádio.

    Para o pré-candidato, Mossoró precisa ter um leque maior de pessoas pensando a cidade, que as decisões não sejam tão centralizadas. “Mossoró é um município muito grande, muito importante, polo de toda a uma região, e precisamos que Mossoró também esteja aberto a trazer parcerias. Seja de pessoas que estão dentro da política, com mandatos, seja de pessoas que podem contribuir através da sua dedicação, das suas ideias”, acredita.

    Com o apoio já declarado do PT, PV, PCdoB, PSB e PSDB, Lawrence segue conversando. “Estamos construindo uma aliança democrática, pensando em soluções para a Mossoró de hoje e do amanhã”.

    Mesmo com um movimento de resistência no campo progressista ao nome ao seu nome por ele ter votado em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, Lawrence agradece ao apoio recebido e diz que o importante neste momento é “unir forças”.

    Até recentemente aliado do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), o pré-candidato Lawrence Amorim diz que pessoalmente não tem nada contra o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), mas entende que é hora de “debater ideias e projetos e que possa, realmente, fazer política olhando no olho e assumindo e cumprindo compromissos, a gente tem de ter menos discursos nas redes sociais e mais ações”.

    Ele também defende o alto nível do debate político na campanha eleitoral deste ano: “Acredito que o povo de Mossoró, a sociedade mossoroense, merece uma campanha propositiva de ambas as partes. Merece uma campanha em que se mostre o que pode ser feito por nossa cidade, e não uma campanha de ataques pessoais. Isso não interessa a população”.

    Presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB no RN, Ezequiel Ferreira reforça o posicionamento do vereador Lawrence Amorim, como forma de tirar Allyson da zona de conforto: “Fortalecimento de pré-candidaturas se faz com diálogo, trazendo partidos para se juntar ao PSDB e fazer as mudanças que Mossoró começa a sinalizar”.

    Com pesquisas divulgadas que o colocam com até 80% de aprovação, Allyson é candidato à reeleição e até o momento está confortável no Palácio da Resistência.

    “Zona de conforto em política é sempre perigoso, porque em política ou eleição só se acaba quando contam votos”, diz Ezequiel, lembrando que com o próprio Allyson foi assim. “A vitória de Allyson Bezerra em cima de Rosalba Ciarlini, estava sentada na cadeira de prefeita, de uma família tradicional de Mossoró e Allyson saiu da Assembleia, com dois anos de deputado estadual, quando ninguém acreditava, tirou Rosalba da zona de conforto”.

    Para Lawrence, mesmo com aprovação de seu adversário, este é o momento. “Não porque ele ‘está fraco ou caindo a popularidade’, e mesmo com todo o favoritismo, a democracia precisa de pessoas que façam o contraponto para o desenvolvimento da cidade, da região Oeste e do Rio Grande do Norte”.

    Com uma trajetória política exitosa, antes dos 30 anos já tinha sido eleito e reeleito prefeito da cidade de Almino Afonso, município do Médio Oeste potiguar e terra de sua família, se destacando por estar sempre aberto ao diálogo com a comunidade, na busca de soluções para os problemas locais.

    Em 2018, disputou uma cadeira na Câmara dos Deputados e conquistou a primeira suplência da coligação. “Lawrence é uma nova liderança, que vem galgando espaços e destaques não só em Mossoró, mas na região e no Estado. Ele foi candidato a deputado e chegou a quase 60 mil votos, tendo 33 mil votos somente em Mossoró, obtendo a maior votação da história para um federal. Lawrence chega e terá carta branca do PSDB para as Eleições 2024”, diz o presidente estadual do PSDB, deputado Ezequiel Ferreira.

    Em 2020, foi eleito vereador da Câmara Municipal de Mossoró. E em 2021, foi eleito, por unanimidade entre os 23 vereadores do Poder Legislativo mossoroense, o presidente da Câmara para o biênio 2021/2022 e reeleito.

    Na busca em ampliar seu leque de alianças para as eleições deste ano, Lawrence Amorim disse que não tem preconceito em relação a nenhum outro grupo político e aceita conversar com todo mundo. “Não temos nenhum problema de sentar à mesa de nenhum partido, sempre fiz política de forma moderada, não tenho inimigos políticos, tenho adversários políticos”, diz.

    Sobre as provocações que ora estão só começando numa eleição que promete ser inédita – sem Rosalba ou Rosados como candidatos -,  Lawrence afirma sem medo: “Eu sou sim um político de posição, não fico em cima do muro. Político que teve a coragem apoiar o atual prefeito em 2020, quando ainda ninguém acreditava na sua vitória, que não se escondeu no segundo turno da campanha de 2022, que agora em 2024 teve a coragem de se posicionar ao não mais concordar com o rumo que tomou a gestão municipal e sua forma de fazer política. Então, eu quero debater e discutir os problemas de Mossoró neste pleito municipal”.

    Que Lawrence é ciclista, muitos já sabem. Falta agora saber se ele é bom de xadrez.

  • Peso pesado

    Autolançado pré-candidado à prefeito de Natal em maio do ano passado, o general Eliezer Girão (PL) não conseguiu arregimentar nem um soldado e um cabo às suas pretensões e anunciou apoio a Paulinho Freire, do União Brasil.

    Herança nefasta da então governadora Rosalba Ciarlini que o importou para Secretário de Segurança Pública, o cearense está em seu segundo mandato como deputado federal e representa a extrema-direita com louvor.

    Em suas redes sociais e pronunciamentos, o general costuma espalhar bravatas e absurdos, não dispensando um lacre mesmo que isso resulte em prejuízo à população. Recentemente, a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), com apoio de deputados do Psol, protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR), contra sete deputados federais, por disseminação de fake news sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre eles, o general Girão.

    “É inacreditável que, diante da maior catástrofe climática do Brasil, parlamentares se utilizem da sua posição para propagar fake news, atrapalhando o trabalho de agentes públicos, autoridades, voluntários, dificultando o socorro rápido, criando confusão, propagando ainda mais o caos, e fazendo com que quem já está sofrendo, sofra ainda mais. É desumano e criminoso”, afirma Fernanda em nota a imprensa.

    Girão também é alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal – STF por possível participação nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

    Em despacho assinado por Alexandre de Moraes, em 15 de abril de 2024, o ministro associa Girão à “possibilidade de caracterização dos crimes de associação criminosa, incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”.

    Em julho de 2023, o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura do inquérito para apurar suposta incitação aos atos pelo deputado Girão. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal.

    Em 19 de outubro, a Polícia Federal encaminhou relatório final aos autos. O documento da PF concluiu que ficou clara a conduta do General Girão de questionar o sistema eleitoral brasileiro e levantar dúvidas sobre a conduta do Poder Judiciário, bem como protestar por intervenção nas Forças Armadas.

    “Diante da atividade recente do representado nas redes sociais e no desempenho de seu mandato, fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas”, diz um trecho do relatório.

    Apesar de viver declarando seu amor à Constituição, o general chegou a sugerir no último dia 24 o fechamento do Congresso Nacional como forma de se rebelar contra o sistema judiciário do país.

    É de espantar que um deputado eleito e empossado clame pelo fechamento do parlamento – sob quaisquer pretextos – num regime democrático. 

    O parlamentar defende as “Bancadas Evangélica, Católica, do Agro e Da Bala” e apesar de dizer que faz “política sempre procurando unir as forças”, não é fã do contraditório e aposta alto na polarização ideológica.

    No evento em que declarou seu apoio à pré-candidatura de Paulinho Freire ao Palácio Felipe Camarão, o general destacou a ‘força’ dos partidos que apoiam a empreitada.  Para ele, o PL ao lado do PP e Podemos, partidos presididos no Rio Grande do Norte por Rogério Marinho, pelo deputado federal João Maia e o senador Styvenson Valentim, e aos demais partidos (PSDB e Republicanos), “reúnem uma grande força política para mostrar a população de Natal que é possível sim, evitar que a esquerda amplie o poder que perdeu há muito tempo” (sic).

    Para Freire, o apoio do general Girão é muito importante “por sua história e seu passado, por defender princípios e valores que eu defendo”. O deputado ainda destacou que “Existem pessoas ligadas ao general Girão que vão engordar ainda mais a nossa frente de partidas. São pessoas do bem que se vão se juntar”.

    Presidente do União Brasil, o ex-senador Agripino Maia declarou seu contentamento com o apoio, mas fez questão de enfatizar que o seu partido é de Centro e a campanha será de ‘centro democrático’.

    Pelo visto, com a experiência que tem, Agripino sabe muito bem que tudo que é demais é demasia e que certos apoios podem significar mais tempo na propaganda e mais financiamento, mas que também podem ser um peso muito grande para carregar.

    Aqui, para nós da redação da Papangu, sem medo de ofender os imbecis e os desinteligentes naturais, uma candidatura que reúne tantos próceres direitistas e promete juntar ‘pessoas de bem’, o único centro que conseguimos vislumbrar com tal aliança é aquele mesmo em que você está pensando.