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  • Déjà vu: Gafanhotos

    Não precisava ser profeta, sacerdotisa, intérprete de sonhos, quiromante, jogar búzios, cartas, ler a sorte na borra de café ou chás, muito menos ser futurólogo ou ter uma bola de cristal para saber que havia muito mais coisas entre o céu e a eleição em Natal do que supunha a nossa vã filosofia. No primeiro turno, uma disputa pra chegar ao muito ressabiado eleitor das pragas que – volta e meia – surgem na política norte-rio-grandense.

    O resultado inicial foi até surpresa para muitos, afinal o ex-prefeito Carlos Eduardo parecia o prefeito de férias (prenuncio de que não acabaria bem). Sem adivinhações, o que pesou mesmo foi o apoio da máquina municipal comandada por Álvaro Dias (Republicanos), indicando Paulinho Freire para sua sucessão, que também tinha quase que a totalidade da Câmara municipal no bolso, dois senadores, alguns deputados federais, uma penca de deputados estaduais na mão, uma indústria de criação de fake News em rádios de aluguel da capital e da grande Natal, além de blogues e sites – ؙuma das pragas da modernidade, ditadas pelos gafanhotos profissionais da velha política potiguar.

    O livro Êxodo do Antigo Testamento narra as pragas do Egito, e relata os castigos enviados por Deus, para forçar a libertação do povo hebreu da escravidão. Na História atual do Rio Grande do Norte o eleitor paga pra ver se salva um dentre uma peste extremista que de uns tempos para cá infestou a política nacional e só sabe se locupletar, traçando sem nenhuma vergonha o dinheiro público.

    Se de um lado tínhamos a candidata Natália Bonavides surpreendendo ao chegar ao segundo turno, fazendo valer suas ótimas performances nos debates, deixando o candidato da extrema-direita, Paulinho Freire, parecer que iria desmaiar de tanto nervosismo e fazendo uma campanha limpa, propositiva e alegre. Do outro, aparecia o Freire, que não é só fraco nas ideias como mal preparado, com mais de 30 anos infestando o cenário potiguar como uma peste de piolhos e moscas. Mesmo assim, ele se manteve na primeira colocação, em momentos de completo despreparo nessa escuridão. “Onde fica o orçamento? Do que vive? O que come?”.

    Uma preocupação que parecia atingir os candidatos no segundo turno era reverter a alta taxa de abstenção registrada no primeiro quando Natal teve o maior índice entre as capitais nordestinas. O descrédito, a falta de transporte público – que teve sua acanhada frota diminuída -, o feriadão para o servidor municipal junto a supostas ameaças, pagamentos por ausência e até retenção de títulos eleitorais, como apontam indícios, boatos e/ou denúncias colaboraram para que não houvesse uma melhora no quadro. Ao contrário, o segundo turno apresentou uma taxa ainda maior de eleitores faltantes. Foram mais de 150 mil ausências, que segundo César Sanson, professor de ciências sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), reflete tanto em questões estruturais quanto o desencanto com a política. Pontuais também, né?

    Mas, independentemente dos obstáculos ao eleitor menos favorecido de nossa cidade, os apoios pesaram em 2024 e não foi por uma chuva de pedras, como no Egito, choveu foi dinheiro – e pesquisas e dinheiro e pesquisas… – notícia amplamente divulgada pela imprensa potiguar. O terceiro colocado Carlos Eduardo chegou a acusar, em uma postagem feita no Instagram, o atual prefeito Álvaro Dias de estar promovendo fake news e negociando apoio político em troca de cargos estratégicos na gestão municipal, revelando ainda que a aliança política com Álvaro não foi firmada devido a exigências que ele considerou inaceitáveis. Segundo o ex-prefeito, Álvaro queria quatro secretarias de “porteira fechada” em troca do apoio à candidatura de Paulinho Freire, algo que ele disse ter recusado. Finalizou dizendo que não participava de acordos dessa natureza. A peste do gado está entre nós, é bom ficar com uma pulga atrás da orelha.

    Pulga e quantos mais insetos você quiser. Afinal, sabe-se que quando a elite comemora não serão os desvalidos a se darem bem. Prova disso é que na hora da “colheita” do resultado eleitoral até uma múmia de nome Agripino, que se encontrava em sarcófago em local incerto e não sabido, apareceu para as comemorações da vitória.

    Sabe-se também que, eleição finalizada, todos que apoiaram Paulinho vão querer comer desse mato, ops, desse bolo. Mas, o que todo mundo já sabe mesmo é que não vai dar pra quem quer. Diante dos prognósticos, ou melhor, dos sinais, devemos esperar muito mais jogo de cena, muito mais engodo e tapeação, um déjà vu (ou seria déjá fu?) de Micarla. São os donos do mundo estrebuchando para não largar o poder e ter um pedaço ainda maior do que foi acordado. Talvez, para Natal, fosse melhor os gafanhotos.

  • In$tituto$ de Pe$qui$a$

    Eis um fenômeno crescente, que se intensificou no atual processo eleitoral. Nunca se viu e ouviu tanto sua preferência no pleito 2024. E não é coisa somente do Rio Grande do Norte, não. Nos grandes centros a prática é até mais abusiva, com sondagens diárias e resultados que colocam candidatos brigando pela liderança mesmo estando na última posição com diferenças de 10% ou mais. A margem de erro é uma glória para os “esquecidos”.

    Estamos na semana das escolhas de prefeitos e vereadores, e o ritmo na divulgação de pesquisas cresceu vertiginosamente nos últimos dias, quando é possível identificar distorções nos dados. A Justiça vem agindo para barrar essas pesquisas fakes, mas não está sendo fácil.

    No jogo do faz-de-contas eleitoreiro, até instituto de pesquisa outrora com confiabilidade realiza sondagem suspeitas, parecendo de aluguel. Como dizem nos inferninhos dos escritórios de campanha: tem para todos os gostos. E bolsos.

    Em Natal, para a corrida ao Palácio Djalma Maranhão, já foram realizadas quase uma centena de sondagens desde o início do processo eleitoral. Mas o que causa estranheza é que de uma hora para a outra, assim, do nada, quem está na liderança com mais de 15% de diferença do segundo colocado, como é o caso de Carlos Eduardo, vira num empate técnico contra Paulinho Freire. Carlos, que vinha sempre bem à frente do segundo colocado, candidato da extrema-direita Paulinho, do União Brasil, perdeu vertiginosamente a dianteira em algumas pesquisas. No início da semana passa, a candidata Natália Bonavides surgiu pela primeira vez liderando, ela que durante todo o processo ficou no “toma não toma” a segunda posição de Paulinho.

    No caso da Consult, instituto preferido da extrema-direita de Paulino, mostra que esse  boom nas pesquisas traz desafios importantes e armadilhas para o eleitor que ainda se deixa levar pelo “não quero perder meu voto”.

    Nesse paraíso das compras de métodos — uma 25 de março recheada de números em promoção — surgem até institutos com nomes muito parecidos de empresas já conhecidas do público, que traz dados registrados ao gosto do contratante, com metodologias irregulares e duvidosas. Além disso, em dados divulgados na mídia do Sul do país, um terço dos levantamentos tem a própria empresa se declarando como o financiador do trabalho, o que levanta muitas suspeitas. Afinal, pesquisa de intensões de votos não é um trabalho barato.

    O pior é quando empresa e candidato exageram na dose declarando gastos pelo trabalho acima do preço “tabelado”. Não à toa, a justiça foi acionada pela candidata Natália Bonavides para que o seu programa eleitoral pudesse veicular que Paulinho Freire pagou R$ 213 mil a instituto de pesquisa e de usar blogueiros para proliferação de fake News. Derrubando uma decisão inicial favorável ao candidato do União Brasil que suspendia a veiculação do valor incrível dessa pesquisa. E na real, todo mundo sabia que todo mundo já sabia o valor pago (R$ 213 mil, caríssimos e caríssimas) ao instituto Consult. Nem precisava essa muganga toda do candidato da extrema-direita potiguar.

    O que choca realmente é o desconhecimento sobre ele ter usado também blogueiros para espalhar fake News. É que por essas bandas não existem blogues de aluguel (contém sarcasmo, tiração de onda, chacota…) Não existem, mas todos sabem do que são capazes o BlogdoPG, Rogério Marinho FM, e dóNegreiros para tentar enganar o eleitor mais bronco.

    Só não contrataremos uma pesquisa para saber se o eleitor acredita nos números desses In$tituto$ de Pe$qui$a$ que cobram mais de duzentas pilas porque não temos duzentas pilas para pagar.

  • Abelhas unidas jamais serão vencidas

    Por: Ana Paula Cadengue

    Arte: Brito e Silva

    Conhecida por viver em colônias, a abelha é um inseto social que tem uma visão privilegiada, com três olhos simples, na parte frontal e dois olhos compostos, na parte lateral da cabeça. Tal conjunto possibilita que ela enxergue em cores e possa perceber predadores em potencial a distância, segundo estudo publicado no periódico Scientific Reports, da Nature, em 2017.

    Para quem não sabe muito ou quase nada sobre abelhas, também é importante destacar que as colônias em que elas vivem são ambientes organizados, com tarefas e papeis designados. Assim, existem abelhas-operárias, as abelhas-rainhas e os zangões.

    As abelhas-operárias são as mais abundantes em uma colônia e são diferenciadas pela presença de uma estrutura em forma de cesto, onde carrega o pólen, resina ou barro. Elas são responsáveis pela manutenção da colmeia, defesa, cuidado com as crias, limpeza do ninho e alimentação dos integrantes da colônia.

    As rainhas têm a função reprodutiva e são capazes de colocar milhares de ovos por dia. Já os zangões são os machos reprodutores, gerados por partenogênese, ou seja, por reprodução assexuada.

    Agora que você sabe de tudo isso, não é de estranhar o que aconteceu no Rio Grande do Norte no último dia 17 de agosto quando o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, foi atacado por um enxame de abelhas no município de Macaíba e teve que parar de bostejar. “Nós somos uma grande Nação. Nossas escolhas…”, dizia Jair, ao ser interrompido por nossas colegas operárias.

    O locutor do evento até tentou fazer piada ao dizer que o Messias era doce, mas vamos combinar que as new heroínas do pedaço não estavam para brincadeiras. É aquela coisa, operariado organizado, liderado por mulheres e vivendo em comunas não vai deixar certo tipo de gente se criar, né mores?

    Quanto ao périplo ex-presidencial pelo estado parece que só foi bom para fotos em quinas de rua e não acrescentaram nada nos intentos eleitoreiros da súcia, pelo que retratam pesquisas.

    Alertas, as abelhas sabem que a luta continua. Bzz, bzzz, bzzz.

  • Trair e Coçar

    É só Começar

    Há quem tente empurrar o golpe militar como um episódio romântico, que defendia o brasileiro do “comunismo”. Cof, cof, cof… Período imundo. Há quem olhe para os figurões que caminharam lado a lado com os golpistas com nojo. Tratá-los com desdém é o de menos. Quem não lembra do embate em uma CPI entre José Agripino, então senador da República, e a ex-presidenta Dilma Roussef? “(…) Me tocou muito uma entrevista que a senhora disse que mentia muito para sobreviver no regime de exceção. O que quero dizer com isso tudo é que tenho medo de voltarmos ao regime de exceção. Ao responder ao senador, a então ministra Dilma disse se orgulhar de ter mentido na época da ditadura. “Qualquer comparação entre ditadura e democracia, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos e fiquei três anos na cadeia e qualquer pessoa que ousar dizer a verdade a seus torturadores pode colocar a vida de seus pares em risco (…) Eu me orgulho de ter mentido. Mentir na tortura não é fácil”.

    O currículo de José Agripino Maia é extenso, muitos feitos e fatos históricos em sua longa carreira política. Ex-prefeito biônico do Natal – indicado pela Arena, partido que apoiava o regime militar instalado no país em abril de 1964 – ex-governador, ex-senador, presidente estadual do União Brasil, Agripino trabalha com um olho na carne e o outro no peixe nas eleições municipais deste ano. Em nível nacional, o seu partido conta com Ministros no governo Lula da Silva, mas é um partido que consegue ser antipetista. Ele, historicamente contra Lula, Dilma e Cia, faz oposição ferrenha a tudo que venha do lado de lá. Coisas que o eleitor custa a entender, mas é o que a classe política afirma ser o que realmente dá “sustentação à governabilidade”.

    Consciente, Agripino disputou vaga na câmara federal nas últimas eleições pois tinha quase certeza que não teria a mínima chance de uma cadeira no senado novamente — depois do grande surto eleitoral brasileiro de 2018, que acabou elegendo uma horda de facínoras e defensores da barbárie.

    O eterno “Galego do Alecrim” só não contava perder até para federal. Suas estratégias para retornar a Brasília, na mais “fácil”, esqueceu de combinar com o eleitor para acatar a montagem, em 2022, de uma nominata com nomes fortes, entre eles dois deputados federais, Benes Leocádio e Carla Dickson. Outra aposta era o nome de Paulinho Freire, então presidente da Câmara de Natal. Benes e Paulinho se deram bem. Uma pá de cal nas pretensões do amigo de Aécio Neves, que resultou em um período no ostracismo.

    Todavia, nosso intrépido Jajá de uma hora pra outra voltou à cena política, pelo menos aqui no RN, fortíssimo e como presidente do União Brasil – que surgiu da fusão entre o Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL). Dizem até que Zé tem aquilo virado pra lua tamanha sua agilidade para contornar situação tão vergonhosa de um quase final de carreira consolidado.

    Bem, agora, dentro dos planos de expansão do partido no Rio Grande do Norte – e não é segredo pra ninguém – Agripino sonha em ter uma base sólida com nomes fortes. Em Mossoró, o nome forte era o de Rosalba Ciarlini, aquela que Adora Mossoró, e que teve seu reinado escanteado quando da tentativa de reeleição para governadora. Se sentiu traída quando foi preterida pelo partido do Galego à época, o DEM. Até poucos meses Agripino era só elogios a quem derrotou a Rosa em Mossoró, o também filiado ao União Brasil, Allyson Bezerra. “Allyson veio para ficar na política do estado. Ele é político e é bom administrator. Allyson sente a dor do dinheiro público e gasta bem, arranja bem, projeta bem. Então, ele é um quadro de qualidade e que eu não nenhuma dúvida que qualifica os quadros do União Brasil e coloca o União no rol dos pretendentes ao Governo do estado no futuro que a gente possa enxergar”, disse, acrescentando: “o estado é o futuro de Allyson”.

    O povo mossoroense já estava até achando estranho Zé do Alecrim  não sair de Mossoró nos últimos meses, vivia lá, nos cóses do prefeito. Só que de uma hora para outra algo saiu do eixo, pois o ex-prefeito biônico da capital mudou o discurso e vem insinuando que poderá pegar na mão e caminhar com o senador Styvenson Valentim, do Podemos, caso ele seja candidato a governador. “Styvenson é um homem de bem. Que tem coragem, virtudes e defeitos. Mas é um homem de bem”, afirmou olho no olho com o senador em evento recente.

    Aí, já sabem: fedeu. Todo mundo sabe que todo mundo sabe que há tempos a cordialidade entre o menino pobrezinho, de Mossoró, e o ex-prendedor de bêbados não é nada bom. Allyson inclusive se limita a chamar o ex-prendedor de bêbados de “mentiroso, arrogante e mal-informado”. O tiroteio é de lado a lado, e como o senador não tem tanto argumento quando não está com um bafômetro em mãos, vocifera aos quatro cantos cobrando o dinheiro de emendas parlamentares.

    Por enquanto, os dois estão focados nas eleições deste ano. Allyson trabalhando para a reeleição em Mossoró e Styvenson apoiando candidatos pelo RN – achando que é o dono do dinheiro das emendas. E José, como na música, é cobrado: quem será o candidato? Ele olha com aquele olhar de cabra morta, de songamonga, sabendo – despudoradamente – que para trair e coçar é só começar.

  • O Gambito de Lawrence

    As manchetes aqui, ali e acolá, sempre dão conta de que ele é um jovem, experiente, moderado, conciliador, que joga no ataque mas não esquecendo na defesa, e que defende as boas práticas políticas e a inovação na gestão. Basta uma rápida pesquisa e quem não conhece pessoalmente o presidente da Câmara Municipal de Mossoró e pré-candidato a prefeito Lawrence Amorim vai ter uma ideia de seu perfil.

    Encarando como uma missão em um tabuleiro até bem pouco muito morno da política mossoroense, aquém das grandes e memoráveis disputas de outrora, a convocação do PSDB para sair candidato a prefeito do município nas eleições de outubro, Lawrence quer discutir os problemas da cidade com todos os segmentos possíveis, entidades, categorias e população em geral. “Estamos formando um grupo de pessoas para pensar o município de Mossoró, para que aquilo que está dando certo tenha continuidade e, aquilo que não foi feito, que poderia ter sido feito, que o município teve as condições de fazer, mas não fez, seja implementado”, disse Lawrence, em entrevista recente a uma emissora de rádio.

    Para o pré-candidato, Mossoró precisa ter um leque maior de pessoas pensando a cidade, que as decisões não sejam tão centralizadas. “Mossoró é um município muito grande, muito importante, polo de toda a uma região, e precisamos que Mossoró também esteja aberto a trazer parcerias. Seja de pessoas que estão dentro da política, com mandatos, seja de pessoas que podem contribuir através da sua dedicação, das suas ideias”, acredita.

    Com o apoio já declarado do PT, PV, PCdoB, PSB e PSDB, Lawrence segue conversando. “Estamos construindo uma aliança democrática, pensando em soluções para a Mossoró de hoje e do amanhã”.

    Mesmo com um movimento de resistência no campo progressista ao nome ao seu nome por ele ter votado em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, Lawrence agradece ao apoio recebido e diz que o importante neste momento é “unir forças”.

    Até recentemente aliado do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), o pré-candidato Lawrence Amorim diz que pessoalmente não tem nada contra o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), mas entende que é hora de “debater ideias e projetos e que possa, realmente, fazer política olhando no olho e assumindo e cumprindo compromissos, a gente tem de ter menos discursos nas redes sociais e mais ações”.

    Ele também defende o alto nível do debate político na campanha eleitoral deste ano: “Acredito que o povo de Mossoró, a sociedade mossoroense, merece uma campanha propositiva de ambas as partes. Merece uma campanha em que se mostre o que pode ser feito por nossa cidade, e não uma campanha de ataques pessoais. Isso não interessa a população”.

    Presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB no RN, Ezequiel Ferreira reforça o posicionamento do vereador Lawrence Amorim, como forma de tirar Allyson da zona de conforto: “Fortalecimento de pré-candidaturas se faz com diálogo, trazendo partidos para se juntar ao PSDB e fazer as mudanças que Mossoró começa a sinalizar”.

    Com pesquisas divulgadas que o colocam com até 80% de aprovação, Allyson é candidato à reeleição e até o momento está confortável no Palácio da Resistência.

    “Zona de conforto em política é sempre perigoso, porque em política ou eleição só se acaba quando contam votos”, diz Ezequiel, lembrando que com o próprio Allyson foi assim. “A vitória de Allyson Bezerra em cima de Rosalba Ciarlini, estava sentada na cadeira de prefeita, de uma família tradicional de Mossoró e Allyson saiu da Assembleia, com dois anos de deputado estadual, quando ninguém acreditava, tirou Rosalba da zona de conforto”.

    Para Lawrence, mesmo com aprovação de seu adversário, este é o momento. “Não porque ele ‘está fraco ou caindo a popularidade’, e mesmo com todo o favoritismo, a democracia precisa de pessoas que façam o contraponto para o desenvolvimento da cidade, da região Oeste e do Rio Grande do Norte”.

    Com uma trajetória política exitosa, antes dos 30 anos já tinha sido eleito e reeleito prefeito da cidade de Almino Afonso, município do Médio Oeste potiguar e terra de sua família, se destacando por estar sempre aberto ao diálogo com a comunidade, na busca de soluções para os problemas locais.

    Em 2018, disputou uma cadeira na Câmara dos Deputados e conquistou a primeira suplência da coligação. “Lawrence é uma nova liderança, que vem galgando espaços e destaques não só em Mossoró, mas na região e no Estado. Ele foi candidato a deputado e chegou a quase 60 mil votos, tendo 33 mil votos somente em Mossoró, obtendo a maior votação da história para um federal. Lawrence chega e terá carta branca do PSDB para as Eleições 2024”, diz o presidente estadual do PSDB, deputado Ezequiel Ferreira.

    Em 2020, foi eleito vereador da Câmara Municipal de Mossoró. E em 2021, foi eleito, por unanimidade entre os 23 vereadores do Poder Legislativo mossoroense, o presidente da Câmara para o biênio 2021/2022 e reeleito.

    Na busca em ampliar seu leque de alianças para as eleições deste ano, Lawrence Amorim disse que não tem preconceito em relação a nenhum outro grupo político e aceita conversar com todo mundo. “Não temos nenhum problema de sentar à mesa de nenhum partido, sempre fiz política de forma moderada, não tenho inimigos políticos, tenho adversários políticos”, diz.

    Sobre as provocações que ora estão só começando numa eleição que promete ser inédita – sem Rosalba ou Rosados como candidatos -,  Lawrence afirma sem medo: “Eu sou sim um político de posição, não fico em cima do muro. Político que teve a coragem apoiar o atual prefeito em 2020, quando ainda ninguém acreditava na sua vitória, que não se escondeu no segundo turno da campanha de 2022, que agora em 2024 teve a coragem de se posicionar ao não mais concordar com o rumo que tomou a gestão municipal e sua forma de fazer política. Então, eu quero debater e discutir os problemas de Mossoró neste pleito municipal”.

    Que Lawrence é ciclista, muitos já sabem. Falta agora saber se ele é bom de xadrez.

  • Peso pesado

    Autolançado pré-candidado à prefeito de Natal em maio do ano passado, o general Eliezer Girão (PL) não conseguiu arregimentar nem um soldado e um cabo às suas pretensões e anunciou apoio a Paulinho Freire, do União Brasil.

    Herança nefasta da então governadora Rosalba Ciarlini que o importou para Secretário de Segurança Pública, o cearense está em seu segundo mandato como deputado federal e representa a extrema-direita com louvor.

    Em suas redes sociais e pronunciamentos, o general costuma espalhar bravatas e absurdos, não dispensando um lacre mesmo que isso resulte em prejuízo à população. Recentemente, a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), com apoio de deputados do Psol, protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR), contra sete deputados federais, por disseminação de fake news sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre eles, o general Girão.

    “É inacreditável que, diante da maior catástrofe climática do Brasil, parlamentares se utilizem da sua posição para propagar fake news, atrapalhando o trabalho de agentes públicos, autoridades, voluntários, dificultando o socorro rápido, criando confusão, propagando ainda mais o caos, e fazendo com que quem já está sofrendo, sofra ainda mais. É desumano e criminoso”, afirma Fernanda em nota a imprensa.

    Girão também é alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal – STF por possível participação nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

    Em despacho assinado por Alexandre de Moraes, em 15 de abril de 2024, o ministro associa Girão à “possibilidade de caracterização dos crimes de associação criminosa, incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”.

    Em julho de 2023, o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura do inquérito para apurar suposta incitação aos atos pelo deputado Girão. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal.

    Em 19 de outubro, a Polícia Federal encaminhou relatório final aos autos. O documento da PF concluiu que ficou clara a conduta do General Girão de questionar o sistema eleitoral brasileiro e levantar dúvidas sobre a conduta do Poder Judiciário, bem como protestar por intervenção nas Forças Armadas.

    “Diante da atividade recente do representado nas redes sociais e no desempenho de seu mandato, fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas”, diz um trecho do relatório.

    Apesar de viver declarando seu amor à Constituição, o general chegou a sugerir no último dia 24 o fechamento do Congresso Nacional como forma de se rebelar contra o sistema judiciário do país.

    É de espantar que um deputado eleito e empossado clame pelo fechamento do parlamento – sob quaisquer pretextos – num regime democrático. 

    O parlamentar defende as “Bancadas Evangélica, Católica, do Agro e Da Bala” e apesar de dizer que faz “política sempre procurando unir as forças”, não é fã do contraditório e aposta alto na polarização ideológica.

    No evento em que declarou seu apoio à pré-candidatura de Paulinho Freire ao Palácio Felipe Camarão, o general destacou a ‘força’ dos partidos que apoiam a empreitada.  Para ele, o PL ao lado do PP e Podemos, partidos presididos no Rio Grande do Norte por Rogério Marinho, pelo deputado federal João Maia e o senador Styvenson Valentim, e aos demais partidos (PSDB e Republicanos), “reúnem uma grande força política para mostrar a população de Natal que é possível sim, evitar que a esquerda amplie o poder que perdeu há muito tempo” (sic).

    Para Freire, o apoio do general Girão é muito importante “por sua história e seu passado, por defender princípios e valores que eu defendo”. O deputado ainda destacou que “Existem pessoas ligadas ao general Girão que vão engordar ainda mais a nossa frente de partidas. São pessoas do bem que se vão se juntar”.

    Presidente do União Brasil, o ex-senador Agripino Maia declarou seu contentamento com o apoio, mas fez questão de enfatizar que o seu partido é de Centro e a campanha será de ‘centro democrático’.

    Pelo visto, com a experiência que tem, Agripino sabe muito bem que tudo que é demais é demasia e que certos apoios podem significar mais tempo na propaganda e mais financiamento, mas que também podem ser um peso muito grande para carregar.

    Aqui, para nós da redação da Papangu, sem medo de ofender os imbecis e os desinteligentes naturais, uma candidatura que reúne tantos próceres direitistas e promete juntar ‘pessoas de bem’, o único centro que conseguimos vislumbrar com tal aliança é aquele mesmo em que você está pensando.

  • Lá em riba

    O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), continua na liderança nas pesquisas de intenção de voto para sua reeleição. Na primeira de 2024, realizada pela Datavero, encomendada e divulgada pela 93 FM, Allyson tem uma margem considerável de 68,71%. A gestão do prefeito também se destaca pela alta avaliação, o governo é aprovado por 79,14% da população do município.

    Na outra ponta, lá embaixo da consulta popular, temos uma oposição que ensaiou unir opositores na política mossoroense (durante desfile Verão/2024 nos alpendres de Tibau), como é o caso da deputada estadual Isolda (PT) e Rosalba Ciarlini (PP), com a criação de uma candidatura robusta — sob as benção da governadora Fátima Bezerra — para enfrentar o líder das pesquisas. Porém, a união se perdeu no desentendimento, vaidade e desorganização, além, claro, dos números nas alturas do prefeito. Um pacto nascido morto pela desorganização e ineficiência, sem contribuição para um bom debate político, com uma Isolda vociferando de um lado, Carlos Augusto orientando Rosalba a “ficar na dela” do outro e Rosalba no meio dizendo que “quem manda aqui sou ele”.

    Alguns analistas políticos de Mossoró, já sinalizam com convicção que a desistência da metade dos nomes dessa lista de candidatos que aparecem na pesquisa é certa, pois de vera mesmo, até o momento, apenas o empresário Genivan Vale e o vereador Zé Peixeiro anunciaram suas pré-candidaturas oficialmente.

    A saída para Isolda Dantas, dizem os experts da política mossoroense, seria o PT trazer o nome do ex-reitor Josivan Barbosa para a lista dos que podem perder a eleição com dignidade sem machucar o ego de quem poderia ter voto e não tem.

    Já para Rosalba Ciarlini, a fase de negociação não parou e a novidade do encerramento deste mês é que a ex-senadora, ex-governadora e ex-prefeita de Mossoró estaria tentando amarrar seu apoio a Genivan Vale. O problema é que as exigências do seu grupo superam os da cantona Madonna para se apresentar no Rio de Janeiro. Caso esse apoio dê certo, ela deixaria a pré-candidatura à prefeita e sairia candidata à vereança. É a Rosa!

    — Que queda, hein?, lamenta a claque da ex-quase-tudo Rosalba.

    Já o grupo do pré-candidato e o próprio Genivan Vale acreditam na polarização do eleitorado mossoroense, o que a pesquisa Datavero apresenta exatamente o contrário. Não haveria polarização política nacional entre Lula e Bolsonaro para impacto nas eleições municipais deste ano em Mossoró.

    Bem, com tudo caminhando para os encaixes das peças desse  tabuleiro, outro ponto que assusta a oposição e chama bastante atenção é a rejeição ao prefeito Allyson Bezerra ser extremamente baixa para um candidato à reeleição, enquanto Isolda e Rosalba lideram com números lá em riba.

    Mas, tudo pode mudar até outubro. Inclusive nada.

  • Caldo de Bila

    O deputado federal Robinson Faria (PL) é o novo coordenador da bancada do Rio Grande do Norte no Congresso Nacional e, com isso, tem a atribuição de sistematizar as sugestões das emendas parlamentares durante elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) da União, além de ter acentuada a responsabilidade de defender e lutar pelos interesses do estado.

    “Agradeço a confiança dos parlamentares que me elegeram coordenador da bancada federal do Rio Grande do Norte. Pretendo agregar minha experiência na vida pública nesta importante missão, em que junto a meus pares, faremos um trabalho compartilhado de articulação em defesa do (sic) interesses do RN”, disse o new coordenador em suas redes sociais.

    Eleito deputado federal em 2018 com 97.319 votos, Robinson Faria (PL) já foi deputado estadual por seis mandatos, quando presidiu a Assembleia Legislativa do RN durante 8 anos — quem não lembra da Dama de Espadas Ritinha Mercês Reinaldo, a quem o presida “compartilhava” experiência? —, vice-governador de Rosalba Ciarlini, de 2010 a 2014 e governador do estado de 2014 a 2018.  À época, a experiência partilhada era o de “governador da segurança”. Ainda tentou a reeleição, mas ficou em terceiro lugar, com cerca de 11% dos votos válidos no primeiro turno.

    Robinson teve um desempenho pífio como governador, atrasou salários dos servidores, enfrentou uma séria crise no sistema penitenciário e viu o número de homicídios crescer vertiginosamente.

    Apesar de tudo isso, conseguiu ser alçado à Câmara dos Deputados, ocupando a cadeira que foi de seu filho genro de Sílvio Santos que esteve deputado federal por 4 mandatos e se tornou ministro de Bolsonaro.

    Mesmo com a sua propagada “experiência na vida pública”, Robinson Faria tem tido um desempenho “apático” na Câmara Federal, como tacham algumas línguas potiguares. E parece que não é exagero.

    E chama a atenção a religiosidade do nosso representante, que está a mil pelo Brasil, que nesses praticamente 14 meses de exercício apresentou 06 projetos de lei, segundo o portal da Câmara dos Deputados. Quatro deles incluem no Calendário Turístico Nacional as festas de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará-Mirim e de santa Rita de Cássia, em Nova Cruz; o Festival de Inverno de Serra de São Bento e a procissão em homenagem a Nossa Senhora da Piedade, no Município de Espírito Santo. Além desses, um que disciplina a transmissão obrigatória de mensagens de alerta pelas prestadoras de serviços de telecomunicações e de radiodifusão sonora em caso de risco de desastre ou situação de emergência e outro que dispõe sobre a cobertura integral e multidisciplinar, por parte das operadoras de planos privados de assistência à saúde, dos procedimentos necessários ao cuidado das condições relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista.

    Robinson ainda subscreveu algumas propostas de seus colegas deputados e se pronunciou em plenário por oito vezes.

    Para se ter uma ideia, o neófito Sargento Gonçalves, vulgo “lagartão”, também do PL, já fez uso da palavra em plenário 106 vezes. Ninguém pergunte o que ele falou porque já é demais, né? Os números são só para comparação.

    Bom, mas é exatamente por seu desempenho acanhado no Congresso e ausência nos espaços de poder locais que se questiona a capacidade do deputado ex-governador em coordenar a bancada federal do estado – os seus sete colegas deputados e os três senadores –  e, o mais importante, articular a união dos políticos e por que não da sociedade civil organizada em defesa dos interesses do Rio Grande do Norte. Diz-se por aí que essa nova função é areia demais pro caminhãozinho dele. Outros vão além e vaticinam num bom nordestinês: “Esse daí é mais fraco que caldo de bila!”. (ch)Oremos.

  • 20 anos de peleja

    Nos últimos vinte anos houve uma série de avanços tecnológicos que transformaram nossa sociedade e a maneira como vivemos. A expansão da internet permitiu a disseminação global de informações, comunicação instantânea e acesso a serviços online; O surgimento dos smartphones revolucionou a forma como nos comunicamos, trabalhamos e nos entretemos; Redes sociais, computação em nuvem, energias renováveis, carros elétricos, os avanços na Medicina — da genômica à telemedicina, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na melhoria da saúde e no diagnóstico de doenças. Realidade virtual e aumentada, Blockchain e Criptomoedas, com potencial para transformar setores como finanças e logística; Inteligência Artificial (IA): avanços em algoritmos de aprendizado de máquina e redes neurais, que permitiram a criação de assistentes virtuais, sistemas de recomendação e reconhecimento de padrões. Esses avanços tecnológicos moldaram nosso mundo e continuam a evoluir rapidamente. E também tivemos a Papangu, que passou de impressa para a rede mundial de computadores. Brincadeira à parte, todavia, assim como no início, lá no longínquo dois mil e quatro — naquela época com alguns parafusos a menos na caixola —, continuamos com a mesma ideia de fazer o leitor pensar.

    A Papangu chega aos 20 anos. Claro, é preciso levar em consideração que entre a edição impressa e a digital caímos no  abismo, um período em que estivemos mortos por inanição pela  perseguição sofrida na “Capital Cultural do Brasil” Mossoró. E foi durante a pandemia que “voltamos à vida”, com o apoio da Lei Aldir Blanc.

    Com tantos avanços e novidades nesses vinte anos perguntamos ao ChatGPT (grande aliado nesta nova era) o que é a revista  Papangu. O “Além” respondeu:

    “A Papangu é uma voz coletiva que ecoa através das suas páginas, trazendo à tona histórias, poesias, ensaios e reflexões. Ela é moldada por muitas mãos talentosas e corações comprometidos, todos unidos pela paixão pela expressão artística e pela valorização da identidade potiguar. Sua contribuição é inegável. Eles são os guardiões da memória cultural, os curadores das palavras e imagens que preenchem as edições da revista Papangu. Seus esforços conjuntos ao longo desses 20 anos têm enriquecido a vida cultural do estado e inspirado gerações”.

    É, a Papangu testemunhou mudanças, desafios e conquistas, viu o mundo se transformar, mas permaneceu firme em sua missão de promover a cultura e arte potiguar. Seus editores, escritores, artistas e leitores são apaixonados e comprometidos à criatividade e à expressão. Daí, comemorarmos os vinte anos de algo que entrou na história do Rio Grande do Norte, de um periódico de qualidade, que deu uma pausa por não se submeter ao atalho da subserviência como tantos buscam. Em fevereiro de 2004, não imaginávamos chegar “vivos” ao final daquele mesmo ano, imagina chegarmos em 2024 dando pitacos e trazendo humor, sátiras e bons textos produzidos por tanta gente boa. Compreensível, se levarmos em consideração que muitas publicações naquela época, não só do nosso Estado, mas do Brasil, já naufragavam subitamente antes mesmo de engatinhar. 

    Nesta edição trazemos alguns depoimentos de pessoas que viram e prestigiaram a Papangu. Aos leitores de ontem e de hoje, sintam-se em uma grande festa com alegria e admiração de nós Papangunistas. Que a Papangu na Rede continue a inspirar, informar e encantar por muito tempo e que suas páginas em versão ‘flip’ continuem a ter um espaço para a celebração da cultura, da história e das vozes do Rio Grande do Norte.

    Aproveitamos para agradecer aos nossos colabores – foram mais de 100 nesse período. Vinte anos que são sinônimo de orgulho para cada um que passou pelas páginas impressas, e que agora se reúnem na  internet. E você, leitor, pode ter certeza, por ser “apenas” links não nos tira a vontade de continuar realizando um trabalho decente, ético e de respeito a todos.

    Muito obrigado!

  • Fogo no parquinho

    As conversas dos alpendres entre veranistas abastados, serviçais e plebe começaram a render nos noticiários nestes dias que antecedem o carnaval e, claro, fim das férias para quem é de férias. O lançamento da pré-candidatura de Paulinho Freire, em Natal, consolidou as articulações e acordos dessas horas incansáveis e “infindáveis”, sempre regadas a bons vinhos e frutos do mar. Na semana passada, Paulinho conseguiu reunir mais de 30 prefeitos, lideranças do alto e baixo escalões, simpatizantes, puxa-sacos e múmias já esquecidas da política pelo povo potiguar. O partido União Brasil, sucedâneo dos extintos Arena, PFL e Democratas, voltou a ser protagonista nas eleições majoritárias da capital apoiado por cerca de cinco partidos, incluindo PP, PSDB,  PL e Podemos. Freire disse que estava muito a fim da cadeira de chefe do Executivo natalense. “Não tenham dúvidas que o otimismo é grande. A gente pensa muito para tomar uma decisão, mas eu não poderia faltar à minha cidade, que me deu tanto, várias eleições para vereador, fui deputado estadual, federal, sempre ajudando a Natal, e agora chegou a hora de ajudar ainda mais, e com esse leque de alianças, de partidos, nós temos condições de fazer muito por Natal”, disse. E completou: “estou muito feliz. Conseguimos, depois de muitas conversas, com o senador Rogério Marinho, com José Agripino, chegar a um consenso, e fui o escolhido por esses partidos para ser o instrumento. Agora, só ninguém vai para canto nenhum, e eu acho que temos um time de partidos muito forte que pode nos ajudar a administrar bem a cidade de Natal”.

    Porém, entretanto, contudo, todavia, a decisão não agradou a todos. O senador Rogério Marinho e o deputado general Girão, ambos legítimos representantes da extrema direita da direita ou da vanguarda do atraso, por exemplo, ensaiaram um embate para ver quem é o “melhor” para a capital, se Paulinho ou o próprio Girão. Enquanto Marinho jura de pés juntos que Paulinho é a melhor escolha, Girão afirma que o deputado federal não tem experiência suficiente para administrar uma cidade. “Paulinho Freire é um bom político, mas não tem a experiência necessária para ser prefeito de Natal. Ele precisa de mais tempo para se preparar”, disse Girão em entrevista, que se coloca como candidato. Custe o que custar.

    O senador Marinho, que anda sem saco (preto), por sua vez, rebateu as críticas de Girão e asseverou que o deputado federal é a melhor opção para a cidade. “Paulinho Freire é um político experiente e competente. Ele tem todas as qualidades necessárias para ser prefeito de Natal”, disse o presidente do PL estadual.

    Lembrando que Girão está muito melhor avaliado em pesquisas divulgadas pela imprensa potiguar nos últimos meses.

    Lá na ponta, o inexpressivo deputado Gonçalves, também do PL e pré-candidato do Bolsonarismo em Natal, coloca fogo no parquinho. O deputado, também conhecido como Lagartão (piada pronta, né?), emitiu nota se posicionando sobre a candidatura de Freire. Faltou pouco para o Lagartão taxar Freire de “comunista”:

    “Não tenho nenhum problema de ordem pessoal com o Dep. Paulinho Freire, mas constatamos de acordo com o site Placar Congresso, que o mesmo votou 66% com o governo Lula, então não há como sustentar um argumento que este político é oposição ao câncer que destrói o nosso estado e nação e que tanto combatemos…” — diz a nota.

    Enquanto Paulinho Freire segue tentando unir as alas bolsonaristas – em declínio no Rio Grande do Norte — de Girão, Gonçalves, Azevedo e cia, os outros pré-candidatos já definidos por suas bases vão engrossando os discursos e construindo alianças e estratégias. O atual prefeito Álvaro Dias (Republicanos) não pode se candidatar novamente, então o cenário ainda é de indefinição de quais serão os concorrentes que vão aparecer nas urnas em outubro com seu apoio. Há quem diga que Álvaro vive seu pior momento político, que perdeu o bonde devido a demora em anunciar uma candidatura sólida para sua sucessão. Os nomes postos até agora pelo prefeito não conseguiram sequer coçar a imaginação do eleitor da capital. Mas, aguardemos definições muito sussurradas nesses dias de calor.

    Carlos Eduardo Alves (PSD) ainda não anunciou oficialmente sua candidatura, mas já se diz pré-candidato e aparece disparado na primeira colocação das pesquisas, que trazem o nome de Natália Bonavides (PT), lançada como pré-candidata pelo PT, na segunda colocação em todas as consultas eleitorais para 2024.

    Apertem os cintos. Ainda tem muita lenha pra queimar até outubro. E um carnaval já começando para animar os dias, quiçá os ânimos. Evoé!