Últimas histórias

  • Natal ganha cinema público para democratizar acesso à cultura

    Governo do Estado assina desapropriação e tombamento do antigo Cine Panorama, localizado no bairro das Rocas

    O audiovisual potiguar avança e terá um cinema de rua público para a exibição de sua produção e de obras de arte, com acesso democratizado à população. A governadora Fátima Bezerra assinou na segunda-feira (24), o decreto que desapropria o imóvel onde funcionou o Cine Panorama, no bairro das Rocas, em Natal.

    Na solenidade, que contou com a presença de produtores audiovisuais, representantes do bairro das Rocas e autoridades, foi assinado o processo de tombamento do prédio que abrigou durante décadas uma das salas de cinema mais populares da história natalense.

    A desapropriação, aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura e a restauração do prédio, serão realizadas com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) 2023, no valor de R$ 935 mil que também custeará a reforma.

    Espaço para o audiovisual

    A governadora destacou a importância do ato: “As únicas capitais que não dispunham de um cinema público no Brasil eram Natal e Campo Grande.  Com a desapropriação do Cine Panorama, nossa capital sai dessa estatística e passa a ter um cinema público. Isso fortalece a cultura e prestigia o audiovisual com um espaço para projeção da produção local e para circulação do cinema nacional democratizando o acesso à cultura. Esse cinema fortalecerá também os bairros da Rocas e Ribeira e reforçará o corredor cultural que já apresenta o Teatro Alberto Maranhão, a Rampa, o IFRN e o Forte dos Reis Magos. Estou imensamente feliz de entregar a Natal o Cine Panorama, que passa agora a ser um cinema público com o apoio irrestrito do Governo Federal por meio da Política Nacional Aldir Blanc”, comemorou.

    “Esse é um momento importante do Rio Grande do Norte e da comunidade das Rocas para levarmos cinema à população e movimentar a economia criativa do entorno, pois o Estado entende que esse espaço tem uma importância pública e histórica pois é a última sala de cinema que pode ser preservada”, declarou a secretária de Cultura, Mary Land Brito, acrescentando que nove longas-metragens do RN produzidos pela Lei Paulo Gustavo poderão ser exibidos no novo Cine Panorama.

    A criação de um cinema de rua é uma reivindicação do setor cultural do RN, que há muito lutava por um local que possa dar projeção a obras produzidas no estado, além potencializar o acesso a filmes de circulação nacional que não ganham espaço no circuito comercial e ficam de fora de sessões dos shoppings centers que abrigam a totalidade das salas de cinema em Natal.

    Emenda e gestão

    “É um momento emocionante.  Não vemos a hora exibirmos nossas obras nesta sala, pois sabemos o quão é difícil lançarmos nossos filmes em salas com estrutura e equipamentos adequados. E finalmente nós teremos isso. Finalmente nós teremos também um acesso ao cinema que não é exibido dentro do circuito comercial”, festeja a produtora Babi Baracho.

    Para dar andamento ao processo de implantação da sala pública do Cine Panorama serão adquiridos, a partir de uma emenda parlamentar da deputada federal Natália Bonavides, no valor de R$ 1,1 milhão, os equipamentos técnicos necessários para a exibição das obras. Será também aberto um edital destinado a selecionar a empresa que realizará a gestão do equipamento durante um período de três anos.

    Cine Panorama

    O Cine Panorama abriu as portas em 29 de janeiro de 1967 no bairro das Rocas, em Natal. Por anos, foi o único cinema do bairro, proporcionando momentos inesquecíveis para a comunidade. Seu primeiro filme exibido foi “007 contra o Satânico Dr. No”.

    Localizado ao lado do Hospital dos Pescadores, o prédio foi construído por Luiz de Barros, oferecendo uma alternativa a moradores locais, que não precisariam mais se deslocar até a Ribeira, Cidade Alta ou Alecrim, onde era maior a concentração de salas de cinema.

    Atualmente, a estrutura do prédio se mantém no formato original de cinema, com cadeiras de madeira, contando com mais de 500 lugares para o público. Um mezanino superior abriga espaço para projetor e o primeiro andar do prédio conta com salas para administração e espaço de convivência.

    A restauração para a sala pública de cinema contemplará ajustes e melhorias na infraestrutura hidráulica e elétrica e de adequações de acessibilidade, proporcionando um espaço amplo e confortável para a exibição dos filmes.

    A solenidade de desapropriação e restauração do Cinema Panorama contou com a presença da deputada federal Natália Bonavides; dos deputados Ubaldo Fernandes e Divaneide Basílio; do diretor da FJA, Gilson Matias; do representante do Minc, Fábio Henrique; dos vereadores Daniel Valença, Brisa Bracchi, Samanda Alves e Herberth Sena, do crítico de cinema, Nelson Marques e do representante do Conselho Estadual de Cultura, Hermano Machado.

  • O canto da sereia

    É sabido que as sereias na mitologia grega eram demoníacas, capazes de atrair qualquer um que ouvisse o seu canto. Os marinheiros ou qualquer mortal se sentiam seduzidos por aquele belíssimo som que encantava. Daí, se descuidavam da embarcação e sempre acabavam naufragando. Razão pela qual Ulisses, rei de Ítaca, só escapou ao regressar à Tróia porque ordenou que tapassem os ouvidos de seus marinheiros com cera e o amarrassem ao mastro de sua embarcação. Ele queria ouvir o canto, mas sem correr o risco de ser destruído.

    Ulisses foi extremamente esperto. Essa situação é lembrada por prefeitos e prefeitas do RN, que necessitam do tilintar do canto do Pix nas contas das prefeituras que gerem. Para o azar de Ulisses, na Odisseia, de Homero, não existia o escabroso e vergonhoso orçamento secreto, que vem bancando o migué das canções de parlamentares de má-fé. Seria até mais feliz sua volta para os braços de amada Penélope trazendo muita riqueza.

    Vejam vocês, leitor e leitora, o caso do senador norte-rio-grandense Styvenson Valentim, que bate nos peitos (e haja peito anabolizado) para dizer que quem tá bancando as obras que o Governo Federal vem custeando pelo estado do Rio Grande do Norte é ele. Cantando com o orçamento alheio, Valentim tenta seduzir o máximo de comentários e curtidas em suas redes sociais e de possíveis aliados. Entretanto, para a infelicidade do nosso desafinado ‘sereio’ muitos gestores estão preparados com tampões nos ouvidos para não caírem em sua cantiga destoada.

    Para se ter ideia da dimensão da aposta do nosso parlamentar rico em hormônios esteroides sintéticos no estrabismo dos prefeitos e prefeitas potiguares, em um vídeo em seu perfil do Facebook ele diz, de viva voz, para todos:

    — “Eu vou ser um pouquinho arrogante, presunçoso, vou ser um pouco metido. Um político só tá mostrando, porque eu tô vendo aí umas movimentações em redes sociais de outros políticos dizendo   cem milhões pra fulano, quarenta milhões pra sicrano, quarenta milhões pra saúde, trinta milhões pra saúde. Gente, eu disse que quarenta milhões eu construí um Hospital do Seridó, cinquenta eu tô construindo um aqui no Alecrim, Hospital de Criança com câncer, quatro milhões a gente deu uma usina de asfalto e fez quatro usinas já, dez milhões a gente fez uma ponte lá em Nova Cruz, cinco milhões a gente tá construindo uma escola de doze salas agora…” – conclui sem nem tremer sua tez botocada.

    Desde que o ministro do Supremo Tribunal Federal – STF,  Flávio Dino, comprou a briga com o Centrão suspendendo emendas do orçamento, querendo entender o destino das emendas secretas, estancando assim um poço sem fundo e sem transparência, as tramoias estão sendo expostas. Existe até um relatório da Polícia Federal (PF) que mostra como funcionava um suposto esquema de comercialização de emendas parlamentares indicadas pelos deputados do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) ao município de São José de Ribamar (MA).

    Dizem que há muito mais podridão no reino da Dinamarca.

    Dados do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal revelaram baixa adesão às determinações anteriores do STF. Das 4.154 contas pré abertas pelo BB, apenas 890 foram regularizadas. Na Caixa, somente 173 das 2.642 contas estão aptas para movimentação. E o pior: um relatório do Tribunal de Contas da União enviado ao STF indica que apenas 19% das emendas Pix dos últimos 6 anos permitem identificar o beneficiário final através dos extratos bancários. O volume de emendas parlamentares cresceu significativamente na última década: saltou de R$ 6,1 bilhões em 2014 para R$ 49,2 bilhões em 2024.

    Voltando ao “esbanjador” do dinheiro do povo, a sereia, digo, o senador Valentim, ao responder a um comentário de um leitor na mesma postagem do vídeo publicado, que perguntou se essa publicidade toda do “tô pagando” seria por causa de suas pretensões ao pleito de 2026, desafinou, não só para seu interlocutor, mas, principalmente, para seus aliados que buscam – logicamente, assim como ele -, um horizonte favorável para emplacar suas musiquinhas de salvadores da pátria no próximo ano:

    – Gente, tem que tá doido mesmo, entendeu? (para ser candidato) Na situação que tá hoje o Rio Grande do Norte, se não for interesse pessoal de fazer negócios, de fazer negócios com as coisas públicas, se não for coisa pessoal, de grupo que queira tirar vantagem do Estado pobre como esse, é roubar o pobre, viu gente? Se não foi isso, realmente tem que tá pirado, tem que tá muito doido pra poder botar gente numa coisa que anos vieram quebrando, anos vieram estragando esse Estado, anos. A tagarelice do senador sempre deixou seus pares atordoados, é fato. Mas dia após dia, o canto mavioso da sereia mais parruda do cenário político do RN agita sua base parlamentar para jogar a sujeira de mal informar o cidadão-eleitor do Rio grande do Norte. Parafraseando o nobre e inchado parlamentar, tem que tá doido mesmo é para se votar em tal candidato.

  • Respeitável público – O circo está armado

    Respeitável público, a festa já começou. É alpendre pra cá, alpendre pra lá, muitos comes e bebes pelo estado, inclusive bancados com dinheiro da nação (usando verbas de gabinetes estadual, federal, e até municipal), e o veraneio 2025 seguindo  com muita pompa político-eleitoral enquanto desnuda o que se espera para o ano de 2026. O carnaval está longe de começar, mas o circo já está armado.

    “Quanto riso, oh, quanta alegria!…”, José Agripino matraqueia: ambições pessoais têm que ficar abaixo do interesse do Estado. Só um ex-senador-governador-prefeito-biônico como Agripino para se preocupar dessa forma com o Rio Grande do Norte. Seria comovente não fosse proferido depois da exclusão do seu nome da lista de convidados do mega banquete patrocinado pelo senador Rogério Marinho à prefeitos, deputados, vereadores, suplentes, secretários, assistentes, arlequins, colombinas e o escambau que passasse na frente da mansão na praia de Búzios, no litoral Sul potiguar.

    O galego do Alecrim, atualmente sem mandato, assiste à perda de protagonismo, mas defende que o escolhido da oposição (todos contra Walter Alves/Fátima Bezerra/Lula) para as eleições 2026, deveria sair de uma pesquisa. Segundo Agripino Maia, a definição deveria ser eleitoral, “muito mais do que política”. Como diria seu Armando Volta, personagem da Escolinha do professor Raimundo,  “Sambarilove, sem o menor interesse…”.

    Além das articulações para o próximo ano, Zé anda preocupado com o bafo quente no seu cangote do prefeito de Natal, Paulinho Freire, que está em sua cola — assoviando e chupando cana — querendo o União Brasil tupiniquim pra chamar de seu. Claro, contando com o apoio do aliado e senador líder do bolsonarismo estadual.

    Para conseguir uma reviravolta política, resta a Jajá apostar todas suas fichas no prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), que vem se destacando em todas as pesquisas para o governo do Rio Grande do Norte. Para entender o que se desenha na política potiguar, esqueçam o migué de Zé de “ambições pessoais têm que ficar abaixo do interesse do Estado” e mirem na investida de Zé que defende até uma aliança com a senadora Zenaide Maia e o PSD. Tanto que Allyson, reeleito com 78% dos votos dos mossoroenses, já está de malas prontas para deixar o União Brasil pelo PSD, da Doutora, exatamente para concretizar seu sonho de ser candidato. A destreza é tanta que o prefeito mexeu os pauzinhos para facilitar sua corrida e conseguiu, pasmem, a aprovação da Câmara Municipal para a instalação de escritórios fora de Mossoró. Não são comitês de uma antecipada campanha. São escritórios. Ok?  

    Do lado de cá da Reta Tabajara, Rogério e seus banquetes firulentos pelo litoral de Natal, e o candidato da governadora Fátima, Walter Alves, calado, não se bole. Do lado de lá, o menino pobrezinho dando seus pulos de mãos dadas com Jajá para virar o jogo no picadeiro.

    O circo está armado. Cai quem quer!

  • Abertas inscrições para curso gratuito de Produção Musical

    A Escola Solano Trindade de Formação e Qualificação Artística, Técnica e Cultural (Escult) abriu inscrições para o curso gratuito de Produção Musical na Plataforma Reaper. A iniciativa, fruto da parceria entre o Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (Cecult) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o Ministério da Cultura (MinC),  é destinada a interessados em geral, sem exigência de escolaridade, e tem o objetivo de capacitar profissionais para a criação e produção de trilhas de áudio voltadas para diferentes produtos artísticos.

    As inscrições podem ser realizadas até 11 de fevereiro de 2025 no site escult.cultura.gov.br. O curso, que é gratuito, será realizado na modalidade a distância, oferecendo flexibilidade aos participantes.

    Com uma carga horária de 60 horas, o conteúdo é abrangente e autoinstrucional, abordando desde a introdução à plataforma Reaper até conceitos como equipamentos de produção musical, criação de loops, captação, gravação, edição de áudio, mixagem, masterização e desenvolvimento de arranjos, jingles e peças publicitárias.

    A formação será ministrada pelo músico e produtor musical Nairo Elo, profissional renomado com vasta experiência na área. Elo já atuou como coordenador de cursos voltados para produção musical em instituições como a Eletrocooperativa e a Escola Pracatum, e trabalhou com artistas como Ivete Sangalo, BaianaSystem e Lazzo.

    A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Formação e Qualificação para o Mundo do Trabalho em Cultura, uma ação da Diretoria de Políticas para Trabalhadores da Cultura do Ministério da Cultura, vinculada à Secretaria da Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic).

    Além do curso de Produção Musical, a parceria entre o Cecult/UFRB e o Ministério da Cultura prevê a oferta de outros cursos livres, formações continuadas e uma especialização em Política e Gestão Cultural. Todas as formações são oferecidas por meio da Escult, que já contabiliza mais de 30 mil inscritos desde seu lançamento.

    O curso gratuito é uma oportunidade única para quem deseja ingressar no universo da produção musical, ampliar conhecimentos ou se atualizar no uso da plataforma Reaper, um dos softwares mais completos e acessíveis do mercado. 

    O que é Reaper

    Sigla em inglês que, em livre tradução, significa Ambiente Rápido para Produção, Engenharia e Gravação de Áudio – é um plataforma digital de produção musical que possibilita a manipulação e desenvolvimento de trabalhos sonoros.

    Sobre a Escult

    A Escult foi criada em uma parceria entre a Diretoria de Políticas para Trabalhadores da Cultura (Dtrac), vinculada à Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), o Instituto Federal de Goiás (IFG) e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Integrando o Programa de Formação e Qualificação para o Mundo do Trabalho em Cultura, a iniciativa está alinhada ao Plano Nacional de Cultura e oferece cursos livres, de Formação Inicial e Continuada (FIC) e de pós-graduação.

    Serviço

    Curso: Produção Musical na Plataforma Reaper

    Duração: 60 horas (autoinstrucional)

    Inscrições: de 18 de dezembro de 2024 até 11 de fevereiro de 2025, em escult.cultura.gov.br

    Término do curso: 18 de março de 2025

    Valor: Gratuito

    Para mais informações, acesse o site ou entre em contato pela plataforma Escult.

  • Feliz Natal

    Então bom Natal, e um Ano Novo também, que seja feliz quem

    souber o que é o bem. E o bem é um país democrático, com leis respeitadas e a liberdade de escolher representantes. Não é mesmo? O bom velhinho, ministro Alexandre de Moraes sabe muito bem disso. Tanto que presenteou antecipadamente o brasileiro quando determinou a prisão preventiva do general da reserva Walter Braga Netto nesta véspera de Natal. Para sermos exatos, bem no dia do aniversário da ex-presidenta Dilma, vítima também de um golpe. Ou esse povo é trabalhado na ironia (amamos!) ou o roteirista dessa série Brasil é um craque.

    Bom, voltando aos presentes dezembrinos, segundo a decisão de Xandão, que teve seu sigilo levantado, o ex-ministro e ex-companheiro de chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 teria tentado obter dados sigilosos dos depoimentos prestados à Polícia Federal “com a finalidade de obstruir as investigações”.

    O careca mais amado do país diz ter identificado “a presença dos requisitos necessários e suficientes para a decretação da prisão do investigado” para garantir a ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal.

    O general, claro, óbvio, tá na cara, nega todas as acusações de que é alvo no inquérito. A defesa do militar divulgou nota oficial após a prisão dele afirmando que “se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos” e que acredita que terá “oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações”.

    Dias após o nosso (imagina-se) primeiro presente de natal, o ex-presidente e ex-companheiro de chapa de Braga Netto na eleição presidencial, Jair Bolsonaro, se pronunciou sobre o caso através das redes sociais, sem mencionar o nome do parceiro.

    “A prisão do General. Há mais de 10 dias o ‘Inquérito’ foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP [Ministério Público]. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, questionou o ex-presidente em postagem no X (antigo Twitter).

    Braga Netto já havia sido indiciado, no final do mês de novembro, no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Além de Braga Netto, outras 39 pessoas também foram indiciadas pela trama golpista, entre elas o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do Messias.

    O grupo foi indiciado por três crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As penas variam de três a 12 anos de prisão.

    Também faria parte do plano de golpe o monitoramento, a prisão ilegal e até uma possível execução de Alexandre de Moraes, ministro do STF e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Lula, à época presidente eleito; e Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito.

    Antes que falem em injustiça, no pedido de prisão de Braga Netto apresentado pela PF ao STF, os investigadores afirmam que ele teria atuado, “de forma reiterada e destacada”, para impedir a completa identificação dos fatos investigados.

    As primeiras provas de tais ações, segundo a Polícia, teriam sido encontradas no celular do pai de Mauro Cid, Mauro César Lorena Cid. Segundo os investigadores, Braga Netto teria tentado obter os dados do acordo de delação do ex-ajudante de Bolsonaro por meio de seus familiares.

    Uma perícia realizada no celular mostra que as mensagens trocadas com Braga Netto foram apagadas em 8 de agosto de 2023, três dias antes da operação “Lucas 12:2” (Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a ser conhecido).

    Essa investigação apurou a tentativa de uma organização criminosa de vender joias que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu em razão do cargo de presidente da República.

    A perícia também mostrou que, um dia antes da operação, Braga Netto e o pai de Mauro Cid trocaram diversas mensagens pelo WhatsApp e conversaram por telefone em uma chamada que durou pouco mais de 3 minutos.

    O ministro Alexandre de Moraes afirma que, também a partir do depoimento de Mauro Cid, foi possível estabelecer novas provas sobre a atuação de Braga Netto na tentativa de golpe de Estado.

    Segundo os documentos liberados pelo STF, o ex-ministro da Defesa obteve e entregou recursos para a operação Punhal Verde e Amarelo, que tinha como objetivo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes.

    Absurdo dos absurdos.

    Agora, para militares, Bolsonaro virou ‘passageiro da agonia’ após a  prisão de Braga Netto.

    “Passageiro da agonia” é também o nome de um filme sobre o assaltante de bancos Lúcio Flávio, bandido que monopolizou as manchetes dos jornais. Dirigido por Hector Babenco e com Reginaldo Faria na pele do ladrão, o filme chegou a ser censurado pela ditadura militar nos anos 1970.

    A nenhum outro santo o brasileiro tem confiado e clamado tanto por justiça. É Deus no Céu e o senhor Alexandre de Moraes no nosso Pólo Norte congelando os golpistas de sempre, que sempre estão prontos para atacar a democracia.

    Para não dizer que somos ruins, pedimos para que o Bom Velhinho Moraes não esqueça da casa daquele mau garoto, que na pandemia defendia remédios sem eficácia e imitava pessoas doentes com falta de ar, e que desdenhava dos mortos; um ladrão de jóias (comprovadamente) e que também está envolvido na trama do golpe. Que essa criança má receba um carrinho da polícia federal cheia agentes bem vestidos. Não deve ser complicado atender a 52% de brasileiros que, segundo o Datafolha, acreditam que o ex-presidente Bolsonaro tramou um golpe de Estado após perder a eleição para o presidente Lula e dos 62% que são contra a anistia dos responsáveis pelos ataques de 8/1.

    Os sapatos estão na janela, Papai Moraes. E o champagne gelando!

  • EMUFRN divulga processo seletivo para cursos técnicos em Música

    A Escola de Música da UFRN (EMUFRN) abriu seleção para os cursos técnicos em música, com início em 2025. O Núcleo Permanente de Concursos (Comperve) será responsável pelo processo. Estão sendo ofertadas vagas para quatro turmas que têm duração de três anos: Canto, Instrumento Musical, Processos Fonográficos e Regência. As inscrições custam R$ 30 e poderão ser feitas no período de 9 de dezembro de 2024 a 5 de janeiro de 2025 pelo site da Comperve

    Para realizar a inscrição, é necessário que o aluno possua CPF e documento de identificação com foto e, para candidatos estrangeiros, passaporte. Para as turmas de Canto e Instrumento Musical, os interessados precisarão enviar um vídeo no qual deverão performar duas ou mais peças: uma de confronto, que é uma música pré-definida pela comissão avaliadora; e outra de livre escolha. Para o curso de Processos Fonográficos, é necessário responder questões discursivas baseadas no conteúdo programático divulgado no site da Comperve

    Por fim, os alunos que querem ingressar em Regência precisam executar dois solfejos e esquemas de marcação dos compassos simples; e apresentar duas peças musicais de livre escolha (vocal ou instrumental). Além disso, terão que fazer leitura rítmica e identificar aspectos históricos e estilísticos dos períodos barroco, clássico e romântico. 

    Ao todo, são oferecidas 125 vagas distribuídas entre as quatro capacitações. As oportunidades são ofertadas de acordo com dois perfis de ingresso: o concomitante, destinado aos candidatos que estão cursando o Ensino Médio; e o perfil subsequente, para os interessados que já finalizaram o essa etapa de ensino. A carga horária total varia entre 910 horas para as capacitações de Canto, Instrumento e Regência, e 1200 horas para a turma de Processos Fonográficos.

    O curso de Canto oferece aos alunos a oportunidade de desenvolver técnicas vocais, com a possibilidade de escolher entre as vertentes Popular ou Erudita. Já a turma de Instrumento tem o objetivo de capacitar os interessados em práticas artísticas de performance musical com diversos instrumentos. O curso de Processos Fonográficos visa preparar os estudantes para a produção e sonorização de áudio e audiovisual, com foco em gravação, mixagem e projetos independentes. Por fim, a turma de Regência busca formar profissionais aptos a dirigir e coordenar grupos vocais e instrumentais, com atuação em orquestras, corais e instituições de ensino.

    O processo seletivo será realizado em uma única etapa, com caráter eliminatório e classificatório. A prova acontecerá de maneira on-line. Todos os detalhes sobre a seleção, incluindo as orientações sobre inscrições, provas e requisitos necessários, estão disponíveis no edital.  

  • Por onde anda a rataria do Rio Grande do Norte?

    O mês foi estouro com a notícia do planejamento do golpe de estado que a extrema direita quis dar e que, segundo inquérito da Polícia Federal, teve início ainda em 2019. Um plano para desacreditar o processo eleitoral e os órgãos responsáveis pela lisura da eleição. Que chegou até 2022 firme e forte em narrativas que colocavam em dúvida o sistema de votação brasileiro. Entre os golpistas “mais populares” dos golpistas do relatório, estão o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, também conhecido pelo codinome “Velame”, e o general Mário Fernandes, que trocaram uma série de mensagens nas quais propunham apresentar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relatórios sabidamente falsos que atestariam uma suposta fraude nas eleições daquele ano.

    Nos diálogos interceptados pela PF, no âmbito da operação Contragolpe, deflagrada na semana passada, os dois militares afirmam que Bolsonaro deveria se reunir com “a rataria” para obter informações sobre a “apresentação da Argentina”, que apresentaria provas sobre a fraude nas eleições brasileiras e “decidir o que fazer”. Fernandes está entre os presos da operação. Segundo o militar, “pessoal acima da linha da ética” não poderia participar.

    Só a rataria deveria se reunir com o então presidente Bolsonaro. Entenderam? Não confundir rataria, ratazanas e gabirus golpistas  com esse simples Ratto da província do Rio Grande do Norte, por obséquio.

    O plano de golpe investigado pela PF detalhava até como deveriam ocorrer os assassinatos de Lula, seu vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Outros pontos divulgados revelam a adesão de militares de alta patente à trama e que a tentativa de golpe só não foi levada adiante devido à falta de apoio dos então comandantes do Exército (general Freire Gomes) e da Aeronáutica (tenente-brigadeiro Baptista Júnior) — em contraste com o endosso recebido do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, ao plano golpista, que teria dito em mensagens obtidas pela investigação, por exemplo, que “tanques no Arsenal” da Força estavam “prontos” para o golpe.

    O relatório afirma que o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, aprovou o plano para assassinar o já eleito presidente Lula.

    O relatório final das investigações, com 884 páginas, reúne indícios de como o grupo de golpistas pretendia evitar a posse de Lula como presidente em janeiro de 2023 para manter Bolsonaro no poder e convocar novas eleições.

    Entenderam como foi por pouco? Mas quem poderia imaginar que dentro de uma respeitada instituição como as forças armadas existiria uma “rataria”?

    E por falar em rataria, temos outras várias indagações sobre o golpe trazendo para dentro do nosso estado. Por onde andará a rataria daqui?  Sim, por aqui, o deputado general Girão costumava ir à porta do quartel na capital dar apoio aos baderneiros golpistas e vociferar contra o resultado das eleições e ministros do Supremo. Em dezembro de 2022, Girão fez um discurso, documentado em vídeo, na porta do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI), em Natal, prometendo aos golpistas acampados na porta de quartel um “Papai Noel Camuflado” como presente de Natal. “Eu quero dizer para vocês que essa semana é a semana que tá começando as festividades de Natal. Sim ou não? Então, todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa e aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar essa semana. Acreditem em Papai Noel. Pode até ser camuflado também”, disse.

    Já o deputado Sargento Gonçalves igualmente apoiava a onda golpista, e ainda ficava nas redes sociais inflamando a horda de “desgraçados” – que atualmente, quando não estão na cadeia, resultado da tentativa de golpe do 8 de janeiro – estão foragidas. Em momento de concentração na Av. Paulista em evento de golpistas, o sargento disparou: “o povo clama por liberdade, e não podemos tolerar que um ministro do STF não respeite o povo brasileiro”.

    O negócio era tão sério que, de acordo com a PF, foi criada inclusive uma “oração ao golpe”. O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, pedia “que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, incluíssem em suas orações, os nomes do Ministro da Defesa e de outros dezesseis Generais 4 estrelas ‘pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda”. Sorte que Deus é brasileiro, dizem.

    Entre orações, rezas para pneus, celulares na cabeça, ameaças, planos impressos, minutas, mentiras e ataques orquestrados, venceu o medo da prisão. O resultado do escarcéu golpista nos últimos anos rendeu também o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas pela PF, com a apresentação de acusações robustas.

    O número ainda é pouco se levarmos em consideração o número da rataria do RN. Estes não deveriam ficar de fora, mesmo sendo uma rataria de menor porte, desdentada e acéfala, mas, que mesmo assim – e talvez por isso – consegue inflar ‘patriotas’ defensores de assassinatos de opositores. Rataria que fala em democracia, mas que sonha mesmo é com a ditadura e as gordas tetas do governo seja ele qual for. Para esse tipo de mamífero roedor, nada de anistia. Ainda estamos aqui.

  • Mostra ‘Armorial 50’ celebra os 50 anos do movimento artístico criado por Ariano Suassuna

    Exposição começa neste dia 1º de novembro e segue aberta à visitação até fevereiro de 2025 na Pinacoteca do Estado

    Meio século se passou desde que Ariano Suassuna decidiu criar, em 1970, o Movimento Armorial. A corrente artística promove a fusão das raízes populares e eruditas da cultura brasileira e, para celebrar sua importância, Natal (RN) receberá a partir de 1º de novembro, na Pinacoteca do Estado, a Mostra Armorial 50, que reúne exposição, rodas de conversa e programação musical.

    Após passar por cidades como Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Brasília (DF), Campina Grande (PB), Recife (PE) e Salvador (BA), e atrair um público de mais de 400 mil pessoas, o projeto ganha novos contornos pelo Brasil em nova temporada no Nordeste, graças ao Patrocínio Oficial da Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Roaunet. A idealização e coordenação é da produtora Regina Rosa de Godoy.

    “O Circo da Onça Malhada, criado por Ariano Suassuna que reunia a trupe de artistas nas icônicas aulas-espetáculo, permanece vivo em uma nova edição, mostrando a força e intensidade de Ariano e do Movimento Armorial. Estamos percorrendo o Brasil, levando o legado de Suassuna e o espírito do Armorial a diferentes públicos, assim como ele fazia ao viajar pelo interior, muitas vezes acompanhado de músicos, bailarinos e cantores”, destaca.

    A exposição desembarca na capital potiguar trazendo cerca de 140 obras de artistas fundamentais para o Movimento Armorial, como o seu criador, Ariano Suassuna, além de Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna, J. Borges, Romero Andrade Lima e Lourdes Magalhães, entre outros. As peças são provenientes de coleções particulares e instituições como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, a Oficina Francisco Brennand, entre outros.

    “A exposição é fiel à proposta de Ariano Suassuna, apresentando às novas gerações o trabalho pioneiro e engajado do autor, mostrando como ele propunha uma volta às raízes brasileiras, com profundo respeito à diversidade e às tradições, mas apresentando tudo de forma mágica, lúdica e plena de humor — um humor que faz pensar”, afirma Denise Mattar, curadora da exposição, que teve ainda consultoria do artista plástico Manuel Dantas Suassuna e do poeta e professor da UFPE, Carlos Newton Júnior.

    Além da exposição, a Mostra Armorial 50 conta com rodas de conversa e programação musical. Os eventos “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” e “Encontros Petrobras de Música Armorial” acontecerão em paralelo à exposição e prometem recriar a atmosfera e o espírito de troca cultural que marcaram a época do surgimento do Movimento Armorial. A entrada é gratuita e poderá ser retirada no Sympla.

    A Mostra Armorial 50 em Natal conta com o patrocínio oficial da Petrobras, realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. O evento é produzido pela R. Godoy Cultura e recebe apoio institucional da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Norte, da Fundação José Augusto e da Pinacoteca do Estado. Além disso, conta com o apoio da InterTV, TV Universitária, Universitária FM e Sistema Tribuna de Comunicação.

    Serviço: Exposição Armorial 50


    📅 1º de novembro de 2024 a 2 de fevereiro de 2025.
    ⏰ Visitação: terça a sexta, das 8h às 17h; sábados e domingos, das 9h às 16h.
    📍 Pinacoteca do Estado – Praça Sete de Setembro, Cidade Alta. Natal (RN).
    🔗 Entrada gratuita com retirada no Sympla:

    https://www.sympla.com.br/exposicao-armorial-50—natal__2667853
  • Déjà vu: Gafanhotos

    Não precisava ser profeta, sacerdotisa, intérprete de sonhos, quiromante, jogar búzios, cartas, ler a sorte na borra de café ou chás, muito menos ser futurólogo ou ter uma bola de cristal para saber que havia muito mais coisas entre o céu e a eleição em Natal do que supunha a nossa vã filosofia. No primeiro turno, uma disputa pra chegar ao muito ressabiado eleitor das pragas que – volta e meia – surgem na política norte-rio-grandense.

    O resultado inicial foi até surpresa para muitos, afinal o ex-prefeito Carlos Eduardo parecia o prefeito de férias (prenuncio de que não acabaria bem). Sem adivinhações, o que pesou mesmo foi o apoio da máquina municipal comandada por Álvaro Dias (Republicanos), indicando Paulinho Freire para sua sucessão, que também tinha quase que a totalidade da Câmara municipal no bolso, dois senadores, alguns deputados federais, uma penca de deputados estaduais na mão, uma indústria de criação de fake News em rádios de aluguel da capital e da grande Natal, além de blogues e sites – ؙuma das pragas da modernidade, ditadas pelos gafanhotos profissionais da velha política potiguar.

    O livro Êxodo do Antigo Testamento narra as pragas do Egito, e relata os castigos enviados por Deus, para forçar a libertação do povo hebreu da escravidão. Na História atual do Rio Grande do Norte o eleitor paga pra ver se salva um dentre uma peste extremista que de uns tempos para cá infestou a política nacional e só sabe se locupletar, traçando sem nenhuma vergonha o dinheiro público.

    Se de um lado tínhamos a candidata Natália Bonavides surpreendendo ao chegar ao segundo turno, fazendo valer suas ótimas performances nos debates, deixando o candidato da extrema-direita, Paulinho Freire, parecer que iria desmaiar de tanto nervosismo e fazendo uma campanha limpa, propositiva e alegre. Do outro, aparecia o Freire, que não é só fraco nas ideias como mal preparado, com mais de 30 anos infestando o cenário potiguar como uma peste de piolhos e moscas. Mesmo assim, ele se manteve na primeira colocação, em momentos de completo despreparo nessa escuridão. “Onde fica o orçamento? Do que vive? O que come?”.

    Uma preocupação que parecia atingir os candidatos no segundo turno era reverter a alta taxa de abstenção registrada no primeiro quando Natal teve o maior índice entre as capitais nordestinas. O descrédito, a falta de transporte público – que teve sua acanhada frota diminuída -, o feriadão para o servidor municipal junto a supostas ameaças, pagamentos por ausência e até retenção de títulos eleitorais, como apontam indícios, boatos e/ou denúncias colaboraram para que não houvesse uma melhora no quadro. Ao contrário, o segundo turno apresentou uma taxa ainda maior de eleitores faltantes. Foram mais de 150 mil ausências, que segundo César Sanson, professor de ciências sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), reflete tanto em questões estruturais quanto o desencanto com a política. Pontuais também, né?

    Mas, independentemente dos obstáculos ao eleitor menos favorecido de nossa cidade, os apoios pesaram em 2024 e não foi por uma chuva de pedras, como no Egito, choveu foi dinheiro – e pesquisas e dinheiro e pesquisas… – notícia amplamente divulgada pela imprensa potiguar. O terceiro colocado Carlos Eduardo chegou a acusar, em uma postagem feita no Instagram, o atual prefeito Álvaro Dias de estar promovendo fake news e negociando apoio político em troca de cargos estratégicos na gestão municipal, revelando ainda que a aliança política com Álvaro não foi firmada devido a exigências que ele considerou inaceitáveis. Segundo o ex-prefeito, Álvaro queria quatro secretarias de “porteira fechada” em troca do apoio à candidatura de Paulinho Freire, algo que ele disse ter recusado. Finalizou dizendo que não participava de acordos dessa natureza. A peste do gado está entre nós, é bom ficar com uma pulga atrás da orelha.

    Pulga e quantos mais insetos você quiser. Afinal, sabe-se que quando a elite comemora não serão os desvalidos a se darem bem. Prova disso é que na hora da “colheita” do resultado eleitoral até uma múmia de nome Agripino, que se encontrava em sarcófago em local incerto e não sabido, apareceu para as comemorações da vitória.

    Sabe-se também que, eleição finalizada, todos que apoiaram Paulinho vão querer comer desse mato, ops, desse bolo. Mas, o que todo mundo já sabe mesmo é que não vai dar pra quem quer. Diante dos prognósticos, ou melhor, dos sinais, devemos esperar muito mais jogo de cena, muito mais engodo e tapeação, um déjà vu (ou seria déjá fu?) de Micarla. São os donos do mundo estrebuchando para não largar o poder e ter um pedaço ainda maior do que foi acordado. Talvez, para Natal, fosse melhor os gafanhotos.

  • In$tituto$ de Pe$qui$a$

    Eis um fenômeno crescente, que se intensificou no atual processo eleitoral. Nunca se viu e ouviu tanto sua preferência no pleito 2024. E não é coisa somente do Rio Grande do Norte, não. Nos grandes centros a prática é até mais abusiva, com sondagens diárias e resultados que colocam candidatos brigando pela liderança mesmo estando na última posição com diferenças de 10% ou mais. A margem de erro é uma glória para os “esquecidos”.

    Estamos na semana das escolhas de prefeitos e vereadores, e o ritmo na divulgação de pesquisas cresceu vertiginosamente nos últimos dias, quando é possível identificar distorções nos dados. A Justiça vem agindo para barrar essas pesquisas fakes, mas não está sendo fácil.

    No jogo do faz-de-contas eleitoreiro, até instituto de pesquisa outrora com confiabilidade realiza sondagem suspeitas, parecendo de aluguel. Como dizem nos inferninhos dos escritórios de campanha: tem para todos os gostos. E bolsos.

    Em Natal, para a corrida ao Palácio Djalma Maranhão, já foram realizadas quase uma centena de sondagens desde o início do processo eleitoral. Mas o que causa estranheza é que de uma hora para a outra, assim, do nada, quem está na liderança com mais de 15% de diferença do segundo colocado, como é o caso de Carlos Eduardo, vira num empate técnico contra Paulinho Freire. Carlos, que vinha sempre bem à frente do segundo colocado, candidato da extrema-direita Paulinho, do União Brasil, perdeu vertiginosamente a dianteira em algumas pesquisas. No início da semana passa, a candidata Natália Bonavides surgiu pela primeira vez liderando, ela que durante todo o processo ficou no “toma não toma” a segunda posição de Paulinho.

    No caso da Consult, instituto preferido da extrema-direita de Paulino, mostra que esse  boom nas pesquisas traz desafios importantes e armadilhas para o eleitor que ainda se deixa levar pelo “não quero perder meu voto”.

    Nesse paraíso das compras de métodos — uma 25 de março recheada de números em promoção — surgem até institutos com nomes muito parecidos de empresas já conhecidas do público, que traz dados registrados ao gosto do contratante, com metodologias irregulares e duvidosas. Além disso, em dados divulgados na mídia do Sul do país, um terço dos levantamentos tem a própria empresa se declarando como o financiador do trabalho, o que levanta muitas suspeitas. Afinal, pesquisa de intensões de votos não é um trabalho barato.

    O pior é quando empresa e candidato exageram na dose declarando gastos pelo trabalho acima do preço “tabelado”. Não à toa, a justiça foi acionada pela candidata Natália Bonavides para que o seu programa eleitoral pudesse veicular que Paulinho Freire pagou R$ 213 mil a instituto de pesquisa e de usar blogueiros para proliferação de fake News. Derrubando uma decisão inicial favorável ao candidato do União Brasil que suspendia a veiculação do valor incrível dessa pesquisa. E na real, todo mundo sabia que todo mundo já sabia o valor pago (R$ 213 mil, caríssimos e caríssimas) ao instituto Consult. Nem precisava essa muganga toda do candidato da extrema-direita potiguar.

    O que choca realmente é o desconhecimento sobre ele ter usado também blogueiros para espalhar fake News. É que por essas bandas não existem blogues de aluguel (contém sarcasmo, tiração de onda, chacota…) Não existem, mas todos sabem do que são capazes o BlogdoPG, Rogério Marinho FM, e dóNegreiros para tentar enganar o eleitor mais bronco.

    Só não contrataremos uma pesquisa para saber se o eleitor acredita nos números desses In$tituto$ de Pe$qui$a$ que cobram mais de duzentas pilas porque não temos duzentas pilas para pagar.