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Peso pesado

Autolançado pré-candidado à prefeito de Natal em maio do ano passado, o general Eliezer Girão (PL) não conseguiu arregimentar nem um soldado e um cabo às suas pretensões e anunciou apoio a Paulinho Freire, do União Brasil.

Herança nefasta da então governadora Rosalba Ciarlini que o importou para Secretário de Segurança Pública, o cearense está em seu segundo mandato como deputado federal e representa a extrema-direita com louvor.

Em suas redes sociais e pronunciamentos, o general costuma espalhar bravatas e absurdos, não dispensando um lacre mesmo que isso resulte em prejuízo à população. Recentemente, a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), com apoio de deputados do Psol, protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR), contra sete deputados federais, por disseminação de fake news sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre eles, o general Girão.

“É inacreditável que, diante da maior catástrofe climática do Brasil, parlamentares se utilizem da sua posição para propagar fake news, atrapalhando o trabalho de agentes públicos, autoridades, voluntários, dificultando o socorro rápido, criando confusão, propagando ainda mais o caos, e fazendo com que quem já está sofrendo, sofra ainda mais. É desumano e criminoso”, afirma Fernanda em nota a imprensa.

Girão também é alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal – STF por possível participação nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Em despacho assinado por Alexandre de Moraes, em 15 de abril de 2024, o ministro associa Girão à “possibilidade de caracterização dos crimes de associação criminosa, incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”.

Em julho de 2023, o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura do inquérito para apurar suposta incitação aos atos pelo deputado Girão. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal.

Em 19 de outubro, a Polícia Federal encaminhou relatório final aos autos. O documento da PF concluiu que ficou clara a conduta do General Girão de questionar o sistema eleitoral brasileiro e levantar dúvidas sobre a conduta do Poder Judiciário, bem como protestar por intervenção nas Forças Armadas.

“Diante da atividade recente do representado nas redes sociais e no desempenho de seu mandato, fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas”, diz um trecho do relatório.

Apesar de viver declarando seu amor à Constituição, o general chegou a sugerir no último dia 24 o fechamento do Congresso Nacional como forma de se rebelar contra o sistema judiciário do país.

É de espantar que um deputado eleito e empossado clame pelo fechamento do parlamento – sob quaisquer pretextos – num regime democrático. 

O parlamentar defende as “Bancadas Evangélica, Católica, do Agro e Da Bala” e apesar de dizer que faz “política sempre procurando unir as forças”, não é fã do contraditório e aposta alto na polarização ideológica.

No evento em que declarou seu apoio à pré-candidatura de Paulinho Freire ao Palácio Felipe Camarão, o general destacou a ‘força’ dos partidos que apoiam a empreitada.  Para ele, o PL ao lado do PP e Podemos, partidos presididos no Rio Grande do Norte por Rogério Marinho, pelo deputado federal João Maia e o senador Styvenson Valentim, e aos demais partidos (PSDB e Republicanos), “reúnem uma grande força política para mostrar a população de Natal que é possível sim, evitar que a esquerda amplie o poder que perdeu há muito tempo” (sic).

Para Freire, o apoio do general Girão é muito importante “por sua história e seu passado, por defender princípios e valores que eu defendo”. O deputado ainda destacou que “Existem pessoas ligadas ao general Girão que vão engordar ainda mais a nossa frente de partidas. São pessoas do bem que se vão se juntar”.

Presidente do União Brasil, o ex-senador Agripino Maia declarou seu contentamento com o apoio, mas fez questão de enfatizar que o seu partido é de Centro e a campanha será de ‘centro democrático’.

Pelo visto, com a experiência que tem, Agripino sabe muito bem que tudo que é demais é demasia e que certos apoios podem significar mais tempo na propaganda e mais financiamento, mas que também podem ser um peso muito grande para carregar.

Aqui, para nós da redação da Papangu, sem medo de ofender os imbecis e os desinteligentes naturais, uma candidatura que reúne tantos próceres direitistas e promete juntar ‘pessoas de bem’, o único centro que conseguimos vislumbrar com tal aliança é aquele mesmo em que você está pensando.

Papangu na Rede – Edição 42 – Maio de 2024

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