Chega de pesadelo!
Por Ana Paula Cadengue
Amanhã, 30 de outubro de 2022, é a eleição mais importante da História do Brasil, quiçá do mundo. O que está em disputa não é a vitória de um partido sobre outro ou só o governo de um dos maiores países do planeta. O que está em jogo é muito mais do que isso. É sobre Humanidade, Respeito, Ciência. É sobre vida.
A escolha que para muitos não é nada difícil, ainda tem parcela significativa da população que aposta no caos, na desordem, na desunião, no fim das instituições e da civilidade, numa terra arrasada que estamos nos tornando.
A escolha nem um pouco difícil reúne de um lado um capitão do Exército e político profissional que nunca produziu nada em seus quase 30 anos como parlamentar e representa o que de mais asqueroso e atrasado existe, com exibições diárias e gratuitas de despreparo, prepotência, misoginia, aporofobia, racismo, homofobia, violência e falta de educação, num (des)governo que pratica o desmonte do Estado e a dilapidação do patrimônio brasileiro, rasgando leis, incentivado preconceitos, invasões, queimadas e destruição.
Do outro lado, uma frente mais do que ampla, congregando ex-presidentes da República, políticos de todas as matizes, professores, intelectuais, artistas e a população mais humilde do país que traz o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva como o nome que representa a esperança do Brasil voltar a ser uma nação e ter direito a um futuro melhor e democrático.
Amanhã, 30 de outubro de 2022, cada eleitor brasileiro tem em suas mãos o nosso destino e, de certa forma, o da humanidade também.
Esta eleição que para muitos significa apenas quais e quantas são as vantagens pessoais e financeiras que se possa auferir, para o mundo é muito mais do isso. Bem mais.
A prestigiosa revista científica “Nature” publicou edital na última terça-feira (25) afirmando que só há uma escolha na eleição do Brasil, e que um segundo mandato para o presidente Jair Bolsonaro (PL) representaria uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente.
No texto de opinião que tem o título “There’s only one choice in Brazil’s election — for the country and the world”, a revista avalia que “o histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos” e cita que o meio ambiente foi devastado (desmatamento quase dobrou desde 2018) após o presidente retirar proteções legais e desrespeitar direitos indígenas.
A “Nature” ainda lembra que Bolsonaro preferiu ignorar os alertas da ciência sobre a Covid-19, atuou contra a vacinação e diminuiu o financiamento para ciência e inovação.
“Nenhum líder político chega perto de ser perfeito. Mas os últimos quatro anos do Brasil são um lembrete do que ocorre quando aqueles que elegemos desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência e o conhecimento, proteger o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências”, afirma a revista
Na última quinta-feira (27), foi a vez do jornal norte-americano The New York Times publicar um vídeo opinativo no qual alerta para os riscos de uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PL) sobre Lula (PT) no segundo turno.
A gravação, de autoria de Agnes Walton e Alessandra Orofino, conta com a participação da ativista indígena Txai Suruí, que denunciou a devastação ambiental da Amazônia durante o atual governo na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Glasgow, na Escócia.
“Para muitos brasileiros, esta é uma eleição dolorosa entre dois candidatos bastante falhos. Mas, para o futuro da vida humana neste planeta, há apenas uma escolha certa”, diz a publicação.
A gravação lembra algumas das ocasiões em que Bolsonaro minimizou a importância de combater a devastação do meio ambiente e recorda a guerra deflagrada pelo ex-capitão contra órgãos de controle, como o Ibama e o ICMBio, e sua reiterada postura de ignorar os alertas de desmatamento.
Mas, não são só os “gringos” que temem um eventual segundo governo Bolsonaro e suas terríveis consequências. A premiada jornalista Eliane Brum, vencedora do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos na categoria Livro-reportagem, com a obra Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, alerta sobre as ameaças que a maior floresta tropical do mundo vem sofrendo e o quanto pode perder em uma possível reeleição de Jair Bolsonaro.
“Eu quero dizer muito explicitamente que se Bolsonaro se reeleger no domingo a Amazônia vai acabar. Ele matou dois milhões de árvores em menos de quatro anos. A floresta já chegou em 20% de desmatamento em ponto sem retorno, previsto pelos cientistas entre 20 e 25%. Se a Amazônia acabar, as crianças de todos que estão aqui terão um futuro hostil. As crianças do outro lado do mundo terão um futuro hostil. Essa não é a eleição mais importante da vida dos brasileiros, é uma eleição crucial para o planeta”, afirma Brum.
As jornalistas Elaíze Farias e Kátia Brasil, fundadoras da agência Amazônia Real, também alertam para o momento decisivo que estamos vivendo. “Na nossa região, as violações de direitos nunca cessaram, na verdade, só se agravaram. Todos estamos vivendo ataques violentos e sistemáticos. As consequências imediatas são para quem está na Amazônia, mas atingirá a todos, globalmente, nesta e nas próximas gerações”.
A questão ambiental é um dos cernes dessa eleição. Nos últimos dias, a ‘Frente Ampla’ que apoia a candidatura do ex-presidente Lula à presidência, ganhou reforços de peso de lideranças de diferentes partes do mundo, além de artistas e músicos consagrados, como o primeiro-ministro da Espanha e líder do Partido Socialista Operário Espanhol, Pedro Sánchez.
O chefe do governo português, António Costa também apoia o ex-presidente. “O mundo precisa de um Brasil forte, um Brasil que participe das grandes causas da humanidade, como combater a desigualdade, a luta pela saúde, para enfrentarmos as alterações climáticas. O Brasil e o mundo precisam de Lula da Silva.”
O italiano Roberto Gualtieri, prefeito de Roma, foi mais um a afirmar sua torcida ao ex-presidente em vídeo. “Meu caro amigo Lula. Em Roma estamos torcendo para que você volte a guiar esse grande país amado por todos os italianos. Com sua volta para a presidência, o povo brasileiro retomará o caminho da justiça social, do desenvolvimento, do resgate que tanto merece”, disse.
Um manifesto assinado em apoio ao candidato da Coligação Brasil da Esperança, assinado por vários ex-dirigentes europeus, como François Hollande, ex-presidente da França, foi divulgado ainda no primeiro turno. “Quando a democracia está em perigo, é preciso juntar os divergentes para vencer os antagônicos. É por isso que nós, ex-chefes de Estado e de governo de diversas tendências políticas, apoiamos a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República”, dizia o documento.
Líderes sul-americanos também apoiam a candidatura de Lula, como é o caso de Alberto Fernández, presidente da Argentina, dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; do México, Andrés López Obrador; da Bolívia, Luis Arce e do Peru, Pedro Castillo.
Mas, o apoio a Lula e ao que ele representa não se restringe a políticos de todo o mundo. Além de juntar artistas de todas as artes e idades, de Fernanda Montenegro a Flor Gil, Luisa Sonza a Chico Buarque, Anita a Antonio Pitanga, Juliette a Marieta Severo, a campanha contra Bolsonaro conseguiu o que parecia improvável e reuniu os “Vingadores”.
As mensagens enviadas para os brasileiros através das redes sociais pelos atores que deram e dão vida a personagens como o Homem de Ferro (Robert Downey Jr), Hulk (Mark Rufallo), Thor (Chris Hemsworth), Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Wong (Benedict Wong) ganharam até a aliança do Aquaman, herói DC interpretado pelo Jason Momoa.
Toda essa atenção mostra que a campanha presidencial brasileira é importante para o mundo todo, mas a gente sabe que não diz respeito só ao futuro do planeta. Diz e fala bem mais para cada um de nós que mora e vive e sonha o Brasil. E, apesar de todas as distopias e teorias conspiratórias das tias e tios do zap, o que preocupa mesmo a população é a piora da economia e o aumento da inflação, como mostrou o último levantamento do instituto Genial/Quaest, divulgado na semana passada . O medo da volta da ditadura, de um golpe militar e do autoritarismo também são razões muito sérias para não se votar em Bolsonaro, segundo a pesquisa.
A fome piorar foi o receio de 8%, o corte no direito dos trabalhadores é o medo de 4%. Outros itens citados foram a volta da violência, a educação piorar, desemprego e fim do Auxílio Brasil. As falas do candidato e a sua agressividade também são motivos para não votar no Messias, assim como a má administração, citada por 16%, e sua atuação durante a pandemia. Outros 7% dos entrevistados afirmaram que Bolsonaro é preconceituoso, racista e homofóbico, enquanto 5% responderam que é porque ele é corrupto e outros 4% porque ele é mentiroso.
Amanhã, 30 de outubro de 2022, vamos ter que escolher quem a gente quer para iniciar a construção de um Brasil com oportunidades iguais para todos, inclusivo, livre da fome, com mais emprego e salário mínimo sempre acima da inflação, com saúde pública de qualidade e filhos estudando, da creche à universidade. Um país de fé, com respeito ao cidadão e suas crenças e religiões, com democracia e sem armas, onde o amor prevaleça sobre o ódio, de paz, união e alegria. Um país feliz de novo e onde a gente possa voltar a sonhar. Chega de pesadelo!