A disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, se transformou no grande impasse para que a vacina (não) chegue ao brasileiro. A indecência em transformar a imunização em moeda eleitoral para 2022 só atrapalhou o Brasil até agora.
Na última semana, enquanto pessoas morriam em Manaus por falta de oxigênio, a protagonista Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dominada por militares, deu um show ao vivo na TV e aprovou a Coronavac e a vacina de Oxford para uso emergencial. Após o anúncio, um show de horrores liderado pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que falava até em judicialização devido a equipe do governo de São Paulo aplicar a primeira vacina aqui no Brasil em Mônica Calazans, enfermeira de 54 anos, há oito meses na linha de frente do combate ao coronavírus no Hospital Emílio Ribas.
A birra de Pazuello é até compreensiva, pois foram várias tentativas frustradas para adquirir uma vacina para que o governo chamasse de sua. Mas foi exatamente a chinesa que passou a ser a menina dos olhos nos planos do governo. Ironia, ver isso acontecendo com a Coronavac, a vacina que o bolsonarismo fez campanha difamatória, desdenhando da taxa de eficácia, nas redes sociais.
Essa queda de braço entre os governo federal e o de São Paulo, todos sabem, envolveu até a Índia, na semana passada, que enviaria, segundo Pazuello, dois milhões dos imunizantes, o “de Oxford”, para que o ministério da saúde iniciasse seu próprio show, chegando antes da vacinação anunciada por Doria. Entretanto, a aeronave que seria enviada para o transporte da valiosa carga, só conseguiu uma maquiagem de alguns metros de peça publicitária feita pelo governo. O que deixaria também escancarada a incompetência do ministro de relações exteriores Ernesto Araújo. A peleja, ao que tudo indica, foi resolvida, após uma semana de atraso. A carga tem previsão de chegada hoje ao Brasil.
Não podemos esquecer que o Doria segue paralelamente atiçando, em shows programados, com frases bem elaboradas sobre a vacinação. “Imunização para todos”, “a vacina é povo brasileiro”, “São Paulo não vai deixar ninguém de fora”… Infelizmente, até agora, não se sabe de números precisos, da quantidade de doses, do tempo e de como chegarão de fato aos cidadãos. Além do descalabro dos “fura filas”, espalhados por todo o Brasil.
Para nós, nordestinos, a situação é ainda mais dramática, pois até o consórcio composto por governadores, que tinha como alternativa a compra da vacina russa Sputnik V, se frustrou. A Anvisa restituiu ao laboratório União Química a documentação referente ao pedido de seu uso emergencial por não apresentar “requisitos mínimos para submissão e análise.”
Não esqueçamos: No Brasil, são 98 mortes por 100 mil habitantes. A situação é melhor que o Reino Unido, com 129/100 mil; e Estados Unidos (115/100 mil). Mas não podemos nos comparar com os últimos da tabela. Os líderes, tipo Israel, contabiliza 41/100 mil habitantes; Alemanha, com 9,5 a cada 100 mil pessoas; e China, com a impressionante marca de 0,3/100 mil.
São muitas perguntas ainda sem respostas. E muitas respostas mentiroras no WhatsApp. Mas, a pergunta mais importante de todas é se a vacina do Butantan é ruim como o governo sempre falou? Sua eficácia é de 50,4%. Você se “arriscaria”? Comente abaixo!
Nós, papangus, não queremos nem saber de outras: já estamos com os braços esticados esperando pelas vacinas Coronavac ou a de Oxford.
Esperança. Um vitória da ciência. Tim, tim!
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