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EU ESTUDEI COM ALICE CARVALHO

É isso mesmo. Eu estudei com Alice Gabrielle Affonso Carvalho – nome forte da “mulesta”! –, essa potiguar “arretada” que saiu da Coophab em Natal para brilhar por esse mundão afora. Pagamos juntos Semiótica da Comunicação com a professora Lilian Muneiro no segundo semestre de 2018. Ela no curso de Artes Visuais e eu no de Jornalismo na UFRN. Lembro-me bem daquela menina com “a sua cara de apressada”, que parecia estar constantemente atrasada para chegar ou sair de algum compromisso.

Ela costumava sentar-se nas cadeiras mais próximas da porta. Talvez para facilitar uma “fuga” rápida tão logo a aula acabasse… ou não (risos). Eu me sentava do lado oposto da sala. É provável que ela nunca tenha me notado durante o período em que estudamos juntos. Mas estudamos juntos e eu posso provar. Só não mostro aqui a relação de alunos do sistema da UFRN porque deve ser proibido e posso acabar processado por divulgar informações sigilosas.

Em certa ocasião, cheguei a sentir raiva de Alice ou da professora Lilian ou das duas juntas. Esclareço. Para a nota da terceira unidade a “profe” passou uma atividade com cinco questões bastante complexas, cujas respostas seriam discutidas na sala de aula.

O tempo foi passando e, envolvido com as rotinas do trabalho, fui adiando a sua conclusão. Quando me dei conta, o prazo havia acabado e eu não tinha conseguido finalizar a atividade. Daí, que eu fui para a aula com duas questões de cinco sem resposta e, encarando de frente a minha inépcia, apresentei o trabalho incompleto. Na vez de Alice apresentar, ela falou que não tinha feito o seu por falta de tempo, ao que Lílian, tranquilamente e sem medo de ferir suscetibilidades, contemporizou: “Não tem problema. Você traz na próxima aula”. Naquela hora, pensei “lá” com os meus botões: “Menina ‘réia’ folgada”, sobre Alice e, “Pois, diga…! Diguénada…”, sobre Lilian. Mas a raiva passou logo. Não sou de guardar mágoas, apesar do 6,5.

Aliás, falando em Semiótica, o tal do Charles Sanders Peirce (1839-1914), o pai da coisa toda, devia ter um parafuso a menos. Pense num troço pra dar um nó no juízo dos incautos que se matriculam nessa disciplina, mesmo sendo optativa. Brincadeirinha Lilian.

Por essa época, já conhecia um pouco do trabalho de Alice Carvalho no audiovisual. Seu pioneirismo, sua teimosia, sua ousadia, seu arrojo, já deixava transparecer que ali estava nascendo uma artista com talento e capacidade criativa fora do comum. Desde então, sua carreira só deslanchou.

O nome da minha colega de turma começou a surgir nas conversas dos churrascos de fim de semana – onde se reúnem familiares, amigos e agregados – na época de “Cangaço Novo”. Nessas cervejadas, as conversas sempre giram em torno de música, política, futebol, religião (ou a falta dela), cinema, novela, séries e “causos”. Em uma dessas reuniões “gastroetílicas”, quem já havia assistido “Cangaço Novo” (2023) comentou sobre a extraordinária atuação da atriz que interpreta Dinorah.

Foi aí que eu falei: “É Alice. Estudou comigo”. Em meio aos risos e alguns “lá vem Túlio com suas histórias”, eu contei essa história dos meus tempos de faculdade.

Quando soubemos que Alice Carvalho iria participar do remake de “Renascer” no papel de Joaninha, esposa de Tião Galinha, a notícia virou o assunto do dia. “Rapaz! A amiga de Túlio vai trabalhar em ‘Renascer’!”. “Vai virar uma global”. “Essa menina vai longe!”. Eu vibrei como se fosse um gol do Potiguar de Mossoró.

Na Globo, Alice já havia feito uma participação na série “Segunda Chamada” (2019) e está na novela do Globoplay, “Guerreiros do Sol” com estreia prevista para 2025. Realmente, a menina foi longe.

Apesar de ser um crítico contumaz das Organizações Globo e do seu poderoso império midiático, é inegável que a qualidade de suas obras na teledramaturgia é capaz de catapultar a carreira de qualquer ator ou atriz iniciante que se destaque em uma dessas produções.

As primeiras aparições de Alice em “Renascer” foram um espanto. As cenas no manguezal, à cata de caranguejos com Irandhir Santos (Tião Galinha), já entraram para o rol das cenas memoráveis da teledramaturgia brasileira. A partir daí, sua personagem, Joana ou Joaninha, só tem crescido na trama a cada capítulo. A menina é “invocada”.

Eis que, em um certo domingo de abril (28), estou eu no quarto assistindo futebol quando Maria, minha esposa, chega e fala: “Mô, sua amiga tá no Hulk”. E eu, que por motivos diversos – alguns bastante óbvios – não suporto Luciano Hulk, “fui obrigado” a assistir à “Dança dos Famosos” no dia em que minha colega fez parte do júri artístico da atração e foi homenageada. Emocionante.

Sobre a “Dança dos Famosos”, preciso confessar um pequeno (ou grande?) delito: no domingo em que Lucy Alves, essa paraibana “danada” de talentosa e linda que “chega dá um ‘farnizinho’”, como a gente diz lá em Mossoró, vai se apresentar, não consigo resistir. Tenho que assistir! Finalizada a sua apresentação, volto para o futebol. No final, Maria me conta como ficou a classificação.

Voltemos a “Renascer”. Agora em junho, as interpretações que me levaram às lágrimas – sim, sou chorão de novela, pronto, falei – foram as dos primeiros encontros de Joana com Zinha, a surpreendente baiana Samantha Jones, que confesso, não conhecia. Que coisa mais linda do mundo a potiguar Alice e a baiana Samantha contracenando! Quanta sensibilidade!

O casal “JoanaZinha” não aconteceu na primeira versão de “Renascer”, mas tudo indica que vai emplacar nesse remake e, muito provavelmente, o casal seguirá me fazendo chorar até o último capítulo.

Ainda sobre “Renascer”, cabem algumas críticas: que coisa mais chata, irritante e fora de contexto, os inúmeros merchans disparados aleatoriamente na cara do telespectador a cada capítulo. Um casamento foi patrocinado por uma marca de cerveja; do nada, aparece alguém tomando um refrigerante com o rótulo preenchendo toda a tela da TV; a bodega começou a vender chips de uma operadora de celular, só porque Zinha deu um de presente a Joana; e tem até um casal que só aparece em cena para falar sobre as qualidades de um modelo de carro. Outro dia, eles estavam viajando para São Paulo. Acho que nunca mais vão dar as caras na novela. Além disso, tem propaganda de banco, chocolate e tem até um remédio para dor de barriga que, vez por outra, alguém aparece para comprar na bodega que tem de tudo. Mas Alice não tem nada a ver com isso.

PS: Alice, minha querida colega de Semiótica, qual foi sua nota da terceira unidade? Sucesso sempre!

Escrito por Marco Túlio

Só rindo!

EM CARTAZ: Férias Frustradas