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Natal fotografada durante a Segunda Guerra Mundial

Texto: Alex Gurgel (Fotógrafo, Professor, Escritor e Guia de Turismo)
Foto: Hart Preston, Ivan Dimitri e Michael Ochs (arquivos da Gettyimagesgallery)

Hart Preston e Ivan Dimitri foram fotógrafos americanos que registraram o cotidiano da cidade durante a Segunda Guerra. Já o fotógrafo Michael Ochs foi um colecionador de fotografias que obteve muitas imagens de Natal durante esse período.

Foto icônica do encontro dos, Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt participaram da Conferência de Natal, Em 28 de janeiro de 1943 – Foto: Roberto Muylaert

A velha província de Natal teve um papel estratégico durante a Segunda Guerra Mundial. Sua localização geográfica privilegiada, sendo o ponto mais próximo da América do Sul em relação à Europa e África, fez com que a cidade se tornasse uma base essencial para as tropas americanas. Duas bases militares foram estabelecidas: a Base Naval e Parnamirim Field, que era a maior base da Força Aérea dos Estados Unidos fora do território americano.

A presença de cerca de 10.000 soldados norte-americanos transformou a cidade, que na época tinha apenas 55.000 habitantes. Além de contribuir para o sucesso dos Aliados, a influência cultural dos americanos deixou marcas duradouras, como o uso de expressões em inglês e a introdução de produtos como Coca-Cola, jeans e óculos Ray-Ban.

Com tantos soldados americanos interferindo na vida social e cultural de Natal, o exercito dos Estados Unidos mandou um fotógrafo Heart Preston para registrar o que acontecia na cidade para a revista “Life”. O modo de vida americano foi penetrando na capital potiguar. O costume de beber refrigerante e mascar chiclete foram incorporados à cultura natalense. E daqui foi disseminado para o resto do país.

A Rampa é uma antiga estação de passageiros e de transporte de correspondências utilizada como base para receber hidroaviões. Seu posicionamento privilegiado a tornou de imenso valor durante o transcorrer da Segunda Guerra, quando veio a se tornar a primeira base a operar missões da guerra na América do Sul.

Foi na Rampa que se registrou uma das fotos mais emblemáticas da história do Brasil. O encontro em janeiro de 1943 entre o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o presidente brasileiro Getúlio Vargas. O encontro foi cercado de segredos de Estado. A foto que mostra os presidentes brasileiro e americano em um jipe, na Base Aérea de Parnamirim, virou capa do livro “1943 – Roosevelt e Vargas em Natal”, de Roberto Muylaert, publicado em 2012 pela editora Bússola..

Além da revista Life enviar o repórter fotográfico Hart Preston, o fotógrafos americano Ivan Dimitri também apontou sua câmera para à “Cidade do Sol”. O fotógrafo Michael Ochs também divulgou uma série de fotografias de Natal durante a II Guerra Mundial através da “gettyimages gallery” (https://gettyimagesgallery.com/collection/michael-ochs-archive/). Não há registros que Michel Ochs esteve em Natal, mas ele adquiriu milhares de negativos que os vendeu posteriormente.

Michael Ochs Archive era um fotógrafo, mas também era um colecionador. Ele começou como uma coleção de discos, mas logo cresceu para incluir 3 milhões de fotografias e coisas efêmeras de músicas variadas. Ochs administrou o arquivo pessoalmente por muitos anos antes de vendê-lo para a Getty Images em 2007. O material é armazenado em Los Angeles e continua a ser catalogado por uma equipe de arquivistas dedicados. ⁠

Ivan Dmitri (nascido em 3 de fevereiro de 1900 – falecido em 25 de abril de 1968), foi artista fotográfico americano. Ivan Dmitri foi um pioneiro na fotografia colorida e escreveu vários livros sobre o assunto, sendo o primeiro “Color in Photography”, em 1939. A primeira capa fotográfica colorida da revista The Saturday Evening Post, em maio de 1937, foi de Dmitri. Essas fotos coloridas eram tão populares que o governo dos Estados Unidos usou as imagens de Dimitri para divulgar esforço de guerra da Segunda Guerra Mundial.

O fotógrafo americano Hart Preston nasceu em Idaho, em 1910, e morreu em Santa Monica (Califórnia) em julho de 2009. Ela estudou teatro e literatura em universidades nos Estados Unidos escrevia e fotografava para as revistas Time e Life. Com um perfil multifacetado, foi também gestor de uma galeria de arte e promotor imobiliário. Durante a Segunda Guerra, Hart Preston trabalhou para o exercito americano, registrando o cotidiano dos soldados nas bases fora dos Estados Unidos. Em Natal, ele atuou durante cinco meses e capturou a essência natalense da época.

GALERIA

Bairro da Ribeira, em 1941 – Foto: Hart Preston

Varanda do Grande Hotel, Ribeira, 1941 – Foto: Hart Preston

Cotidiano de natalense na Ribeira, em 1941 – Foto: Hart Preston

Oficiais brasileiros e americanos em Natal, em 1941 – Foto: Hart Preston

Americanos tomando cerveja na varanda do Grande Hotel, na Ribeira, 1941 – Foto: Hart Preston

Bairro da Ribeira num dia normal do cotidiano, em 1941. Foto: Hart Preston

Americanos e natalense em papo descontraído na Rampa, em 1941. Foto: Hart Preston

Americanos na sacada do Grande Hotel, na Ribeira, em 1941. Foto: Hart Preston

Trabalhadores contruindo a base aérea de Parnamirim na finalização do trabalho e o embarque nos caminhões que os levariam as suas casas – Foto: Ivan Dmitri.

Um Consolidated PB4Y-1 da US Navy. Havia em Parnamirim Field uma área da USAAF (Força Aérea do Exército dos Estados Unidos), uma da US Navy e da FAB- Foto: Ivan Dimitri

Brasileiras que trabalhavam como enfermeiras, ou no Casino dos Oficiais, que acredito ser o mais provável – Foto: Ivan Dimitri

Estas mulheres junto aos oficiais da US Army provavelmente são americanas – Foto: Ivan Dimitri

Em um tempo que nas praias natalenses ainda se vendia lagostas na beira mar. Certamente estas mulheres eram moradores da Vila de Ponta Negra. Foto: Ivan Dimitri

Oficiais americanos na Praia de Ponta Negra, em Natal. Foto: Ivan Dimitri

Barracas de Parnamirim Field. Durante as chuvas, no começo da Base Aérea. Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images

Construção de alojamentos para soldados americanos na Base Aérea de Parnamirim. Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images​

Manutenção em um Consolidated C-87 Liberator Express em Parnamirim Field. Esta aeronave pertencia ao ATC (Air Tranport Command). Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images

Oficiais americanos na Base Aérea de Parnamirim. Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images

Escrito por Alex Gurgel

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