Sobre

Pária

Na última terça-feira, 21, o presidente Jair Bolsonaro, sem partido, discursou pela terceira vez na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. E deu o que era esperado: fake news do início ao fim, um discurso de mentiras. Os devaneios desmoralizantes podem até ser úteis aos acéfalos do cercadinho presidencial em Brasília (pela primeira vez foi feita uma live direto da ONU), como também alimentar a grupos do WhatsApp bolsonaristas, mas foi de uma inutilidade sem tamanho. Primeiro, porque tentou imprimir um Brasil que só existe em fantasia, como exemplar na área ambiental, livre de corrupção e com as estatais pulsantes. Mentiras. Na era Bolsonaro o que não falta são vexames em diversas frentes: sanitária, antidemocráticas, estagnação econômica e destruição.

A manchete do editorial do Jornal O Globo dizia que essa seria a grande chance de Bolsonaro reparar a imagem do País. Não querendo ser pessimista, o jornalismo empresarial não conseguiu mais uma vez aliviar a barra do desgoverno bolsonarista. Até porque o presidente não se ajuda. Enquanto isso o jornalismo empresarial segue com as mãos sujas de sangue de quase seiscentas mil pessoas mortas no Brasil. E o pior: não faz questão de limpá-las.

Ainda sobre o discurso na ONU, Bolsonaro fez um balanço bem ao seu estilo da pandemia, quando criticou o isolamento social, e se disse contrário à exigência de comprovantes de vacina e insistiu mais uma vez na defesa do tratamento precoce contra a Covid-19. Culpando ainda os governadores e prefeitos pela inflação devido às medidas de lockdown tomadas durante a pandemia. Fontes? Sua própria cabeça.

Antes mesmo do “grande dia” do discurso, o prefeito de Nova York avisara que Bolsonaro não era bem-vindo. Mas o pedido não foi aceito, e Bolsonaro, juntamente com asseclas, já protagonizavam momentos surreais pelas ruas da Big Apple. Refeições pelas calçadas dos estabelecimentos, pois é proibido o acesso aos restaurantes de pessoas não vacinadas (o presidente do Brasil não só é antivax como faz campanhas contra a vacinação); e o mais esdrúxulo, o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, foi filmado apontando o dedo do meio (mandou tomar naquele canto) contra manifestantes que esperavam pela comitiva brasileira no hotel. Ainda aparece nas imagens o chanceler Carlos França fazendo arminha de dentro de uma van.

E, se ainda existia algo de interessante na imagem do Brasil lá fora, foi por lama abaixo.

Certo mesmo estava o ex-chanceler e defensor da Terra plana, Ernesto Araújo, quando disse que a atuação do governo bolsonarista faria do Brasil “um pária internacional”. Só estava errado quando disse que isso seria bom para nós brasileiros.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Carregando...

0

A voz profana de Katharina Gurgel

Eu e Sísifo