Em meio ao triste e trágico noticiário sobre a catástrofe climática que devasta o Rio Grande do Sul, somos obrigados a conviver diariamente com a enxurrada de fake news produzidas por políticos malditos da extrema-direita bolsonarista adeptos do quanto pior melhor. Não faltam também pessoas desumanas e maléficas que propagam mentiras nas redes sociais, apenas pelo vil prazer de alimentar o caos. E ainda existem os tais influencers (como essa palavra me incomoda!) do mal com seus milhões de seguidores a repercutirem farsas e maledicências.
Um aparte: apesar de não apreciar a denominação e para não ser injusto, cabe destacar o papel dos influencers do bem no trabalho de arrecadação de donativos, de voluntariado e no combate às fake news.
Enquanto o lado bom dos brasileiros se mobilizava em gestos e atitudes de solidariedade e auxílio aos gaúchos, deputados bolsonaristas passaram a ocupar o plenário da Câmara apenas com o propósito nefasto de produzir e divulgar boatos sobre o socorro às vítimas das enchentes. Esse festival de mau-caratismo e baixeza vem se repetindo a cada sessão legislativa e tem como protagonistas “bichos escrotos” para quem a solidariedade, a empatia, a caridade e a sororidade inexistem.
Eis alguns exemplos de “bichos escrotos” bolsonaristas e seus discursos repulsivos amplificados diuturnamente nas redes sociais funestas:
– Deputado Filipe Martins (PL-TO): Afirmou que caminhões com donativos estavam sendo barrados a caminho do RS por exigência de notas fiscais, o que é falso. Disse ainda que estava sendo exigida documentação de pilotos e embarcações de voluntários que atuam nos resgastes a vítimas da enchente, o que já foi exaustivamente desmentido pelo governo do RS.
– Deputado Coronel Assis (União-MT) e Gilvan da Federal (PL-ES): Reproduziram em plenário as fake news vomitadas pelo colega Filipe Martins.
– Deputado Paulo Bilynksyj (PL-SP): Afirmou que uma clínica médica que atendia as pessoas gratuitamente tinha sido fechada pela Vigilância Sanitária. A Secretaria Estadual de Saúde e a Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul rechaçaram a falsa notícia com veemência.
– Deputado Paulo Bilynksyj (PL-SP), Deputada Caroline de Toni (PL-SC), Coronel Ulysses (União-AC) e General Girão (PL-RN): Citaram uma fala da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fora de contexto. Os parlamentares afirmam que a ministra disse que “não é o momento” para enviar recursos para o RS. Para isso, usam o recorte de uma declaração em que a ministra diz: “Não vai faltar dinheiro para o RS. O dinheiro vai chegar no tempo certo, que não é agora, porque não tem nem o quê liberar porque nós não recebemos as demandas dos prefeitos. Eles não sabem o que pedir porque a água não baixou”.
Os “bichos escrotos” não dão trégua em sua escalada de maldades oportunistas. Em grupos de bolsonaristas circulam mensagens e teorias estapafúrdias (quase sempre produzidas em perfis falsos), em uma reprodução fiel do modus operandi do período da pandemia da covid-19: espalhar fake news e apregoar conspirações negacionistas.
Uma dessas teorias da conspiração garante que “o novo Plano Marshall do Brasil para o Rio Grande do Sul é uma estratégia elaborada por conspiradores e traidores da nação, com o objetivo de aproveitar-se de calamidades planejadas para desapropriar os cidadãos de suas casas, terras e propriedades”.
Tem que ser um “bicho escroto” dos mais desprezíveis e malditos, para propagar uma aberração dessas em meio a tanto sofrimento.
COMO AGEM OS “BICHOS ESCROTOS”
Em 1983 eu trabalhava no Banorte (que foi mudando de nome e dono até virar Itaú) em Mossoró e a nossa agência resolveu organizar um mutirão para a arrecadação de donativos dentro da campanha Nordeste Urgente. O Nordeste atravessava um dos piores períodos de seca da história e todo o Brasil se mobilizou para ajudar o povo nordestino.
Funcionários e funcionárias que se dispuseram a participar do mutirão e mais alguns voluntários – totalizando cerca de trinta pessoas – foram divididas em duas equipes. Por volta das 8h de um domingo, nos reunimos na sede da agência no centro da cidade e as equipes partiram em direções opostas na coleta de donativos. Cada uma a bordo de um caminhão.
Foram quase oito horas entre caminhadas e “trepadas” no caminhão recolhendo donativos. Dinheiro, gêneros alimentícios, material de limpeza, etc. Foi emocionante ver pessoas da periferia com tão poucos recursos e fazendo questão de doar qualquer coisa que fosse possível. Em algumas casas os moradores nos ofereciam água, lanches, um cafezinho, um suco, uma fruta. A arrecadação surpreendeu a todos. Os dois caminhões ficaram abarrotados de donativos e cada equipe conseguiu encher umas duas sacolas de supermercado com cédulas e moedas.
Por volta das 16h voltamos a nos reunir na agência do banco e outra equipe assumiu o trabalho de separar os donativos e fazer a contagem do dinheiro arrecadado. A partir daí, a distribuição dos donativos ficou a cargo de uma Loja Maçônica de Mossoró engajada na campanha.
Cansados e estropiados pelo longo dia sob o sol escaldante de Mossoró – porém felizes pelo resultado do nosso trabalho – eu e mais uns quatro colegas de banco ainda usando a camiseta da campanha Nordeste Urgente resolvemos ir nos refrescar e por que não, celebrar o sucesso de nossa empreitada tomando umas cervejas no bar e restaurante O Sujeito.
Assim que adentramos no ambiente – um dos mais agradáveis de Mossoró à época, situado a beira do rio – um indivíduo que estava em uma mesa logo na entrada deu uma risada e falou: “Aí! Os bacanas vieram gastar o dinheiro que pegaram dos bestas!”. Esse é um exemplo de como age um “bicho escroto”.
E ASSIM SÃO OS “BICHOS ESCROTOS”
Fala ChatGPT!
“Bichos Escrotos” é uma música da banda brasileira Titãs [autores: Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Nando Reis] que critica comportamentos e características negativas da sociedade. A expressão “bichos escrotos” refere-se a pessoas ou elementos da sociedade que são vistos como desprezíveis, desagradáveis ou repugnantes. Na letra da música, os “bichos escrotos” são aqueles que agem de forma egoísta, corrupta, hipócrita ou destrutiva. Em suma, um “bicho escroto” pode ser definido como alguém que representa o pior lado da humanidade, seja por suas atitudes, valores ou comportamentos”.
PS. Qualquer semelhança não é mera coincidência.