Eis um fenômeno crescente, que se intensificou no atual processo eleitoral. Nunca se viu e ouviu tanto sua preferência no pleito 2024. E não é coisa somente do Rio Grande do Norte, não. Nos grandes centros a prática é até mais abusiva, com sondagens diárias e resultados que colocam candidatos brigando pela liderança mesmo estando na última posição com diferenças de 10% ou mais. A margem de erro é uma glória para os “esquecidos”.
Estamos na semana das escolhas de prefeitos e vereadores, e o ritmo na divulgação de pesquisas cresceu vertiginosamente nos últimos dias, quando é possível identificar distorções nos dados. A Justiça vem agindo para barrar essas pesquisas fakes, mas não está sendo fácil.
No jogo do faz-de-contas eleitoreiro, até instituto de pesquisa outrora com confiabilidade realiza sondagem suspeitas, parecendo de aluguel. Como dizem nos inferninhos dos escritórios de campanha: tem para todos os gostos. E bolsos.
Em Natal, para a corrida ao Palácio Djalma Maranhão, já foram realizadas quase uma centena de sondagens desde o início do processo eleitoral. Mas o que causa estranheza é que de uma hora para a outra, assim, do nada, quem está na liderança com mais de 15% de diferença do segundo colocado, como é o caso de Carlos Eduardo, vira num empate técnico contra Paulinho Freire. Carlos, que vinha sempre bem à frente do segundo colocado, candidato da extrema-direita Paulinho, do União Brasil, perdeu vertiginosamente a dianteira em algumas pesquisas. No início da semana passa, a candidata Natália Bonavides surgiu pela primeira vez liderando, ela que durante todo o processo ficou no “toma não toma” a segunda posição de Paulinho.
No caso da Consult, instituto preferido da extrema-direita de Paulino, mostra que esse boom nas pesquisas traz desafios importantes e armadilhas para o eleitor que ainda se deixa levar pelo “não quero perder meu voto”.
Nesse paraíso das compras de métodos — uma 25 de março recheada de números em promoção — surgem até institutos com nomes muito parecidos de empresas já conhecidas do público, que traz dados registrados ao gosto do contratante, com metodologias irregulares e duvidosas. Além disso, em dados divulgados na mídia do Sul do país, um terço dos levantamentos tem a própria empresa se declarando como o financiador do trabalho, o que levanta muitas suspeitas. Afinal, pesquisa de intensões de votos não é um trabalho barato.
O pior é quando empresa e candidato exageram na dose declarando gastos pelo trabalho acima do preço “tabelado”. Não à toa, a justiça foi acionada pela candidata Natália Bonavides para que o seu programa eleitoral pudesse veicular que Paulinho Freire pagou R$ 213 mil a instituto de pesquisa e de usar blogueiros para proliferação de fake News. Derrubando uma decisão inicial favorável ao candidato do União Brasil que suspendia a veiculação do valor incrível dessa pesquisa. E na real, todo mundo sabia que todo mundo já sabia o valor pago (R$ 213 mil, caríssimos e caríssimas) ao instituto Consult. Nem precisava essa muganga toda do candidato da extrema-direita potiguar.
O que choca realmente é o desconhecimento sobre ele ter usado também blogueiros para espalhar fake News. É que por essas bandas não existem blogues de aluguel (contém sarcasmo, tiração de onda, chacota…) Não existem, mas todos sabem do que são capazes o BlogdoPG, Rogério Marinho FM, e dóNegreiros para tentar enganar o eleitor mais bronco.
Só não contrataremos uma pesquisa para saber se o eleitor acredita nos números desses In$tituto$ de Pe$qui$a$ que cobram mais de duzentas pilas porque não temos duzentas pilas para pagar.