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A poesia fescenina de Zefa do Potengy

Baixinha, cintura fina, pernas grossas, bunda grande, tetas pequenas, longos cabelos cacheados, olhos verdes, lábios grossos e língua ferina, Zefa do Potengy é uma mulher singular e com 36 anos diz gostar de fazer “poesia com sacanagem”. Segundo ela, é uma forma de expressar sentimentos e desejos incontidos, que ela faz questão de soltar nos versos que espalha pelo bairro em que ela mora em Natal, o Conjunto Potengi, Zona Norte da cidade.

Funcionária pública, ativista social, vegetariana e mãe solteira, Maria Josefa da Silva estudou sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas não chegou a terminar o curso porque engravidou e teve que ir cuidar da criança sozinha sob os protestos da família que queria que ela procurasse o pai do rebento para ajudar na criação. “Dou conta da minha vida sozinha”, ressalta a poeta que diz que o “status” de solteira é a melhor coisa dessa vida.

O gosto pela poesia começou na UFRN, nas rodinhas com amigos e nas farras até altas horas quando a galera recitava versos pela noite sem fim, farras regadas com álcool “e outras coisitas más que servem para instigar a criatividade, além de dar muito tesão”, declara a poeta, dizendo que sempre amanhecia com sua turma na beira da praia de Ponta Negra, aos pés do Morro do Careca.

Fã dos poetas fesceninos Moyses Sesyon e Celso da Silveira, do Assú, Zefa escreve suas poesias sem compromisso, mas afirma que está juntando seus versos para publicar um livro no futuro. Para mostrar o que escreve, a poeta faz algumas performances poéticas pelo Beco da Lama, nos corredores do Setor 02 da UFRN ou nos barres de Ponta Negra. “Se eu tiver oportunidade de participar de saraus ou mesmo no final das farras, sempre declamo meus versos”, afirmou.

No seu dia-a-dia, Zefa prefere ficar no anonimato e não gosta de fotografias nem tem redes sociais, apesar dos amigos insistirem em divulgar seus poemas, espalhando-os pelas teias da grande rede. Com uma personalidade forte e a alma alegre, ela promete continuar nas sombras da fama, porém quer continua espalhando seus versos pelos espartilhos nas noites de boemia.


SONETO DE MEL

(Zefa do Potengy)

Aquele homem nada feio

Queria o gosto do meu mel

Me encabulada no alheio

Brechando pelo buraco do tonel

Quando eu tomava banho

Ficava punhetando sem parar

Com aquela venga sem tamanho

Imaginando louca em trepar

Naqueles dedos sebosos e ligeiros

Esfregando docemente na vagina

Feito açoite baboso de um punheteiro

Gozava louca naquela pica enxerida

O cavalo negão chamava de bambina

Lambuzava toda com a gala colorida


MUGANGA NA CAMA

(Zefa do Potengy)

Numa tarde de muganga

Vestida numa tanga

Lá em Cajupiranga

Desfilando feito baranga

Rodeada de capanga

Cheia de bugiganga

Soltando a franga

Chupando uma xandanga

Com gosto doce de manga

Cantei coco alto na moranga

E terminei toda galada na cama.


CLASSIFICADOS ERÓTICOS

(Zefa do Potengy)

Procura-se um macho

Que dedilhe uma vulva

úmida de noites magras

e desejos debochados

Procura-se um homem

Cheirando felação em massa

Com falo roxo em riste alegre

De língua ligeira sem versos

Procura-se um tarado

Querendo me comer

Sem guardar noites

Estourando sêmen verde


MORDENDO OS BEIÇOS

(Zefa do Potengy)



Morder! morder o

hímen adocicado

Um falo feito lâmina

entre duas coxas

do polo ao pólem.


Morder os bicos dos figos

antes que murchos

antes dos dentes

sempre morder

e jamais sugar.


Morder somente a sua semente

antes de agora

antes da aurora

morder e fuder

e arder em mel

o amor.


CANIBALISMO

(Zefa do Potengy)

Sinto sua língua triturando

Minhas entranhas

Vejo seu cacete grande

Entrando em mim

Estou em coma

Coma tudo de mim

E depois,

Cuspa.


RECADO AMOROSO

(Zefa do Potengy)

O que dizer a meus seios

Quando eles notarem

A ausência definitiva

Das tuas mãos?

O que farei com o calor

Entre as pernas

Ainda sentindo molhado

Tua língua lambendo?


GALOPE NA BEIRADO MAR

(Zefa do Potengy)

Na beira do Mar

Cavalguei Num tarado

Com o verbo amar

Feito um galope safado

Na beirado Mar

Chupei jeba latente

Pode me difamar

Fruta dura lactente

Na beira do Mar

Ele me chamava de puta

Deixei me inundar

Gozei feito uma matuta

Na beira do Mar

Nua feito imunda

Fudendo para gamar

Gala que  fecunda


RETRATO

(Zefa do Potengy)

Beijo e lambo

sua boca de baixo.

seus belos cabelos

molhados.

Beijo a barba

com a cara

toda enfiada

e cega.

Beijo e chupo

sem ver nada

com a língua

inteira.

Escrito por Alex Gurgel

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