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A invasão dos Cangueiros

Com a quantidade de motoristas por aplicativos nas ruas, há uma verdadeira proliferação daqueles que não tem nenhuma noção de como dirigir um carro na cidade

Nas ruas de Natal é muito comum se deparar com motoristas fazendo barbeiragens entre os carros, colocando todos em perigo. Muitos deles demonstrando pouca aplicabilidade, pelas atitudes, das Leis de Trânsitos. Com a facilidade de fazer um cadastro on line, a pandemia do Covid-19 fez surgir uma multidão de motoristas por aplicativos em busca de trabalho para um ganho rápido, já que não conseguem uma renda constante em outras profissões. Junto com essa multidão de desempregados que aderiram aos aplicativos, chegam também os motoristas cangueiros.

Vários profissionais também perderam seus empregos e migraram para os aplicativos que oferecem corridas de carro a preços módicos. São engenheiros, advogados, jornalistas, professores, também pedreiros, pintores de paredes, faxineiros, vendedores ambulantes e todo tipo de pessoas que perderam empregos, sejam profissionais com diplomas universitários ou aqueles que não concluíram qualificação profissional.

Sem a menor noção de como se comportar no trânsito, observamos que boa parte desses motoristas estão nas ruas e fazem o que querem porque têm a certeza que não há fiscalização e nem muito menos multas para cangueiros de ocasião. Outro dia, em plena Avenida Rio Branco, centro histórico de Natal, um carro por aplicativo parou em frente ao Sebo Vermelho, ligou o pisca alerta – o famoso “foda-se” – como se o pisca-alerta fosse uma habeas corpus que liga e o motorista pode fazer o que bem entender no meio da rua – na cena, o motorista desce do carro para fazer não sei o quê.

É mais comum do que se imagina alguns motoristas entrarem em curvas sem ligar a sinalização de lateralidade e quando você vai ver quem está dirigindo, nota-se um celular com o GPS ao lado da direção, deduzindo logo que é um motorista por aplicativo. Eles estão em todos os lugares. Nos shoppings há um espaço determinado para o embarque e desembarque de motoristas por aplicativos, mas eles com seus “desvios” fazem questão de congestionar o trânsito quando param no meio da rua, atrapalhando o fluxo dos carros, para o passageiro realizar o embarque ou desembarque do veículo. Muitos deles nem se preocupam em ligar o pisca-alerta e param na maior cara-de-pau, sem a menor preocupação com os demais motoristas.

Na correria da vida, em busca de sustentabilidade financeira outro grupo de mercado para aplicativos se apresenta nas ruas, são os motoboys com seus delivers que para muita gente também formam outras fontes de renda. Como os motoqueiros ganham por entregas, a pressa se tornou o maior inimigo do trânsito, principalmente em momentos de pique, na hora do almoço ou final da tarde, perto da hora do jantar. Na ânsia de ganhar a corrida e ficar pronto para o próximo delivery, o motoqueiro corre entre carros, cruza sinal fechado, faz manobras perigosas na frente dos carros e no cruzamento imprudente na diagonal da via, sobe calçadas, pilota na contramão e faz de tudo para ser rápido. Muitos desses motoqueiros provavelmente “candidatos a defuntos” por causa da prática constante de tantas imprudências em que trafegam loucamente no trânsito das cidades.

O cenário é crítico e levanta uma questão: estão os candidatos ao trabalho por aplicativo em sua seleção para exercer tal atividade, participando de um processo cuidadoso e rígido para obter a “licença” para dirigir carro próprio ou de aluguel? O Departamento Nacional de Trânsito (Detran) tem feito de maneira periódica a avaliação desse profissional do trânsito? Na certa, o que se observa nas ruas ainda   insuficiente, afinal ele vai transportar vidas, e por essa razão deve haver mais exigência em relação ao conhecimento das Leis de trânsito e sua aplicação, como também, uma proposta educativa para averiguar as condições psicológicas dos motoristas e as condições do próprio veículo, além de fiscalização constantemente.

Escrito por Alex Gurgel

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