Sobre

MARROM LANCHES

Na segunda semana de maio, Uma decisão do TSE levou a vereadora Larissa Rosado (União Brasil) a perder o mandato, dando lugar ao primeiro suplente, Marrom Lanches (DC). Paradoxalmente, a decisão foi baseada numa legislação que visa à inclusão maior da mulher na política. No seu primeiro discurso, o novo vereador rebateu as críticas pela substituição de uma mulher por um homem na Câmara, disse que para sanar o problema poderia participar das seções com batom, unha pintada etc. Que declaração infeliz. Poderia ter dito, por exemplo, que apesar de ser homem, usaria o mandato em prol das mulheres.

RACISMO NOS ESTÁDIOS – Não é de hoje que torcedores europeus possuem comportamento racista. Com o passar do tempo, imaginava-se que tais manifestações criminosas fossem diminuindo, mas está acontecendo o contrário, estão crescendo. A principal vítima da vez é o atleta brasileiro Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid, que não tem baixado a cabeça diante das ações racistas, como outros fizeram. Daniel Alves, por exemplo, comia as bananas lançadas no campo. As reações de Vinícius Júnior já têm surtido algum efeito, mas é preciso muito mais. Ante qualquer manifestação racista, o jogo deveria ser paralisado até a identificação e expulsão do estádio do criminoso.  

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MEIO AMBIENTE – É difícil encontrar equilíbrio quando se trata de zelo pelo meio ambiente. Uma ala prega a defesa total e irrestrita, já a outra entende que algumas situações devem ser relevadas em nome do desenvolvimento econômico do país. A expressão-chave para equacionar a questão é “desenvolvimento sustentável”, mais aí também há divergências, pois ninguém sabe apontar seu real significado. Há muitos limites a serem observados, e estes dependem muito da corrente de quem os analisa. É um assunto que invariavelmente será polêmico. Soma-se a isso o fato de ser um tema de interesse global.

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JUIZ DE GARANTIAS – Há mais de três anos, o Legislativo aprovou e o Executivo sancionou o projeto de lei que criou a figura do “juiz de garantias”. A nova regra foi questionada junto ao STF, que até agora não tratou do assunto por obra e arte do ministro Luiz Fux, relator, que se “sentou” no processo. Nos próximos dias, contudo, por força de uma mudança no regimento da Casa, ele terá que liberar o tema para decisão do colegiado. A tendência é que o relator vote pela inconstitucionalidade da lei, mas deverá ser voto vencido. O mais esperado é que a lei seja reconhecida como válida, mas que seu prazo de aplicação seja estendido mais um pouco.

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O que é – A figura do juiz de garantias não é uma jabuticaba, ela já existe em outros lugares do mundo, mas a decisão de trazê-la para o país surgiu após os exageros cometidos pelos juízes da Operação Lava-Jato, sobretudo Sérgio Moro e Marcelo Bretas. O instituto prevê que um magistrado participe da fase de instrução, onde são arroladas as provas, ouvidas as testemunhas, feito o interrogatório; e outro seja o responsável pelo julgamento. Atualmente, tudo é feito pelo mesmo juiz. Caso a mudança ocorra, será uma enorme reviravolta no Judiciário, tanto juridicamente como administrativamente. Completamente justificável a tendência de alongar o tempo para sua implantação.

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LINGUAGEM NEUTRA – A transformação linguística sempre se deu de forma espontânea, natural, por isso tanta resistência em adotar a linguagem neutra com seus “amigues”, “todes”, “muites”. Sempre que escuto alguém pronunciar tais palavras, sinto logo o tom de pilhéria. Nunca vi alguém utilizá-las de forma séria, como se realmente aceitasse a incorporação delas ao nosso léxico. É o contrário do que ocorre com “printar”, “stalkear”, “cancelar”, exemplos de palavras que entraram naturalmente no nosso cotidiano. A linguagem neutra, ao que parece, ainda não recebeu a aceitação da população, e pelo jeito tardará a recebê-la.

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FURTO “QUALIFICADO” – Em 1975, o escritor nigeriano Wole Soyinka, que em 1984 ganharia o Nobel de Literatura, esteve no Brasil com o propósito de furtar a escultura Ori Olokun, obra de seu país de origem que estava na casa do professor Hector Júlio Bernabó, em Salvador (BA). O pretexto da visita era conversar sobre a história da África, assunto de interesse de ambos. Lá pelas tantas o escritor pegou a escultura e colocou numa bolsa. A empreitada deu certo, mas depois ele descobriu que se tratava de uma cópia, e não a original, que está num museu da Inglaterra até hoje. O professor brasileiro não quis mais conversa com o escritor.

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IMPRENSA “LIXO” – Desde a transição a grande imprensa não tem poupado o governo Lula, especialmente o jornal Estado de S. Paulo e seu “terrível editorialista”. E esse é o papel que se espera deles, e que os bolsonaristas não entendem e não aceitam. Apesar das constantes críticas ao governo Lula (PT), ainda não vi nenhum apoiador do presidente afrontar e até agredir repórteres da Folha, Globo, CNN etc., como fazem os bolsonaristas. Esse é apenas um exemplo da diferença entre os dois grupos. Inegavelmente os bolsonaristas são bem mais fanáticos, como se o líder deles fosse um ser divino, acima do bem e do mal. Está mais para religião do que para política.

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MESSIAS JÚNIOR – O jogador brasileiro Messias Júnior, que atualmente defende as cores do Milan da Itália, tem uma história de vida bastante peculiar. Ele saiu do Brasil para Itália em 2011 a fim de ganhar a vida, como se diz, refazendo o caminho de um irmão. Ao chegar ao país, arranjou um emprego de entregador. Nas horas vagas jogava bola em campos de várzea. O seu talento foi descoberto por um olheiro e então em 2016, aos 24 anos, começou a jogar num time da série C do Campeonato Italiano. Daí em diante foi só ascendendo na carreira. Em 2021 foi contratado pelo Milan, onde se encontra até hoje.

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QUE TAL UM SAMBA? – No ano passado o cantor e compositor Chico Buarque lançou o disco “Que Tal um Samba”, tendo como destaque a canção homônima, com uma letra que aparentemente convida para um samba, mas na realidade fala dos tempos sombrios em que vivíamos. Tipo um “vamos esquecer o que está acontecendo no país, vamos para um samba que é melhor”. Isso fica claro em versos como: “Puxar um samba, que tal? / Para espantar o tempo feio / Para remediar o estrago”. A canção ainda fala em “sair do fundo do poço”, e também da importância da cultura, da belezura de um filho negro etc. Grande Chico.

Escrito por Erasmo Firmino

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