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  • O que cola tudo

    Por Natália Chagas

    Rosário acordou cedo para aproveitar ao máximo possível aquele dia livre. O marido tinha ido pescar no fim de semana como era sua forma de relaxar sempre que estava tenso. Naqueles dias muitos problemas haviam se acumulado no escritório, então ele decretou sua alforria para descansar a mente e o corpo. Mal sabia ele que por detrás de todo apoio de Rosário havia uma certa satisfação em poder ficar um tempo para si, apenas isso que ela queria, respiro e autocuidado. Era uma das coisas boas naquele casamento bem-sucedido, os dois cuidavam para poder cultivar a relação. Imediatamente, Rosário deu a liberação, que não era sempre, para que os três filhos fossem para a casa da avó paterna na cidade vizinha. Sendo um ambiente interiorano, eles conseguiam brincar na rua com muitos amigos, e a avó cuidava deles como ninguém, e ainda lhes dava todo mimo do mundo. Assim todo mundo ficava feliz.

    Então naquele sábado, Rosário resolveu cuidar de si. Limpeza de pele, banheira quente por tempo indeterminado, vinho e queijos, almoço lento e principalmente silêncio. Ela sentia falta de estar com os próprios pensamentos como fazia quando solteira, de ter tempo para se organizar e poder parar quando quisesse. Era tudo que ela queria depois de um longo período de turbulência. Por isso, ela se sentiu livre ao acordar e ter apenas Maria em casa. Rolou na cama alguns minutos tentando clarear a mente de todos os problemas que não tinham solução naquele momento. “Pensar sem agir causa estresse e má digestão. Saber que os problemas existem é uma coisa, vive-los antes do tempo é burrice.” – repetia para si mesma as palavras de sua mãe. Uma batida na porta:

    – Bom dia, vim ver o que a senhora quer para o dia. – disse Maria.

    – Maria, gostaria de um café e umas torradas aqui na cama, por favor. Serei dondoca hoje. Mas depois do café, queria que você fosse na feira de Duquesa para fazer umas compras de verduras frescas e peixe. Eu sei que é longe, mas também sei que sua irmã mora por lá. Você pode aproveitar e fazer uma visita a ela.

    Maria sorriu ao ver a patroa cuidando de si e dela. Era bom trabalhar na casa porque Rosário garantia todos os direitos de trabalhadora e a tratava bem. Era bem diferente da outra casa que ela trabalhou antes. Ela havia sido vendida pelos pais aos tios de Rosário que a tratavam mal. Rosário tirou Maria daquela casa, matriculou a moça em um supletivo para garantir sua formação e ajudou a recriar laços com a família que ela tinha cultivado tanto rancor.

    – Eu fico muito feliz de poder ir na casa de minha irmã, mas quem vai cuidar do seu almoço? Nessa toada, vou acabar chegando só de tardezinha.

    – Pode deixar que eu mesma faço no meu tempo. Quero apenas bastante café para o dia todo, e agora mais cedo minhas torradas com bastante manteiga e o pote de mel para eu me lambuzar. – Sorriu.

    Maria saiu e foi buscar o café. Rosário abriu sua gaveta no criado-mudo, e foi tirando uma série de coisas que havia postergado por não serem emergenciais. Uma carta que havia iniciado para sua amiga Lívia, agora morando em Portugal, não era emergencial por trocas de mensagens no zap, mas era um desejo das duas que pudessem trocar correspondências como faziam antigamente; um prato de parede que caiu e rachou bem ao meio facilmente reparado com uma cola forte haveria em algum momento de voltar a decorar sua casa; a máscara de lama que sua prima havia lhe trazido de Araxá que nunca havia sido usado pois os filhos não lhe deixariam em paz com a cara enlameada foi o primeiro dos itens a ser colocado em ação.

    Quando Maria entrou com o café dentro do quarto chegou a levar um susto com Rosário e seu rosto marrom.

    – Cruzes, dona Rosário! O que é isso?

    – É um creme que dizem limpar e tratar o rosto. Estou testando. Maria, por favor, me traga a superbonder que fica na geladeira para eu consertar este prato, e minha carteira para eu te dar dinheiro para o transporte e compras.

    – Não quer que eu conserte para a senhora?

    – Não, pode deixar. Quero que você vá às compras o quanto antes para que pegue as verduras mais frescas possíveis. passe na peixaria de Osvaldo e diga que esta lista de peixes é para mim. Ele vai escolher a dedo, tenho certeza. – Entregou a Maria as duas listas, e retomou sua carta para Lívia.

    Leu aquele início de escrita com calma e atenção. Viu o tanto que estava desatualizada em suas notícias, tirou o papel, rasgou e começou a pensar como gostaria que a carta fosse. Nada de notícias, estas podiam ser dadas imediatamente no mundo virtual, nada de tristezas, estas seria melhor nem dar. Resolveu escrever entre desabafos e filosofia.

    Maria entrou novamente com a carteira e a cola:

    – Trouxe a garrafa de café, porque pelo jeito a senhora vai ficar aqui ainda por algum tempo.

    – Ah, Maria! O que seria de mim sem você? Tome dinheiro para uber e compras. Estou lhe dando dinheiro para ir de carro, se quiser economizar com moto na ida, sem problemas, inclusive compre um presente para seu sobrinho. Mas por favor, volte de carro, tá?

    – Sim, senhora.

    E Maria a deixou só com seu café, seu silêncio e pensamentos. Ainda pensado sobre a carta, colou o prato, que imediatamente, se transformou em quase novo. Mal se percebia o trincado. Levantou-se da cama para ir ao banheiro com a cola na mão, e quando ia fechá-la, viu que um pingo dela caiu no chão. Quase como um instinto de limpeza, colocou o dedo indicador por cima para tirar do chão e jogar fora. A cola, bem mais rápida que ela, grudou seu dedo ao chão. Sentiu o dedo queimar e um sensação uma força gravitacional puxando seu dedo para baixo. Ainda ouviu o portão bater, e sabia que Maria não ouviria seu chamado já que os quartos eram na parte de trás da casa bem distante da saída.

    Rosário tentou puxar o dedo, descascar a cola com as unhas da mão esquerda, temia que perdesse pedaço da pele do indicador ao arrancar de uma vez para se desgrudar dali. Olhou para a cama, e viu no criado-mudo do outro lado seu celular. Não conseguiria alcançar estando presa ao chão e naquela posição. Bem à sua esquerda estava a cama, imediatamente à sua direita se deparava com a parede, e em suas costas o criado-mudo do marido. Não conseguia esticar as pernas para nenhum lado. Ficou ali por alguns minutos, tentando ter uma brilhante ideia e nada lhe vinha à mente.

    Resignada, sentou-se de pernas abertas com o dedo bem à sua frente sem ter o que fazer. Olhava para o chão, e via as sujeiras acumuladas em cantinhos que não percebia ou não faziam diferença. Refletiu sobre quantas coisas passavam por sua vida desapercebidas por falta de atenção ou até mesmo pela escolha cômoda da negligência. Pensou em seus filhos e em como os amava mas o tanto de tempo que eles lhe sugavam com coisas que eles mesmos podiam resolver. Um dever de casa sozinhos, a arrumação de quartos e até mesmo a preparação da merenda da escola poderiam fazer parte de suas tarefas para criar uma independência. Lembrou-se do tanto que sofreu quando teve de ir para a capital estudar porque sua mãe nunca havia demarcado o território da disciplina para a liberdade. Ela não queria que seus filhos sofressem, então era melhor penar com ela na exigência do que no mundo apanhando. Decidiu mudar sua orientação na educação com as crianças. Assim que Afonso chegasse iria discutir isso com ele.

    Olhou para sua cama. Lembrou de um tempo em que Afonso não conseguia tirar as mãos de seu corpo. Fechou os olhos e a imagem dos dois na semana que passaram sozinhos em uma casa em Ubatuba completamente pelados com noites e dias de total tesão e carinho como se o mundo fosse apenas aquilo, ou como se só aquilo importasse. Nem viram a cor do mar ou do céu. Viram apenas um ao outro. Olhou novamente para sua cama, e se deu conta que há mais de dois meses não transavam com a velha desculpa do cansaço ou correria. Virou-se levemente, até o ponto que dava, para suas costas, olhou para a gaveta dos pertences pessoais de seu marido. Aquele, junto com o escritório, era o ponto da casa de privacidade total. Ponderou que apenas ela respeitava esse contrato. Não havia limites para ele no meio das coisas dela. Debateu consigo mesma se abria ou não aquela caixa de Pandora. O que poderia haver lá? E se achasse algo suspeito ou comprometedor, o que faria? Entre a curiosidade e o medo, chorou.

    Olhou novamente para o celular do outro lado da cama. Se pudesse pegá-lo, para quem ligaria? Seus pais já falecidos, seus dois irmãos morando distante, sua amiga em Portugal. Nenhum deles poderiam ajudar naquele momento surreal. Deu-se conta que seus laços mais fortes não passavam de sua juventude. Na vida adulta, ao se dedicar a casamento e filhos, não poderia contar com ninguém. Apenas Maria, que não estava lá. Não poderia impor uma amizade sem uma relação direta de paridade social ou de poder. Seria abuso de sua parte. Era uma grande parceira do dia-a-dia, mas não seria uma amizade real se não fossem iguais. Sentiu naquele momento a solidão de quem não se colocou na própria vida. Percebia que era figurante ao invés de sua protagonista. Novamente chorou com dó de si mesma.

    Cansada, conseguiu colocar as pernas para debaixo da cama e esticar seu corpo. Permitiu-se o xixi que segurava há algumas horas e as lágrimas de alguns anos. Dormiu chorando.

    Acordou com o chamado de Maria no escuro.

    – Maria, estou aqui debaixo da cama.

    – O que a senhora faz aí?

    – Estou pensando na vida. – Gargalhou da própria situação incômoda. – Vá, pegue acetona. Meu dedo grudou com superbonder no chão. Encharque o algodão e esfregue entre meu dedo e o chão, e me tire dessa situação em que me encontro.

    Enquanto Maria, delicadamente, e aos poucos descolava o dedo da patroa, Rosário pensava em escolhas e opções. Distribuía em sua mente uma série de possibilidades para onde poderia ir com sua vida, e como poderia se descolar da vida dos outros e ser livre. Uma coisa era certa: ela era sua própria vida daí em diante.

  • O Gambito de Lawrence

    As manchetes aqui, ali e acolá, sempre dão conta de que ele é um jovem, experiente, moderado, conciliador, que joga no ataque mas não esquecendo na defesa, e que defende as boas práticas políticas e a inovação na gestão. Basta uma rápida pesquisa e quem não conhece pessoalmente o presidente da Câmara Municipal de Mossoró e pré-candidato a prefeito Lawrence Amorim vai ter uma ideia de seu perfil.

    Encarando como uma missão em um tabuleiro até bem pouco muito morno da política mossoroense, aquém das grandes e memoráveis disputas de outrora, a convocação do PSDB para sair candidato a prefeito do município nas eleições de outubro, Lawrence quer discutir os problemas da cidade com todos os segmentos possíveis, entidades, categorias e população em geral. “Estamos formando um grupo de pessoas para pensar o município de Mossoró, para que aquilo que está dando certo tenha continuidade e, aquilo que não foi feito, que poderia ter sido feito, que o município teve as condições de fazer, mas não fez, seja implementado”, disse Lawrence, em entrevista recente a uma emissora de rádio.

    Para o pré-candidato, Mossoró precisa ter um leque maior de pessoas pensando a cidade, que as decisões não sejam tão centralizadas. “Mossoró é um município muito grande, muito importante, polo de toda a uma região, e precisamos que Mossoró também esteja aberto a trazer parcerias. Seja de pessoas que estão dentro da política, com mandatos, seja de pessoas que podem contribuir através da sua dedicação, das suas ideias”, acredita.

    Com o apoio já declarado do PT, PV, PCdoB, PSB e PSDB, Lawrence segue conversando. “Estamos construindo uma aliança democrática, pensando em soluções para a Mossoró de hoje e do amanhã”.

    Mesmo com um movimento de resistência no campo progressista ao nome ao seu nome por ele ter votado em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, Lawrence agradece ao apoio recebido e diz que o importante neste momento é “unir forças”.

    Até recentemente aliado do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), o pré-candidato Lawrence Amorim diz que pessoalmente não tem nada contra o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), mas entende que é hora de “debater ideias e projetos e que possa, realmente, fazer política olhando no olho e assumindo e cumprindo compromissos, a gente tem de ter menos discursos nas redes sociais e mais ações”.

    Ele também defende o alto nível do debate político na campanha eleitoral deste ano: “Acredito que o povo de Mossoró, a sociedade mossoroense, merece uma campanha propositiva de ambas as partes. Merece uma campanha em que se mostre o que pode ser feito por nossa cidade, e não uma campanha de ataques pessoais. Isso não interessa a população”.

    Presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB no RN, Ezequiel Ferreira reforça o posicionamento do vereador Lawrence Amorim, como forma de tirar Allyson da zona de conforto: “Fortalecimento de pré-candidaturas se faz com diálogo, trazendo partidos para se juntar ao PSDB e fazer as mudanças que Mossoró começa a sinalizar”.

    Com pesquisas divulgadas que o colocam com até 80% de aprovação, Allyson é candidato à reeleição e até o momento está confortável no Palácio da Resistência.

    “Zona de conforto em política é sempre perigoso, porque em política ou eleição só se acaba quando contam votos”, diz Ezequiel, lembrando que com o próprio Allyson foi assim. “A vitória de Allyson Bezerra em cima de Rosalba Ciarlini, estava sentada na cadeira de prefeita, de uma família tradicional de Mossoró e Allyson saiu da Assembleia, com dois anos de deputado estadual, quando ninguém acreditava, tirou Rosalba da zona de conforto”.

    Para Lawrence, mesmo com aprovação de seu adversário, este é o momento. “Não porque ele ‘está fraco ou caindo a popularidade’, e mesmo com todo o favoritismo, a democracia precisa de pessoas que façam o contraponto para o desenvolvimento da cidade, da região Oeste e do Rio Grande do Norte”.

    Com uma trajetória política exitosa, antes dos 30 anos já tinha sido eleito e reeleito prefeito da cidade de Almino Afonso, município do Médio Oeste potiguar e terra de sua família, se destacando por estar sempre aberto ao diálogo com a comunidade, na busca de soluções para os problemas locais.

    Em 2018, disputou uma cadeira na Câmara dos Deputados e conquistou a primeira suplência da coligação. “Lawrence é uma nova liderança, que vem galgando espaços e destaques não só em Mossoró, mas na região e no Estado. Ele foi candidato a deputado e chegou a quase 60 mil votos, tendo 33 mil votos somente em Mossoró, obtendo a maior votação da história para um federal. Lawrence chega e terá carta branca do PSDB para as Eleições 2024”, diz o presidente estadual do PSDB, deputado Ezequiel Ferreira.

    Em 2020, foi eleito vereador da Câmara Municipal de Mossoró. E em 2021, foi eleito, por unanimidade entre os 23 vereadores do Poder Legislativo mossoroense, o presidente da Câmara para o biênio 2021/2022 e reeleito.

    Na busca em ampliar seu leque de alianças para as eleições deste ano, Lawrence Amorim disse que não tem preconceito em relação a nenhum outro grupo político e aceita conversar com todo mundo. “Não temos nenhum problema de sentar à mesa de nenhum partido, sempre fiz política de forma moderada, não tenho inimigos políticos, tenho adversários políticos”, diz.

    Sobre as provocações que ora estão só começando numa eleição que promete ser inédita – sem Rosalba ou Rosados como candidatos -,  Lawrence afirma sem medo: “Eu sou sim um político de posição, não fico em cima do muro. Político que teve a coragem apoiar o atual prefeito em 2020, quando ainda ninguém acreditava na sua vitória, que não se escondeu no segundo turno da campanha de 2022, que agora em 2024 teve a coragem de se posicionar ao não mais concordar com o rumo que tomou a gestão municipal e sua forma de fazer política. Então, eu quero debater e discutir os problemas de Mossoró neste pleito municipal”.

    Que Lawrence é ciclista, muitos já sabem. Falta agora saber se ele é bom de xadrez.

  • Perfeita

    Os três sempre se encontravam no mesmo bar, no mesmo dia, no mesmo horário. Muito raramente faltavam. Desde a faculdade quando tiveram de se separar por diferentes escolhas de profissão, toda semana estavam os três naquele encontro que chamavam de “reduto dos imortais”. Daniel queria que fosse reduto dos imorais, mas Fábio, temeroso que alguém os ouvisse, acrescentou uma letra. O que interessava, na verdade, era que estavam juntos.

    Eles ali sentavam, falavam da semana, riam do cotidiano, e resgatavam o passado. Sempre os três. Mais ninguém. Eram solteiros do estilo orgulhosos de não firmarem compromisso. Nico acreditava piamente que aquilo gerava uma boa impressão aos olhos pois criava um ar distinto entre o funcional e bem-sucedido.

    Para eles, aquilo era um momento inigualável. Se algo mais forte como uma doença os impossibilitava de ir ao encontro era uma falta imensa que os aturdia. Daniel descrevia que as ausências ao encontro faziam um efeito de que algo muito forte lhes faltava, quase como perdessem um pedaço de si mesmo.

    Eles não sabiam dizer exatamente, mas lá iam quinze anos de encontros. Não que pensassem muito sobre a razão do ritual, mas sempre havia alguém que os questionava. E sempre os três. Sem mais, nem menos.

    Naquela semana, uma coisa mudou tudo. A mãe de Daniel havia morrido. Mais do que nunca era necessário aquele encontro. O amigo se sentia perdido, desolado, precisava desabafar. A dor de Daniel comoveu a todos tornando aquele encontro um tanto mais suscetível a sensibilidade. Em sua crise quase existencial, Daniel começou:

    – Que merda estamos fazendo das nossas vidas vivendo sozinhos por aí? Por que nunca temos ninguém? Vocês não estão cansados disso? Não sentem que falta algo?

    – Cara, você não consegue enxergar neste momento, mas isso é só a dor. – Disse Nico. – É a visão a partir da perda. Se acalme, homem.

    – Isso! – Completou Fábio – Ouça o que estamos te dizendo.

    Um silêncio se instaurou por quase um minuto naquela falta que ninguém via o que dizer.

    Uma lágrima de Daniel caiu e ele soltou:

    – Não aguento! Tenho que falar! Me falta uma mulher. Não posso mais viver sozinho.

    Ele se levantou e saiu.

    Na semana seguinte, ele retornou um novo homem. Havia conhecido Laura. A mulher mais linda que ele já tinha posto os olhos. A palavra que ele conseguia descrevê-la era perfeita. Cabelos castanhos, olhos amendoados e sorriso gigante. Um pouco tímida, mas muito generosa e absolutamente inteligente. “Vocês têm que conhecer Laura!” A frase mudou tudo em Fábio e Nico.

    Passada uma semana, Fábio veio com a notícia da felicidade eterna. Havia encontrado a mulher da sua vida. Nada era tão estonteante quanto Gisele. Cabelos dourados, olhos esverdeados e pele roseada vibrante. Alegre, divertida e muito engraçada. “Vamos ter que marcar para vocês conhecerem.”

    Mais uma semana se passou e a vez era de Nico. “Pense na personificação da perfeição” – era Lívia para o homem sorridente. Morena com olhos de jabuticaba, esperta, atenta a tudo em seu entorno. Nada passa desapercebido por ela. “Preciso que vocês a conheçam.”

    Marcado para a semana seguinte, o encontro foi combinado que cada um levasse sua parceira. O primeiro a chegar foram Daniel e sua Laura. Fábio achou descortês da moça ao não se levantar para cumprimentar quando chegaram. E Daniel, apesar de reconhecer uma beleza deslumbrante de Gisele, estranhou bastante ao não ouvir um sussurro sequer da moça, que sorria e acenava sempre muito simpática. O assunto parou com a chegada de Lívia. Houve um certo estranhamento quando viram ser necessário duas cadeiras para a moça se sentar.

    Por mais uma hora, conversavam alegremente entre casos da vida e piadas em uma total interação de todos da mesa, incluindo participações construtivas e emudecidas da tímida Gisele. Até que em um determinado momento, Lívia decidiu que não tinha como mais adiar e levantou-se em direção ao banheiro. Gisele acenou com a mão que tinha o mesmo propósito. Em sequência, Laura ajustou sua perna mecânica e pegou a bengala para seguir com as outras moças.

    Os homens ficaram sozinhos olhando uns aos outros. Daniel não se aguentou e disse:

    – Rapazes, ganhamos na mega sena com essas mulheres!

  • Evento gratuito: Festival de Música chega à grande final e divulga nomes dos finalistas que se apresentam no Teatro Riachuelo nesta quinta-feira

    A etapa do Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções é aberta ao público, apresenta os 12 finalistas da edição e conta com shows de Khrystal, Alan Persa, Bia Gurgel e SESI Big Band

    A etapa do Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções é aberta ao público, apresenta os 12 finalistas da edição e conta com shows de Khrystal, Alan Persa, Bia Gurgel e SESI Big Band

    Na próxima quinta-feira, 30 de maio, o Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções ocupa o Teatro Riachuelo com o melhor da música. O evento é gratuito e aberto ao público de todas as idades, mediante retirada de ingresso pelo Sympla.com https://www.sympla.com.br/evento/festival-do-industriario-sesi-entoando-cancoes-final/2456181. Com início às 20h, a noite marca a Etapa Final desta importante ação desenvolvida pelo SESI/RN junto com a FIERN, direcionada aos trabalhadores da indústria do Rio Grande do Norte com foco na descoberta de novos talentos musicais. Na programação da noite, shows de Khrystal, Alan Persa, Bia Gurgel com a Orquestra SESI Big Band.

    As etapas semifinais foram divididas em três partes por regional, sendo a primeira em Natal, em seguida Caicó e por fim, na última sexta-feira (24), em Mossoró, evento realizado no Auditório SESI local. A seletiva contou com a presença do presidente da FIERN, Roberto Serquiz, e de comitiva de diretores e gestores do Sistema FIERN que participaram de missão empresarial à Região Oeste do RN.

    Nessas etapas foram escolhidos os finalistas de cada polo que concorreram em duas categorias: Interpretação e Autoral. Agora os candidatos seguem para as apresentações finais no importante palco do Teatro Riachuelo (dia 30) para todo o público potiguar. Confira a lista com o nome, empresa e cidade dos finalistas do Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções:

    Regional Natal

    – Anne Torres – CAERN – Natal/RN (Interpretação)

    – Maju Freitas – 3 Corações S/A – Natal/RN (Interpretação)

    – Val Souto – Vicunha Jeans Identity – Ceará Mirim (Autoral)

    -Gleidson Guedes – Iane Indústria de Alimentos do Nordeste – Goianinha (Autoral)

    Regional Caicó

    – Alex Sandro Fernandes Silva – Chapéus Pinotty – Caicó (Interpretação)

    – Maria da Paz Souza de Macedo – Nobre I – Jardim do Seridó (Interpretação)

    – Maria de Fátima da S. Souza – Elcione Magda Vital – Santa Cruz (Autoral)

    – Thalis Richard Medeiros de Oliveira – Massas Suprema – Santa Cruz (Autoral)

    Regional Mossoró

    – Ednardo Nobre dos Santos – EBS Perfurações – Mossoró (Interpretação);

    – Verlania Barreto da Silva – VIPETRO – Alto do Rodrigues (Interpretação);

    – Anderson Roberto de Lima – Mamsal Mossoró Salineira LTDA – Mossoró (Autoral);

    – Rhamon Higino Bezerra de Jesus – Massas Santo Antônio – Mossoró (Autoral)

    Todos receberam troféu, prêmio em dinheiro no valor de 1 mil reais e participação de preparação vocal e cênica com especialistas, que acontece nos dias 28 e 29 de maio.

    Na categoria “Melhor Torcida”, quem levou o prêmio na etapa Mossoró foi a candidata Verlania Barreto, da VIPETRO – Alto do Rodrigues, conquistando duas premiações na noite: finalista e melhor torcida.

    Sobre o Festival

    O Festival, que tem como objetivo celebrar o Dia da Indústria (comemorado no dia 25), estimular a criação artística musical dos industriários, descobrir novos talentos, fomentar e difundir a produção musical do estado, é realizado pelo SESI com co-realização da FIERN. Uma ação que fortalece o SESI como protagonista no incentivo cultural do Rio Grande do Norte. Para mais informações sobre o Festival, siga @sesirn.

  • Eduardo Leite sabia sobre as enchentes

    Tá na rede e não é segredo pra ninguém que o governador Eduardo Leite (PSDB) sabi da existência de estudos que apontavam para a possibilidade de fortes chuvas e inundações no Rio Grande do Sul, mas justificou a falta de medidas preventivas mais robustas pela necessidade de priorizar outras áreas.

    “Estudos existiam, sim. Mas quando assumimos o governo, o estado enfrentava uma grave crise fiscal, com dificuldades em pagar salários, hospitais e municípios. Nossa prioridade era restabelecer a capacidade fiscal do estado para garantir serviços básicos à população”, afirmou Leite.

    Com a crise fiscal superada, segundo o governador, o governo estadual agora tem condições de se concentrar na reconstrução das áreas afetadas pelas enchentes. “Cumprimos a tarefa de sanear as contas do estado e agora estamos enfrentando essa crise com capacidade fiscal”, declarou Leite.

    O belo disse que agora pode  “se concentrar na reconstrução das áreas afetadas pelas enchentes. Quer dizer, esperou uma catástrofe acontecer para se mexer.

    Inacreditável.

    O governador ainda ressaltou a necessidade de união de esforços para a reconstrução do estado. “É um momento de união. Não há espaço para disputas políticas. Precisamos trabalhar juntos para superar essa crise o mais rápido possível”.

    Uma crise e dezenas de mortes que poderiam ter sido evitadas.

    Inaceitável.

  • MinC prorroga inscrições para editais que vão selecionar Agentes Territoriais de Cultura

    Novo prazo vai até o dia 10 de junho em todo o país

    Novo prazo vai até o dia 10 de junho em todo o país

    O prazo para inscrição nos editais que vão selecionar Agentes Territoriais de Cultura em todo o país foi prorrogado até o dia 10 de junho. A decisão foi anunciada nesta segunda (27), data em que as inscrições seriam encerradas nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. O Sul já tinha um prazo maior, diante da situação de calamidade provocada pelas enchentes.

    A diretora de Articulação e Governança (DAG), da Secretaria dos Comitês de Cultura (SCC), Desiree Tozi, explica que estender o calendário para o Brasil todo é uma forma de atender às solicitações de pessoas interessadas de outras regiões, que também estão enfrentando algum tipo de dificuldade.

    “Nós promovemos uma live tira-dúvidas sobre o edital e recebemos muitas solicitações para prorrogação. Como nosso objetivo é chegar a todos os territórios do país, precisamos considerar as peculiaridades de cada local. E como o prazo já era diferente para o Sul, entendemos que não haverá prejuízo em prorrogar o processo todo em duas semanas”, avaliou.

    A live sobre o edital foi realizada na sexta (22) e está disponível na íntegra no canal do Ministério da Cultura (MinC) no Youtube. Assista aqui o vídeo completo.

    Editais

    São cinco editais, um por região do país,  lançados em parceria com os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Goiás e Sul-rio-grandense. A ideia é selecionar pessoas físicas com conhecimento sobre as dinâmicas culturais de suas comunidades. Ao todo, serão escolhidos 601 agentes para  desenvolver atividades de promoção do acesso à cultura em seus territórios. Clique aqui para acessar o edital resumido dos Agentes Territoriais de Cultura.

    Cada agente vai receber uma bolsa mensal de R$ 1.200, além de um auxílio de inclusão digital de R$ 25 por mês, pelo período que durar o termo de colaboração (12 meses prorrogáveis por igual período). As pessoas selecionadas também vão ganhar um auxílio de R$ 1.000, pago em parcela única, para garantir acesso a equipamentos eletrônicos, como aparelho de telefone celular.

    Participação social

    Selecionar Agentes Territoriais de Cultura é parte da estratégia de implementação do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), pensado para levar o acesso às políticas públicas a todos os territórios do país. O objetivo é fortalecer a democracia e a participação popular e cidadã no âmbito das políticas culturais e do Sistema Nacional de Cultura (SNC).

    Cada agente selecionado vai receber formação continuada, por meio de cursos exclusivos que serão oferecidos pelos Institutos Federais,  e realizar atividades de mapeamento participativo, comunicação e mobilização social dentro de seus territórios.

    Podem concorrer pessoas a partir de 18 anos, que sejam alfabetizadas e tenham habilidades mínimas no uso de tecnologias digitais. Além disso, é preciso ter disponibilidade de 20 horas semanais para execução das atividades.

    Prazos e vagas

    A seleção vai contemplar todas as regiões do país. O número de vagas para cada uma delas é diferente porque a distribuição é feita para atender as chamadas Regiões Imediatas.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses territórios são agrupamentos de municípios que têm o mesmo centro urbano como base. Sendo assim, locais que compartilham identidades culturais, econômicas, possibilidades de deslocamentos em transportes coletivos, rede de educação e serviços de saúde, por exemplo.

    Para contemplar as 510 Regiões Imediatas do IBGE, a região Norte tem 64 vagas; Centro-Oeste, 56; Nordeste, 175; Sudeste, 203; e o Sul, 103 vagas.

    O novo prazo para inscrições termina no dia 10 de junho em todo o país. O cronograma dos editais pode ser acompanhado nas páginas dos respectivos Institutos Federais:

  • Peso pesado

    Autolançado pré-candidado à prefeito de Natal em maio do ano passado, o general Eliezer Girão (PL) não conseguiu arregimentar nem um soldado e um cabo às suas pretensões e anunciou apoio a Paulinho Freire, do União Brasil.

    Herança nefasta da então governadora Rosalba Ciarlini que o importou para Secretário de Segurança Pública, o cearense está em seu segundo mandato como deputado federal e representa a extrema-direita com louvor.

    Em suas redes sociais e pronunciamentos, o general costuma espalhar bravatas e absurdos, não dispensando um lacre mesmo que isso resulte em prejuízo à população. Recentemente, a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), com apoio de deputados do Psol, protocolou uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR), contra sete deputados federais, por disseminação de fake news sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre eles, o general Girão.

    “É inacreditável que, diante da maior catástrofe climática do Brasil, parlamentares se utilizem da sua posição para propagar fake news, atrapalhando o trabalho de agentes públicos, autoridades, voluntários, dificultando o socorro rápido, criando confusão, propagando ainda mais o caos, e fazendo com que quem já está sofrendo, sofra ainda mais. É desumano e criminoso”, afirma Fernanda em nota a imprensa.

    Girão também é alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal – STF por possível participação nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

    Em despacho assinado por Alexandre de Moraes, em 15 de abril de 2024, o ministro associa Girão à “possibilidade de caracterização dos crimes de associação criminosa, incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”.

    Em julho de 2023, o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura do inquérito para apurar suposta incitação aos atos pelo deputado Girão. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal.

    Em 19 de outubro, a Polícia Federal encaminhou relatório final aos autos. O documento da PF concluiu que ficou clara a conduta do General Girão de questionar o sistema eleitoral brasileiro e levantar dúvidas sobre a conduta do Poder Judiciário, bem como protestar por intervenção nas Forças Armadas.

    “Diante da atividade recente do representado nas redes sociais e no desempenho de seu mandato, fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas”, diz um trecho do relatório.

    Apesar de viver declarando seu amor à Constituição, o general chegou a sugerir no último dia 24 o fechamento do Congresso Nacional como forma de se rebelar contra o sistema judiciário do país.

    É de espantar que um deputado eleito e empossado clame pelo fechamento do parlamento – sob quaisquer pretextos – num regime democrático. 

    O parlamentar defende as “Bancadas Evangélica, Católica, do Agro e Da Bala” e apesar de dizer que faz “política sempre procurando unir as forças”, não é fã do contraditório e aposta alto na polarização ideológica.

    No evento em que declarou seu apoio à pré-candidatura de Paulinho Freire ao Palácio Felipe Camarão, o general destacou a ‘força’ dos partidos que apoiam a empreitada.  Para ele, o PL ao lado do PP e Podemos, partidos presididos no Rio Grande do Norte por Rogério Marinho, pelo deputado federal João Maia e o senador Styvenson Valentim, e aos demais partidos (PSDB e Republicanos), “reúnem uma grande força política para mostrar a população de Natal que é possível sim, evitar que a esquerda amplie o poder que perdeu há muito tempo” (sic).

    Para Freire, o apoio do general Girão é muito importante “por sua história e seu passado, por defender princípios e valores que eu defendo”. O deputado ainda destacou que “Existem pessoas ligadas ao general Girão que vão engordar ainda mais a nossa frente de partidas. São pessoas do bem que se vão se juntar”.

    Presidente do União Brasil, o ex-senador Agripino Maia declarou seu contentamento com o apoio, mas fez questão de enfatizar que o seu partido é de Centro e a campanha será de ‘centro democrático’.

    Pelo visto, com a experiência que tem, Agripino sabe muito bem que tudo que é demais é demasia e que certos apoios podem significar mais tempo na propaganda e mais financiamento, mas que também podem ser um peso muito grande para carregar.

    Aqui, para nós da redação da Papangu, sem medo de ofender os imbecis e os desinteligentes naturais, uma candidatura que reúne tantos próceres direitistas e promete juntar ‘pessoas de bem’, o único centro que conseguimos vislumbrar com tal aliança é aquele mesmo em que você está pensando.

  • Show de Rachadinhas

    Tá na Rede, e não é nada sobre aquela família que tem mais de uma centena de imóveis comprados com dinheiro vivo, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou a organização de shows musicais para arrecadação de recursos para campanhas a prefeito e vereador nas eleições de 2024 com a presença e manifestação dos candidatos.

    Os shows de arrecadação são eventos pagos em que o artista doa a receita obtida com ingressos para a campanha – diferentes dos showmícios, com entrada franca e cachês pagos pelos candidatos. A decisão tomada pela Corte acolhe um pleito da classe artística e avança em relação à jurisprudência de eleições anteriores ao autorizar explicitamente o comparecimento e o discurso de candidatos nas apresentações.

    A medida está entre as 12 resoluções aprovadas pelo tribunal nesta terça-feira (27), regulamentando o pleito deste ano – entre elas o estabelecimento de regras rigorosas para o uso de inteligência artificial pelas campanhas.

    A liberação da participação dos candidatos em shows de arrecadação para campanhas foi defendida em audiências públicas do TSE pela associação Procure Saber, presidida pela produtora cultural Paula Lavigne e representada pelo advogado Lucas Lazari.

    Com isso fica a pergunta: vão acabar o fundo eleitoral bilionário que o Governo Federal repassa aos partidos para custear as campanhas eleitorais?