Últimas histórias

  • Braga Netto é tido pela PF como “influenciador” de golpe no Exército e responsável por viabilizar tropas

    Deu na Reuters, está na Rede, que a Polícia Federal investiga a participação do general da reserva Walter Braga Netto na preparação para viagem a Brasília e alojamento de militares com treinamento de forças especiais após a eleição de 2022 à época das discussões no núcleo do governo Bolsonaro para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. É o que mostram documentos vistos pela Reuters.

    A investigação, também confirmada por duas fontes que acompanham o inquérito, aponta que o ex-ministro da Casa Civil e companheiro de chapa de Jair Bolsonaro na eleição, teria tido participação ativa e decisiva na preparação para uma tentativa de golpe, disseram as fontes. Ao longo do inquérito, ficou claro que o general da reserva teve papel central especialmente como influenciador dentro do Exército.

    Foi na casa do general da reserva que teria sido discutido pela primeira vez como levantar os recursos necessários para levar a Brasília homens do Exército com treinamento para fomentar insurgências, os chamados “kids pretos” por conta do gorro escuro que usam, de acordo com os documentos.

    “Braga Netto atuava como um incentivador e influenciador dentre os demais comandantes do Exército. E há suspeitas de que ele buscava meios para financiar os acampamentos”, disse a fonte, fazendo referência aos acampamentos montados por bolsonaristas em frente a instalações do Exército pedindo uma intervenção para impedir a posse de Lula.

    Braga Netto foi alvo de busca e apreensão na operação Tempus Veritatis” (hora da verdade, em latim), feita pela PF no início de fevereiro e que atingiu o núcleo central de militares e civis do governo Bolsonaro envolvidos na tentativa de golpe, e foi proibido de manter contato com Bolsonaro e com outros integrantes do grupo.

    Em seu depoimento, como acusado, o general se recusou a responder perguntas dos policiais federais.

    Que fogueira o Brasil pulou, hem?

  • Caldo de Bila

    O deputado federal Robinson Faria (PL) é o novo coordenador da bancada do Rio Grande do Norte no Congresso Nacional e, com isso, tem a atribuição de sistematizar as sugestões das emendas parlamentares durante elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) da União, além de ter acentuada a responsabilidade de defender e lutar pelos interesses do estado.

    “Agradeço a confiança dos parlamentares que me elegeram coordenador da bancada federal do Rio Grande do Norte. Pretendo agregar minha experiência na vida pública nesta importante missão, em que junto a meus pares, faremos um trabalho compartilhado de articulação em defesa do (sic) interesses do RN”, disse o new coordenador em suas redes sociais.

    Eleito deputado federal em 2018 com 97.319 votos, Robinson Faria (PL) já foi deputado estadual por seis mandatos, quando presidiu a Assembleia Legislativa do RN durante 8 anos — quem não lembra da Dama de Espadas Ritinha Mercês Reinaldo, a quem o presida “compartilhava” experiência? —, vice-governador de Rosalba Ciarlini, de 2010 a 2014 e governador do estado de 2014 a 2018.  À época, a experiência partilhada era o de “governador da segurança”. Ainda tentou a reeleição, mas ficou em terceiro lugar, com cerca de 11% dos votos válidos no primeiro turno.

    Robinson teve um desempenho pífio como governador, atrasou salários dos servidores, enfrentou uma séria crise no sistema penitenciário e viu o número de homicídios crescer vertiginosamente.

    Apesar de tudo isso, conseguiu ser alçado à Câmara dos Deputados, ocupando a cadeira que foi de seu filho genro de Sílvio Santos que esteve deputado federal por 4 mandatos e se tornou ministro de Bolsonaro.

    Mesmo com a sua propagada “experiência na vida pública”, Robinson Faria tem tido um desempenho “apático” na Câmara Federal, como tacham algumas línguas potiguares. E parece que não é exagero.

    E chama a atenção a religiosidade do nosso representante, que está a mil pelo Brasil, que nesses praticamente 14 meses de exercício apresentou 06 projetos de lei, segundo o portal da Câmara dos Deputados. Quatro deles incluem no Calendário Turístico Nacional as festas de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará-Mirim e de santa Rita de Cássia, em Nova Cruz; o Festival de Inverno de Serra de São Bento e a procissão em homenagem a Nossa Senhora da Piedade, no Município de Espírito Santo. Além desses, um que disciplina a transmissão obrigatória de mensagens de alerta pelas prestadoras de serviços de telecomunicações e de radiodifusão sonora em caso de risco de desastre ou situação de emergência e outro que dispõe sobre a cobertura integral e multidisciplinar, por parte das operadoras de planos privados de assistência à saúde, dos procedimentos necessários ao cuidado das condições relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista.

    Robinson ainda subscreveu algumas propostas de seus colegas deputados e se pronunciou em plenário por oito vezes.

    Para se ter uma ideia, o neófito Sargento Gonçalves, vulgo “lagartão”, também do PL, já fez uso da palavra em plenário 106 vezes. Ninguém pergunte o que ele falou porque já é demais, né? Os números são só para comparação.

    Bom, mas é exatamente por seu desempenho acanhado no Congresso e ausência nos espaços de poder locais que se questiona a capacidade do deputado ex-governador em coordenar a bancada federal do estado – os seus sete colegas deputados e os três senadores –  e, o mais importante, articular a união dos políticos e por que não da sociedade civil organizada em defesa dos interesses do Rio Grande do Norte. Diz-se por aí que essa nova função é areia demais pro caminhãozinho dele. Outros vão além e vaticinam num bom nordestinês: “Esse daí é mais fraco que caldo de bila!”. (ch)Oremos.

  • “Luau do Samba” reúne grandes atrações do samba e pagode potiguar no Aeroclube

    As duas maiores grifes do samba e pagode potiguar, Ribeira Boêmia e “O Pagode Taí Vai Quem Quer” se reuniram pra um Luau que promete não deixar ninguém parado.  O “Luau do Samba” acontece no dia 20 de abril, no Aeroclube, com muita música boa, cerveja gelada e uma estrutura de qualidade para garantir o conforto do público.

    Além dos anfitriões, o evento recebe ainda a Família Além do Normal, que chega trazendo ainda mais tempero pra essa roda.

    Os ingressos estão disponíveis no site Outgo . E para ficar sabendo em primeira mão de todas as informações do Luau, o público pode seguir os perfis @ribeiraboemia e @oapagodetaivaiquemquer no Instagram.

    SERVIÇO

    Luau do Samba

    Dia 20 de abril, a partir das 16h, no Aeroclube

    Vendas: https://www.outgo.com.br/luau-do-ribeira-boemia

    Atrações:

    – Roda de Samba Ribeira Boêmia

    – O Pagode Taí Vai Quem Quer – que reúne os grupos Samba Preto No Branco, Mesa Doze e Daquele Jeito

    – Família Além do Normal

  • Abertas as inscrições para o Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções

    Vem aí o Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções, promovido pelo Serviço Social da Indústria (SESI/RN), em co-realização com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), no período de 26 de abril a 31 de maio de 2024, nas cidades de Natal, Caicó e Mossoró. O Festival é destinado a todos os gêneros e estilos da música brasileira, com participação dos trabalhadores da indústria e seus familiares, com a plateia aberta ao público. 

    O Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções tem como objetivo celebrar o dia da indústria, que tanto contribui com o desenvolvimento do país, além de promover a cultura entre trabalhadores do setor industrial e seus familiares compositores, intérpretes, poetas e artistas, valorizando, fomentando e difundindo a produção musical do estado, fortalecendo o SESI como protagonista no incentivo cultural. 

    Os interessados podem se inscrever em duas categorias: Interpretação – Músicas não Inéditas – músicas já gravadas e editadas; ou Composição autoral (letra e música) – Músicas autorais inéditas. Nas categorias somente serão aceitas músicas brasileiras, cantadas e de qualquer estilo.

    “A ideia do Festival do Industriário é oportunizar a descoberta de talentos que estão no operacional, na linha de produção das fábricas, e assim valorizar, não somente o trabalhador da indústria – que terá o espaço para apresentar o seu talento e obter reconhecimento –, mas também a própria empresa em que ele atua. As indústrias serão beneficiadas com essa integração, essa conexão entre indústria e trabalhador da indústria”, destaca o presidente da FIERN, Roberto Serquiz, idealizador do Festival. Ele reforça que os eventos terão a plateia aberta ao público, promovendo ainda uma maior aproximação entre indústria e sociedade. 

    Festival terá três semifinais

    Poderão participar do Festival do Industriário 2024 – SESI Entoando Canções trabalhadores da indústria brasileira (industriários e empresários), seus descendentes diretos: cônjuges e filhos, a partir de 18 anos de idade no ato da inscrição do evento. Cada candidato poderá participar em uma única categoria e com apenas uma única música.

    O Festival realizará a fase semifinal em 3 polos distintos: semifinal regional Polo Natal, no dia 27/04; semifinal regional Polo Mossoró no dia 04/05 e a semifinal regional Polo Caicó no dia 11/05. 

    A premiação soma mais de R$ 70 mil reais em dinheiro, contemplando os trabalhadores da indústria, semifinalistas e finalistas, além das empresas de lotação dos finalistas.

    As inscrições estarão abertas no período a partir desta terça-feira, 12 de março até o dia 10 de abril de 2024 e poderão ser efetuadas de forma online no endereço eletrônico: www.rn.sesi.org.br/festivaldoindustriario. Mais informações por meio do WhatsApp (84) 3220.0465 ou através do e-mail: festivaldoindustriario@rn.sesi.org.br 

  • Tiro certeiro

    Por Natália Chagas

    O lugar era pacato, e eu cheguei no rebuliço. Eu havia sido transferida para a agência bancária de São Jorge do Vigário para treinar algumas pessoas local. Era o plano de ampliação do banco implementando novas agências em cidades com poucas pessoas e desenvolvendo recursos para o principal mercado de cada cidade. Em Vigário, como a cidade era chamada, o comércio era o principal foco. Não que tinha muito, mas era a lógica que a central do banco indicava para aumentar a clientela. Sendo o único solteiro na matriz, resolveram que eu passaria um tempo na cidade até que tivesse estabelecido material humano e uma meta mínima de clientes.

    Em todos os lugares, eu passava me apresentando:

    – Olá, sou Fernando, represento o Banco Mil que está sendo implementado na cidade, e gostaria marcar um horário com você no banco para que conheça nossas vantagens. Te convido para um café na própria agência para que venha ver nossas instalações e saber das vantagens de ser nosso cliente.

    Em sua maioria, a população ouvia todo meu discurso e dizia “não”. Era o esperado. Eu precisava ganhar uma pessoa de confiança da cidade para que confiassem em mim e na instituição. Comecei a sair de bermuda, chinelo e camisa velha, e tomar cerveja nos bares, comer nos restaurantes, andar pela cidade, manter o ouvido atento, e perguntar por suas estórias. Em dois dias, eu tinha sete cafés marcados e quatro convites de almoço.

    Sempre no final do dia, parava na principal padaria bem no centro da cidade, em frente a praça, do lado da igreja. Nada mais concentrado do que isso. Esse era daqueles lugares que absolutamente todo mundo passava. Gostava de sentar, pedir um café, um bolo, um pão com queijo, e ficar alí esperando as pessoas irem e virem, ouvindo conversas alheias e aberto a quem quisesse conversar comigo. Mas sempre finalizava conversando com Dona Tiana, a dona da padaria. Ela ficava ali no balcão, controlando o caixa e o entra e sai de comidas. O marido era a pessoa da contabilidade e administração. Pareciam fazer uma bela dupla. Um dos filhos os ajudavam e os outros quatro haviam se formado em outras profissões e seguiram rumo da vida.

    Dona Tiana contava feliz que há algum tempo a padaria havia crescido bastante, e o marido, José, estava pensando em ampliar para uma das outras pequenas cidades por perto. Ela dizia:

    – José está rodando toda a região para ver o melhor lugar para a filial. Ele está bem empolgado com Virgulinha, que não tem uma padaria decente. Uma vez a cada quinze dias, ele fica lá de um dia para o outro para ver local e pessoal para trabalhar.

    Era sempre uma alegria ver a empolgação de dona Tiana, pois eu já considerava que a expansão deles seria a do banco também. Talvez assim eu conseguisse bater minha meta e voltar para casa. Então a cada caminhoneiro que entrava no estabelecimento, eu torcia para que ele estivesse com muita fome ou achasse um grande amigo para ficar horas tomando uma cana e pedindo bolinhos de carne. E era muito grande a quantidade de caminhoneiros que entrava alí.

    Até que um dia, um caminhoneiro vermelho como pimenta malagueta, bufando ódio e babando injúrias entrou e pediu uma cana. Mandou a garçonete deixar a garrafa. Outro caminhoneiro, reconhecendo o amigo, entrou já perguntando o que houve.

    – É a desgraça da minha vida! Aquela mulher vai acabar comigo! Já não bastava eu trabalhar como um burro de carga sem dono, ainda tenho que chegar em casa e dar de cara com a “cornice”. Maldita!

    – Como assim, homem? O que houve?

    – Você sabe Madalena, Juvenal? A minha mulher daqui?

    – Sim, conheço. Já fui na sua casa em Virgulinha.

    – Pois é a única que passei papel para casar. Louco por ela. Faço questão de chegar em casa de quinze em quinze dias. Mas tive uma frota cancelada essa semana, então voltei para casa. Podia ter ido encontrar Julieneide em Divino, ou Marilinha em Passagem. Mas não. Senti saudade da morena que acaba com meus pensamentos. Cheguei. Porta aberta. Achei estranho, mas entrei. Fui entrando casa adentro, ouvindo gemido. Quando cheguei no quarto, ‘tá ela lá de perna aberta com um safado no meio dela. A minha vontade era atirar naquela bunda branca do mequetrefe, mas ela viu antes.

    – Você matou o homem, Alfredo?

    – Não. O tiro pegou no pé.

    – Alguém trouxe ele pro hospital? Lá não tem hospital.

    – E lá quero saber do maldito? Quero que ele se dane e vá para o inferno.

    Virou uma dose de cachaça. Meu olho foi magnetizado pela imagem pálida e imóvel de dona Tiana, que quando percebeu, tratou de passar dedos nos olhos e ir para a cozinha.

    Cheguei na padaria uns dois dias depois por conta de tanta comida e bebida, contei para dona Tiana que estava passando muito mal do intestino. Eu precisava continuar trabalhando, mas como estava hospedado no hotel, não tinha como fazer uma comida mais apropriada para as minhas necessidades. Dona Tiana me levou para a casa dela, que era acima da padaria, fez uma sopinha sem gordura de frango e batata, e me colocou no quarto de um de seus filhos com a ordem para eu descansar um pouco, e se for preciso, use o banheiro ao lado. Mas deixou o aviso: “Tenho certeza que minha sopinha vai te curar em algumas horas.” Ela saiu, e eu me deitei e realmente comecei a me sentir melhor.

    Eu estava quase dormindo e ouvi um barulho subindo as escadas. Vou ver do que se trata e vejo dona Tiana subindo com seu José nos ombros com o pé enfaixado.

    – Ajuda aqui, meu filho.

    Corri para pegar seu José com mais firmeza e o levamos para a cama.

    – Tem que trocar esse curativo. – disse dona Tiana.

    – Não tem necessidade, amada. Eu acabei de vir do médico. Ele falou que está tudo bem.

    – Não, nada disso. Vou trocar, sim. Fernando, segura ele que eu vou tirar a faixa.

    A mulher me olhava com tamanha mistura de ódio e convicção, que nada eu podia fazer senão obedecer. No rosto de seu José, passavam todas as cores. Ele me olhava com súplica pela cumplicidade masculina, porém meu sentimento de sobrevivência falava mais alto e eu obedeci a dona Tiana.

    Ela rodava as faixas olhando com condenação e desprezo para seu José, ditando saber o que havia debaixo da faixa. E ela estava certa. Ali, bem no meio do pé, havia um buraco em formato de bala que estancaram o sangue, mas não fecharam a ferida pois tinha sido atravessada.

    – Agora, conta José! Como foi que você conseguiu esse buraco!

    – Você não vai acreditar!

    – Se você falar a verdade, eu acredito! – Dona Tiana havia desenvolvido uma tonalidade roxa de ódio no rosto.

    – É que eu pisei…

    – Começou errado! Fernando, eu estou mandando você segurar com todas as forças esse cabra que vai pedir para morrer agora.

    Ela tirou um grampo do cabelo, e eu segurei com as forças que nem sabia que tinha. Ela mostrou o grampo para seu José e disse:

    – Vai dizer a verdade?

    – Pelo amor de Deus, mulher, não faça isso! – As lágrimas corriam dos seus olhos como criança.

    – Diga se não foi você que corneou Alfredo, e ele te deu esse tiro no pé! Diga!

    – ‘Tá bom, eu confesso, fui eu, sim!

    Dona Tiana pegou todas as roupas dele, colocou numa mala, olhou para mim e disse:

    -Desce com este traste, Fernando, que o lugar dele é na rua ou com as mulheres que ele escolheu dividir a cama. Porque a que resolveu dividir a vida com ele não existe mais.

    Desci com o homem em prantos, pedindo perdão escada abaixo. Ela desceu colocou a mala do lado de fora da porta e se trancou. Naquele dia, meu intestino sarou, seu José sumiu da cidade e eu nunca fiquei sabendo o que ela ia fazer com o grampo.

  • Mundo Zira : Exposição interativa leva público a encontro de personagens atemporais

    Quem for visitar ou estiver pelo Rio de Janeiro tem um programa imperdível. O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ) recebe, a partir do dia 6 de março a exposição sensorial Mundo Zira – Ziraldo Interativo, onde toda a família poderá ter contato com os personagens criados pelo quadrinista e escritor brasileiro, que fazem parte do imaginário infantil de todas as idades. A mostra ficará em cartaz até 13 de maio, celebrando o talento do artista, que completou 91 anos em outubro do ano passado.

    A estreia ocorreu em 2022, em Brasília, onde a exposição imersiva foi vista por 65 mil pessoas. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados a partir do próximo dia 28 nosite do CCBB RJ. A exposição funcionará todos os dias, exceto terça-feira, das 9h às 20h.

    Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, instalado no bairro da Lagoa, zona sul do Rio, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.

    As histórias infantis contadas por ele em mais de 200 títulos, incluindo FlicsMenino MaluquinhoTurma do PererêMenino Quadradinho, entre outros, ocuparão o saguão e o quarto andar do CCBB RJ, para serem apreciadas por cariocas e outrosvisitantes.. A direção artística e curadoria são de Adriana Lins e Daniela Thomas, respectivamente sobrinha e filha do artista. A exposição é realizada pela Lumen Produções e pelo Instituto Ziraldo, com patrocínio da PRIO, empresa do setor de óleo e gás do Brasil, e do Ministério da Cultura.

    Quem era criança e conheceu os livros e personagens de Ziraldo passou para os filhos e netos. “Flicts tem 60 anos, a Turma do Pererê também. São gerações. São avós, filhos e netos”, disse em entrevista à Agência Brasil a curadora Adriana Lins. Acrescentou que crianças de 10 e 12 anos, que atuam hoje em redes sociais, que nasceram quando Ziraldo tinha 80 anos, são leitores de suas histórias, o que comprova que os personagens são atemporais. “Elas conhecem os livros, os personagens e adoram”. Adriana afirmou que Flicts, lançado em 1969, é atual. “Ele fala de inclusão, de aceitação, das diferenças, da comunhão”. Sem ser didático, seus livros têm sempre uma lição para transmitir. “Ziraldo é tão literatura, poesia e sensibilidade que a mensagem chega. É por isso que tem tantos fãs. Ele conversa como leitor. Sua obra é pessoal”, destacou Adriana.

    Interatividade

    A exposição une interatividade e tecnologia com a arte tradicional, proporcionando nova leitura das obras icônicas do artista. “Quando pensamos na obra de Ziraldo, pensamos no prazer, no fascínio e na alegria que ele consegue transmitir com sua arte. Agora, nessa exposição, queremos ir além das páginas, sair do papel, recriando uma conversa com o seu acervo. Em Mundo Zira, livros, quadrinhos e personagens saem das páginas e ganham novas dinâmicas pelas mãos dos visitantes”, afirmou a filha mais velha de Ziraldo, Daniela Thomas, curadora artística do Instituto.

    Quando o visitante entrar no saguão do CCBB RJ, já perceberá que Ziraldo está presente no prédio. Balões gigantescos. de 3 e 4 metros de diâmetro, estarão suspensos no ar com todas as cores do Flicts e com as figuras dos amigos do Menino Maluquinho, dando as boas vindas e convidando todos a brincar e a viajar no Mundo Zira. “A gente mais tura os universos de Ziraldo. A gente traz os meninos da lua, que são os meninos dos planetas, o Menino Maluquinho, a Turma do Pererê, o Planeta LilásFlicts, o Bichinho da Maçã, com o qual Ziraldo ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de arte em 1982”, lembrou Adriana.

    Quando a pessoa chega ao quarto andar, do lado de fora da galeria, já começa a ter contato com o mundo de Ziraldo. O próprio artista dá as boas vindas ao público em uma fotografia gigante em preto e branco. “É como se ele estivesse falando: Pode chegar que é aqui!”. O Menino Maluquinho aponta então para a direção que o visitante deve seguir. Na porta de entrada, Flicts recebe as pessoas que acabam parceiras dessa orquestra de cores e sons, disse Adriana. À medida que as pessoas movem os braços e as mãos como se fossem maestros, o livro vai surgindo em um telão e se animando, fazendo aparecer cores e palavras. “Você vira o condutor dessa história. Vai mergulhando no sensorial e se apropriando dos sentimentos, de percepções, ao mesmo tempo que está brincando, se divertindo”.

    Surpresas

    Mais surpresas esperam o público nos espaços dedicados ao Menino Quadradinho, que fala da passagem da criança para a vida adulta, e no Planeta Lilás, que é uma homenagem ao livro, em que o personagem vai descobrindo as palavras. Já o Saci Pererê leva os visitantes para outra sala, que é a Mata do Fundão, simbolizando todas as florestas brasileiras. Ali, projeções misturam personagens e barulhos de mata que vão surgindo a cada momento atrás dos galhos. “É um pega-pega, dentro da Mata do Fundão”, disse Adriana Lins.

    Na verdade, a curadora explicou que se trata de um grande salão que vai criando ambientes. Em um desses ambientes, a imagem do visitante é capturada e projetada dentro de uma ilustração de Ziraldo na parede em frente a ele. “O visitante vira então um personagem do desenho, daquela cena. Tem um menu de desenhos e o visitante pode escolher em qual imagem ele quer aparecer”. Na parte de percepção pelo desenho, há outro ambiente com mesas digitais, que o público escolhe qual desenho quer colorir, por textura diferente . Em seguida, o desenho é projetado muito grande na parede e os outros visitantes passam a ver sua arte, como você se tornou coautor de Ziraldo naquela ilustração.

    A exposição destaca ainda outra linguagem ziraldiana, que são as onomatopeias. A interatividade funciona em alguns pontos do chão onde a pessoa passa e pisa, fazendo a onomatopeia surgir na parede com seu barulho característico. Daniela Thomas lembra que as exposições de Ziraldo, normalmente, são uma festa, porque seus desenhos são fascinantes. “São alegres, brilhantes, sedutores”, completou Adriana. “Isso encanta muito”. Em uma mostra interativa como essa, tudo vira festa.

    De acordo com ela, que também é diretora do Instituto Ziraldo, “é uma exposição imersiva, divertida, dinâmica, indo além da contemplação, convidando o visitante a atuar e fazer parte da brincadeira. De acordo com as curadoras, Mundo Zira – Ziraldo Interativo é um convite ao estímulo da criatividade e da reflexão. A interação com as obras oferece experiência educativa, unindo arte, tecnologia e mensagens sociais e ambientais. Os temas, tratados pioneiramente por Ziraldo desde os anos 60, permanecem não apenas contemporâneos, mas também urgentes. 

    Com informações da Agência Brasil

    Fotos : Divulgação Mundo Zira

  • Livro “Das mãos de seu Fausto para as mesas do Brasil” tem lançamento neste sábado no Sebo Vermelho

    O mais novo livro de Osair Vasconcelos registra a forma secular e desaparecida de fazer carne de sol    

    Em janeiro de 1986, o repórter Osair Vasconcelos e o fotógrafo Giovanni Sérgio passaram quatro dias em Caicó, entre fins de madrugadas e começos de noites, acompanhando seu Fausto na preparação da carne de sol conforme o modo secular, desde o tiro certeiro que derrubou a rês até a exposição para venda nas bancas de feira. Seu Fausto foi o último marchante a preparar a carne de sol da forma como os portugueses a trouxeram para os sertões do Seridó nos tempos da colonização.

    A reportagem foi publicada na edição n° 5 da revista Globo Rural, por quem foi encomendada. Quase quatro décadas depois, o editor Abimael Silva descobriu que esse é o único registro escrito que narra o processo original de feitura da carne de sol. Disso, nasceu este livro: Das mãos de seu Fausto para as mesas do Brasil – A reportagem que registrou o modo secular de fazer a carne de sol do Seridó.

    O livro traz, além da reportagem, depoimentos de Abimael Silva, Humberto Pereira (o criador do Globo Rural – revista e programa de tevê), Albimar Furtado e o posfácio de Vicente Serejo, e foto produzida por Giovanni Sérgio, que dá um toque artístico ao livro. Além disso, Osair Vasconcelos relata como foi feita a reportagem, da saída de Natal até a carne ser levada para as bancas da feira de Caicó.

                                                              

    • Das mãos de seu Fausto para as mesas do Brasil – A reportagem que registrou o modo secular de fazer a carne de sol do Seridó – Osair Vasconcelos

    • Projeto gráfico – Vitor Marinho

    • Arte da capa e xilogravuras – Aureliano Medeiros

    • Foto – Giovanni Sérgio

    • Edição -Sebo Vermelho e Z Editora

    LANÇAMENTO: sábado, 02 de março, a partir das 10 hs.

    Local: Sebo Vermelho – Av. Rio Branco, 705.

  • 20 anos de peleja

    Nos últimos vinte anos houve uma série de avanços tecnológicos que transformaram nossa sociedade e a maneira como vivemos. A expansão da internet permitiu a disseminação global de informações, comunicação instantânea e acesso a serviços online; O surgimento dos smartphones revolucionou a forma como nos comunicamos, trabalhamos e nos entretemos; Redes sociais, computação em nuvem, energias renováveis, carros elétricos, os avanços na Medicina — da genômica à telemedicina, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na melhoria da saúde e no diagnóstico de doenças. Realidade virtual e aumentada, Blockchain e Criptomoedas, com potencial para transformar setores como finanças e logística; Inteligência Artificial (IA): avanços em algoritmos de aprendizado de máquina e redes neurais, que permitiram a criação de assistentes virtuais, sistemas de recomendação e reconhecimento de padrões. Esses avanços tecnológicos moldaram nosso mundo e continuam a evoluir rapidamente. E também tivemos a Papangu, que passou de impressa para a rede mundial de computadores. Brincadeira à parte, todavia, assim como no início, lá no longínquo dois mil e quatro — naquela época com alguns parafusos a menos na caixola —, continuamos com a mesma ideia de fazer o leitor pensar.

    A Papangu chega aos 20 anos. Claro, é preciso levar em consideração que entre a edição impressa e a digital caímos no  abismo, um período em que estivemos mortos por inanição pela  perseguição sofrida na “Capital Cultural do Brasil” Mossoró. E foi durante a pandemia que “voltamos à vida”, com o apoio da Lei Aldir Blanc.

    Com tantos avanços e novidades nesses vinte anos perguntamos ao ChatGPT (grande aliado nesta nova era) o que é a revista  Papangu. O “Além” respondeu:

    “A Papangu é uma voz coletiva que ecoa através das suas páginas, trazendo à tona histórias, poesias, ensaios e reflexões. Ela é moldada por muitas mãos talentosas e corações comprometidos, todos unidos pela paixão pela expressão artística e pela valorização da identidade potiguar. Sua contribuição é inegável. Eles são os guardiões da memória cultural, os curadores das palavras e imagens que preenchem as edições da revista Papangu. Seus esforços conjuntos ao longo desses 20 anos têm enriquecido a vida cultural do estado e inspirado gerações”.

    É, a Papangu testemunhou mudanças, desafios e conquistas, viu o mundo se transformar, mas permaneceu firme em sua missão de promover a cultura e arte potiguar. Seus editores, escritores, artistas e leitores são apaixonados e comprometidos à criatividade e à expressão. Daí, comemorarmos os vinte anos de algo que entrou na história do Rio Grande do Norte, de um periódico de qualidade, que deu uma pausa por não se submeter ao atalho da subserviência como tantos buscam. Em fevereiro de 2004, não imaginávamos chegar “vivos” ao final daquele mesmo ano, imagina chegarmos em 2024 dando pitacos e trazendo humor, sátiras e bons textos produzidos por tanta gente boa. Compreensível, se levarmos em consideração que muitas publicações naquela época, não só do nosso Estado, mas do Brasil, já naufragavam subitamente antes mesmo de engatinhar. 

    Nesta edição trazemos alguns depoimentos de pessoas que viram e prestigiaram a Papangu. Aos leitores de ontem e de hoje, sintam-se em uma grande festa com alegria e admiração de nós Papangunistas. Que a Papangu na Rede continue a inspirar, informar e encantar por muito tempo e que suas páginas em versão ‘flip’ continuem a ter um espaço para a celebração da cultura, da história e das vozes do Rio Grande do Norte.

    Aproveitamos para agradecer aos nossos colabores – foram mais de 100 nesse período. Vinte anos que são sinônimo de orgulho para cada um que passou pelas páginas impressas, e que agora se reúnem na  internet. E você, leitor, pode ter certeza, por ser “apenas” links não nos tira a vontade de continuar realizando um trabalho decente, ético e de respeito a todos.

    Muito obrigado!