Últimas histórias

  • “Suvaco” cabeludo

    Outro dia conversando com um cliente sobre os números de likes espontâneos ou orgânicos, como costumam falar os publicitários, que a cada dia ficam mais minguados. Expliquei a estratégia das gigantes da tecnologia operadoras das redes sociais, como somos forçados a buscar mais interação com nosso público-alvo, nos empurrando a fazer planejamento de comunicação atrelado, evidentemente, a uma boa verba, para que assim, vislumbremos alcançar a visibilidade almejada.

    Sem fazer muito esforço me veio à memória que certa vez uma postagem minha alcançou a casa das 52 mil visualizações no Facebook. A proeza foi induzida por um toque divino: uma charge em que Maradona gozava de Pelé argumentando que o Papa era argentino e o Rei do Futebol respondia que Deus era brasileiro. Nunca mais vi nem a metade disto.

    Na verdade, boa parte das pessoas que acessam a grande rede têm interesses diversos e muitos deles de estranhezas inusitadas, isto impõem um alto custo aos neurônios dos publicitários, perseguindo estratégias assertivas para resultados satisfatórios a seus clientes, com campanhas capazes de chamar a atenção nesse caldeirão de conteúdo heterogêneo e líquido sobre seu produto tradicional, que pode ser uma caneta Bic, mas quem diabos quer saber de marca de caneta se vai a um supermercado onde tem gondolas abarrotadas delas? Hoje, uma boa parte dos internautas pressionam “like” em coisas mais bizarras e surreais.

    Avisei à Jade e Pollyanne Brito, antes de enveredarem por este caminho, que o mercado não era de fácil traquejo e, sim, exigia atenção permanente, isto é, estar sempre com o sinal amarelo ligado devido a volatilidades do consumidor final, que tem a capacidade de mudar a direção em segundos, em massa, exigindo muito esforço para trazê-lo a realidade. Como competir com o sovaco cabeludo da bela modelo britânica Fenella Fox? Aos 30 anos já amealhou aproximadamente 493 mil libras (o equivalente a R$ 3 milhões) com mais 400 mil seguidores que dão milhões de likes para verem suas axilas peludas.

    Quem está com a mão no timão a navegar nas redes sociais, claro, e evidente busca ser visto, entretanto é preciso com régua e compasso traçar rota objetiva a um porto seguro, para depois não sofrer com abstinência de likes e transformar a carência em um transtorno psicológico. Quando alguém diz que gosta do que posto e outro me manda ir às favas, agradeço aos dois: ao primeiro porque afaga meu ego, o que é um estímulo, porém, ao mesmo tempo endereça um aviso para eu ter ciência que meu “suvaco” cabeludo não é tão charmoso e sexy quanto da Fenella Fox e, portanto, logo me resta continuar veiculando os “textinhos e desenhinhos” os quais gostou, para aqueles que criticam, não há outro caminho a seguir se não descobrir uma maneira de conquistar a juntar-se a minha imensa rede de seguidores de, pelo menos, meia dúzia, sendo metade do contingente de filhos, mulher e amigos e a outra metade dos algoritmos das redes. 

    Logo, ao amigo Paulo, que perguntou se não tenho “vergonha” de ter uma postagem com 3 likes, digo: tenho não! E não seguirei e devolvo sua sugestão: quando em uma postagem sua chegar ao expressivo número 3, apague.

    Guerra

    Guerras existem desde os primórdios da humanidade e não sabemos conviver sem elas, enquanto houverem dois seres humanos sobre a terra, certamente, a guerra estará presente.

    Em 2022 foram registrados 55 conflitos em 38 países, sendo que 8 deles são considerados guerras. As oitos guerras de 2022 foram: Etiópia, Ucrânia, Somália, Iêmen, Burkina Faso, Mali, Mianmar e Nigéria.

    Todas elas matando jovens, mulheres, idosos e crianças. Nossa indiferença seletiva nos faz cúmplice destas mortes.

    Livro

    O Márcio Lima Dantas, lá da boa terra de Santa Luzia, Mossoró, está dedilhando o teclado escrevendo um pouco da história de artistas mossoroenses para um livro que ainda não tem data para o prelo. Avante, Márcio.

    Frase

    “Ver a Declaração Universal dos Direitos Humanos feita em Paris em 1948 como lei no mundo”, o desejo de Roger Waters.

    Caricatura

    Caricatura do amigo jornalista/cartunista Edra para o 8º Salão Internacional de Humor de Caratinga, na categoria “Cartunistas do Brasil”

  • Fé no ser

    Logo que tomei ciência de mim passei a dedicar uma admiração profunda a esse extraordinário ser: o humano. Sua capacidade crescente, seja ela na narrativa advinda do barro, lá de Gênesis do Livro Sagrado ou da Teoria da Evolução cunhada pelo inglês Charles Darwin. Em ambas a saga construída pelo homem é simplesmente fenomenal, capaz de encantar a todos os mortais, seus feitos ecoam pela história do homem sobre a terra expondo suas variedades e capacidades de avançar além do imaginado antes. O ser humano é apaixonadamente cativante.

    O certo é que a humanidade desde sempre floriu o inato desejo à busca para sair do status quo; olhando o céu azul com pássaros em revoadas iniciou-se a construção da extravagante ideia de voar e, por séculos o homem cultivou e aprimorou meios para tal feito, no dia 12 de novembro de 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont ganhou o Prêmio Archdeacon e o Prêmio do Aeroclube da França ao realizar um voo de 220 metros em Paris, hoje tido com o “Pai da Aviação”; por volta 3000 a 2000 a.C. o homem num instante de pleno lampejo criativo — pode ter sido simplesmente acidental — originou a roda, sua mais admirável e versátil invenção impondo e flexibilizando sua utilidade; ainda olhando o céu à noite, pôs-se a imaginar-se a lutar junto a São Jorge contra o dragão e, em 20 de julho de 1059, Neil Armstrong desceu do módulo lunar Apolo XII para entrar na história como o primeiro humano a pisar na lua; testemunhado seus iguais a morrerem das mais variadas doenças, então fez a vacina e assim erradicou várias doenças; os gregos nos deram a forma de pensar a vida e a partir expandimos nosso conhecimento sobre nós mesmos.

    É certo que houve o salto tecnológico sem precedente nos últimos dois séculos, ainda mais com advento da “grande rede”, a internet. Não me causa espanto se logo mais eu venha a matar minhas saudades dos meus netos Aléssia e Enzo, que moram em Santiago do Chile, presencialmente sem sair de casa, mas sim, através de hologramas, o que fato, a tecnologia já existe. A história da humanidade é permeada de avanços maravilhosamente nos permitindo ir além de nosso mundo terrestre, haja vistas as sondas Voyager 1 e 2 já estão voando no espaço profundo fora do nosso quintal, o sistema solar.

    Não vou falar de homens e mulheres que impulsionaram avanço, certamente, não caberia aqui e também não teria capacidade intelectual para tanto. Continuo acreditando que iremos mais longe do que podemos imaginar. Entretanto, há também momentos de involução, ou diarreia mental coletiva — como dizia o jornalista Canindé Queiroz —, digo do fenômeno negacionista bolsonarista da terra plana. Vi outro dia em um aeroporto da Alemanha – se não me trai a memória – mais de um centenas de pessoas protestando para terem o direito de ser reconhecidas como animais, isto é, animais irracionais: cães, gatos, cavalos, vacas… Eu conheço um bando aqui na terra brasilis que há muito são reconhecidos como vermes, ratos, amebas…

    Ainda assim, firmo meu compromisso de ter fé no humano e na sua capacidade evolutiva. Todos os dias acordo com o proposito de ser um humano melhor que ontem.

    Tara

    Os bolsonoristas e boa parte da bancada evangélica por pura falta de propostas robustas com o desenvolvimento do Brasil procuram ficar fundeados nas pautas morais.

    Na Câmara Federal deputados fazem levante contra o casamento homoafetivo. Por que essa tara destas bancadas contra as pessoas que estão enlaçadas na LGBTQIA+? Não há lei obrigando evangélicos ou bolsonaristas a casarem. Ora, que se amancebem.

    Amazon I

    Aqui na prancheta, aliás, no computador de Maria, missão a ela conferida, os ajustes para logo mais subir para plataforma da Amazon o livro “Rock’n Roll – Uma Breve História da Música que Mudou a Maneira de Ver o Mundo”, do amigo Ugo Monte.

    Amazon II

    Aproveitando e explorando a expertise de Maria também iremos habitar a plataforma Amazon com nosso livro “200 Caricaturas de Astros da Música Nacional e Internacional”.

    Frase

    “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”, general Freire Gomes a Bolsonaro sobre golpe.

    Caricatura

    Caricatura do Fernando Coelho para o 8º Salão Internacional de Humor de Caratinga, um dos criadores do festival.

  • “Job” é meus “zóvus”

    Quando o Waldeck Artur de Macedo humorista, radialista, cantor e compositor baiano, conhecido por Gordurinha, compôs a musica “Chiclete Com Banana”, pareceu apenas uma bem-humorada música e é, entretanto, também uma crítica aos americanos que tinham pouco ou quase nenhum conhecimento do Brasil e a uma boa parcela dos brasileiros que expunham uma verdadeira admiração exacerbada pelo estilo dos galegos, principalmente porque ainda estava bastante viva a presença dos soldados estadunidenses em terras brasilis.

    O certo, é que nosso complexo de vira-lata sempre nos empurrou para outras paragens além fronteira, em busca frenética de uma sofisticação social aceitável nas cortes europeias renegando nosso passado mestiço, indígena e caboclo, assim íamos para França, é certo, alguns apaniguados da elite, que de fato, somente alimentavam ela própria, em detrimento da casta mais baixa, da ralé que ficava a ver navios, literalmente.

    No período da Ditadura Militar, a arte sofreu uma recrudescente censura, logo abriu-se um mercado para o que vinha de fora: passamos a consumir de forma compulsória a arte e costumes dos ianques; música, filme, teatro, “baicon”, MacDonald… Claro, que Reino Unido por aqui também fazia a festa, The Beatles, Pink Floyd, Rod Stwart e tantos outros cantores e bandas. Evidentemente toda essa profusão da língua inglesa impregnou a todos nós.

    Lembro quando entrei no jornal Gazeta do Oeste, nos anos 1979, encontrei palavras chique “Copy Desk” que era o cara que fazia a revisão dos textos; na diagramação tínhamos o “Paste up”, profissional que fazia a colagem determinada pelo diagramador; “picas“, unidade de medida; “ombudsman” o sujeito que fazia uma análise do jornal impresso naquele dia dentre muitas outras. Quando migrei para publicidade a palavra mais dândi, sofisticado era “brainstorm”, na boca deste cabeça chata comedor jerimum perdia todo seu glamour, não podia ser mais brega, isto nos anos 90. Agora, é quase impossível ligar a tv e não ouvir pelo menos uma centena de palavras em inglês que sepultaram suas semelhantes em português. Não sei há motivos para os estudiosos da língua pátria terem alguma preocupação ou é pura breguice usual ou, talvez ainda, uma posição alarmista deste bocó, lá do sertão de Angicos. O fato é, na percepção de um monte de cabeça de vento, acredita, ser “descolado”, usar Call ao invés de ligação; deadline ao invés prazo; feedback ao invés de retorno…Ora, meus caros, “job” é meus “zóvus”. Aqui trabalhamos feitos condenados.

    Como disse o grande dramaturgo Ariano Suassuna “Não troco o meu “oxente” pelo “ok” de ninguém!

    “Chiclete Com Banana”,

    Eu só ponho bib-bop no meu samba

    Quando o Tio Sam tocar o tamborim

    Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba

    Quando ele aprender que o samba não é rumba…”

    – Almira Castilho/Gordurinha.

    Rabo entre as pernas

    O Malta, aquele senador “pastor” bolsonarista, que aparece sempre, vociferando na CPMI de 8 de janeiro, como se fora o próprio bastião da verdade e da venturança. Rodeado por outros rotos mentais vomitou em uma coletiva acusando o Presidente Lula de não ter assinado a Lei de Liberdade Religiosa.

    Depois de um vídeo circular internet o qual mostra as fuças do mentiroso pastor, na solenidade em que Lula assina a lei em questão. De cara lisa, na última sessão da CPMI, estava quietinho lá no fundão com o rabo entre as pernas. A mentira parece ser um mandamento de alguns pastores bolsonaristas.

    Emirados

    O fisioterapeuta Roberto Freitas, de passaporte em mãos rumo aos Emirados Árabes Unidos, fazendo parte do staff do lutador de MMA Paulo Borrachinha, que irá lutar no dia 21 de outubro, em Abu Dhabi. Roberto fará toda preparação física do atleta. Vitória!!!

    Livro 1 – Rock’n Roll

    Logo mais na Amazon, o livro Rock’n Roll Uma Breve História da Música Que Mudou a Maneira de ver o Mundo – do advogado, professor e músico Ugo Monte. Socorro Brito, que fez a diagramação antes, agora faz a adaptação para o formato da empresa do Jeff Bezos.

    Livro 2 – Memórias do meu Eu, na Terra Syara Minor

    Também na grade do InDesign do computador de Maria o mais novo livro Memórias do meu Eu, na Terra Syara Minor, do professor Severino Martiniano, lá da bela cidade de Ceará-Mirim/RN, meus miolos fervem para uma boa capa, além das ilustrações que anteveem aos capítulos.

    Frase

    “O senhor se tornou uma pessoa abjeta, misógina” – Senadora Eliziane Gama falando com o deputado Marcos Feliciano.

    Caricatura

    Caricatura do jornalista, tradutor e poeta romeno George Cosbuc para Festival Internacional da Romênia.

  • 64 anos: vale a pena estar por aqui 

    No último 20 de julho completei 64 anos de vida, diria que bem vividos, claro, a minha maneira de ver e projetar que perceber o mundo ao meu redor, certamente, haverá alguém a dizer que não foi bem assim, certo, acredita saber mais de mim que as próprias células que regam minhas veias, e, por isso mesmo, dirá “e os momentos que devem ser esquecidos?” Ora, sobrevivi! E hoje posso contar aos filhos e netos da aventura de cruzar o “Cabo da Boa Esperança” e, o que é carregar mais de seis décadas nos costados e estar feliz por isso.  

    Certamente, nesta caminhada foi necessário aprender a viver e lidar com o universo em torno de mim, que nunca se dispôs a ajudar, me apontar caminhos menos tortuosos, sem pedras, sem medos, como também não esteve ali para me causar algum mal, por vezes fiquei certo que tramava contra mim, logo fui obrigado a entender que eu era um nada, um zero a esquerda aos “olhos” dele, que apenas se expandia (se expande) completamente indiferente a minha parca existência, segui tocando a vida sem sobressaltos de conspirações universais. Creio ter feito uma boa travessia até aqui, sem muitas culpas, não dando bolas à síndrome do Epitáfio. Sim, existiram coisas que hoje não faria, se dissesse que faria igual, evidentemente, seria cinicamente hipócrita, o que foi feito, feito foi, não há o que se fazer nada a respeito.

    Todos meus erros e acertos forjaram o que sou e, cá pra nós, ando satisfeito quando me olho, não que, se os astros e o acaso, permitirem ainda terei outras conquistas; ser menos egoísta, mais transigente, não me tornar um velho mais tolo do que já sou. Minhas inspirações hoje são mais calmas, um afago de Maria, um “paim”, um sorriso de um neto, um pão doce quentinho com uma boa caneca de café com leite e música a gosto já me fazem alguns segundos de imensa felicidade, a qual imagino nem merecer tamanha desmedida, mas que vale a pena estar aqui e, por isso mesmo, tenho muito para agradecer.

    Rezo todos os dias que Deus dá para não cair na esparrela de me encantar com a tal da “melhor idade”, porra nenhuma! Quando vejo um sujeito caminhando no rumo aos 70 anos falando, vestindo e se comportando como “boy”, rezo a Buda, Alá, Jesus, Tupã e todos os deuses do Olimpo que me concedam a graça de não me tornar um velho tolamente ridículo.

    Jumento

    O “inteligente’ Bolsonaro em evento, na capital paulista chamou o Presidente Lula de “jumento” e “analfabeto” ao mesmo tempo que acusava Fenando Haddad de nunca ter trabalhado.

    Lula três vezes Presidente do Brasil, por isto só, basta. Fernando Haddad bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia, professor da USP, foi ministro da Educação duas vezes, prefeito de São Paulo e atualmente ministro da Fazenda.

    França

    O chargista fluminense radicado na “Cidade do Sol”, Natal/RN, Brum, como diria os colunistas sociais “está afivelando as malas”, para uma estadia de duas semanas na França. Na terra do “liberté, egalité, fraternité” será recepcionado pelo cartunista potiguar Joe Bonfim, que organizou uma exposição de charge, cartuns e caricaturas do Brum, no Festival de Humor Saint Juste Le Martel.

    Inclusive o Brum está fazendo uma campanha para arrecadar fundos para custear sua empreitada. Se você quiser participar com qualquer valor basta fazer um pix para a chave PIX: (CNPJ) 49.859.482/0001-29 (Rodrigo Serra Brum Machado)

    Barbie

    Uma preguiça danada de assistir o filme “Barbie”. Talvez, quando os evangélicos começarem a queimar a “rosadinha” em praça pública irei ver.

    Marielle

    Quem mandou matar Marielle? A família de milicianos está em polvorosa com o ministro Flávio Dino.

    Frase

    “O que seria ofensivo seria comparar um jumento a ele, isso sim. Ofensivo aos jumentinhos que não fazem mal a ninguém”, ironizou o presidente nas redes sociais⁠ em resposta a Bolsonaro.

    Caricatura

    Caricatura do escritor iraquiano Sinan Antoon para a II Exposição Internacional, fazendo parte dos festejos do 92º Dia da Caricatura Iraquiana.

  • Barrados no São João

    Sempre fui muito ligado com as coisas do sertão, talvez, por alimentar um conselho simples que meu velho pai – in memoriam – seu Luiz, sempre que tinha oportunidade não a perdia e olhando nos meus olhos dizia “nunca esqueça de onde você veio”, não sei se queria dizer “nunca me esqueça” ou se “não esqueça sua terra” misturei tudo, fiz um angu e não o esqueço as coisas do meu torrão e muito menos deles, apesar de sua partida prematura – digo eu. Todos ou quase todos os dias estou com ele ou ele está comigo. O certo é quando a saudade bate me chamando à porta com intuito de minar meus olhos os dedos no teclado do computador acionando o play e “vai boiadeiro que a noite já vem…” invade a alma e sua presença me preenche mandando a saudade embora.

    Nesse período junino, não há a menor dúvida que estaria – talvez esteja – em sua cadeira de balanço sob a sombra de uma frondosa mangueira, plantada por ele, com a caixa de som conectada a uma extensão que saía de uma tomada da sala de casa que atravessava a rua para alimentar a alma e o seu coração impulsionando a música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a todo volume. Certamente, aquele pé de mangueira, ali em Parnamirim, também sente falta do seu som.  

    Vendo os festejos de São João na Estação das Artes, em Mossoró, lembrei de um tempo aonde o povo se apinhava na estação transitando pra lá e pra cá, não para forrobodear, mas para viajar de uma cidade para outra, na verdade, até de um estado para outro, pois a ferrovia ligava Mossoró a Souza, na Paraíba. Pois muito bem. Peguei o trem de volta ao passado atiçado, como se a caldeira de Maria Fumaça fosse fazendo parada lá no bairro Paredões em meados dos anos de 1970, onde com alguns amigos havíamos planejado uma viagem junina para o interior, mas precisamente à cidade de Mineiro, hoje Frutuoso Gomes.

    Minha mãe, dona Geralda, fez uma bermuda e uma calça do mesmo tecido com estampas típicas quadriculadas e uma camisa nos mesmos moldes e estilo. Malas prontas, lá fomos nós, uma récua de adolescente para estação, talvez para a maior aventura de nossas vidas, sem a presença de adultos para nos pôr na “linha”. Íamos para casa de parentes de um amigo que morava na nossa rua – o qual, por razões do tempo e decerto do trauma, não lembro seu nome nem dos outros colegas. A viagem já foi uma aventura, a agitação nas estações das cidades em que o trem passava, gente subia, gente descia, vendiam milho assado, cozido, canjica, bolo pé-de-moleque, da moça, sanfoneiros tocavam “Santo de Barro” música de Iramar Leite, sucesso na época gravado pelo Trio Mossoró.

    Se não me falha a memória – o que é quase impossível não fazer – em Caraúbas entrou um cego com óculos escuros e de camisa Volta ao Mundo, verde de doer, proferiu uns versos de cordel, aplaudido saiu, com a mão estirada, colhendo moedas dos passageiros, desceu ao terceiro apito, o trem já em movimento olhei pela janela, estava o “cego” contando os Cruzeiros colhidos.

    Em Mineiro, já “imperiquitados”, descemos à noite para o centro da cidade na companhia de Maria, que morava de parede e meia da casa que nos hospedava, e suas amigas. Eu confesso, me apaixonei pelos olhos castanhos cor de mel, cabelos lisos que adornavam parte das ancas e das pernas bem torneadas, de seu corpo que parecia um genuíno Geannini, isto é, todos nós estávamos “arriados os quatros pneus” por Maria. A caminho já imaginava dançando xote fugando naquele pescoço.

    Na praça, todos “anchos” nos fazendo de importantes, quando fomos cercados por outros jovens, que simplesmente nos indicaram o caminho da estação, se não quiséssemos apanhar. Como não sou afeito a surras, convenci os outros. Partimos para estação, esperando o amanhecer trazer o trem. Passamos a noite ouvindo o forrobodó troar.

    Na prancheta

    Sobe a prancheta dois cordéis que estamos ilustrando. “Meu Último Poema”, escrito pelo amigo Antônio Nilson,  faz nos primeiros versos um convite à reflexão antes da partida final. E “Os Crentes de Antigamente”, lavra do poeta Galego Jucuri. Ambos poetas de primeira linha, lá da boa terra de Santa Luzia.

    Pelé

    Em solo do “liberté, égalité, fraternité”, o cartunista potiguar Joe Bonfim já está nos preparativos de uma exposição somente com cartunistas brasileiros tendo como tema o Rei do Futebol, o nosso Pelé. Exposição que será inserida no Festival de Humor de St Just Le Martel, na França, em setembro de 2023.

    Estrela

    Juro que não queria – mentira, estava com os dedos coçando – falar no meu “Fogão” liderando o campeonato brasileiro de 2023 e sendo tratado pelos “globais” como candidato a campeão. Sei que alguns insatisfeitos, agora, depois do VAR, que não tem mais aquela “ajudinha” dos juízes, dirão que isso é “fogo de palha”. Outro dia um “invejoso” taxou o Botafogo de estrela cadente.

    Ah! Um abraço aos amigos Edilson Pinto e Josias Arruda, torcedores daquele time, apesar de dizerem que “praga de urubu” não pega, ainda assim, não ouso dizer o nome.

    Caricatura

    Caricatura do cartunista sírio Abdulhadi Shammah, para o The 1st.International Caricature Competition/Egypt,2023.

    Frase

    “Estão fazendo um aborto comigo, me tirando do útero” – Bolsonaro

  • “Negro bufento”

    Muitos falam em racismo com a distância e a ignorância voluntária que lhes são embalados. Apesar dos negros – nós – serem mais de 60% da população brasileira, ainda assim sofrem os efeitos de uma sociedade branca escravagista – haja vista às últimas notícias de trabalho análogo(?) à escravidão em vinícolas do Sul do país, entre outras tantas – que se camuflam numa hipócrita e puída retórica de não ser racista e preconceituosa.  

    “Não sou racista, tenho até amigos negros”. Quem nunca ouviu esta infame frase? E muitas vezes vomitadas por pessoas que têm a epiderme um pouco mais clara, entretanto, a melanina não permite sustentarem por milésimo de segundos seus descarados e voluntários preconceitos que as fazem negar sua raça e suas origens.

    Ser negro está além da cor da pele. Existem negros brancos e brancos negros. Vinícius de Morais se dizia o branco mais preto do Brasil. O grande Paulo Freire cunhou “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”. Esta veste perfeitamente, como se sua pele fosse o “negro branco”: aquela pessoa comum que assumiu um cargo e por estar numa função de poder esquece de onde veio e quem é, passando a se comportar e usar toda arrogância, ar de superioridade e aridez que antes sofrera e que certamente seu cargo, talvez, iluda que a proteja. Mas, um “negro esbranquiçado” também pode ser uma pessoa do alto escalão social, um parlamentar, um malta, um magno, um pastor evangélico, um cantor, um fundamentalista religioso, o senador Magno Malta(PL/ES), que certamente, sua cútis o denunciaria em qualquer país europeu ou nos Estados Unidos como negro.

    Estes “negros desbotados, bufentos” pela falta de consciência ou meliantemente usam a dor alheia para ficar “bem na fita” junto a horda que ora surgiu à tona, emergida das profundezas dos esgotos em que permanecia em letargia esperando ser despertada e, como uma besta foi acordada, incentivada e alimentada pelos fascistas, neonazistas que foram ungidos ao poder em 2018.

    Voltando ao malta, o senador Magno, que em uma fala racista ofendeu a todos nós humanos, brancos, negros, que indiscutivelmente mascarado por sua burrice ou ruindade voluntária, tentou minimizar os ataques sofridos pelo jogador brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, vomitando uma infeliz e intencional fala: “Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco?”. O senador vai à Comissão de Ética do Senado, mas o corporativismo será atuante e, provavelmente, não será cassado, nos jogando nas fuças como somos um país que mantém no seio da sociedade a hipocrisia bem nutrida.

    Ser negro é preciso ter negritude, ter coragem, honestidade, ética, hombridade, ser humano. Vinícius Júnior, na Real, você é maior que um time, um malta, um magno, maior que o preconceito que um dia haveremos driblá-lo e vencê-lo. Viva os negros, vivas os brancos, vivas aos humanos. Vivas a Vinícius Júnior.

    Exposição

    Obrigado a Ernesto Guerra diretor da Aliança Francesa/Natal, ao cartunista Brum, um dos melhores do Brasil, carioca que aqui se aportou depois de tomar um “caldo” nas águas de Ponta Negra e ao amigo Joe Bonfim cartunista potiguar que há 34 anos faz fama pelas terras do “Liberté, égalité e fraternité” sendo o embaixador do cartum potiguar na Europa. Obrigado, amigos pela oportunidade de estar juntos com vocês na Exposição “Um Pour Tous…E Todos Por hUmor”.

    Exposição II

    O cartunista potiguar Joe Bonfim, por morar na Europa, mais especificamente, é incansável na luta para expandir e fomentar o cartum norte-rio-grandense e brasileiro além de nossas cercanias, e juntamente com o Grupo Brasil-Cartuns convida caricaturista brasileiros para exposição com o tema Pelé. Exposição será inserida, no maior Festival de caricaturas do mundo, em St Just Le Martel. Na França, em setembro de 2023.

    Pelé

    Caricatura para exposição na França, no Festival St Just Le Martel. em setembro de 2023.

    Frase

    “Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco?”, senador Magno Malta (PL/ES).

  • Abril é o monster!

    Longe de mim ser supersticioso e muitos menos acreditar em coisas do além. Entretanto, em sexta-feira 13 não passo embaixo de escadas nem por cem e uma cocada preta de rapadura Cariri, se o segundo que se aproxima ventila a possibilidade de um gato preto cruzar meu caminho, logo mudo a direção e se isto for impossível fecho os olhos; também não ando em casa mal-assombrada, morro de medo de alma. Todos sabem que é melhor prevenir que remediar, assim sendo, arriscar não é preciso, né não poeta?

    Digo e reafirmo não acredito nessas “besteiras”. Mas carrego sempre comigo uma figa e uma folhinha de arruda no bolço esquerdo da calça e uma moeda do último dinheiro que recebi, não é por nada não, mas como diz a moçada “vai qui…”. E cá pra nós, têm alguns meses do calendário gregoriano que me trazem uma felicidade danada, abril é um deles, talvez o maior, talvez não, seguramente é o maior deles. Em 27 de abril nasceu minha filha mais velha Pollyanne Brito, 29 sua filha, minha neta Valentina; Jade Brito no 23, meu neto mais novo, João Miguel em 24 de abril e uma outra filha do coração, Priscilla Cibelle, que faz párea com Jade, também sua filha Sarah que veio ao mundo em 4 de abril, sem falar do 5 que é aniversário do meu genro Roberto. Para mim, não poderia ser um mês mais alvissareiro, repleto de sorrisos e alegrias esborrotando por todos os lados.

    Pois muito bem, pensei que abril já havia esgotado suas benesses comigo, ledo engano, me aparece o cartunista Joe Bonfim – desenhista potiguar que mora na França há 34 anos – acompanhado de outro grande chargista Brum, me convidando para fazermos uma coletiva na Aliança Francesa e, assim se fez. Em uma semana pulsemos a exposição na parede da Aliança. Na primeira reunião conheci Ernesto Guerra, diretor da AfrNatal onde ao sabor de um cafezinho feito por seu Ranulfo com assistência luxuosa da secretária Irlanda criou-se a ideia e no nome da exposição “Un Pour Tous…E Todos Por hUMor” uma referência direta ao clássico ao slogan do romance do escritor francês Alexandre Dumas, no seu livro “Os Três Mosqueteiros”, que tem como protagonistas os espadachins Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, porém, nosso slogan é muito mais modesto e em bom português seria “Um por todos e todos por humor”, lá fomos nós de lápis em punho. Como “Os três Mosqueteiros” que são quatro, também fizemos nossa “trinca” de quatro: Brito, Brum, Bonfim e Ernesto, nosso D’Artagnan. Vivas para abril, ao Brum, vivas ao Bonfim, vivas para Ernesto, vivas para o cartum potiguar!

    Que os outros 11 meses não me escutem: mas, abril é assim, é o monster!

    Exposição

    A nossa exposição “Um Pour Tous…E todos por hUMor” com caricaturas, charges e cartuns estará na Aliança Francesa até 12 de maio, das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira.

    Livro

    Recebi do Memorial da América Latina o livro “Latinidades – 100 anos em discos” que traz a história de vários músicos das Américas, este vem ao encontro do que estou gestando aqui na terrinha, guardando as devidas proporções. Na verdade, estou publicando no site www.blogdobrito.com.br 100 caricaturas, acompanhada de um pequeno perfil de 100 músicos potiguares de nascimento ou por adoção, que fazem essa caudaloso caldo da cultura norte-rio-grandense, que em algum momento vai virá um livro.  

    Lamúrias

    Fala-se pelos corredores assombrados do Congresso Nacional que a oposição anda chorosa com ar de arrependimento pela insistência na instalação da CPMI – Comissão Mista de Inquérito que irá investigar o atentado golpista de 8 de janeiro de 2023. Haja vista, a fala do senador potiguar – vergonha nossa – Rogério Marinho reclamando que o Governo pretende a presidência e relatoria. Ora, seu Marinho, ainda é cedo para lamurias.

    Frase

    “A fraude está no TSE – para não ter dúvida -” Bolsonaro sobre as eleições de 2014.

    Caricatura

    Caricatura do ator argelino Athmane Ariouet Osmam para o Festival Internacional da Argélia 2023. Estamos entre os 20 finalistas.

  • Moby Dick é uma sereia

    É verdade que a idade nos oferece um salvo-conduto para andarmos meio desligados – alguns dizem que já é a “sombra do alemão”, o que de fato, para mim é uma ótima vestimenta, pois incessantemente fui meio “aéreo”, quase sempre me diziam que vivia no mundo da lua. Quando estou escrevendo, desenhando ou lendo me deixo levar, o mundo ao meu redor fica pequeno e distante, com exceção da música que toca no aparelho de som, na verdade ela a via que leva a caminhos outros.

    Também é certo que por vezes passo do ponto, estou pra lá de Marrakech, às vezes quase em órbita do rebaixado Plutão, necessitando que Maria me traga de volta, depois de vários “Britooo”. Quando não dou sinal de vida, me cutuca reclamando:

     – Menino, você tava aonde?

    E sem nenhum pudor respondo em cima da bucha:

    – No mundo da lua.

    – Pois, tá na hora voltar pra terra.

    – Pra quê?

    – Homi, atenda o telefone. O “homi” é sinal que ela não está para brincadeiras, seu humor anda em baixa e sua menopausa está em ação, obrigando-a a cara de poucos amigos, logo dou um jeito de aterrissar, não sou besta nem nada.

    Sérgio Brito, dos Titãs, diz em sua música Epitáfio “O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, pode ser uma verdade ou não – como diz Caetano – sei que outro dia, apesar de estar bem distraído – na companhia de Pablo Picasso, imaginando caricaturá-lo para o Festival Internacional de Cartuns, por ocasião de 50 anos de sua morte – percebi, na minha visão periférica, algo passar rápido por minha porta em direção à cozinha, levantei-me e fui ver, era um balão que João Miguel gosta de brincar.

    E o balão empurrado pelo vento acertou minha porta, entra sem pedir licença e corriqueiramente João reclama sua presença e lá vou eu entregá-lo, isto com uma constância de algumas centenas de vezes por dia. Outro dia devolvendo o balão:

    – Pegue, João, sua baleia!

    – Papai isto não é uma baleia. Observou Jade.

    – Como não? Veja o formato baleia.

    – Pai, olhe direito. Veja o que está impresso!

    Olhei, logo de primeira enxerguei o que olhava e não via, para minha decepção do tamanho do balão, de um lado e de outro, a impressão colorida de uns 50x80cm de uma sereia. Ora, eu que viajava a bordo do baleeiro Pequod em busca de Moby Dick, agora, vou ter que me contentar com a pequena sereia. Pois sim. E agora? Como vou me explicar para João Miguel (10 meses) que aquilo que venho lhe dizendo há mais de 4 meses, que sua Moby Dick, na verdade é uma sereia?

    Pollyanne Brito

    Minha filha mais velha Pollyanne Brito, neste 1º de abril estará voando às terras do poeta Pablo Neruda, correndo o risco de pagar excesso de bagagem, pois nas malas, clandestinamente, vão nossas saudades, lá vai ter com seu irmão – meu primogênito – Alex Polary Brito e com seus sobrinhos Aléssia, Enzo e com minha nora (filha) Sanara.

    Ainda assim, vai ficar muita saudade no bornal.

    Grande Mídia

    É sabido pelo mundo e os filhos de seu Raimundo, que a chamada “a grande mídia” do sul maravilha, não dará, aliás, nunca deu, não dá e nunca dará trégua ao Presidente Lula. No máximo divulgar o que não pode omitir, mas ferreamente analisando negativamente que puder, desde a unha encravada aos fios brancos de sua cabeça e, não é por seus erros, talvez, por seus acertos, mas prioritariamente por preconceito. Ô turminha ordinária.

    Moro

    Moro é laconicamente imoral.

    Frase

    “Aqui não há nada inédito: os Estados Unidos fazem isso há décadas. Eles têm suas armas nucleares tácticas posicionadas há muito tempo em território de seus aliados”, justificou Putin sobre colocar armas nucleares em Belarus.

    Caricatura

    Pablo Picasso desenhado para o GRAND CARICATURE AWARD MALAGA GRENET 2023”, do Instituto Cultural Peruano Norte-Americano, Arequipa/Peru, por ocasião dos 50 anos da morte do pintor cubista espanhol.

  • Sete Pecados

    Não tenho a menor dúvida, que cada ser vivo que voa, anda ou nada, neste barco que navega no cosmo, “não passa dessa para uma melhor” sem antes pagar seu quinhão. E eu, ciente dos meus rosários de pecados, não faço de rogado e muito menos me escondo deles, pois não sou iludido com um final feliz. Não estou preso à tolice de imaginar que a minha redenção e perdão podem haver algum caráter prioritário, haja vista os “homens de bem” e cristãos na enorme fila que já se declaram salvos.

    SOBERBA: é o sentimento caracterizado pela pretensão de superioridade sobre outras pessoas. Desde de muito tempo sei o meu lugar, não sou nem maior ou menor que ninguém. Talvez, deste possa existir uma mínima chance de escapulir.

    AVAREZA: é a dificuldade e o medo de perder algo que possui, como bens materiais e recursos. Minha mãe, Dona Geralda, sempre disse: nada que o dinheiro pode comprar tem valor. De fato, no máximo um justo preço. Logo, bens materiais os tenho por necessidade, não por objetivo. Não vendi minha alma ao diabo, não amealhei dinheiros, mas uma fortuna enorme de filhos e netos.

    LUXÚRIA: emoção de intenso desejo pelo corpo. Segundo a doutrina católica. Confesso: rezo e sou súdito de Afrodite, Vênus, Tlazoltéotl, Eros…

    INVEJA: é um sentimento de angústia, ou mesmo raiva, perante a felicidade alheia. Vou contradizer o Poetinha, e sua bela “O Canto De Ossanha”, onde afirma “O homem diz que sou (não é) Porque quem é mesmo é (não sou)”, pois eu digo: não sou invejoso, não dou guarida a Phthónos nos meus ombros.

    GULA: é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida ou drogas. Tá certo, admito, esse pecado está entranhado na minha velha e cansada alma: em minha infância o que separava a padaria de seu Arlindo da minha casa era um corredor de 80cm que dava para nosso quintal. Quando saía a primeira fornada de pão da tarde, o cheiro invadia nossa cozinha, minhas papilas gustativas entravam em frenética ação fazendo a saliva escorrer pelos cantos da boca, logo seguia para o balcão comprar pão doce e pão d’água – como se diz lá em Moscow — o pão francês. Gula saciada, ao sabor de manteiga Itacolomy, ia jogar bola, fazer hora para o Colégio Dom Bosco. Hoje, apesar dos médicos – estes serem que não suportam a felicidade alheia – recomendarem a retirada de massa da minha alimentação, faço ouvido de mercador e às tardes me farto. Viva o pão doce.

    IRA: raiva, demonstração do ódio e o desejo de fazer o mal para algo ou alguém. Por esse pecado não ponho meus joelhos sobre milhos. Não guardo mágoa ou rancor de ninguém, pois tenho ciência, se alguém me fez o mal, de uma maneira ou de outro, talvez, em alguma medida tive culpa também e, certamente, não fugirá sem passar na “catraca”. Outro dia no Shopping Midway encontrei uma pessoa que fez um mal danado a mim e minha família, quando vi aquela figura esquálida, fuinha, um indigente moral, corrupto, uma alma podre senti pena dele e de seus filhos por serem frutos daquela sórdida criatura. Não o perdoei, por me julgar incapaz de ter esse poder.

    PREGUIÇA: pecadocaracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza. Gosto do ócio criativo. Definitivamente, logo não imagino me enquadrar nessa desobediência dessa lei Divina.


    Ouviram Lula

    Os opositores e todos que torcem o canto da boca, que destilam inveja embalados – a vácuo – com a síndrome de vira-lata, prolatavam e sonhavam que o mundo faria ouvido de surdo à proposta de paz lançado pelo Presidente Lula. Quando a Ucrânia escutou disseram “quero ver é a Rússia”. O Putin não só ouviu como elogiou. Agora, se vão parar a guerra, são outros quinhentos.

    Guerra e Paz

    Guerra em qualquer circunstância é um dos mais cruéis atos da humanidade, que impõe contra si. Entretanto, estamos carecas de saber que Estados Unidos, Europa e Rússia invadem países na África, Oriente Médio, Índia, Ásia, América Central e do Sul há séculos e fechamos os olhos, vestimos as fantasias e botamos o bloco na rua.

    A nossa explícita conivência e condescendência com os crimes ocidentais é hipocritamente latente.

    Frase

    Na paz, preparar-se para a guerra; na guerra, preparar-se para a paz – Sun Tzu.

    Caricatura

    Caricatura de Madre Tereza de Calcutá para o 5th INTERNACIONAL CARTOON FESTIVAL, EM KOSOVO.

  • Fiel

    Assistindo uma palestra do filósofo professor Clóvis Barros Filhos, lá no final ele dá um exemplo de relação de confiança com outras pessoas quando você é fiel a você mesmo e ao que você construiu, onde quem o procura o faz porque já ouviu falar dele, já foi seu aluno ou já participou de alguma palestra sua, portanto, conhece seu estilo. Logo quer ver Clóvis e não outra pessoa, pois, muito bem:

    — Professor, eu sou sua aluna do Programa de Terceira Idade da Universidade, acompanho o senhor a tanto tempo e um sonho pra mim, queria que o senhor desse uma palestra na nossa Liga, o senhor viria?

    — Com muito prazer, senhora.

    — Professor, eu sei que o senhor é uma profissional, mas o dinheiro que a gente arrecadar vai todo para as crianças com câncer, tudo bem pro senhor?

    — Com muito prazer, senhora.

    — Só mais uma coisinha, professor: tem umas amigas mais idosas do que eu, dá para o senhor maneirar, pegar leve nas energias, nos exemplos, nos palavrões? Não custa nada.

    — Dá não, dona. Dá não. Isso aí sou eu, é meu jeito, não posso prometer, eu não vou cumprir, quando eu começar a falar vou enfiar o pé na jaca, não tem conversa, num dá, não, e depois quem vai comprar a porra dos ingressos?

    — Ah, Professor, todo mundo que adora o senhor vai bombar, o senhor vai ver.

    — E essas pessoas que vão comprar os ingressos pra me ver, o que elas esperam de mim? Será que elas esperam de mim uma aula xoxa, esgarçada, sem tesão, sem viço, sem emoção, sem alegria, sem energia, é isso que elas esperam de mim?

    — Não, elas não.

    — Então, por que nós vamos traí-las? Avise aí as suas amigas higienizadas, se quiserem ajudar as crianças com câncer vai ser com caralho e tudo.

    Visto-me do exemplo, pois quando alguém me procura para fazer uma charge, cartum ou uma caricatura, certamente, já conhece meu trabalho, meu estilo e, imagino, que certamente, foi isto que o fiz me procurar, não foi por causa dos meus belos olhos verdes. Porém, ainda assim, faço algumas perguntas básicas:

    — Conhece meu trabalho?

    — Conheço, sim.

    — É uma caricatura ou um desenho acadêmico realista que você quer?

    — Não. Eu quero mesmo uma caricatura!

    — Você sabe que vou explorar alguns pontos mais marcantes de sua fisionomia?

    — Sim. Sei. É isso que gosto do seu trabalho.

    — Ok! Combinado.

    Depois de feita a caricatura:

    — Brito, meu olho ficou muito fechado, minha testa ficou grande… Fiquei feia!

    — Ora, porra! Se a pessoa é feia não fica bonita nem com reza braba, imagine se ficaria numa caricatura. Aí não tem jeito, a mando se entender com seu Narciso.  

    DARCY 100 ANOS

    Recebi a versão em PDF do livro DARCY 100 ANOS – DAR de Si Ribeiro – o qual muito me honrou participar da exposição no Memorial da América Latina, São Paulo/SP e do livro, na companhia de outros 99 cartunistas.  

    A versão imprensa está sendo postada nos Correios, logo estará na minha estante.

    Parabéns à Fundação Memorial da América Latina, na pessoa do seu Diretor presidente Jorge Damião de Almeida e para o jornalista/cartunista José Alberto Lovetro (JAL) Presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, que conseguiu arregimentar 100 cartunistas para essa bela homenagem.  

    GOLPISTA

    O golpista Michel Temer não aceita ser chamado de golpista. E como não chamar um golpista de golpista?

    MANOLÍN ÁLVAREZ

    Caricatura de Manolín Álvarez – Manuel Alvarez Alvarezfundador da Rádio de Cuba, por ocasião dos seus 132 anos de nascimento neste ano e 37 de sua morte, em março. O desenho estará nas páginas da segunda edição atualizada de “Crónicas del Caribe”, o livro que narra a vida de Manuel Álvarez, do amigo jornalista cubano Jesús Díaz Loyola.

    FRASE

    “Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe” – Michel Temer sobre o impeachment da Presidenta Dilma Roussef.