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  • Por que choras, Rogério Marinho?

    Por Ana Cadengue

    Conhecido como uma pessoa fria e calculista, sem arroubos de manifestações nem de tristezas nem de alegrias, foi com surpresa que o país assistiu o senador Rogério Marinho (PL) fazer biquinho e cair num choro sem lágrimas no último dia 13 de julho durante uma audiência pública no Senado.  O motivo que tanto emocionou o ser que não se abala por pouco, foi o destino dos terroristas de 8 de janeiro. Ninguém nunca o viu emocionado, ao menos pesaroso, pelos milhares de mortos pelo Covid e o desgoverno que integrou, nem pelos yanomamis, nem pelo povo passando fome, nem por nada.

    As lágrimas que muitos disseram ser de crocodilo e que foi classificada como uma cena patética pela imprensa de todo o país causaram indagações. Por que choras, Rogério Marinho? Já que ninguém viu um pingo de perturbação quando a Justiça do Rio Grande do Norte o condenou por improbidade administrativa no início de junho e determinou a perda de cargo público e a suspensão de seus direitos políticos durante 8 anos por incluir a nomeação de uma funcionária fantasma no quadro da Câmara Municipal quando era vereador em Natal, segundo a decisão do juiz Bruno Montenegro Ribeiro Dantas, o que – de verdade – ocasionou a comoção?

    Marinho, que pode apresentar recursos, inclusive declarou à época que iria “continuar Senador da República por mais pelo menos 7 anos e 7 meses. Fiquem todos tranquilos. Isso, certamente, para desespero de alguns que se regozijaram com o processo”, mostrando mais uma vez que não é de se abalar.

    Para regozijo dos que não se desesperam ao esperar por justiça, a imprensa noticia que o senador Rogério Marinho pode ser cassado por abuso de poder político e econômico.

    O processo instaurado pela Procuradoria Eleitoral do Ministério Público Federal do Rio Grade do Norte investiga o suposto uso de recursos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e Parnaíba (Codevasf) para comprar apoio de prefeitos nas Eleições 2022.

    Como amplamente mostrado em redes sociais, durante a gestão de Rogério Marinho no Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), a Codevasf passou a se dedicar à entrega de obras de pavimentação e máquinas agrícolas, abrindo o caminho do potiguar ao Senado.

    Na investigação, há relatos de que ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) articulou um esquema bilionário envolvendo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), chegando a articular mudanças na estrutura da Codevasf, envolvida em denúncias de corrupção e investigada pela Controladoria Geral da União (CGU).

    O processo está em segredo de Justiça, mas muito se tem falado da convocação de vários prefeitos potiguares, além do ex-deputado federal Beto Rosado (PP) e dos deputados estaduais Tomba Farias e Gustavo Carvalho (PSDB), que já prestaram depoimentos à Polícia Federal com relação ao caso.

    Terminada a fase de inquérito, o processo seguirá para a justiça eleitoral, e passará pelo crivo do TRE/RN, onde o relator é o desembargador Expedito Ferreira de Souza, e depois subirá para o Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, que dará o veredito.

    Além do risco de ficar inelegível e perder o mandato, o que ocasionaria eleição suplementar para escolha de novo senador, Rogério Marinho ainda se bate publicamente com ex-aliados, como o prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos) que escancarou em entrevista à jornalista Thaisa Galvão a quebra de compromisso por parte do ex-ministro bolsonarista, no que se configuraria em mais um caso de abuso de poder político e uso da máquina federal nas eleições 2022.

    Álvaro contou que, antes de sair do Ministério do Desenvolvimento Regional, Marinho cancelou convênios com a Prefeitura do Natal gerando prejuízos na ordem de R$ 40 milhões ao município. Em resposta, o antes comedido Rogério Marinho desafiou Álvaro a provar a perda de recursos com documentos e não só de boca, como devem ter sido as promessas.

    Será que tão querida e usada Codevasf vai conseguir tratorar a carreira política do agora emocionado Marinho? 

  • Louro Mané – Um Papagaio ruim de papo

    Por Túlio Ratto

    “O Rio Grande do Norte não aguenta mais a esquerda”, é a fala mais brilhante que o Louro Mané, um papagaio pouco inteligente e que realmente fala, acha que tem para o momento. Não à toa, de uns tempos para cá, o psitacídeo vem surpreendendo o público com um comportamento agressivo e uma ideia fixa que não sabe concatenar. Talvez, quem sabe, por se sustentar na doutrinação bolsonarista furada.  Tresloucado, vocifera contra a esquerda sempre que acha um microfone aberto.

    Desde a Era Rosalba — quando foi chefe da segurança propondo uma “caça imediata aos bandidos” —, Mané vem tentando criar o seu próprio território, preso em sua pequena gaiola ideológica. Aliás, isso está encruado na alma do mau voador desde os primórdios, quando serviu no valoroso Exército brasileiro, indo depois à Polônia e ter conseguido uma boquinha em Roraima na volta. Podemos até dizer que a esquisitice dele se agravou quando foi doado a mãe-Rosalba, uma senhorinha que insistia em dizer que amava Mossoró. Foi a própria Rosalba quem ensinou o Louro a falar na terra de Cascudo, andar e gritar pela Reta Tabajara, depois de colocá-lo no puleiro da segurança pública, como já foi escrito.

    É bom que se diga que, à época, nenhum dos dois sabiam distinguir fantasia da realidade, insistindo em levar nas asas da imaginação algo de suma importância da coletividade: a segurança.

    Os tempos se passaram e só após cortarem as asas da mãe-Rosa, no ano de 2014, quando foi preterida de candidatura ao governo, enfim, em meio a tantas incertezas, Mané conseguiu voar com as próprias asas. E uma “qualidade” que não podemos negar é o oportunismo do Louro. Sua grande oportunidade, a de ouro, foi a de surfar no momento mais tenebroso da política brasileira, não deixando a onda bolsonariana passar. E é exatamente nessa cena seu transformismo mais contundente e impressionante. Podemos destacar algumas desventuras de Mané, como a de declarar que o AI-5 foi necessário à “manutenção da democracia do Brasil”; de endossar material supostamente escrito por um general de pijama que conclamava os militares a um golpe  contra a presidente Dilma Rousseff; de defender o impeachment e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); de votar contra a equiparação dos salários de mulheres e homens; tem até o Ministério Público Federal (MPF) e a União acusando-os de fomentar atos antidemocráticos em frente a quartel no Rio Grande do Norte; O MPF-RN cobra R$ 5 milhões do papagaio de pirata por fomentar atos antidemocráticos. Dia desses, durante sessão na Câmara, foi flagrado dizendo que ia dar um soco no colega Glauber Braga (PSOL/RJ). E o mais recente, divulgou nas redes sociais um pedido de PIX aos seguidores para o “injustiçado” ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nem vamos entrar aqui na seara das fake news. Nisso, nosso animal de estruturas tegumentárias é fino.

    “O Rio Grande do Norte não aguenta mais a esquerda”, balbucia Mané, que vive um momento infeliz, pois a chance de encontrar novamente uma “onda” favorável é bastante remota. O sonho seria que isso ocorresse na eleição do próximo ano, que escolherá o inquilino do Palácio Alberto Maranhão, na capital do estado. Mas, não está fácil contracenar positivamente após a passagem do tsunami de incompetência e destruição de seu coach-inelegível Bolsonaro na Presidência do Brasil.

    Resta saber se o povo seria tão negligente com quem é tão sem compromisso com o povo.

  • Dallagnol | Lá em Pato Branco tem um político que perdeu o mandato, daí

    “Deltan Martinazzo Dallagnol é um jurista e político brasileiro, filiado ao Podemos. Foi deputado federal pelo Paraná entre fevereiro e maio de 2023, quando teve o mandato cassado por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral, por fraude à Lei da Ficha Limpa”. Ele até pode espernear e dizer que sua inelegibilidade é ‘imaginária”, mas já está na Wikipédia que o moço do powerpoint perdeu mesmo seu mandato.

    Enquanto chora as pitangas em redes sociais e nas telas de TV que lhe dão palanque, o paranaense de Pato Branco convocou uma manifestação em seu favor para o dia 4 de junho, em São Paulo,   numa tentativa de esquecer o fracasso da carreata esvaziada da semana passada, daí (leia com a voz da Bozena, por favor).

    A notícia da cassação do mandato do pato branco fez voltar às redes sociais a montagem da primeira denúncia da Operação Lava Jato contra o presidente Lula (PT). Aquela mesma que virou meme por ter o nome de Lula ao centro e 14 círculos com acusações apontando para o nome do presidente, daí.

    A tosca apresentação inclusive rendeu direito à indenização ao presidente Lula. A Quarta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu, por 4 votos a 1, em março de 2022, determinar que Deltan indenizasse Lula em 75 mil reais, daí.

    Deltan, um dos mandatos mais rápidos do centro-oeste brasileiro, foi cassado por fraude à Lei da Ficha Limpa ao sair do Ministério Público Federal, em novembro de 2021, ao renunciar ao cargo de procurador da República quando já havia sinais de que poderia ser exonerado por desvio de conduta e, portanto, inelegível, daí.

    Ele ainda pode recorrer, disse que vai, mas a decisão do TSE tem validade automática. E, segundo o próprio Deltan choramingou à imprensa nacional, “eu procurei o presidente da Câmara. Mandei mensagem para ele, minha assessoria tentou agendar uma reunião, mas ele fechou as portas, não respondendo às mensagens e aos nossos pedidos”. Daí…

    Além de não conseguir falar com o presidente da Câmara e de anunciar a ‘falta de acolhimento’, o cavaleiro de Pato Branco tem, de acordo com seus aliados, cometido sucessivos erros, como tentar se alinhar a figuras identificadas com o ex-presidente Bolsonaro, que já mandou recado via advogado que não quer nada com o político cassado, muito menos agora, quando ele precisa evitar confrontos ‘desnecessários’ com o judiciário, principalmente com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, daí.

    A volta do cipó de aroeira

    A cassação do Pato Branco, ex-coordenador-chefe da força-tarefa no Paraná, evidencia a derrocada dos protagonistas da operação Lava-Jato, nove anos depois das primeiras ações. Enquanto os próceres lava-jatistas sonhavam em ‘dominar o mundo’, a operação enfraqueceu com a revelação de conversas entre procuradores e juízes, a anulação de processos e sentenças e a suspeição do juiz marreco Sérgio Moro por falta de provas ou por prescrição dos casos em razão de falhas processuais, como a incompetência da Justiça Federal paranaense para tratar das ações  contra o alvo preferido, Lula, que foi inocentado, candidato e voltou à presidência da República.

    Para especialistas da área jurídica, a Operação Lava-Jato assumiu um papel político, gerando perda de credibilidade técnica, e extrapolou limites legais e sua função investigativa e punitiva.

    A decisão do TSE, que entendeu, por unanimidade, que Deltan cometeu irregularidades ao pedir exoneração para fugir de processos administrativos que poderiam resultar em condenação, o que o tornaria inelegível por oito anos, cassa o registro de candidatura e distribui os votos para a legenda partidária. Um recurso foi apresentado ao Supremo, mas o afastamento do cargo eletivo teve efeito imediato. As chances de reverter o resultado por meio de ação no Supremo são pequenas.

    Segundo o relator, ministro Benedito Gonçalves, quando Dallagnol pediu exoneração, já tinha sido formalizado contra ele mais de 15 procedimentos, que poderiam gerar processo administrativo disciplinar e resultar em exoneração, levando à inelegibilidade. Para o magistrado, Dallagnol tentou fugir das consequências legais.

    De acordo com a imprensa nacional, o marreco Moro continua com o mandato de senador da República, mas está isolado no Parlamento, sem apoio. Na avaliação dos colegas da Casa, ele teve uma atuação política quando ocupava o cargo de magistrado, e atuou para criminalizar a atividade política, daí são esperadas algumas ações ou simplesmente a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar. Aguardemos.  

  • PESQUISAS: “Olha a banana, olha o bananeiro”

    As eleições para as prefeituras e câmaras municipais são apenas em outubro do ano que vem, mas a fábrica de candidatos funciona a todo vapor desde o final do ano passado: as famigeradas pesquisas de intenção de votos.

    São tantas, de tantos institutos de que nunca ouvimos falar, com tantos prováveis candidatos que dá para confundir qualquer um que não seja íntimo dos bastidores políticos.

    Feitas corretamente, com métodos científicos, as pesquisas desempenham papel considerável na decisão do eleitor, principalmente na reta final de campanha, quando são uma fonte de informação importante tanto para os candidatos quanto para os eleitores. Mas, com tantos números sendo divulgados em sequência com resultados díspares e novidades substantivas, até parece que as sondagens são ao gosto do freguês.

    Fala-se que os números divulgados com tanta antecedência servem para auferir o ‘peso’ de cada nome. Em muitos casos, serve mesmo para demarcar espaços e cavar alianças.

    E já que o negócio é marcar terreno, entram em campo as famigeradas enquetes de blogs e redes sociais. Sem o compromisso de definir amostragem ou qualquer método, aliás sem compromisso nenhum a não ser com o resultado desejado, as enquetes pululam em cada perfil ou sítio da internet que tenha ligação ou de$ejo com as eleições nossas de cada dois anos.

    “Eu trago bananas pra vender/Bananas de todas qualidades/Quem vai querer/Olha banana Nanica/Olha banana Maçã/Olha banana Ouro/Olha banana Prata/Olha a banana da Terra/Figo São Tomé/Olha a banana d’Água/Eu sou um menino/Que precisa de dinheiro/Mas pra ganhar de sol a sol/Eu tenho que ser bananeiro (…)”.

    Certeza de que Jorge Bem Jor não fez essa música para institutos de pesquisas nem blogueiros ou influenciadores digitais, mas sempre que vejo o anúncio de novas sondagens, “olha a banana, olha o bananeiro” me vem subitamente à cabeça. 

    Alguém pode dizer que é mais um exagero dessa Papangu, mas se você observar bem, verá que não é tão exagero assim: Álvaro Dias tem 36, 03% de aprovação numa sondagem e 51,7% noutra, todas recentes.

    O atual prefeito de Natal também é o mais lembrado para continuar no cargo segundo um levantamento. Como não pode, Álvaro tem alguns pré-candidatos, como o deputado federal Paulinho Freire, os vereadores Ériko Jácome e Kléber Fernandes e o secretário municipal Irapoã Nóbrega, por enquanto.

    O ex-prefeito Carlos Eduardo lidera a rinha de sondagens eleitorais e se mostra animado para retornar ao Palácio Felipe Camarão. Se vai ter estofo para chegar lá ou se vai fazer alianças almejando novos cargos é o que vamos ter que esperar para ver.

    Queridinha do partido do presidente Lula, que tem 44,88% ou 48,06%  de aprovação em Natal (depende de instituto) e da governadora Fátima Bezerra que conta com 43,98% e/ou 36,25% de aprovação na Capital, apesar de sua retumbante reeleição no pleito passado, quando recebeu 1.066.496 votos, ou 58,31% dos válidos, e atingiu a maior votação para o cargo na história do Rio Grande do Norte, a deputada federal Natália Bonavides aproveitou o aniversário do PT em fevereiro e se lançou à corrida municipal. Aparece entre os três primeiros nas sondagens, mas lidera a rejeição.

    O senador Valentim, o ex-deputado federal Rafael Motta, a deputada estadual Eudiane Macêdo e alguns répteis também aparecem nas pesquisas.

    Já na vizinha Parnamirim, onde o atual prefeito não pode ser reconduzido ao cargo, enquanto uns lutam para ser ungidos por Rosano Taveira, a oposição luta para conseguir se unir em torno de um nome viável.

    A despeito de 32% de aprovação de Taveira, a professora Nilda Cruz aparece liderando algumas sondagens. Salatiel de Souza, Marciano Júnior, Airene Paiva, Kátia Pires, Irani Guedes, Wolney França e Gabriel César também são citados.

    Inflado por uma pesquisa de dezembro do ano passado que o colocava com 86% de aprovação, o prefeito mossoroense Allyson Bezerra deve tentar a reeleição sem grandes desassossegos. Pródiga em contendas, Mossoró parece que, por ora, se rendeu ao “menino pobrezinho’. Mesmo assim, a ex-prefeita, ex-senadora e ex-governadora Rosalba Ciarline continua sendo lembrada para o Palácio da Resistência. O vereador Pablo Aires também é um nome avaliado.

    A deputada estadual Isolda Dantas, que já concorreu à Prefeitura de Mossoró, é considerada o melhor nome para enfrentar Allyson. Se vai conseguir converter essa consideração em votos é o que não se sabe.

    O que se sabe é que daqui para 6 de outubro de 2024 faltam 526 dias e muitas cascas de banana no caminho.