Por Túlio Ratto
“O Rio Grande do Norte não aguenta mais a esquerda”, é a fala mais brilhante que o Louro Mané, um papagaio pouco inteligente e que realmente fala, acha que tem para o momento. Não à toa, de uns tempos para cá, o psitacídeo vem surpreendendo o público com um comportamento agressivo e uma ideia fixa que não sabe concatenar. Talvez, quem sabe, por se sustentar na doutrinação bolsonarista furada. Tresloucado, vocifera contra a esquerda sempre que acha um microfone aberto.
Desde a Era Rosalba — quando foi chefe da segurança propondo uma “caça imediata aos bandidos” —, Mané vem tentando criar o seu próprio território, preso em sua pequena gaiola ideológica. Aliás, isso está encruado na alma do mau voador desde os primórdios, quando serviu no valoroso Exército brasileiro, indo depois à Polônia e ter conseguido uma boquinha em Roraima na volta. Podemos até dizer que a esquisitice dele se agravou quando foi doado a mãe-Rosalba, uma senhorinha que insistia em dizer que amava Mossoró. Foi a própria Rosalba quem ensinou o Louro a falar na terra de Cascudo, andar e gritar pela Reta Tabajara, depois de colocá-lo no puleiro da segurança pública, como já foi escrito.
É bom que se diga que, à época, nenhum dos dois sabiam distinguir fantasia da realidade, insistindo em levar nas asas da imaginação algo de suma importância da coletividade: a segurança.
Os tempos se passaram e só após cortarem as asas da mãe-Rosa, no ano de 2014, quando foi preterida de candidatura ao governo, enfim, em meio a tantas incertezas, Mané conseguiu voar com as próprias asas. E uma “qualidade” que não podemos negar é o oportunismo do Louro. Sua grande oportunidade, a de ouro, foi a de surfar no momento mais tenebroso da política brasileira, não deixando a onda bolsonariana passar. E é exatamente nessa cena seu transformismo mais contundente e impressionante. Podemos destacar algumas desventuras de Mané, como a de declarar que o AI-5 foi necessário à “manutenção da democracia do Brasil”; de endossar material supostamente escrito por um general de pijama que conclamava os militares a um golpe contra a presidente Dilma Rousseff; de defender o impeachment e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); de votar contra a equiparação dos salários de mulheres e homens; tem até o Ministério Público Federal (MPF) e a União acusando-os de fomentar atos antidemocráticos em frente a quartel no Rio Grande do Norte; O MPF-RN cobra R$ 5 milhões do papagaio de pirata por fomentar atos antidemocráticos. Dia desses, durante sessão na Câmara, foi flagrado dizendo que ia dar um soco no colega Glauber Braga (PSOL/RJ). E o mais recente, divulgou nas redes sociais um pedido de PIX aos seguidores para o “injustiçado” ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nem vamos entrar aqui na seara das fake news. Nisso, nosso animal de estruturas tegumentárias é fino.
“O Rio Grande do Norte não aguenta mais a esquerda”, balbucia Mané, que vive um momento infeliz, pois a chance de encontrar novamente uma “onda” favorável é bastante remota. O sonho seria que isso ocorresse na eleição do próximo ano, que escolherá o inquilino do Palácio Alberto Maranhão, na capital do estado. Mas, não está fácil contracenar positivamente após a passagem do tsunami de incompetência e destruição de seu coach-inelegível Bolsonaro na Presidência do Brasil.
Resta saber se o povo seria tão negligente com quem é tão sem compromisso com o povo.