Últimas histórias

  • Saudade bate, mas não mata!

    “É mais fácil cultuar os mortos que os vivos 
    Mais fácil viver de sombras que de sóis 
    É mais fácil mimeografar o passado 
    Que imprimir o futuro…”

    Zeca Baleiro

    Vendo pela vigésima quinta vez o filme o Gladiador, não tem como não fazer “pausa” para uma reflexão quando se ouve Marco Aurélio dizer para seu filho Commodus “Suas falhas como filho são minhas faltas como pai”, claro, é o sentimento de um pai amoroso, talvez, mais que isto, na verdade um pai extremamente protetor, pesaroso e culpado por ver o canalha, invejoso e inepto em que se tornara seu filho. Essas culpas não fazem parte do meu volumoso fardo de pecados, que ainda não “esborrotou” sobre meus sexagenários ombros. Por meus filhos fiz – e faço – o que pude e o que deu.

    Pode parecer arrogância – e é, afinal somos todos arrogantes em maior ou menor escala – dizer que tenho poucos arrependimentos, mas é que aprendi desde a madrugada que ninguém sai desta vida incólume, sem tatuagens nas costas causadas pelas cortes das chibatadas do “feitor”. Todos pagam seu quinhão, ninguém põe sua “conta” no prego ou faz portabilidade para minimizar os juros, pois, o credor é o mesmo e, menos ainda pode transferir a titularidade da dívida a outrem. Os pecados são todos meus, não há como negar, saltam aos olhos e deles sou prisioneiro solitário. Todo santo dia travo lutas titânicas com os meus demônios de plantão, que amavelmente me seduz ou tentam: inveja, cobiça, vaidade, arrogância, ingratidão, vingança, rancor… …Algumas venci, entretanto, amanhã, como Fênix ressurgem das cinzas, às vezes mais fortes ou outras fracas. Apesar de não me dar por vencido, tenho ciência que tempo é um credor eficaz, com ele, deveu, pagou, de uma maneira ou de outra a luta termina, talvez sem vencedores.

    Não quero ficar um velho – se tiver o privilégio de alongar minha velhice – lendo salmos sem entender; ajoelhar sem rezar; ver o espelho e não enxergar a Deus; olhar meus filhos e netos e não ver um milagre. Claro, também é certo que muitos vão às igrejas, templos, terreiros põem-se a rezar, orar, cantar e dançar na vã tentativa de serem assim, “perdoados”, depois pagam o dízimo, saem sorridentes, abraçando todos os “irmãos”, beijam pai, mãe, filhos, amigos, enfim, creem que estão de alma nova e “limpinha” como se fora um pano de chita que acabara de sair da máquina de lavar tendo sido chacoalhado e centrifugado em água com uma boa dose de sabão OMO – Branco Total – seguem despreocupadamente empilhando e cometendo todos as atrocidades com seu próximo, certo, que no domingo seguinte sua performance e seu bolso pagam uma nova “lavagem”, que se iludam.

    Tenho o maior respeito por aqueles que praticam qualquer religião, aqueles, que de fato, não só participam das liturgias de seus credos, mas fazem delas práticas cotidianas, porém dos hipócritas, não sinto nada. Deles não serei algoz e, menos ainda, atiraria a primeira pedra, cada um sabe de si e, invariavelmente, somos apenas o que somos. Só um pecado me atormenta e me pesa, se é que estar – e sei que estar – aos ombros a arrogância do desprezo mortal pelo “ceifador”, mesmo sabendo quem é o vencedor. Talvez, por completa ignorância, ainda assim, creio ser, da vida, a morte o fato definitivo mais justo a gregos e troianos.

    Outro dia vi um vídeo onde alguém dizia “Saudade bate, mas não mata. Saudade eu tenho dos que já morreu, porque os que tá vivo sabe onde me achar”, é de uma arrogância fenomenal. Como diz Zeca Baleiro é mais fácil cultuar os mortos que os vivos.

    Não tenho saudades dos meus mortos, pois é deles minha companhia diária. Aos nove anos perdi minha mãe, adulto perdi minha ex-esposa Isi, depois meu irmão Carlinhos e ano passado meu pai subiu aos céus. Tenho dito que a música me salva, na verdade ela me aproxima dos meus mortos ouvido as suas preferidas: De Isi ouço “Andança”; de Carlinhos “Still Loving You”; do meu velho pai ouço Boiadeiro e, assim os mantenho vivos em mim. É certo que, a muitos rendo minhas homenagens em vida e peço aos me querem bem, em razão da minha “partida”, não precisam encher rios de lágrimas pendurados na alça do meu caixão, e quando lembrarem de mim, apenas cantem aquela música.

    Brito e Silva – Cartunista

    Comunista

    Aqui abaixo do equador, tudo é possível e inédito: Já vi negro nazista, cristão adorando torturador, mulher machista, patriota prestando continência à bandeira e ao hino americano…Portanto, não poderia causar nenhum espanto o Capitão Bufão presta reverência ao Memorial do Soldado Comunista Desconhecido, ficar em isolamento e fazer 5 testes de Covid-19, por exigência do Putin.

    Já dizia o Charles de Gaulle, “o Brasil não é um país sério” e produz essas aberrações. Isso aqui ioiô não é para amadores.

    Caricatura

    Caricatura do cearense Mário de Oliveira Mendez, feita para o I Festival Internacional de Caricatura e do Cartunista do Maciço de Baturité/CE. Agora está no livro MENDEZ – O MESTRE DA CARICATURA, do escritor Levi Jucá.

    Para adquirir o livro “Mendez: Mestre da Caricatura”, basta acessar o site do Ecomuseu (www.ecomuseu.com.br/mendez).

    Livro

    Venho pesquisando músicos potiguares com os quais pretendo fazer um livro de caricaturas com um pequeno perfil de cada um. Tenho me deliciando com alguns “achados” extremamente gratificante. Confesso a minha ignorância era, e é, monumental, talvez, como eu haja uma infinidade de potiguares que não conhecem nossos talentosos e magníficos músicos para os quais quero trazer essa luz.

  • A bunda nos “salva”

    Outro dia, navegando nas águas turvas das redes sociais, dei de proa com um gigantesco iceberg, era uma bunda, não qualquer bunda, mas a valiosa bunda de Jennefer Lopes. Por falar neste “patrimônio cultural” do Brasil não há dúvidas e, se existe alguma, certamente, paira sobre um pequeno grupo de gente invejosa, especialmente de mulheres e, em sua maioria de uma elite conservadora abastecida de uma falseada moralidade, entretanto a bunda continua sendo a preferência nacional e assunto recorrente na cultural popular do país. Claro, há os que concordam sem “arrudeios” e ânsias de moralismo ou crises de consciência.

    A bunda foi e é cantada em verso e prosa por vários artistas em todos os rincões deste país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza: escritores, músicos, poetas, pintores expressam em suas obras delirantes e líricos afagos à beleza deste monumento final da dorsal.

    Nosso poetinha Vinicius de Moraes genialmente tatuou no imaginário coletivo uma cena de uma magistral e inocente bunda suavemente desfilando à praia: “Olha, coisa mais linda, mais cheia de graça, num doce balanço a caminho do mar”. O sociólogo Gilberto Freyre fez observações sobre a bunda na formação cultural do povo brasileiro, disse: afinal, é nas raízes do Brasil que surgem também a preferência dos homens pela bunda e as condições antropológicas e genéticas para a invenção da bunda brasileira.

    O jornalista Xico Sá, em “carta aberta” a Freyre, escrita em 2009, se ressentia do modismo europeizante: “Sim, ainda vemos grandes bundas, ótimos latifúndios dorsais, mas na maioria dos casos contra a vontade das suas angustiadas proprietárias. Elas perseguem um outro corpo, um outro ideal de belezura, sonham com Giseles e outros fetiches ao melhor estilo varapau, bunda seca, bundinhas que não rendem um pastel de feira “.

    Sem querer gerar discórdia com o jornalista cearense, grande entendedor de bundas, ouso dizer que não é bem assim, “a bunda é nossa”. O Brasil é líder mundial no número de colocação de prótese no glúteo (gluteoplastia), isto é, este “patrimônio nacional”, agora pode ser esculpido em silicone por artistas cirurgiões, assim recolocando as caídas nádegas em seu lugar de destaque e levantando nossa moral como o “país da bunda”, já que perdemos o status de “país do futebol”. A bunda nos “salva”.

    Mas, voltando à valorosa bunda da cantora, compositora, produtora musical, dançarina, atriz, estilista, produtora de televisão, coreógrafa e empresária norte-americana, de origem porto-riquenha, Jennifer Lynn Lopez, a beldade tem uma apólice no valor de US$ 300 milhões para o seu glorioso “patrimônio”. Como diria meu amigo Delegado (porteiro, filósofo, monge e sociólogo): Eita! Que “parreco” caro danado!

    Vacinas

    Neste primeiro mês de 2022, a Praia de Ponta, um dos cartões postais da capital potiguar, imprimiu uma das cenas mais bizarras: várias cruzes foram fincadas na à beira-mar. Algum desavisado poderia imaginar que fosse um protesto contra à fome de crianças que assola o país, ou das vítimas do trabalho infantil, mas era apenas uma ruma de gente tosca e hipócrita se posicionando contra vacinação da Covid-19 em crianças ou contra sua obrigatoriedade, como vociferou o deputado  federal (PSL/RN), bolsominion de carteirinha, General Girão.

    Digo sem medo de errar, que esses infelizes vacinam seus filhos e netos, mas por uma posição política/ideológica se dão ao trabalho de mal informar e induzir o povão contra vacinas. Facínoras, pobres almas podres.

    Artista

    O Amigo e artista Álamo Kário fez um desabafo onde gravou não tem como comparar artistas, subjetivando de melhor ou pior um ou outro. Concordo.

    Todo artista em qualquer área de sua atividade é único em seu estilo, forma, conteúdo e assinatura. Por isso, é que é arte e artista. Logo não ninguém é igual ou melhor que outro.

    Caricatura

    Caricatura do cantor, compositor, músico, poeta e fazedor de cultura na cidade Grossos/RN, Genildo Costa, que irá ilustrar nosso livro, na companhia de outros 99 músicos potiguares. 

  • Palavras

    Ontem, talvez anteontem, vi uma frase postada em 2020 pela pastora e ex-deputada federal Flordelis (PSD/RJ), presa por ser mandante do assassinato do seu marido, o pastor Anderson do Carmo, com quem tinha 55 filhos adotados, afirmando: “Meu Nem, meu amor, você segue vivo dentro de mim”, se dirigindo ao morto pastor.

    Sempre fui cuidadoso com as palavras e assim continuo na espinhosa jornada de proceder, o que não é fácil, às vezes somos obrigados a concessões por educação, cortesia e circunstâncias eventuais. Ouvia sempre de dona Geralda minha mãe, repetidas vezes: “a palavra tem força”, provavelmente falava da Palavra de Deus, mas, me despi deste viés religioso, se é que um dia vesti. Crescendo pude comprovar com minha primeira desventura amorosa, lá no limiar dos meus 13 anos “Doeu, aí doeu, aí doeu, aí, aí, aí…” como diz a canção do Wando, doeu mais que os “bolos” da palmatória de dona Mariinha, minha professora primária em suas temidas sessões de ditados.

    A cada dia ficavam mais cristalizadas aquelas palavras de minha velha e querida mãe. A palavra, se bem dita pode fazer minar qualquer olho seco, amolecer qualquer coração de pedra, não há quem resista ao “eu te amo” ou um neto chamando vovô. Mas, como tudo nesta dimensão terráquea tem seu lado sombrio, ela, a palavra, também pode cortar com a precisão da Excalibur, peixeira de Lampião ou a foice de meu tio Nôga — que “cepou” a orelha de um valentão —, sem despentear os cabelos do sortudo sujeito.

    Nestes 42 anos militando em comunicação, vi manchete de jornal fazer marmanjo chorar feito bezerro desmamando ou sair rindo à toa, como se não houvesse amanhã. Um simples, parabéns na coluna social de Gomes Filho ou Ivonete di Paula (jornais Gazeta do Oeste/O Mossoroense) – ambos já partiram para perto de Nosso Senhor – o felicitado tinha seu dia mais colorido, agora se tivesse seu nome citado nas páginas policiais, certamente, a “coisa” mudava de figura.

    A Palavra, Drummond queria aquela que nunca estaria no dicionário, não seria inventada e não seria pronunciada, todos mudos apenas a saboreá-la. Diferente do nosso poeta maior, nestes tempos de século XXI vorazmente estamos vulgarizando A Palavra tanto do poeta, quanto aquela que tentou nortear a civilização ocidental.

    As palavras parecem ocas, quer dizer, não dizem mais nada o que diziam ou o que quer dizer: Se diz “Vou fazer…” e não faz, “Eu sou” e não é, o “Eu te amo” se fala para gato e cachorro tal qual Malafaia, Edir Macedo e outros falsos Messias pronunciam em vão, nome de Deus. A palavra precisa de gesto, ação, se assim não for, não passa de um amontado de letras descoloridas e “bufentas” jogadas ao vento.

    Portanto, creio que as palavras, sejam elas quais forem, devem ou deveriam ser precedidas de uma ação, para que, de fato, tenham seu valor real explicitado. Mas, também é verdade que há palavras que não precisam ser ditas, basta uma lágrima no canto do olho.  

    Ah, Feliz Natal e que 2022 nossas esperanças floresçam nos levando a novos caminhos.

    Espaço Cultural

    Parabéns ao Edson Barbosa, lá da cidade Baraúna, que está criando um Espaço Cultural na cidade, onde pretende fazer uma exposição de artes permanente e está solicitando algumas obras. Já mandei minha colaboração.

    Chile

    Segundo especialistas em política internacional as eleições chilenas foram as mais politizadas dos últimos tempos, onde houve o confronto direto entre a esquerda e a direta. Gabriel Boric com a bandeira progressista, representando a esquerda e suas matizes ancoradas na figura do Salvador Allende, José Antonio Kast, de direita, claramente, defensor do ditador pedófilo Augusto Pinochet.

    Venceu a melhor proposta para os chilenos. Aqui, esperamos a mesma sorte em 2022.

    Frase

    “Acabei de falar com Gabriel Boric e o parabenizei por sua grande vitória. A partir de hoje ele é o presidente eleito do Chile e merece todo o nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile sempre vem em primeiro lugar”, Kast, Candidato derrotado à Presidência do Chile.

    Caricatura

    Caricatura de Chico Leandro (in memoriam) para o Espaço Cultural, do amigo Edson Barbosa. Francisco Leandro foi (é) uma das personalidades mais importantes da fauna baraunense e um dos responsáveis na construção de uma identidade da cidade Baraúna.

  • Bullying

    Outro dia ficamos sem energia das 14h às 18h, claro, evidentemente sem internet, meu contato com o mundo foi, literalmente, a moldura de minha janela, de onde vejo e escuto os ruídos da cidade e seus transeuntes. Já à tardinha, me encantando com o sol que vestia o pijama para dormir, quando um barulho de moto me chamou atenção, com duas pessoas, o garupa gritou para um homem que estava na calçada da pizzaria: “Diga aí baxin cu de calango”.

    O piloto acelerou e o “tamborete de forró” saiu para o meio da rua gesticulando e berrando impropérios com a mãe do “anunciante”: “seu fii de uma égua que ronca” foi o mais publicável. Todos riam de orelha a orelha, até o momento em que o que baixinho olhou em direção eles, o silêncio foi sepulcral.

    Algumas pessoas entraram na loja outras foram saindo à francesa, de resto, ficou apenas um homem, no qual ele se aproximou e ainda gesticulando, mas agora falando baixo, em um tom inaudível para mim, certamente, ainda reclamava com os rapazes da moto.

    Se este senhor conhecer os motoqueiros, não tenho dúvidas, com ajuda de um advogado irá acioná-los na justiça com processo por Bullying. O que de fato, o bullying é uma coisa seríssima já registrando várias vítimas fatais, principalmente, em grupos de adolescentes, o que antes, parecia uma brincadeira inofensiva, estudos feitos mundo afora comprovam que muitas pessoas, de todas as idades não reagem muito bem a apelidos e “brincadeiras” de natureza. O Bullying nas escolas é uma das causas de muitas desistências, entre adolescentes o efeito de constrangimento tem levado a malquerenças entre amigos, também vem forçando o número de suicídios entre jovens. Portanto, o Bullying não é brincadeira.

    Entretanto, há pessoas que não dão muita bola para apelidos, não são
    “cavaquistas” como se diz lá na beira do açude, em Baixa do Chico. O que poderia ter conotação pejorativa elas os transformam em marketing a seu favor: Cara Suja, Bar do Gordo, Borracharia de Zé Doido, Zé Peixeiro, o Homem do Carneiro, o mais emblemático deles foi (é), talvez, o “Tamborete de forró” cunhado ao Governador Geraldo Melo, que não é menino besta de cair da rede e ficar brincando com as varandas, prontamente colou a alcunha na sua vitoriosa campanha política. Também tive meus apelidos: Peninha, Britovisky, Baxin, Jubileu – esse eu tinha raiva, não do apelido em si, mas da burrice de quem me designou assim – mas, de resto sempre fui bem resolvido. A minha amiga psicóloga Guadalupe, disse certa vez que tenho um equilíbrio emocional bastante vigoroso – o que, de fato, me ajudou e ajuda muito no dia, equilíbrio, o que agora chamam de inteligência emocional.

    Com 1.61cm de altura, pobre, analfabeto e feio, se tivesse tempo para me traumatizar com estes predicados estaria lascado do primeiro ao quinto. Com o naco de memória que não foi corroído pelos “burrinhos” do Djalma Bar e as “loiras suadas” do Kinkão me fez lembrar quando comprei uma moto MZ250. Todas às vezes que Canindé Queiroz me via chegar no jornal Gazeta do Oeste gritava: “Inácio pé de Quenga, traga o banquinho pra Brito descer da moto”. Mas, como não sou besta nem nada, rebaixei a minha bela MZ250: descia e subia sem maiores problemas na “bela dona”. Nera não, Maria?

    Prefeito Cloroquina

    A bela capital potiguar anda abandonada pela direção administração municipal, o lixo é permanente por todos os quadrantes. A praça ao lado da igreja Nossa Senhora da Candelária, está completamente destruída e mal cuidada, o passeio público cheio de buracos. Ainda assim, o prefeito Álvaro Dias Cloroquina sonha ser Governador. Pois, sim. Deixe estar!

    Véi da Havan

    O Luciano Hang, deu um canto de carroceria no Capitão Bufão. O “Véi da Havan” se declarou para o “Marreco de Maringá” causando ciumeira danada no Bozo.

    Frase

    “Não aprendeu nada” Bolsonaro sobre Moro.

    Caricatura

    Caricatura do Presidente Lula para o “Salão Internacional de Cartoons de Imprensa e Artes Visuais Satíricas” da Romênia.

  • Freud que explique

    Não há dúvidas quando falamos de alguém bem ou mal, por mais que minúsculo seja um comentário, uma simples opinião ou mesmo uma robusta tese feita sob os melhores e mais rigorosos métodos tecnológicos disponíveis, ainda assim não seremos justo o suficiente para, de fato, sem ter medo de errar e mostrar uma descrição capaz de vestir a figura da qual falamos, e se o fizer, na verdade, esta será apenas uma embalagem e talvez, uma fina e frágil camada que a qualquer momento pode se romper e vir à tona, emergir o real sudário, a verdadeira essência nua e crua.

    Na noite do dia 4 de setembro, lá por voltas das 20h, recebi uma ligação no WhatsApp: “aqui é fulano, posso fazer uma ligação de vídeo, quero ver você, Socorro e mostrar para vocês meus netos e minha bela Sônia — nome fictício —” de pronto, respondi afirmativamente.

    O reconheci pela voz, apesar de anos sem nos vermos. Ele é um amigo de mais de trinta anos que tinha trocado Mossoró/RN pelo Rio de Janeiro, agora, aposentado veio residir em Natal, me encontrou através do meu site e redes sociais:

    — Boa noite, amigo. Quanto tempo?

    — Isso mesmo, amigo faz um bom tempo.

    — Como vai você? Parece que o tempo não passa para você.

    — Amigo, sua generosidade continua a mesma, mas o tempo é cruel com todos nós.

    Falamos de nossas jornadas profissionais, dos tempos de Luzia do Ponto Frio, do Bar de Djalma, quando ali perto do Colégio Estadual – hoje Jerônimo Rosado – onde por milhares de vezes com algumas “meiotas de Pitú”, devidamente acompanhadas de coração assado, víamos o sol nascer. Ah! Também trocamos “figurinhas” sobre doenças como faz qualquer sexagenário que encontra outro, falamos dos níveis de açúcar no sangue, pressão alta e por coincidência ele também foi acometido de um AVC. Enfim, passamos reciprocamente todos os nomes de remédios que hoje tomamos no lugar dos longínquos “burrinhos”.

    Maria e Sônia já impacientes, entraram na conversa falaram, falaram, também não muito distantes de nossos assuntos. Fotos de netos pra cá, fotos de netos pra lá, foram mais de léguas de papo e boas lembranças e muitas risadas. Já marcamos uma sentada, agora, com um copo de vinho para cada, sob a supervisão da “tropa de choque”: os netos.

    Em nosso bom papo, além de se dizer fã dos meus trabalhos e de como meus desenhos são pertinentes, mostrou-me várias caricaturas como Wallpaper do seu celular, dos meus textos, falou que morria de rir e ficava sempre esperando o próximo, entretanto, lá para tantas, veio o “mas” — quando se diz “mas”… Sei não… — “em seus artigos você fala sempre na primeira pessoa, você fala sempre de você”:

    — Ora, quem me conhece melhor que eu mesmo? Indaguei.

    Riamos e morreu por aí o assunto, pulamos para nosso Botafogo. Tenho gosto por uma frase que muitos põem na conta de Sócrates “conhece-te a ti mesmo”. Por certo, quando esta foi posta seria e, é muito mais elástica do que parece ou quer dizer nossa vã filosofia. Entretanto, ainda na superfície, para escrever com verdade escrevo sobre minhas experiências e vivências, assim não corro o risco de me desviar da verdade. Ainda assim, alguns podem não me reconhecer, afinal, não sou apenas um, mas um universo e, certamente, sou um cada escrito, a cada rabisco, a cada desenho, a cada pensamento agregado, isto é, sou mutante. Vivas aos “eus” em todos nós. Freud que explique!

    Milho aos pombos

    As pessoas andam inertes, anestesiadas, olhando para o mesmo lado feitas estátuas de sal – como diz a música – parecem zumbis aceitando todas atrocidades destes tempos escuros. Gasolina a R$ 7,00; gás de cozinha R$ 120,00; gente comendo lixo, brigando para pegar um osso, pé de galinha e carcaças de frango à venda nas mercearias…E nós na praça dando milho aos pombos.

    Micro Ciro

    O paulista Ciro Gomes, que é fake de cearense – terra que produziu José de Alencar não paria um Ciro tão micro – se afoga em sua própria lama. Em seus criativos delírios anda vomitando que Lula conspirou contra Dilma, isto é, Lula teria fomentado o impeachment.

    Na ânsia de viabilizar sua posição para dois dígitos nas pesquisas de intensões de votos à Presidência da República mente com tanta convicção que certamente, acredita no que diz.

    Caricatura

    Caricatura de George Enescu para o Salonul Internaţional de Caricatură Botoșani – România – 2021

    Frase

    “Não tomo vacino e sou super normal” – Apoiadora de Bolsonaro que invadiu a Câmara Municipal de Porto Alegre/RS contra o passaporte da vacina.

  • Eu e Sísifo

    “A cidade acorda e sai para trabalhar, na mesma rotina, no mesmo lugar”, versos da música Conformópolis, do grande músico Di Melo. Depois de muita resistência, laudos falsos(imaginários), dores na cabeça no dedo mendinho do pé esquerdo, desculpas descaradamente esfarrapadas para Roberto Freitas, meu genro fisioterapeuta — a quem agradeço todos os dias e todas às vezes que me oferece oportunidade e, assim farei sempre, por seu atendimento imediatamente nas primeiras horas do meu AVC — que dizia se eu não caminhasse, certamente, acrescentaria mais uma deficiência à minha “cacunda”, desta feita, física.

    É verdade, passados 2 anos a minha fonte de alegações para não deixar o calor da cama definhou, sua força gorou. Porém, Maria também perdeu a paciência e, unilateralmente, decretou: “A partir de hoje, vamos caminhar!”. Ainda tentei um habeas corpos junto a mais alta corte familiar, para ter o direito inalienável do bom cristão de permanecer deitado no seu “berço” nas primeiras horas do dia, pedido indeferido pelos netos, com anuência dos filhos, que em complô fizeram coro com Maria. Hoje, me sacode às 5h da manhã e sorrir um sorriso pontual e com ele uma horrenda frase: “Está na hora”, torturando minha admirável e amada preguiça da alvorada. Saio para essa jornada como quem vai à fila da Caixa Econômica para receber o milionário auxílio emergencial de R$ 150,00. Na verdade, essa coisa de caminhar é uma tortura, um castigo permanente, no instante em que ponho o pé fora da cama, tal qual Sísifo, imagino logo que cumpra meu destino o dia acaba e amanhã terei que fazer tudo novamente, igualzinho: mesmo horário, mesmo trajeto, mesmas pessoas passando por nós, a mesma senhora com seu feioso e fedorento Puddle nos mostrando seus amarelos caninos ameaçadores…

    No trajeto encontramos gente indo e vindo de carros, ônibus, motos, bicicletas e outros a pé, todos apressados. São trabalhadores que por motivos mil não podem ficar em casa em isolamento social e são obrigados a cumprir seus destinos. Cada um com histórias de vitórias e derrotas, acertos e erros, amor e desamor. São pretos, brancos, mulatos, pardos, homens, mulheres, homossexuais, LGBT+, católicos, evangélicos, umbandistas, espíritas, com partido, sem partido, na verdade são apenas humanos condenados a comerem o pão que o diabo amassou dia após dia, além de tudo, não bastasse os dessabores da falta de transporte público com o mínimo conforto, educação de qualidade para si e seus filhos, saúde,  salários dignos ainda são forçados a enfrentarem a besta-fera do Coronavírus e aquela outra inquilina do Palácio do Planalto.

    Mais uma fila de ônibus, micro-ônibus e vans apinhados de gente passam por nós, que destino terá essa gente? Me pergunto. Não daqui há um ano, dez anos, mas logo amanhã, no dia seguinte? Como eu e Sísifo, toda essa gente perseguirá apenas cumprindo seu destino, seu “castigo”, sua sentença proferida por algum deus raivoso e vingativo. Me entristeço. Se soubesse rezar, rezaria, como não sei rezar, com um nó na garganta, canto em silêncio. A Endorfina já me invadindo meu sofrido e dolorido corpo sigo minha rota caminhando e cantando, puxado por Maria.

    Educação

    Segundo o Professor Luiz Carlos Noronha, vem novidades para seus alunos de física, certamente, não será nada de “terraplanismo”. Aguardermos, pois.

    SindForte

    Aos “meninos” Márcio Figueredo e Tertuliano Santiago — In memoriam — presidente e ex-presidente do SindFoforte respectivamente, fundadores do Sindicato dos Transportes de valores, que na época assim foram denominados com desdém por alguns sindicalistas pelegos, mas hoje o SindFort comemora 10 anos de muitas vitórias para categoria. Parabéns, aos “meninos” que compõem o Sindicato!

    Caricatura

    Neste 19 de setembro, o mais premiado mundo afora, educador do Brasil, fez 100 anos do seu nascimento. Em um tempo em que se propaga e festeja a neurociência, lá pelo idos do século XIX Paulo Freire já usava em sua pedagogia, na qual tentava entender o ambiente para nele poder aplicar a melhor forma de ensino. Foi um homem além do seu tempo com espírito humanista sem igual.

    Patrono da Educação brasileira, recebendo do ignorante obtuso presidente da República, senhor Jair Bolsonaro — desculpem o palavrão – agressões. Paulo Freire, presente!

    Frase Do meu amigo Delegado (Porteiro, filósofo, monge e sociólogo): “Não adiante a maquiagem diurna, se o travesseiro o revela noturnamente” – Delegado.

  • É preciso cantar

    Outro dia procurando a rádio Universitária da UFRN, aqui de Natal/RN, onde ainda podemos ouvir música — a meu valor — de boa qualidade, quando o celular toca e como nossa cobertura é falha, tive que me afastar para procurar um ponto de sinal mais forte para que pudesse falar. Por acidente o dial parou numa rádio que, para meu azar, embora afastado do aparelho de som conseguia ouvia o que estava tocando, por graça dos divinos deuses dos acordes, das melodias e dos poetas, foram apenas três horripilantes e nauseantes músicas, as quais ao final o locutor anunciou entusiasticamente: “Vocês ouvintes da rádio FM – disse um número – tiveram o privilégio de ouvir o fenômeno Jojô Todynho, Pablo Vittar e a deusa da nossa música popular brasileira, Anitaaaaa”.

    Com um “farnezinho roendo meu juízo” já não dizia coisa com coisa, juro por nossa senhora da boa música, me peguei chamando Jesus de Genésio, talvez, percebendo minha aflição e por solidariedade cristã meu interlocutor decretou que depois ligava, frase a qual é minha única memória da conversa. Foram os minutos mais longos de minha vida de pura tortura psicológica. Por fim, corri ao dial para me desvencilhar daquela “coisa” — com toda vênia de quem gosta – imediatamente, como balsamo, os meus doridos tímpanos foram acalentados com Caetano cantando Geleia Geral. 

    Zé Ramalho em sua música Sinais, versa: “Sinais de que os tempos passaram, passaram e mudaram demais, Sinais de que tudo mudaram, viraram para frente e pra trás…” como tudo na vida, tudo muda o tempo todo. Entretanto, não precisava mudar tanto assim, né não? Que mudamos muito, isto é fato, mas nos aparenta que em muitos aspectos mudamos para pior, isto para ser bem generoso. Mudamos na música, política, religião, na forma de nos relacionarmos. Tenho a nítida impressão que emburrecemos: expusemos ou deixamos nossa porção maligna florescer, ficamos mais preconceituosos, mais extremistas, mais intransigentes, mais agressivos, mais perigosos e que não aprendemos nada com o passado recente. Andamos confundindo alhos com bugalhos, até chamar genocida de mito estamos fazendo. Já não se faz músicas como antigamente.

    Lembro da minha época de adolescência, lá nos Paredões, em Mossoró/RN, você ligava na Rádio Rural de Mossoró, Rádio Difusora, Rádio Tapuyo ou Libertadora se ouvia Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Cartola, Luiz Melodia, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, João do Vale, Terezinha de Jesus, Elino Julião, Pink Floyd, Beatles, Ray Charles, Elvis Presley e tantos cantores e cantoras soltando a voz nas estradas com música de boa qualidade. Neste tempo tive contato — através da música, até porque não tínhamos liberdade de expressão, jornais e revistas publicavam somente o que os sensores permitiam e, portanto, pouco se sabia da situação política do país, a música foi um meio de expor, de forma leve e sutil, as atrocidades que ocorriam no submundo da ditadura militar — com a realidade política brasileira vivida, não que uma vez ou outra aparecia gente cantando “Comprei um quilo de farinha, pra fazer faró fa fa”…Por outro lado Julhinho de Adelaide cantava Jorge Maravilha: “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta…” e Sérgio Sampaio botava o bloco na rua. Ah! Você também podia ouvir o Trio Mossoró cantar “Santo de Barro” do Iramar Leite.

    Recordo dos sábados, isto já nos meus vinte e pouco anos, no jornal Gazeta do Oeste, lá pelas 18h se ouvia um “tirinete” dos diabos, vindo da redação, eram os dedos do amigo Kléber Barros — In memorian — castigando a pobre Olivetti furando o papel de pauta escrevendo sua coluna, que logo ao cabo iria “desembestar” rumo aos estúdios da Rural de Mossoró para fazer seu programa no qual recitava poemas de sua lavra e outros dos grandes poetas brasileiros e portugueses. Sem falar que também aos sábados o amigo Aluísio Barros, passava no jornal para entregar seu material do caderno de cultura e, quase sempre, trazia no alforje a coluna de sua Ivonete de Paula, para publicação. Por vezes nos mostrava — a mim e a Maria, a lista ou playlist — como se diz hoje —, das músicas que iriam tocar no seu programa à tarde, na Rádio Gazeta de Areia Branca, e ali estava sempre a navegar Vapor Barato, com Gal Costa.

    Me valendo de Zé Ramalho numa versão de Bob Dylan “tá tudo mudando…”, no entanto, é precisa cantar. “Sem a música a vida seria um erro” — Nietzshe.

    Coxa

    O fato mais relevante da política brasileira do mês de agosto, não foi nada de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, pedido pelo Bufão ou o quebra—quebra que seria promovido no Supremo Tribunal Federal, no dia 7 de setembro, pelo cantor bovino Sérgio Reis e a manada, mas sim, uma foto em que o Lula, abraçado a sua namorada Janja, aparece de sunga expondo as coxas demonstrando sua boa forma física. Ô véi macho!!!

    Life is life

    Com duas vacinas — devidamente armado de álcool gel e máscara — já ando matando a saúde de filhos e netos. Fui a festinha do Dia dos Avós na escola de Valentina; Já vi de pertinho minha bióloga Larissa Brito e seu Galileu, que vieram à Natal/RN e passaram aqui, para nos darem suas bênçãos e comer um bolinho feito por Maria; Já almocei com Pollyanne/Felipe e Valentina; Já abracei Jade/Roberto e, Lívia já escuta comigo “Life is life” — Opus — nos últimos acordes diz “de novo vovô Bito”, isto das 9h às 18h. 

    No entanto, os olhos ainda minam de saudade dos que estão lá pelas terras de Pablo Nerudo: Polary/Sanara e os netos Aléssia e Enzo. Mas, Sanara promete que dezembro é logo ali.

    Rastro

    Lula passou pelo Rio Grande do Norte e deixou um rastro de esperança.

    Frase

    “Não sou coveiro”, Presidente da República Federativa do Brasil, senhor Jair Messias Bolsonaro.

    Caricatura

    Millôr Fernandes, caricatura feita para o XVI Salão Internacional de Humor de Caratinga “Festival Jal & Gual” – 2021.

    Charge – Sem maçã

    XVII Salão Internacional de Humor de Limeira – 2021.