Sobre

Palavras

Ontem, talvez anteontem, vi uma frase postada em 2020 pela pastora e ex-deputada federal Flordelis (PSD/RJ), presa por ser mandante do assassinato do seu marido, o pastor Anderson do Carmo, com quem tinha 55 filhos adotados, afirmando: “Meu Nem, meu amor, você segue vivo dentro de mim”, se dirigindo ao morto pastor.

Sempre fui cuidadoso com as palavras e assim continuo na espinhosa jornada de proceder, o que não é fácil, às vezes somos obrigados a concessões por educação, cortesia e circunstâncias eventuais. Ouvia sempre de dona Geralda minha mãe, repetidas vezes: “a palavra tem força”, provavelmente falava da Palavra de Deus, mas, me despi deste viés religioso, se é que um dia vesti. Crescendo pude comprovar com minha primeira desventura amorosa, lá no limiar dos meus 13 anos “Doeu, aí doeu, aí doeu, aí, aí, aí…” como diz a canção do Wando, doeu mais que os “bolos” da palmatória de dona Mariinha, minha professora primária em suas temidas sessões de ditados.

A cada dia ficavam mais cristalizadas aquelas palavras de minha velha e querida mãe. A palavra, se bem dita pode fazer minar qualquer olho seco, amolecer qualquer coração de pedra, não há quem resista ao “eu te amo” ou um neto chamando vovô. Mas, como tudo nesta dimensão terráquea tem seu lado sombrio, ela, a palavra, também pode cortar com a precisão da Excalibur, peixeira de Lampião ou a foice de meu tio Nôga — que “cepou” a orelha de um valentão —, sem despentear os cabelos do sortudo sujeito.

Nestes 42 anos militando em comunicação, vi manchete de jornal fazer marmanjo chorar feito bezerro desmamando ou sair rindo à toa, como se não houvesse amanhã. Um simples, parabéns na coluna social de Gomes Filho ou Ivonete di Paula (jornais Gazeta do Oeste/O Mossoroense) – ambos já partiram para perto de Nosso Senhor – o felicitado tinha seu dia mais colorido, agora se tivesse seu nome citado nas páginas policiais, certamente, a “coisa” mudava de figura.

A Palavra, Drummond queria aquela que nunca estaria no dicionário, não seria inventada e não seria pronunciada, todos mudos apenas a saboreá-la. Diferente do nosso poeta maior, nestes tempos de século XXI vorazmente estamos vulgarizando A Palavra tanto do poeta, quanto aquela que tentou nortear a civilização ocidental.

As palavras parecem ocas, quer dizer, não dizem mais nada o que diziam ou o que quer dizer: Se diz “Vou fazer…” e não faz, “Eu sou” e não é, o “Eu te amo” se fala para gato e cachorro tal qual Malafaia, Edir Macedo e outros falsos Messias pronunciam em vão, nome de Deus. A palavra precisa de gesto, ação, se assim não for, não passa de um amontado de letras descoloridas e “bufentas” jogadas ao vento.

Portanto, creio que as palavras, sejam elas quais forem, devem ou deveriam ser precedidas de uma ação, para que, de fato, tenham seu valor real explicitado. Mas, também é verdade que há palavras que não precisam ser ditas, basta uma lágrima no canto do olho.  

Ah, Feliz Natal e que 2022 nossas esperanças floresçam nos levando a novos caminhos.

Espaço Cultural

Parabéns ao Edson Barbosa, lá da cidade Baraúna, que está criando um Espaço Cultural na cidade, onde pretende fazer uma exposição de artes permanente e está solicitando algumas obras. Já mandei minha colaboração.

Chile

Segundo especialistas em política internacional as eleições chilenas foram as mais politizadas dos últimos tempos, onde houve o confronto direto entre a esquerda e a direta. Gabriel Boric com a bandeira progressista, representando a esquerda e suas matizes ancoradas na figura do Salvador Allende, José Antonio Kast, de direita, claramente, defensor do ditador pedófilo Augusto Pinochet.

Venceu a melhor proposta para os chilenos. Aqui, esperamos a mesma sorte em 2022.

Frase

“Acabei de falar com Gabriel Boric e o parabenizei por sua grande vitória. A partir de hoje ele é o presidente eleito do Chile e merece todo o nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile sempre vem em primeiro lugar”, Kast, Candidato derrotado à Presidência do Chile.

Caricatura

Caricatura de Chico Leandro (in memoriam) para o Espaço Cultural, do amigo Edson Barbosa. Francisco Leandro foi (é) uma das personalidades mais importantes da fauna baraunense e um dos responsáveis na construção de uma identidade da cidade Baraúna.

Escrito por Brito Silva

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