Sobre

Conselho bom é pago!

Em nossa caminhada matinal com Maria, cruzamos com amigos de “cooper” lá na praça de Nossa Senhora da Candelária, conversando em passos apressados e vozes elevadas. Um deles, em tom decepcionado e reflexivo, dizia:

– Sim, foi meu filho. Faz dez dias que está preso, foi pego em flagrante. O advogado vai tentar um relaxamento…

– Você deve estar arrasado.

– Tanto que o aconselhei a não beber e dirigir, mas…

Nesse momento, já não conseguimos mais ouvir a conversa, e para nós bastou. Seguimos nosso caminho comentando o ocorrido.

O suor escorria pelo meu rosto, e um pingo caiu no olho, obrigando-me a parar para usar meu indispensável colírio – tenho problema de olho seco. Nesse instante, lembrei-me do meu velho pai, seu Luiz (em memória), que sempre dizia: “Conselho de graça, até para filho, é sem valia”.

Sigo essa mesma trilha. Não costumo aconselhar ninguém gratuitamente, nem mesmo meus filhos. A todos mostrei os caminhos, dei exemplos – bons ou ruins – dei o que sabia e me cabia. Entretanto, se me pedem e eu tiver algo a dizer, falo de todo o coração. Como meu pai, só que, de modo diferente, o grande diretor de teatro e televisão, ator e apresentador brasileiro Antônio Abujamra dizia: “A vida é tua, estrague-a como quiser”.

Muitas vezes, não basta apenas o conselho ou o exemplo para que, no horizonte, se estabeleça algum sinal de mudança. Em sua grande maioria, a mensagem não é ouvida – não porque não chegou, mas porque o receptor não quer ouvir. Entra por um ouvido e sai pelo outro.

Uma neblina persistente começou a cair, e apressamos o passo para nos juntarmos aos amigos que tomaram nossa dianteira e já estavam abrigados sob a cobertura de um quiosque. A conversa ainda girava em torno do mesmo assunto. Creio, querendo colocar um ponto final, o pai concluiu, pesaroso:

– Ele, com o olhar cheio de lágrimas, me disse que nunca mais beberia álcool.

A chuva agora caía mais fortemente e barulhenta sobre as folhas de zinco da cobertura, se sobrepondo o silêncio, imposto. Chegamos em casa. Maria me olhou com aquele jeito dela, me dizendo que a vida segue, com ou sem nossas preocupações. Tomamos café. Seguimos para mais um dia de luta com a prateleira vazia de conselhos.

Brito e Silva – Cartunista

Carnaval

Para o prefeito de Natal, Paulinho Freire, tudo é carnaval. Afinal, ele é sócio da empresa Destaque Promoções e Eventos, responsável pela realização do Carnatal. Logo, qualquer mudança de rumo é uma surpresa. Também vale lembrar que ele foi vice de Micarla de Souza – e sabemos bem no que deu.

Encontro

Como sempre digo, sou um eremita urbano, pouco afeito a sair de casa. Talvez seja apenas meu jeito ou, quem sabe, minha ranzinzice esteja se agravando. No entanto, a convite do amigo Túlio Ratto e de sua musa, Ana Cadengue, me aventurei na última quinta-feira (20) para encontrar outros iguais em uma tarde de plena vagabundagem no Beco da Lama. O tema principal? Falar mal da extrema-direita, comemorar a eminente prisão Capitão Bufão e jogar conversa fora. E, de fato, foi uma tarde agradabilíssima.

Enquanto os amigos degustavam uma “loira” suada, eu me contentava em encher a bexiga com água com gás. Ah! O amigo jornalista Marco Túlio foi testemunha da ameaça que recebi: “Diga a ele que se prepare para sair da toca, porque estou indo morar em Natal”, disse Cid Augusto. No horizonte, prevejo outras grandes tardes como essa.

Exposição

Infelizmente, nossa exposição na Biblioteca Câmara Cascudo não vai mais acontecer. O que não muda é o descaso com a arte e a cultura por parte dos governos – sejam de direita ou de esquerda. O desdém continua o mesmo.

Frase

“Caguei para prisão” ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

Escrito por Brito Silva

Culpa – Capítulo XXV

Geração de ferro, é? Sei…