Privilégios
O sono é um dos meus maiores prazeres. Amo dormir até o fim da manhã, principalmente aos finais de semana. Cid, coitado, sofre horrores ao acordar muito bem, às 6h da manhã, me olhar e oferecer gentilmente um bom-dia radiante, porque eu apenas levanto as sobrancelhas e, quando muito, retruco: “Para quem?”.
Mas não é para falar sobre sono que retorno a esta coluna. Volto para contar-lhes do privilégio que tive e tenho algumas vezes quando estou na casa de minha sogra e sou despertada pelo toque do piano de Dr. Laíre. Embora não goste dos despertares involuntários, compreendo a sorte que tenho ao acordar com aquele som.
A convivência com ele, aliás, é outra felicidade. Quando percebo que vai conversar, paro tudo para ouvi-lo, atentamente. Sempre há uma história de política, de humanidade, de geografia, de história. Às vezes, a narrativa se repete, mas é tão bom escutá-lo, que isso se torna imperceptível.
Gentil, atencioso, educado, inteligente… Passaria o dia inteiro escrevendo as qualidades que percebo nele e que até desejo ter. O que mais me encanta, entretanto, é sua capacidade de resiliência, palavra que está na “moda” e que exprime o exercício de uma virtude difícil de ser alcançada.
Escrever sobre ele é inclusive um atrevimento meu, porque, além de tudo, ele ainda escreve brilhantemente, mas estou aqui com toda humildade para agradecer ao Universo por essa convivência que tanto me orgulha.
Que no mundo possam existir muitos outro Laíres e que eu possa encontrá-los.