Por Túlio Ratto
Quantos bairros têm em Mossoró? Quais seus limites? Por que os nomes? Para tirar essas e outras dúvidas e contar sobre a formação da cidade, o agrônomo e cartógrafo Everaldo Bernardino de Sousa está lançando, com o apoio da Lei Aldir Blanc e Sociedade Amigos da Pinacoteca, o livro “História dos Bairros de Mossoró e sua Cartografia”.
Com 392 páginas e ricamente ilustrado, a obra é prefaciada pelo engenheiro Chagas Silva e ainda não tem data de lançamento definida devido à pandemia. “Não tem como lançar sem aglomerar. Então, estamos colocando em alguns pontos de vendas em Mossoró, como a Futura, Somatex. O plano é lançar no mês de abril. Claro, se o povo estiver vacinado. Em seguida, pretendemos colocá-lo para venda online, mas não temos data definida”, comemora.
Natural de Monte Alegre, Everaldo foi o primeiro professor de Cartografia da Uern, mas teve que percorrer muito chão antes de chegar a esse verdadeiro legado para os mossoroenses. Concluiu o ginásio no Marista, fez Escola Técnica, em Natal, e logo em seguida foi trabalhar do Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER), época em que conheceu Mossoró, no ano de 1965. Não tendo sucesso no vestibular de Engenharia Civil, foi convencido por um irmão a fazer o curso de agronomia. Aprovado, foi para a Escola Superior de Agricultura de Mossoró – ESAM, atualmente denominada de Ufersa. Fez Mestrado em Santa Maria-RS, voltou à cidade, se casou com uma “apodiense de Mossoró” e deu início à sua carreira acadêmica. Com destaque em projetos, foi lecionar desenho técnico e saneamento rural. Foi exatamente nesse período que ele começou um outro grande projeto, um Mapa de Mossoró. Em uma época que GPS era algo muito distante dos reles mortais potiguares, ele conta que achava estranho um município do porte de Mossoró não ter um mapa. “Foram anos de trabalho duro e o lançamento veio no ano de 2002. Rico em detalhes, minucioso, enfim a capital do oeste podia se vangloriar de ter um mapa próprio.
Dominando as cartas sistemáticas, (que pega da escala de 1 para 1 milhão), desde o mestrado, na época dos estudos iniciais da transposição do Rio São Francisco, “engenheiros de diversos lugares viam fazer treinamento comigo, para aprender a ler as tais cartas, feitas pela Sudene para nossa região à época. Quando engenheiros das “empresas de telefonia como Oi, Vivo, Claro, quando chegavam em Mossoró, perguntavam pelo cara que podia dar orientação, que conhecia o relevo, informavam que o cara era eu”, conta.
Tendo um mapa rico em detalhes, imaginava-se que produzir um livro sobre os bairros mossoroenses seria mais fácil. Ledo engano. Everaldo conta que, além de pesquisar autores como os pesquisadores Geraldo maia, Raimundo Soares de Brito, Vingt-Un Rosado e Almir Nogueira, com livros publicados sobre o assunto, era necessário conversar com a população mais idosa, que sabia dos limites reais, curiosidades e nuances dos bairros, algo que era feito in loco. “Em 2015, com Isaura Rosado presidente da Fundação José Augusto, quase que eu lançava pela Lei Câmara Cascudo, mas a burocracia emperrou meu plano. Outras tentativas foram feitas, e quando parecia que ia dar certo mesmo, veio a pandemia. E só agora, estamos lançando, com o apoio da lei Aldir Blanc e investimento próprio”, comemora.
Hoje, aposentado, quando pergunto sobre novos trabalhos, inclusive a de uma maquete do relevo das mesorregiões e microrregiões do Rio Grande do Norte, ele conclui aos risos: “eu agora quero é sossego”.
Ah, vamos só dar um spoiler do livro: Mossoró tem 30 bairros.
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