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É PELA DEMOCRACIA

(Foto: agenciabrasil.ebc.com.br)

Escrevo esta coluna no dia 27 de outubro, faltando três dias para as eleições. Os grandes institutos de pesquisas e os sites de apostas apontam o ex-presidente Lula (PT) como o favorito na disputa contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). A diferença na intenção de votos, contudo, não permite gritar vitória antes do tempo. Pesquisa da Datafolha já revelou que aproximadamente 10 milhões de eleitores costumam decidir o voto no dia das eleições. Essa massa faz a diferença.

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É PELA DEMOCRACIA 2 – O meu voto já decidi, será contra o atual presidente, por tudo que ele fez (e também não fez) nas áreas de Educação, Saúde, Economia, Meio Ambiente, Relações Exteriores e Cultura. Poderia discorrer várias decisões erradas dentro de cada área, mas aí a coluna teria o tamanho e cara de uma tese de pós-graduação. O estrago feito nesses setores não encontra paralelo na história da República.

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É PELA DEMOCRACIA 3 – Também não suporto os constantes ataques do presidente às instituições; a disseminação de notícias falsas nas redes sociais; as falas misóginas, racistas e homofóbicas; enojou-me o “pintou um clima” entre um rabugento de 67 anos e adolescentes com 14, 15 anos; revolta-me o desprezo que o ministro Paulo Guedes tem pelos pobres, bem como sua sede em tirar direitos dessa classe, que já é tão desfavorecida.

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É PELA DEMOCRACIA 4 – E ninguém venha me dizer que vota no presidente porque ele não é corrupto. Essa lorota já caiu por terra há muito tempo. Há muitos escândalos de corrupção no atual governo, mesmo ele fazendo de tudo para impedir as investigações. Imagine se os órgãos de fiscalização tivessem liberdade.

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É PELA DEMOCRACIA 5 – Caso ele seja reeleito, possibilidade que não descarto, levará nosso país para uma autocracia, como Venezuela, Hungria e Cuba. Seu governo será trocentas vezes pior. Ora, sabendo que ia disputar uma reeleição ele fez o que fez, imagine o que fará quando não tiver mais necessidade de se maquiar. Para salvar nossa democracia, contra a ditadura que o presidente pretende implantar, sapecarei o 13 no dia das eleições, virando essa “página infeliz de nossa história”. 

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CREDIBILIDADE NO MATO – O empresário Flávio Azevedo, suplente do senador eleito Rogério Marinho (PL), transformou o jornal que ora comanda, a Tribuna do Norte, num panfleto bolsonarista da pior espécie, comparável àqueles blogs apócrifos que difundem notícias falsas no atacado. É triste ver um jornal que tem 72 anos de história ser usado descaradamente em favor da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Só para o leitor ter uma ideia, a Tribuna só publica as pesquisas da Brasmarket, instituto que apontou vitória do presidente no primeiro turno. Perdeu totalmente o pudor.

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CREDIBILIDADE NO MATO 2 – O primeiro ato do empresário foi demitir o excelente chargista Brum, um dos melhores do estado, só porque ele fazia charges criticando o atual chefe do Executivo nacional. A coluna “Notas & Comentários”, apócrifa, virou uma espécie de coletânea das fake news espalhadas pelo bolsonarismo no dia anterior. O espaço para artigos só publica textos de ministros do governo ou de jornalistas simpatizantes à causa.

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CREDIBILIDADE NO MATO 3 – O jornal mantém em seus quadros os competentes Vicente Serejo, Cassiano Arruda e Rosalie Arruda, mas sinto que eles estão medindo as palavras ao falar de Bolsonaro e Lula, provavelmente com receio de também serem afastados. Será que vale à pena jogar a credibilidade de um jornal por causa de uma campanha aparentemente perdida?

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NÃO É VERDADE – Num artigo escrito para o jornal referido nas notas acima, o empresário Flávio Azevedo detonou o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na oportunidade utilizou aqueles argumentos sem pé e nem cabeça de que ele é parcial. Num dos pontos ele escreve que o TSE extrapolou seus poderes ao decidir que pode fazer censura prévia de ofício. Essa informação é mentirosa.

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NÃO É VERDADE 2 – Na realidade, o tribunal decidiu que pode remover das redes sociais posts idênticos àqueles que já foram motivo de deliberação no órgão, isso evita perda de tempo. Foi isso. Curioso que o próprio presidente usou a seu favor a decisão do ministro no caso das meninas venezuelanas. Quando convém, né? Levantamento de O Globo mostrou que Moraes concedeu mais direitos de resposta à campanha de Bolsonaro do que à campanha de Lula.

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ASSÉDIO ELEITORAL – Até o fim de semana, o Ministério Público do Trabalho (MPT) havia recebido 1.155 denúncias de assédio eleitoral no Brasil, cinco vezes mais do que a campanha de 2018. A quase totalidade dos casos envolve empresários bolsonaristas.

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ASSÉDIO ELEITORAL 2 – O assédio eleitoral ganhou, inclusive, um novo patamar. Em Minas Gerais, três dirigentes de entidades que representam o varejo se reuniram com empresários para pedir a eles que pressionem os empregados a votar no atual presidente.

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ASSÉDIO ELEITORAL 3 – Em Mossoró, conversei com uma caixa do supermercado Queiroz, a qual afirmou, espontaneamente, que Seu Jair, o proprietário, tinha dito aos funcionários que o voto de cada um era livre, que apenas evitassem “fazer política” no estabelecimento. Está de parabéns.

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LEI ROUANET – A lei de incentivo à cultura é um dos alvos preferidos do bolsonarismo, apesar de pouquíssimos saberem do que realmente se trata. Os devotos apenas repetem o mantra “acabou a mamata”, sem saberem patavinas do assunto. Ainda na campanha de 2018, o então candidato Bolsonaro prometeu que a lei seria mais pulverizada, ajudando, sobretudo, a artistas iniciantes. Matéria da Folha de S. Paulo do dia 27 de outubro mostra que aconteceu exatamente o contrário.

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LEI ROUANET 2 – O jornal trouxe que o valor médio de captação de recursos, R$ 644 mil, é o maior dos últimos dez anos. Traz também que o número de projetos aprovados caiu 43% entre 2020 e 2021, de 4.640 para 2.636, e que o valor da captação subiu de R$ 1,5 bilhão para R$ 2,1 bilhões, sugerindo que está havendo concentração, e não pulverização, como prometeu Bolsonaro.

Escrito por Erasmo Firmino

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