Últimas histórias

  • Destino: Mossoró

    Na edição de outubro da Papangu na Rede destacamos o conturbado momento das articulações entre os grupos políticos da capital para achar um candidato pra chamar de seu. Confuso e truncado, em um vai-e-vem de “quem nem foi” e acha que será apoiado pelo prefeito Álvaro Dias. Com uma oposição alvissareira com o resultado das últimas pesquisas e com o surgimento, a cada semana, de novas coisas, nomes e pretensões que  corroboram para um quadro que está longe de ser definido.

    Contrário do que vemos em Mossoró. Na capital do oeste potiguar parece que nada mudou desde a última eleição, em 2020, em que o candidato Allyson Bezerra derrotou a ex-governadora Rosalba Ciarlini. O alcaide, agora no União Brasil, tem mais de 80% de aprovação e parece viver seu melhor momento à frente do executivo. Os cronistas da política mossoroense apostam que a sucessão tem quatro nomes definidos: o prefeito (é certeza ir à disputa da reeleição), a deputada estadual Isolda Dantas (PT), o vereador Tony Fernandes (que ninguém sabe quem é) e a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (Progressistas). Desses ficam dois. Um, claro, logicamente é o prefeito. O outro ou outra representará a oposição, que segue desunida.

    O cenário na terra que se jacta de ter expulsado Lampião só parece diferente no que concerne às famosas oligarquias. Em 2024, pela primeira vez, em 76 anos, Mossoró vai para uma disputa da prefeitura sem Rosados como a maior força política. O município que chegou a ter três deputados estaduais e dois deputados federais simultaneamente, hoje vive esse momento histórico.

    Para 2024, é incerto a participação da ex-prefeita Rosalba Ciarline, que segue calada em seu mundo ‘Ravengariano’. A ex-deputada Sandra Rosado já disse que não disputará mais eleições. Sua filha Larissa, segundo notícias publicadas na imprensa mossoroesense, e que teve mandato cassado na atual legislatura, tentará voltar ao legislativo. Beto Rosado, Fafá Rosado e Leonardo Nogueira, não se ouve falar. Aliás, quando se fala em Rosado, o nome da ex-prefeita Maria de Fatima Rosado Nogueira, a Fafá, nem é cogitado, tão pífia foi sua liderança fora dos muros do Palácio da Resistência.

    Em pesquisa divulgada no último mês de maio pela empresa LOGOS, o prefeito de Mossoró Allyson Bezerra, liderava com muita folga a disputa para as eleições municipais do ano que vem. Na pergunta espontânea — quando os nomes dos possíveis candidatos(as) não são citados aos eleitores -, Allyson liderava com 62,69% das respostas. A segunda opção mais citada naquela oportunidade, a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP) batia os 6,94%; e a Deputada Estadual Isolda Dantas (PT) passeava em terceira colocação com 2,57%.

    Na pergunta estimulada, quando os entrevistadores apresentam os nomes dos possíveis candidatos(as), Allyson Bezerra continuava o passeio com 65,07%, enquanto Rosalba chegava aos 10,31% e Isolda 4,16%.

    A um ano da eleição, pouca ou quase nenhuma novidade. A oposição ao prefeito Allyson Bezerra não se mexe nem é mexido por ninguém. A esquerda, que tem a deputada Isolda como principal nome, roda, roda, roda, e para em um oito — ou noves fora nada — na desenvoltura da pré-candidata nas intenções de votos.

    Por fim, o que se espera é que o mossoroense possa exercer seu direito à escolha de um nome que tenha compromisso com o desenvolvimento da cidade.

    Há quem diga que se o presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim, meter dos pés para ser candidato, o cenário muda.

    Bem, temos um ano para saber. Só não pode ser por W.O, por favor.

  • 14º Festival Varilux de Cinema Francês acontece de 09 a 22 de novembro com exibição de 19 filmes recentes e inéditos no Brasil

    O Festival Varilux de Cinema Francês chega a sua 14ª edição em ritmo de samba. A vinheta que apresenta os filmes traz a música “Brigitte Bardot”, interpretada pela cantora Salomé de Bahia, que exalta a atriz conhecida internacionalmente e questiona o motivo pelo qual a diva francesa era sempre o centro das atenções.

    Inspirada em BB, como era chamada, a identidade visual e o cartaz do evento estampam a jovem atriz Julia de Nunez, caracterizada como Brigitte Bardot para a minissérie de mesmo nome, que será apresentada no festival em algumas sessões gratuitas. A diva francesa ainda será homenageada com a exibição dos clássicos “E Deus Criou a Mulher” e “O Desprezo”.

    Para os Diretores e curadores do festival, Emmanuelle e Christian Boudier, o grande desafio além de promover a imagem do cinema francês é reconquistar e ampliar seu público após a pandemia de Covid-19. “Três anos depois, os cinemas brasileiros continuam fortemente impactados pela pandemia: em 2023, o público continua 44% menor que em 2019 e o resultado médio é somente de 30 espectadores por exibição. O aumento de 21% no preço dos ingressos em 2022 não encorajou o retorno dos espectadores aos cinemas. Para o cinema independente brasileiro e estrangeiro, a perda é muito maior: a queda na audiência média por filme é estimada em 80%! Os filmes franceses não escaparam a essa regra e viram seus resultados globais no Brasil desmoronarem”.

    O festival, que atingiu 191 mil espectadores em 2019, tem assim como objetivo prioritário reconquistar gradualmente o seu público em todo o país: depois de 77 mil espectadores em 2022, o objetivo é ultrapassar a marca dos 100 mil espectadores em 2023.

    Para isso, o festival apresentará uma magnífica seleção de 19 filmes recentes e inéditos no Brasil, incluindo a Palma de Ouro em Cannes “Anatomia de uma Queda”, o último filme de Cédric Kahn, “Making Of”, o filme “Culpa e Desejo” de Catherine Breillat, e a segunda parte da saga de “Os Três Mosqueteiros”.

    O Festival Varilux ocorre em todo o Brasil, entre 9 e 22 de novembro. Em Natal, as apresentações ocorrem no Cinepólis do Natal Shopping.

    Realizado pela produtora Bonfilm, o Festival Varilux de Cinema Francês tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, a Pernod Ricard/Lillet e a TAG, além do Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura.

    Para conhecer a vinheta do Festival Varilux de Cinema Francês 2023 , acesse:  https://youtu.be/epO0qCYr0wk

    • FILMES DA PROGRAMAÇÃO:

    A MUSA DE BONNARD/Bonnard, Pierre et Marthe, de Martins Provost – Distribuidora: Bonfilm/California Filmes – Seleção Cannes Premiere do 76º Festival de Cinema de Cannes

    A VIAGEM DE ERNESTO E CELESTINE/Ernest et Célestine, le voyage en Charabie, de Julien Chheng e Jean-Christophe Roger – Distribuidora: Bonfilm

    ALMAS GÊMEAS/Les âmes soeurs, de André Téchiné – Distribuidora: Zeta Filmes

    ANATOMIA DE UMA QUEDA/Anatomie d’une chute, de Justine Triet – Distribuidora: Diamond Films – Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 2023

    AS BESTAS/As Bestas, de Rodrigo Sorogoyen – Distribuidora: Belas Artes-Pandora – Filme apresentado na mostra Première no Festival de Cannes de 2022

    Prêmios Goya e Prêmios CEC em 2023 de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme

    CONDUZINDO MADELEINE/Une Belle course, de Christian Carion – Distribuidora: California Filmes – Filme apresentado na abertura do festival de cinema francófono de Angoulême de 2022 e no festival internacional de cinema de Toronto de 2022

    CRÔNICA DE UMA RELAÇÃO PASSAGEIRA/Chroniques d’une liaison passagère, de Emmanuel Mouret – Distribuidora: Mares Filmes – Filme apresentado na mostra Première no Festival de Cannes de 2022

    CULPA E DESEJO/L’été dernier, de Catherine Breillat – Distribuidora: Synapse – Seleção Oficial do Festival de Cannes de 2023!

    DISFARCE DIVINO/Magnificat, de Virginie Sauveur – Distribuidora: Bonfilm

    MAESTRO(S)/Maestro(s), de Bruno Chiche Distribuidora: Bonfilm

    MAKING OF/Making Of, de Cédric Kahn – Distribuidora: Bonfilm

    MEMÓRIAS DE PARIS/Revoir Paris, de Alice Winocour Distribuidora: Mares Filmes

    MEU NOVO BRINQUEDO/Le Nouveau Jouet, de James Huth Distribuidora: A2

    O ASTRONAUTA/L’astronaute, de Nicolas Giraud – Distribuidora: Bonfilm

    O DESAFIO DE MARGUERITE/Le Théorème de Marguerite, de Anne Novion – Distribuidora: Synapse – Destaque na primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Biarritz – Filme apresentado na Sessão Especial do Festival de Cannes de 2023

    O LIVRO DA DISCÓRDIA/Youssef Salem a du succès, de Baya Kasmi – Distribuidora: Bonfilm

    O RENASCIMENTO/Un coup de maître, de Rémi Bezançon – Distribuidora: Bonfilm

    ORLANDO, MINHA BIOGRAFIA POLÍTICA/Orlando, ma biographie politique, de Paul B. Preciado – Distribuidora: Filmes Do Estação

    SOB AS ESTRELAS/A la belle étoile, de Sébastien Tulard Distribuidora: Mares Filmes

    • OS CLÁSSICOS:

    E DEUS CRIOU A MULHER/Et Dieu créa la Femme, de Roger Vadim

    O DESPREZO/Le Mépris, Jean-Luc Godard

    • SÉRIE:

    BRIGITTE BARDOT/Bardot, de Danièle e Christopher Thompson (Seis episódios)

  • Segredos imorais

    Por Natália Chagas

    nataliachagas76@gmail.com

    “Eu quero transar com você.” – disse Euníce depois da quarta cerveja. Ele ficou desconcertado porque também se sentia excitado, mas a diferença de idade parecia quase imprópria. Ele, saindo de um casamento confuso quase perigoso, nos seus idos 38 anos, e ela ainda nos seus 18. Oscar olhava para o rosto limpo de rugas ou marcas, através de sua blusa insinuante, conseguia ver a ausência de soutien e o desenho dos seios firmes e o bico bem pontiagudos, quase atravessava o tecido colado em seu corpo. Ele ainda estava na dúvida se ela estava de calcinha ou não.

    Tudo aquilo mexia com o imaginário dele que precisava escapar da realidade cruel. Já tinha ido para aquele lado da cidade onde a ex-esposa não o encontraria para mais uma cena performática dos vários términos que se acumulavam. Precisava de uma noite livre de drama. Precisava de uma noite com Euníce.

    Ela levava o copo à boca e  deixava de propósito a língua molhada em exposição demonstrando engolir a espuma. Ele ficava alucinado com aquilo. Mas era tão novinha que ele se esbarrava em um questionamento moral da questão etária. Ela disse:

    – Eu tenho 18. Quer ver minha identidade?

    – Não é preciso. – Disse ele não querendo ofender a moça, mas desconfiado. – Confio em você.

    – Então vamos. Tem um motel bem perto daqui.

    Ele pagou a conta. Sairam.

    Entaram em um táxi logo em frente o bar, ele de um lado, ela do outro, e ela já foi dando a direção ao motorista:

    – O senhor siga direto até a Deodoro, vire à esquerda, depois à direita na Arapondi, e pare.

    Ela encostou a cabeça para trás, olhou para ele e sorriu de leve. Ele observava nela pequenos gestos e olhares sem medo que demonstravam um comportamento já experiente que lhe garantia um certo avanço de idade, porém seus traços delicados, quase incompletos o traziam novamente a insegurança.

    Na entrada do motel, ela chegou perto de seu ouvido e sussurou:

    – Não aceite os números abaixo de 100. São quartos antigos. Acima de 100 só tem os novos.

    Ele seguiu o conselho dela, se sentido cada vez mais confiante que não ultrapassava seus limites morais. A forma de seu corpo mostrava uma mulher, não uma menina. A falta de romantismo, a visão racional e direta sobre sexo e sua obstinação por seus desejos acabaram por concretizar sua convicção de que estava diante uma mulher experiente. Resolveu abrir uma cerveja, relaxar e se deixar levar por uma noite que o proporcionaria dois orgasmos fortes, quase sequenciais.

    Ela se levantou para um banho, e voltou de cabelos e pele completamente molhados, e disse, sentando na beira da cama:

    – Tenho algo pra te contar. Gostaria que não ficasse chateado comigo. Fui com sua cara. Você é legal. Transa bem.

    Ele ficou um pouco preocupado e disse:

    – Diga!

    – Por favor, não fique bravo.

    – Fale e podemos ver se não há motivo.

    – É que eu gostei de você. Por isso estou te contando. Mas eu tenho 15 anos.

    Naquele momento, o que era um homem se tornou uma besta fera. Ele enrubresceu-se de ódio, sentiu-se vulnerável e, até certo ponto, traído. Aquilo caiu em sua cabeça como uma bomba. Nunca em sua vida havia pensado em passar por aquela situação. Esbravejou:

    – Puta que o pariu! Que merda! Porra! Como assim você tem 15 anos? Como você faz isso?

    – Desculpa, mas eu gostei muito de você…

    – E me faz isso? Menina, você sabe o risco que você me colocou? Pessoas me viram com você, pessoas que podem saber da verdade sobre você.

    – Mas entenda…

    – Não! Não entendo! Nem quero entender!

    Ele sentou na cama, enraivecido sem conseguir pensar no que faria. Falava para si mesmo que tinha que ficar calmo e racionalizar. Analisando a situação com frieza, deixou falar mais alto seu instinto de sobrevivência. Ela tinha que se convencer que ele havia a perdoado, e que tudo estava bem. Ela não podia sair daquele motel com qualquer resquício de rancor que deixasse a mais leve sombra de vingança. Retomou sua respiração normal. Abaixou a cabeça entre as mãos como se pensasse arrependido. Nesse momento, ela toma a iniciativa que ele tanto precisava. Ela esperou alguns minutos em silêncio, depois disse:

    – Hei! Não quero que você fique chateado comigo. Vou lhe fazer algo que fará você esquecer essa bobagem.

    Ela ajoelhou-se na frente dele, beijou-lhe as coxas devagar, e insinuou-se em direção ao pênis. Ele fechou os olhos e retomou sua ereção, conseguindo fazer que ela tivesse um orgasmo indiscutível. Terminaram a noite quase abraçados, dando a ideia de paz.

    Quando o sol já ia nascer, ela disse:

    – Tenho que ir embora.

    – Vou ficar mais um pouco. Daqui vou direto para o trabalho.

    Ela levantou, tomou um banho, vestiu-se. Ele chamou um táxi para ela, liberou a saída, e, por poucos segundos, se arrependeu de ter lhe dado o número de telefone errado.

  • Prefeitáveis Verão 2024

    “O mais fraco aí responde a 5 processos”, “perderão todos juntos”, “Só “filé”😂”, “Formação de quadrilha que fala???”, “Está repreendido em nome de Jesus 🙌”, “Agora tudo está perdido, definitivamente”, “A RASPA DA FULERAGEM DA POLITICA DO RN!!!!”, “😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂 só os inimigos do pobres”, “Minnnnn zericordia 😂”, “Será que enche um pinico?”, “Zulivre”, “A verdadeira facção!!!”, “Kkk Chernobyl tem menos radiação ☢️”, “Showww já sei o lado q não vou ficar!!! 😂😂😂😂”.

    Essas são algumas reações a uma postagem no Instagram sobre uma reunião realizada na casa do senador Rogério Marinho (PL) em Brasília, anunciando que o grupo formado pela “direita”, ou melhor, dizendo pela fina flor que o Bolsonarismo uniu no Rio Grande do Norte terá nome único concorrendo à Prefeitura de Natal.

    A fotografia, amplamente divulgada pelas redes sociais na noite de terça-feira, 24, e que rendeu algumas opiniões de apoio, esmaeceu rapidamente, de acordo com blogs políticos da taba, que não se cansam de noticiar encontros, almoços e muitas conversas entre políticos locais.

    Apenas 3 dias depois, as manchetes eram de que o deputado Paulinho Freire (União Brasil) podia até estar na foto, mas não estava no projeto e que teria desistido de sua pré-candidatura à Prefeitura do Natal para apoiar o ex-prefeito Carlos Eduardo numa nova investida ao Palácio Felipe Camarão.

    Disse-me-disse, notinhas plantadas, especulações, interesses escusos, versões conflitantes, desmentidos pífios… A celeuma da semana foi coroada com a publicação de uma pesquisa do Instituto DataVero pelo jornal Diário do RN que mostra que a tal da “Direita Unida” (sic) não chega a 15% das intenções de voto dos natalenses enquanto Carlos Eduardo sozinho ostenta o dobro disso e fala numa “ampla aliança” para voltar a ser prefeito.

    Que ampla aliança seria essa ninguém sabe ainda, até porque os que não almejam a Prefeitura desejam o Governo do Estado em 2026 e controlar vaidades não é bem a atividade preferida de políticos daqui e de alhures.

    Se confiável, a pesquisa DataVero dá uma ideia do que ou quem o natalense quer na administração de sua urbe nem tão amada assim.  Segurança (33,2%), saúde (24,8%) e transporte público (8%) estão entre os problemas mais citados pelos 1.013 entrevistados entre os dias 20 e 22 de outubro.

    A maioria (39,2%) não se declarou ideologicamente, enquanto 27% se disseram de direita, 17,4% de esquerda e 16,4% de centro.

    Segundo a pesquisa, entre os que afirmaram votar em Carlos Eduardo (PSD), 37,7% o escolheram por considerar que ele fez uma boa gestão em Natal. Neste quesito, o segundo mais citado é o candidato do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), com 35,7%. O deputado federal Paulinho Freire (União Brasil), que chegou a comandar a Prefeitura entre 1º de novembro e 13 de dezembro de 2012, tem 10,4%.

    Há quem escolha seu candidato por gostar da pessoa/político, como 19,4% dos que citaram o candidato de Álvaro Dias. O ex-deputado federal Rafael Motta (PSB) foi o 2º mais citado no quesito, com 18,2%; Carlos Eduardo tem 15,9%; a deputada federal Natália Bonavides (PT) tem 13,3%; o deputado Sargento Gonçalves (PL) tem 12,2%; a deputada estadual Eudiane Macedo (PV), tem 12%. Paulinho Freire tem 6,3% e General Girão (PL) aparece com 6,1%.

    Apesar de aparecer em 3º lugar nas intenções de voto com 8, 9 % na pesquisa estimulada, Natália Bonavides aparece em primeiro lugar em rejeição com 12,5%, quando perguntado em qual nome o entrevistado não votaria de jeito nenhum.

    Na sequência da rejeição surgem o candidato do atual prefeito Álvaro Dias (9,4%) e Carlos Eduardo (8,3%). Completam o ranking dos mais rejeitados General Girão (7,9%), Sargento Gonçalves (4%), Paulinho Freire (3,1%), Rafael Motta (2,3%), Eudiane Macedo (2,1%) e Joanna Guerra (1%).

    No que diz respeito à gestão municipal, 24,8% da população avalia a atuação do prefeito Álvaro Dias como boa, enquanto 21% a consideram péssima, 19,2% a classificam como regular para mais, 13,3% como regular para menos, 8,3% como ruim e 6,1% como excelente. A aprovação, que engloba as classificações excelente, boa ou regular para mais, totaliza 50,1%; enquanto 42,6% expressam desaprovação, caracterizando-a como regular para menos, ruim ou péssima.

    Como dá para perceber, o natalense ainda não tem muita ideia em quem vai votar no ano que vem nem nos melhores motivos para tal. O que se sabe é que a batalha de notinhas, notas e postagens ainda está só começando e perguntas como “Paulinho Freire continua na ‘direita unida’ (sic)?”, “Nina Souza será indicada como vice de Carlos Eduardo?”, “Rafael Motta será mesmo o candidato de Álvaro Dias?”, “Álvaro vai anunciar um candidato?”, “Carlos Eduardo conseguirá reunir uma aliança em torno de seu nome?”, “Natália vai ceder à alianças com o Centrão para viabilizar seu nome?”, “Algum aventureiro vai arrebatar o eleitorado?”.

    Enquanto isso, fica a ideia de um leitor que sugeriu a realização de um Reality Show nos moldes do BBB e A Fazenda com todos os pré-candidatos à Prefeitura do Natal. “Uma semana confinados e com direito a provas que envolvessem o conhecimento e a vivência na Gestão Pública. Ao final desse período, a população escolheria aquele que sairia candidato a prefeito da Capital do RN”. Interessante. 

  • Geração lança romance sobre amadurecimento sexual de adolescentes para público young-adult e aposta que será bestseller

    “Jenifer”, o primeiro romance do conhecido publicitário Stalimir Vieira, fala de assédio, abuso e como adolescentes devem se defender das investidas de adultos. Promete causar polêmica. Pelo tema, pela abordagem erótica e pelo fato de termos um homem escrevendo sobre íntimos sentimentos femininos.

    Uma história surpreendente, plena de graça e sensualidade. Para escrever a história, o autor – outra polêmica – se fez de autora, como personagem de si mesmo, para ganhar a confiança da protagonista, Jenifer, de 16 anos, e que, ao longo da história, vai revelando seu processo de amadurecimento.

    O romance traz uma novidade: a caracterização física dos personagens, criadas por um programa de inteligência artificial, por Antonio Emediato.

    Do que trata, afinal, este romance?

    Pesquisas revelam que os adolescentes brasileiros – meninos e meninas – começam a vida sexual muito cedo. Nem sempre da melhor maneira, com plena consciência e responsabilidade de seus atos.

    “Jenifer” é um “romance de formação” – aquele no qual o protagonista faz sua jornada e ao final se reconhece transformado e amadurecido, física e moralmente, pelas aventuras que viveu.

    Ele trata da iniciação sexual da protagonista, Jenifer, e de suas duas amigas, Paulinha e Stephanie. Tem um começo denso e tenso, que junta entusiasmo, ansiedade, angústia e desejo e segue adiante com cenas de aprendizagem, curiosidades, abusos, encontros, desencontros, decepções e um final libertador.

    É um livro apimentado – mas de leitura aberta para os jovens-adultos de hoje.

    Jenifer tem 16 anos. Bonita e sensual, teve que enfrentar assédio sexual desde menina. Paulinha é a mais imatura e, também com 16 anos, vive as consequências da sua fragilidade e insegurança. Stephanie, 17 anos, é a mais pragmática das três, aceitando logo que sexo é para ser convertido em independência e poder.

    Jenifer trata de um mundo saturado de perigos e emoções, no qual o instinto reina quase absoluto, dia e noite. A menina tem um pai ausente e uma mãe amargurada. Pela frente, dois adultos maduros e canalhas: o pai de Paulinha, um abusador, e Rei, predador sem escrúpulos, violento e sádico.

    Dois jovens, Marcos e Lucas, completam o quadro. Marcos, branco,18 anos, se crê irresistível, mas sucumbirá ao amadurecimento das meninas. Lucas, 25 anos, negro, é uma espécie de príncipe encantado doce e tímido, que aparece na história para evitar que Jenifer se perca neste ambiente hostil.

    Stalimir Vieira, usando uma equilibrada combinação de curiosidade, paciência e erotismo, vai fundo e extrai de Jenifer o que para os comuns dos mortais é quase impossível: os relatos sinceros de quem experimenta prazeres inconfessáveis no exato momento em que ainda não consegue compreendê-los com clareza.

    Por meio de uma narrativa natural e muito livre, Jenifer desvela bastidores de um tema tabu, sem esquivar-se de nenhuma das possibilidades que ele comporta, nem preocupar-se com julgamentos.

    Mas… um homem escrevendo sobre íntimos sentimentos femininos?

    O autor não teme ser criticado por não ser este o seu “lugar de fala”. E afirma: “Não quero obviamente me comparar a ninguém, mas Flaubert escreveu um dos maiores romances sobre uma mulher, Madame Bovary. Dostoievski, Ana Karenina. Thomas Hardy, Tess. Jorge Amado criou personagens femininas extraordinárias, Gabriela, Dona Flor, Teresa Batista. E Chico Buarque faz como ninguém canções sobre mulheres. Tenho o direito de criar a minha Jenifer.”

    O resultado não é apenas polêmico. É desafiadoramente encantador.

    Ficha Técnica do livro

    Jenifer

    Autor: Stalimir Vieira

    Gênero: Literatura Brasileira

    Formato: Brochura

    Preço: R$ 69,00

    Págs.: 168

    ISBN: 978-65-5647-109-9

  • Cia Burlesca leva Bendita Dica a três estados do Nordeste

    O espetáculo da Cia Burlesca que já circulou por seis estados e o DF, agora vai circular por mais três estados do Nordeste, pela primeira vez

    A partir de outubro, a Cia Burlesca de Brasília-DF inicia o projeto que levará o espetáculo “Bendita Dica” e oficinas de teatro político para o Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará. A circulação prevê apresentações e oficinas nas Federações dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e apresentações em espaços culturais urbanos de cada estado. 

    “Bendita Dica” conta a história de Benedita Cipriano Gomes, a Santa Dica, poderosa líder comunitária que criou em Lagolândia, na região de Pirenópolis-GO, entre os anos 20 e 30, uma grande comunidade que dividia a terra por igual e construiu um cotidiano baseado nos princípios da igualdade, solidariedade e produção coletiva.

    O espetáculo já realizou mais de 150 apresentações no Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul, Maranhão, Paraíba, Bahia, e venceu o Prêmio Sesc do Teatro Candango, na categoria de Melhor espetáculo infantil, em 2018.

    Com o desejo de alcançar cada vez um número maior de público, do campo e da cidade, este projeto foi idealizado para que “Bendita Dica” possa ser conhecida em mais três territórios, e para isso, conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF.

    Em outubro o grupo parte para o primeiro destino: Natal/RN, apresentando o espetáculo e ministrando a oficina na Federação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em parceria com o grupo de extensão Pau e Lata.

    SERVIÇO:

    Etapa Natal/RN
    Aberto ao público geral
    Apresentações
    Dias: 05 de outubro – quinta-feira
    Locais: Departamento de Artes da UFRN
    Horários: 19h

    Dias: 07 de outubro – sábado
    Locais: Projeto Arbória UFRN
    Horários: 9h

    Oficina
    Dias: 06 de outubro – sexta-feira
    Locais: Departamento de Artes da UFRN
    Horários:9h às 12h e 14h às 17h 

    Bate-papo
    Dia: 06 de outubro – sexta-feira
    Locais: Departamento de Artes da UFRN
    Horário: 19h 

    Entrada franca
    Classificação livre

    Mais informações: 61 992089573

    FICHA TÉCNICA

    Direção e músicas: Mafá Nogueira
    Elenco: Julie Wetzel, Lyvian Sena e Pedro Henrick
    Produção: Julie Wetzel e Lyvian Sena
    Gestão: V4 Cultural
    Músicos: Mafá Nogueira e Pedro Caroca
    Designer gráfico: Nara Oliveira
    Fotos: Matheus Alves
    Registro Audiovisual: Janelson Ferreira
    Assessoria de Imprensa: Contexto Comunicação
    Produção local: Danúbio Gomes da Silva 
    Intérpretes de Libras: Henne Caroline Souza de Andrade Gollo e Rosilda Rayane de França Rodrigues  

  • Prenda-me se for capaz

    Por Túlio Ratto

    A trajetória é, por si só, fantástica demais para ser verdade: em apenas quatro anos (de 2018 a 2022), Frank Bolsonale Jr. fingiu ser presidente da República, médico, infectologista, piloto de jet-ski, hipnotizador de emas, “matador de lombrigas”, pai de família e tantas outras coisas de sua natureza grotesca do que pode imaginar nossa vã filosofia.

    Foram quase quatro décadas mamando nos cofres públicos como parlamentar – — do baixíssimo clero, diga-se —  com relativo sucesso, principalmente nas casas das famílias de bem, cristãs, defensoras dos bons costumes. Sua desenvoltura é tão exitosa que nem a descoberta das rachadinhas, compras em dinheiro vivo de mansões e imóveis, afetou a reputação da família, que vive igualmente, também, de maneira igual, exclusivamente do serviço público.

    Na iminência de ser preso — por outras acusações — a trajetória de sucesso do ex-capitão pode até virar best-seller caso caia nas graças de trambiqueiros que buscam aprender “o poder da sedução de um ignóbil com imenso sucesso de público e de crítica”. Prenda-me se For Capaz conta a estória bem “pé-no-chão” de um capitão expulso do Exército que chegou a ser preso. Depois foi julgado sob a acusação de elaborar um plano para fragilizar o alto comando do Exército, situação que o levou a trocar a carreira militar pela política.

    O expectador não pode criar grandes expectativas sobre a trama, ou grandes arroubos de planejamento, planos mirabolantes, até porque o cara não consegue fazer um ó com uma quenga, em decorrência de uma incrível pobreza intelectual. Do outro lado, trata-se de um filme simples, benfeito e tecnicamente perfeito, se levarmos em conta a destreza nas investigações da Polícia Federal — que não têm decepcionado quando vai a fundo na relação de presentes, desvios de joias do Governo, chegando até as tratativas da tentativa do golpe do 8 de janeiro. Aliás, uma CPI desse triste episódio da democracia brasileira deverá pedir o indiciamento de Frank Bolsonale por pelo menos quatro crimes cometidos durante o mandato: golpe de Estado, escuta telefônica ilegal, incitação ao crime e autoacusação falsa. Tanto aliados quanto adversários do ex-presidente da República dão como certo que o relatório a ser apresentado vai associar os sucessivos ataques de Bolsonale à Justiça Eleitoral e às urnas eletrônicas aos atos de vandalismo que culminaram com a invasão e a depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas contas de governo e oposição há votos suficientes para aprovar o indiciamento do ex-presidente.

    Coloquem também na conta mais de 700 mil mortes durante a pandemia. Um número que poderia ser bem menor, caso as vacinas tivessem chegado antes. Para quem não lembra, em outubro de 2021, a CPI da Covid aprovou o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que atribuía nove crimes a Bolsonale, mas o procurador-geral da República (que pegou o beco nesta semana), Augusto Aras, não deu prosseguimento às apurações, o que frustrou a nação brasileira.

    Do Mauro Cid ao hacker Walter Delgatti Netto, do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que acenou para a ruptura da democracia brasileira ao general Heleno, existem indícios, provas, crimes de sobra.

    Por enquanto, e na expectativa de mais coadjuvantes, o ex-servidor da Sabesp Aécio Lúcio Costa Pereira, o produtor rural Thiago de Assis Mathar e o entregador Matheus Lima de Carvalho Lázaro foram condenados por tentativa de golpe de Estado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Resta saber se conseguirão pegar algum meliante do topo dessa cadeia golpista.

    Somente a PF poderá nos responder. E a Justiça condenar.

  • Professor da UFRN conquista Troféu Grande Otelo com “Big Bang”

    Filme do diretor Carlos Segundo é considerado o Melhor Curta-Metragem de Ficção do país

    “Big Bang”, do diretor Carlos Segundo, professor do curso de Audiovisual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é consagrado o Melhor Curta-Metragem de Ficção no 22° Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

    Carlos Segundo e o ator Giovanni Venturini, que estrela o filme como o personagem “Chico”, receberam o troféu Grande Otelo na noite de quarta-feira (23), na Cidade das Artes, Rio de Janeiro.

    A cerimônia homenageou a produção documental brasileira e os 125 anos do cinema nacional. Entre os premiados estão também o longa-metragem “Marte 1″, de Gabriel Martins, e a atriz Dira Paes, pelo protagonismo no filme “Pureza”.

    Em seu discurso, Carlos Segundo relatou que está há 15 anos produzindo cinema e se sente honrado pelo reconhecimento. Ele começou a fazer cinema em Uberlândia, onde “Big Bang” foi gravado, cidade em que também nasceu o ator Grande Otelo que nomeia o prêmio.

    Giovanni Venturini defendeu que o cinema brasileiro olhe para as pessoas com deficiência com atenção, dignidade e respeito, como ocorreu em “Big Bang”. O ator tem nanismo e enfrentou dificuldades em sua carreira para fugir de papéis estereotipados.

    “Big Bang” estreou em 2022 como Melhor Curta-Metragem Autoral no Festival de Locarno, na Suíça, e após ser premiado em uma série de festivais nacionais e internacionais, tem sua qualidade reconhecida agora pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais.

    O curta é uma produção de Osoprodotempo e Les Valseurs e é distribuído na América Latina pela potiguar Casa da Praia Filmes. Narra a história de “Chico”, um homem com nanismo que trabalha consertando fornos. Solitário, ele vive um conflito interno contínuo, resultado do sentimento do abandono familiar e da exclusão social. Mas Chico irá pouco a pouco descobrir uma forma de resistência e, por que não, de vingança.

    Histórico

    Carlos Segundo é também diretor de “Sideral”, filme produzido pela Casa da Praia Filmes, Les Valseurs e Osoprodotempo. O curta estreou no Festival de Cannes em 2021 e foi semifinalista do Oscar 2023.

    Filmado no Rio Grande do Norte, o curta narra a história de uma família durante o primeiro lançamento de um foguete brasileiro.

  • André Pellenz propõe reflexões sobre crises conjugais, pandemia e política em ‘Fluxo’, que estreia dia 31 de agosto nos cinemas

    O longa, em preto e branco e totalmente realizado à distância na quarentena, mostra os conflitos de um casal em crise durante o lockdown em um cenário político ameaçador; elenco conta com Bruna Guerin, Gabriel Godoy, Silvero Pereira e Cassio Gabus Mendes

    Definido pelo seu diretor e roteirista André Pellenz como “um filme que parece um documentário sobre o futuro”, o drama “Fluxo” – gravado em preto e branco numa fase em que as filmagens presenciais estavam proibidas por conta da covid-19 – chegará aos cinemas no dia 31 de agosto de 2023. Na trama, uma distopia política-conjugal, um casal em crise, interpretado por Gabriel Godoy e Bruna Guerin, acaba tendo que lidar com uma situação inesperada, um lockdown. Obrigados a conviver, eles reavaliam seus conceitos, enquanto uma ameaça maior vai se formando do lado de fora: um governo de ultradireita prepara um golpe de estado.

    “Quando escrevi o roteiro, não imaginava o contexto político que viria depois. Foi assustador ver a ficção quase virando um golpe de Estado real”, relembra André.

    Produzido pela Media Bridge e pela Paramount Pictures, com distribuição da Pipa Pictures e Paramount, “Fluxo” conta ainda com Cássio Gabus Mendes, Silvero Pereira, Guida Vianna, Ronaldo Reis, Alana Ferri e Monika Saviano no elenco, todos filmados em suas casas por meio de aplicativos, em Rio, São Paulo e Fortaleza.

    Lançamento cancelado motivou o projeto

    A frustração de ver o lançamento de seu filme “Os Espetaculares”, que estava cercado de grande expectativa mas que, com os cinemas fechados, teve o lançamento cancelado, motivou André. Como ele mesmo explica:

    “Na verdade, ‘Os Espetaculares’ chegou a estrear em Manaus, quando as coisas pareciam estar mais calmas e apenas os cinemas de lá estavam reabrindo. Porém, uma semana depois a cidade iniciou aquele trágico ciclo de falta de oxigênio e tudo se fechou ainda mais. Isso me marcou muito, e minha raiva com o governo da época era cada vez maior. Eu precisava colocar tudo isso para fora”. (O lançamento de “Os Espetaculares” estava previsto para junho de 2020, e o filme acabou sendo adquirido pela Amazon).

    Escrito em apenas 20 dias, o diretor não quis esperar a flexibilização de protocolos e decidiu gravar “Fluxo” de maneira totalmente remota, com um mínimo de recursos e ousando na linguagem cinematográfica. Os atores receberam o equipamento em casa e seguiram as instruções da equipe (que nem mesmo se encontrou) a distância, sendo responsáveis por todos os movimentos de câmera, sem a presença de qualquer pessoa no set, algo visto poucas vezes na história do cinema.

    Fim da pandemia, mudança na montagem

    Com o filme pronto, já no fim da pandemia, André decidiu que era preciso mudar alguma coisa. O insight acabou implicando numa revisão da montagem do filme, alterando alguns conceitos da obra, como ele mesmo explica:

    “Acabei remontando o filme como se tivesse terminado uma guerra. Não queria lembrar logo de cara como tudo começou, e sim ir revendo as coisas em sentido inverso, de forma a ‘zerar’ meus sentimentos em relação a tudo que aconteceu”, diz.

    Responsável por capitanear grandes sucessos comerciais, como “Minha Mãe é Uma Peça” (2013), “Detetives do Prédio Azul” (2017), e mais recentemente “Os Aventureiros”, até então a maior bilheteria brasileira do ano de 2023, Pellenz gostou da experiência de fazer algo mais simples e artesanal. “Para mim é um retorno aos meus projetos de curta-metragem e à série dramática “Natália”, do Universal Channel/TV Brasil, onde a simplicidade fazia parte da linguagem”, empolga-se.

    Caixas na porta de casa: os desafios de filmar à distância num período de incertezas

    Os desafios de se fazer um filme sem a presença do diretor foram muitos. Pellenz define como uma espécie de “Dogma 95” particular: “Na época, fiquei intrigado com a limitação que Lars Von Trier e sua turma se auto-impuseram, gerando filmes únicos e muito interessantes. No nosso caso, as limitações foram impostas pela pandemia, e é fascinante ver como elas afetaram a linguagem e o resultado. Hoje entendo melhor as motivações deles”, completa.

    Sem contato pessoal, os equipamentos foram deixados lacrados e higienizados nas casas dos atores, e eles precisaram aprender a montar e operar tudo.

    “Chegaram equipamentos e mais equipamentos na minha casa na época. Duas câmeras, iluminação, cabos e mais cabos, tripés, material para arte e som. Uma loucura. A casa ficou de ponta cabeça e tivemos que ter muita calma para entender que a nossa casa viraria um set de filmagem por 15 dias”, conta Gabriel Godoy.

    O ator relembra o grande desafio que era concluir cada plano: “Sair do personagem não era uma questão, mas não sair do cenário do filme, isso era. (risos). O desafio era antes de gravar. Era mais tempo sendo da técnica do que do elenco. Geralmente, buscamos estar 100% concentrados em um set de filmagem, porém no caso do Fluxo precisávamos estar 500% para dar conta de tudo. Às vezes passávamos 40 minutos montando um plano e quando estava tudo pronto eu lembrava: “Ah, agora preciso também atuar. Sou ator do filme. (risos). Foi uma experiência única realmente”, diz.

    Bruna Guerin também se recorda com prazer do desafio, que trouxe muitos aprendizados: “Como tínhamos que exercer todas as funções do set, além de atuar, foi muito desafiador. Mas a equipe toda nos conduziu com tanta paciência e generosidade que acabou sendo um prazer estar vivenciando tudo aquilo. Foi um dos maiores aprendizados que tive na vida. Hoje enxergo e trabalho no audiovisual muito diferente por conta dessa experiência”.

    Outro destaque é a participação especial de Cássio Gabus Mendes, que não saiu de sua casa e fez tudo sozinho. “Jamais imaginei que um dia faria uma cena sem mais ninguém por perto”, disse o ator durante as gravações.

    Silvero Pereira, que gravou suas cenas em Fortaleza, compõe o elenco num papel-chave para a distopia final. O ator também gravou a música-tema do filme, “Jaqueta Amarela”, de Assucena (da extinta banda “As Baías e a Cozinha Mineira”).

    “Fluxo” é um um dos poucos filmes realizados naquele momento de tensão. No entanto, não é “o filme da pandemia”, como diz Cosimo Valerio, sócio da Media Bridge, produtora de filmes como “Chacrinha” e “Intervenção”: “Não estamos retratando a covid-19. A quarentena do enredo é um ponto de partida para discutir a crise de um casal que acaba refletindo uma situação maior e mais grave”, afirma

    Filme manteve a produção cinematográfica ativa na pandemia

    Outro grande trunfo de “Fluxo” foi manter a produção cinematográfica brasileira em funcionamento mínimo num período inóspito, em que o setor cultural, e especialmente o cinema, foi diretamente afetado.

    “Conseguimos manter a produção ativa na época, permitindo que equipe e elenco, mesmo em número reduzido, tivessem trabalho remunerado. A parceria com a Paramount foi fundamental para finalizarmos o filme da melhor maneira possível”, completa Angelo Salvetti, também sócio da Media Bridge.

    Segundo Alex Levy-Heller, da Pipa Pictures, “Fluxo” é um filme para salas de cinema: “Estamos renovando nossa aposta na tela grande, na sala escura, no cinema como arte. Este é um filme feito com as menores câmeras, para telas maiores. De certa forma, essa amplificação reflete o alívio que vivemos recentemente”, conclui.

    Sinopse:

    Primeiro volume de uma trilogia sobre a angústia, inspirado na obra do diretor italiano Michelangelo Antonioni, em especial “O Eclipse”, e nas provocações temporais do soviético Andrei Tarkovski, “Fluxo” é uma distopia política-conjugal que acompanha um casal em crise. Carla expulsa Rodrigo de casa, mas ele não pode deixar o apartamento por conta de um lockdown imposto pelas autoridades. Assim, os dois são obrigados a conviver e acabam revendo seus conceitos, até que as coisas ao redor tomam um rumo jamais imaginado e uma ameaça maior que a própria razão do lockdown vai se formando lá fora.

    TRAILER DE ‘FLUXO’: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=PYYnocJuKg4

    Ficha técnica:

    Distribuição: Pipa Pictures e Paramount Pictures

    Produção: Media Bridge e Paramount Pictures

    Elenco: Bruna Guerin, Gabriel Godoy, Silvero Pereira, Guida Vianna e Cassio Gabus Mendes

    Roteiro e direção: André Pellenz

    Produção: Angelo Salvetti, Cosimo Valerio, André Pellenz e Altino Pavan

    Fotografia: Ênio Berwanger

    Direção de arte: Raíza Antunes

    Figurino: Isa Ribas

    Montagem: André Pellenz

    Trilha Sonora: João Jabace e Luís Rodrigues, com músicas de Johnny Hooker, Letrux, Mariana Volker, Bemti, DiMelo e Assucena

    Música: “Jaqueta Amarela”, de Assucena, interpretada por Silvero Pereira

  • O acéfalo Valentim

    Para o filósofo alemão Immanuel Kant, a prerrogativa do legislador universal é de nos tornar pessoa, um ser com fim em si mesmo, e não uma função do Estado, da sociedade ou da nação – dispondo de uma dignidade ontológica.

    Já para o senador da República, Styvenson Valentim (PODEMOS-RN), que – como bem definiu a jornalista e psicanalista Sheila Azevedo – ganhou notoriedade e ascensão política por sua sanha justiceira contra os cachaceiros motoristas de plantão, os direitos do homem podem ser usados pelo Estado, mas não de todo e qualquer homem, como demonstra seu projeto de lei que defende a  doação de órgãos duplos como hipótese de remição da pena privativa de liberdade (PL 2.822/2022).

    Styvenson defende que o projeto pode parecer “bruto e desumano”, mas a proposta dá oportunidade para que essas pessoas demostrem solidariedade e de alguma forma devolvam para a sociedade algo que foi retirado dela. Assim, “coisificando” corpos e impelindo que apenados (pois já cumprem uma pena de acordo com o devido processo penal) sejam mais uma vez penalizados e tornando a população mais pobre do país muito vulnerável.

    Para o jornalista e professor de Direito e Processo Penal da Universidade Católica do RN, Cid Augusto, “o projeto é absurdo, mas, infelizmente, não representa novidade. Já se defendeu algo semelhante nas Filipinas e talvez em outros lugares. Lá, propunha-se a transformação da pena de morte em prisão perpétua, em troca de um rim do condenado. Aqui, o mesmo órgão vale 50% da pena. A iniciativa, como se percebe, institucionaliza o comércio de órgãos humanos. Por ele, o detento que cumpriu pelo menos 20% do tempo imposto pela Justiça criminal pode comprar a liberdade ao Estado, pagando com a mutilação do próprio corpo”.

    Cid ainda destaca que, se aprovada, a proposta vai reduzir a população carcerária, formada em sua maioria por pessoas pretas, pobres e com baixo ou nenhum nível de alfabetização, a condição de subgrupo humano, de indivíduos inferiores e descartáveis.

    “Sem querer enveredar na chatice do ‘juridiquês’, afirmo apenas que fere gravemente a Constituição Federal ao desrespeitar princípios inegociáveis, como igualdade, dignidade humana e vedação a penas cruéis”, alerta Cid Augusto.

    A proposta de trocar órgãos de presos por tempo de prisão não é novidade aqui no Brasil e já tramita há pelo menos 20 anos no Congresso Nacional. Em junho de 2003, o então deputado Valdemar Costa Neto (PL/SP) apresentou o um projeto de lei propondo permitir “a presidiário que se inscreva como doador vivo de órgãos, partes do corpo humano ou tecidos para fins terapêuticos, requerer redução de pena após a aprovação do procedimento cirúrgico”.

    De lá para cá, outros onze projetos de lei foram apensados à proposta de Costa Neto e continuam desafiando os limites da ética e da legislação brasileira, que explicita que “comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano” é crime, com pena de reclusão (que vai de três a oito anos) e multa. Isso, também sem levar em conta a Constituição Federal, que em seu artigo 1°, inciso III, faz da dignidade da pessoa humana valor supremo da ordem jurídica.

    Se cada ser humano tem que ser respeitado na sua integralidade e ter sua dignidade protegida, como transformar em lei uma proposta de barganha de seu próprio corpo?  Se é proibido vender seu órgão, pode ser permitindo trocá-lo por alguma vantagem? Uma pessoa cumprindo pena estaria em condições para doar seus órgãos por livre e espontânea vontade? Teria também os esclarecimentos necessários para tanto? Um preso tem autonomia? Ou devem ser induzidos a se transformar em um recurso ‘natural’ pronto para colheita?

    As perguntas são muitas. Mas, o limite além de constitucional, legal, é ético.

    Segundo o filósofo italiano Nicolau Maquiavel. “há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis”.

    Partindo disso, e diante de iníquas propostas de nossos legisladores, é de se lamentar que a despeito de tantos avanços da Ciência, ainda não seja possível o transplante de cérebros. Poderia ser indicado para muita gente que se acha acima do bem e do mal.