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Contando vacinas

É totalmente compreensível cada vez mais o interesse dos brasileiros por assuntos antes ‘irrelevantes’, como os processos científicos — complicados ou não —, e o que as corporações multinacionais tramam sobre logística, as promessas governamentais conflitantes, a burocracia na regulamentação de vacinas, quais as que estão sendo utilizadas, as que ainda estão por vir, quando, quando, quando?… Às vezes esses questionamentos sobrepõem-se à treta ocorrida no Big Brother, e de tantas futilidades e do caos televisivo que estamos vivenciando, seja ou não iniciado com K. O que se esperava era que a pergunta “quando tomaremos a vacina contra a Covid-19?” fosse viralizada diariamente, afinal estamos à deriva no quesito logística de imunizante.
Dia desses, nas redes sociais, um Papangu perguntou pela tão sonhada dose da vacina contra o Sars-CoV-2 e, de pronto, um seguidor recomendou que cobrássemos do resto do mundo também. Se pudéssemos cobraríamos, sim. Ora, mas não é melhor começar a cobrança por aqui? Diante do exposto, fomos então pesquisar a quantas anda a tão aguardada imunização mundo afora. E encontramos matéria veiculada na BBC com estudo bem recente da Economist Intelligence Unit (EIU), da revista britânica The Economist, que fez algumas das pesquisas mais abrangentes sobre o assunto, analisando a capacidade de produção mundial juntamente com a infraestrutura de saúde necessária. Isso tudo com o poderio monetário dos países, do poder de compra da vacina. O óbvio: é absurdamente desigual. Segundo a EIU, basta olhar para o Reino Unido e os Estados Unidos, que podem investir muito dinheiro no desenvolvimento delas e, assim, recebê-las primeiro. Os dados ainda apontam outros países igualmente ricos, como Canadá e os da União Europeia.

Fica comprovado, inclusive, que, por ser superpotência de vacinas, não significa que sua população será vacinada antes dos outros. Exemplo maior seriam as duas das maiores potências mundiais de produção de vacinas, a China e Índia, que suas populações podem não ser totalmente vacinadas até o final de 2022. A resposta para isso é o número de habitantes e da escassez de profissionais de saúde.

E segundo o estudo, a estimativa é que no Brasil a vacinação em massa só seja atingida na metade do ano que vem. Sim. Porque no estudo somos classificados, a exemplo de México, como país de renda média e que só teremos doses para imunizar grupos prioritários devido aos acordos firmados com os laboratórios em troca da execução de testes clínicos. Na América Latina, como Chile e Argentina, a previsão é que a população será imunizada somente em 2022. Já Paraguai, Guiana, Bolívia, Venezuela e Suriname, iniciando somente em 2023.

No quesito “sorte”, o povo da Sérvia vai bem. É a oitava nação no mundo com a maior parcela de sua população vacinada, à frente de qualquer país da União Europeia. Isso porque se beneficia da chamada diplomacia da vacina — batalha travada entre a Rússia e a China por influência na Europa Oriental. É um dos poucos lugares onde a vacina russa, Sputnik V, e a vacina da fabricante chinesa SinoPharm já estão disponíveis. Eles podem até escolher brevemente se querem também se vacinar com a Pfizer, Sputnik ou a da SinoPharm.

Mas, bem mesmo, de vera, está Israel, o país com a maior taxa de vacinação no mundo, com 69.46 vacinados para cada 100 habitantes.

Inveja grande porque por aqui a ausência de um gestor vai fazendo uma falta danada.

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