O filme mais badalado do ano no longínquo 1973 foi o “The Exorcist”. Uma produção norte-americana do gênero terror sobrenatural, dirigido por William Friedkin e escrito por William Peter Blatty, baseado no livro homônimo de sua autoria. A película aborda a possessão demoníaca de uma garota. O livro de Blatty teve inspiração em um caso real de exorcismo documentado em 1949.
O filme O Exorcista, na realidade brasileira, conta que num sítio arqueológico, no ano de 1955, surge em uma escavação uma criatura bestial e horripilante. Sua trajetória enquanto pessoa sempre fora tão animalesca como o seu surgimento. Não é para menos, teve uma carreira pífia — só Deus sabe como — atingiu a patente de capitão, no nosso glorioso Exército do leite condensado e pílulas de Viagra. Chegou a ser preso. Depois foi julgado sob a acusação de elaborar um plano para fragilizar o alto comando do Exército, situação esta que o levou a trocar a carreira militar pela política.
Neste filme macabro, atores e atrizes não percebem o quão é perigoso mantê-lo em um parlamento. Quem diz: “Sou a favor da tortura. Através do voto, você não muda nada no país. Tem que matar 30 mil”. Um sujeito desse não pode ser tratado com deferência. Não é mesmo? Porém, em um momento de completa fraqueza, deram o maior cargo, o de presidente de uma nação. Quando isso acontece, a criatura demoníaca tem uma convulsão e demonstra poderes sobrenaturais, como levitação e grande força. Fala palavrões e blasfêmias com uma voz satânica afeminada. “Gripezinha”, “Eu não sou coveiro”, “Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso”, “O cara que entra na pilha da vacina é um idiota”, “Vai comprar vacina. Só se for na casa da sua mãe”, “Chega de frescura e mimi”, “Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa”, “Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”; “Lamento profundamente, mas é um número insignificante” – esta última, quando tínhamos 622.801 mortes por Covid no Brasil.
Apesar de demonstrar falta de empatia desde o tempo do Congresso Nacional, os médicos não o trataram como um psicopata. Era da natureza dele mesmo essa falta de compaixão. Somente na religião é que se encontra uma resposta para tamanha obsessão pela morte do próximo, pelo malfazejo, afinal o Belzebu-Jair se disfarça de católico e evangélico ao mesmo tempo.
O povo já sabia da família que se locupletava com rachadinhas, combustíveis desviados, compras de imóveis com dinheiro vivo — amplamente divulgado na imprensa nacional. Os médicos poderiam até dizer que tanta maldade é motivada por uma lesão em seu cérebro. Mas, todo mundo sabe que todo mundo sabe que ser ruim, vil, é o normal no Palácio.
Ataques violentos à democracia, aos poderes, às pessoas, a artistas, religiosos, índios, às minorias… Ocorrências paranormais continuam a se repetir, incluindo a cama sacudindo, barulhos estranhos e movimentos inexplicáveis com sigilos de cem anos.
Esgotados os recursos científicos, políticos e morais, o povo recomenda um exorcismo, sugerindo que os sintomas de Belzebu-Jair são resultado de uma possessão demoníaca, devendo ser resolvida por uma urna eletrônica. Em desespero, Belzebu-Jair consulta seus militares, sua PF, seus asseclas, uma vez que eles, além de compactuarem com os atos satânicos, devem pensar igualzinho ao chefe endemoniado.
Foram quatro anos de observação. Inicialmente acreditava-se que seria algo patológico adquirido enquanto aquartelado. Entretanto, o maldito encosto constantemente refere-se a si próprio como o demônio: “Eu sou imbroxável”. Muitos acreditavam inicialmente que ele sofria de psicose, até lembrar de sua fala em um idioma estranho, que é de fato inglês de trás para frente “!PmurT ,uoy evol I”. Apesar de tantas dúvidas quanto à doença, mas de tantas certezas quanto ao caráter, se faz necessário conduzir um exorcismo.
O povo é chamado para, democraticamente, expurgar esse coisa-ruim, espantar esse espírito maligno. Enquanto isso, o demônio ameaça e agride todos que o encurralam, principalmente o Supremo Tribunal Federal e Lula da Silva, um padreco opositor forte nas palavras e rico em esperança.
Sem a presença do demônio ficará mais fácil reconstruir o que foi destroçado em quatro anos, do desprezo de um povo conhecido pela alegria, que ficou submerso nas trevas de um capitão louco e demoníaco. Recuperar a alegria não será tarefa fácil, mas, como disse Câmara Cascudo: “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Vamos fazer a nossa estrela brilhar. Vamos virar essa página sombria.
O The Exorcist tornou-se um dos mais lucrativos filmes de terror de todos os tempos, arrecadando o equivalente a U$ 441.306.145,00 em todo o mundo. O Exorcista de cá, foi um dos mais devastadores da história da nova República. Boiadas passaram, rachadinhas se completaram, e milhares de pessoas morreram. Um verdadeiro terror.