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  • Passa e Fica – Aventuras e cultura em torno da Pedra da Boca

    É verdade que a Pedra da Boca está em território paraibano, mas fica o tempo inteiro com a boca escancarada, sorrindo para o Rio Grande do Norte. O Parque Estadual da Pedra da Boca, principal atrativo turístico da região, pertence ao vizinho estado da Paraíba, no município de Araruna, distante 25 km da Pedra da Boca.

    Com apenas 4 km de distancia, a simpática cidade norte-riograndense de Passa e Fica é porta de entrada para o Parque Estadual da Pedra da Boca e o início de aventuras variadas como escalada, rapel, mountain bike, montanhismo, além de longas caminhadas por trilhas inusitadas, através de fendas entre rochas ou atravessando grutas.

    Pedra da Boca, da Caveira, do Coração, do Carneiro e da Santa são nomes  dados em função do formato das pedras ou de alguma história contada envolvendo o conjunto de serras de pura rocha, onde escondem em seu interior dezenas de cavernas, grutas e ravinas, algumas inexploradas e outras com um rico acervo de escrituras rupestres.

    A Pedra da Santa guarda uma imagem de uma santa num altar, atraindo romeiros em busca de fé. A caverna também está cheia de inscrições rupestre de Tradição Nordeste, datadas de pelo menos 12 mil anos, feitas por tribos indígenas da Nação Tapuia, que habitavam a região de fronteira antes do colonizador português.

    O turismo ecológico, rural, de aventura e cultural, atraem pessoas com objetivos diferentes, levando informações sobre a fauna variada e preservada, além de uma flora abundante, composta por juazeiro, mangueira, jatobá, mandacaru, pau d’arco, entre outras espécies.

    A menos de 2 km de Passa e Fica, o Rio Calabouço e sua “passagem molhada” dividem os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, completando a composição da depressão do Brejo paraibano e a Região Agreste potiguar, onde está localizada a Pedra da Boca.

    Caminhos guiados por Seu Tico


    Passa e Fica oferece boa infra-estrutura para o turista aventureiro, como pousadas e restaurantes, onde a boa mesa e uma longa noite de sono são necessários. Para os aventureiros mais radicais, tem a propriedade do Seu Tico, um simpático senhor que habita o sítio aos pés da Pedra da Boca e desde 1985 vem recebendo visitantes.

    No terreno em volta da casa de Seu Tico, há uma área de camping, um restaurante, banheiros e chuveiros para dar suporte aos aventureiros que passam por lá. A estrutura é humilde e simples, mas oferece o necessário para quem está buscando mais natureza do que conforto.

    De manhã bem cedo, depois do desjejum, Seu Tico reúne as pessoas que estão disposta a enfrentarem as trilhas para dar alguns conselhos antes de seguir pelas veredas da mata. Com tênis, roupas leves, protetor solar, água e cordas, o grupo de aventureiros segue Seu Tico de mata adentro para aventuras descabidas na Pedra da Boca.

    Os municípios de Serra de São Bento, Monte das Gameleiras e Passa e Fica podem ser vistos já na boca. Quem conseguir chegar até o topo, subida quase impossível nos meses de chuva por conta da formação de lodo sobre a rocha, avista Araruna, no lado paraibano, e Nova Cruz, no agreste potiguar.

    Frivolitê: A beleza na ponta dos dedos

    A denominação “frivolité”, essencialmente francesa, é adotada em quase todos os países da Europa; entretanto os italianos nomeiam a técnica de “occhi”. Já os orientais conservam a antiga denominação “makouk”, enquanto nos países de lingua inglesa é chamada de “tatting”. No Brasil, s bordadeiras de Passa e Fica mantêm vivo a frivolité, tipo de renda cada vez mais rara de se encontrar. Em Passa e Fica, a Casa do Artesão ajuda a comercializar a produção.

    A renda rica em detalhes que se executa com uma naveta (espécie de agulha) usando fio de seda, algodão ou linho e exige muita coordenação motora para não errar os pontos. Basta um pequeno descuido para colocar horas de trabalho a perder. A naveta ou navete, espécie de agulha de madeira fabricada artesanalmente pela própria rendeira, é o único instrumento utilizado para ir formando a renda. A agulha artesanal é feita da casca do tronco dos cajazeiros.

    Luzinete Balbino, coordenadora da Associação dos Artesãos, conta que a frivolité fez muito sucesso no São João do Nordeste, feira realizada em 2004 no Anhembi, em São Paulo. A exposição do artesanato de Passa e Fica na feira paulista abriu um novo mercado para os vinte artesãos da Associação.

    Para atender os turistas, os artesãos começam também a pintar as paisagens do município em tecido. A Pedra da Boca serve de tema para decorar panos de prato e panos de bandeja. O desafio agora é conseguir levar os turistas estrangeiros, vindos nos passeios organizados por agências de turismo, a visitar a Casa do Artesão.

    O teatro dançante do grupo Macambirais

    Teatro e dança também formam o cenário cultural do município. O grupo teatral Macambirais é uma companhia de dança e cultura popular, criada em 2001, que utiliza elementos do folclore nordestino para apresentar suas danças e peças teatrais.

    O tradicional forró pé-de-serra, o côco-de-roda, cirandas, maracatus, araruna, caboclinhos, entre outras danças são apresentados pelo grupo fazendo algumas adaptações. O grupo também apresenta dramas, cânticos de romanceiro e autos populares.

    Os organizadores do grupo confessam que o único objetivo era criar uma opção cultural para os visitantes da Pedra da Boca. Porém, com o tempo, foi se percebendo que aqueles garotos tinham um grande potencial artístico e poderiam ser mais bem aproveitados dentro do projeto de valorização cultural do município.

    O grupo expandiu as atividades desenvolvidas inicialmente e terminou sendo parte do Projeto Macambirais, ONG criada em 2003 para educar, qualificar e desenvolver um projeto de inclusão social para a criança e adolescente. O espetáculo “Nordeste Vivo”, uma mostra de 32 danças, tem sido apresentado em diversos Estados brasileiros. Um grande passeio cultural pelas mais variadas manifestações populares e que melhor caracterizam a alma cultural norte-riograndense.

    A Companhia Macambirais foi o único grupo potiguar na Festa do São João do Nordeste, realizada no Anhembi, em São Paulo, e do Pernambuco em Concerto, em Recife. As danças do Macambirais foram apresentadas também nas feiras do “Brasil Mostra Brasil” em João Pessoa, e na FIART, em Natal. Os dançarinos permanecem no Macambirais até completarem 21 anos.

    Quando os viajantes passavam e ficavam

    Conta a lendária história que, no ínicio do século passado, o senhor Daniel Laureano construiu uma casa para moradia com sua família e, ao lado, uma mercearia para abastecer aqueles que trafegavam por uma estrada que ligava Nova Cruz ao brejo paraibano, onde os viajantes passavam para as feiras de gado.

    Essa pequena bodega de beira de estrada vendia todo tipo de quinquilharia, além de oferecer comida e aguardente aos que ali passavam. Aos poucos, o pequeno comércio tornou-se conhecido de todos, que ao passarem pela estrada eram atraídos a entrar na bodega e não queriam sair.

    De acordo com o historiador Câmara Cascudo, no seu livro “Nomes da Terra”, a bodega do senhor Daniel Laureano tomou influência pelas redondezas, dando origem a um pequeno povoado ao seu redor. E para justificar o sucesso do comércio, as pessoas diziam que aquele lugar era o “passa e fica”, e assim surgiu o nome do lugar.

  • Fotografia se aprende fotografando

    Segundo uma pesquisa da BBC de Londres, a fotografia é o segundo produto mais consumido no mundo, só perdendo para o consumo da água. A comunicação visual está em todos os meios, principalmente pela internet aonde a fotografia tomou conta dos principais blogs e das mais famosas marcas de produtos quando a produção de marketing exige uma fotografia que se comunique rapidamente com seu consumidor.

    Já foi dito que uma imagem vale mais do que mil palavras. Porém, é preciso que a pessoa possa ler a imagem e não somente olhar para uma fotografia. Segundo o fotógrafo e advogado goiano Jefferson Luiz Maleski, o escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem.

    Desde que Dom Pedro II trouxe a fotografia para o Brasil, por volta de 1840, a fotografia conquistou o gosto dos brasileiros ao ponto de hoje, o fotógrafo Sebastião Salgado ser considerado um dos melhores do mundo em sua área. Com o advento das câmeras e celulares digitais ficou muito fácil para qualquer pessoa capturar uma fotografia. Mas, de acordo com fotojornalista canadense Claude Adams, ter uma câmera faz de uma pessoa um fotógrafo assim como ter um bisturi faz de ninguém um cirurgião.

    Quem quer aprender a fazer fotografias tem que estudar para saber como compor uma cena. Os cursos de fotografias são bons para que a pessoa possa ler uma fotografia e até entender as fotos expostas numa exposição fotográfica. Porém, para ser um bom fotógrafo é preciso conhecer o equipamento que tem em mãos para não perder tempo tentando encontrar certa função, ou tentando entender o que a sua câmera fotográfica oferece, independente se ela é do celular, uma câmera compacta digital, ou uma DSLR profissional.

    Para entender a filosofia prática da fotografia tem que seguir os ensinamentos do mestre francês Herry Cartier Bresson quando ele diz: “De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e fugidio. Nós fotógrafos, temos que enfrentar coisas que estão em contínuo transe de se esfumar; e quando já se esfumaram, não há nada neste mundo que faça com que voltem. Evidentemente, não podemos revelar e copiar uma recordação”.

    Em Natal, há uma escola de fotografia, o Engenho de Fotos que há quase 10 anos ensina às pessoas a enxergarem além do básico, formando fotógrafos premiados. Hoje em dia, devido a pandemia, parte das aulas são on line e ao vivo (nada gravado) com aulas práticas presenciais sob orientação de um professor. Normalmente, as aulas práticas de fotografia são realizadas em cartões postais de Natal como Jenipabu, Ponta Negra ou Pirangy.

    Sempre há turmas abertas e para participar. Basta ter uma câmera (simples ou profissional) ou mesmo usando a câmera do celular para as práticas. No Engenho de Fotos se dar muita ênfase para as práticas fotográficas porque fotografia se aprende fotografia já parafraseando o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade quando escreveu em o verso: “Amar se aprende amando”.

    Engenho de Fotos – Escola de Fotografia

    Tele/zap: [84] 9 8896-5436

    Site: www.engenhodefotos.com

  • Redinha, uma praia arredia

    Redinha velha cansada

    Muito orgulhosa de si,

    Deita o corpo embriagada

    No leito do Potengi.

    (João Alfredo)

    Fotos e Texto: Alex Gurgel (@alex_gurgel)

    A Redinha é uma ilha cercada de sentimentos. De um lado, é banhada pelo azul do mar e, do outro, pelas águas do Rio Potengi salgado. Quando andou pelas areias da Redinha, ao lado de Cascudo, o escritor paulista Mário de Andrade ficou encantado com a tranqüilidade infinita do lugar. No livro “Turista Aprendiz”, o poeta modernista relata a monotonia da Redinha, sonhando com a travessia de barco, cruzando o rio num dia de sol forte de verão.

    A praia da Redinha é porto pesqueiro quando cada manhã é recheada de jangadas ao sabor do mar, onde o pescador faz pajelança nas gamboas do Potengi, jogando sua tarrafa e apanhando sua porção de sobrevivência. A Redinha também é território livre para poetas, artistas e boêmios, que buscam inspiração em verso e prosa para cantar os alumbramentos dessa paisagem marinha.

    Para conhecer a Redinha, o visitante deve saborear uma ginga com tapioca, especiaria culinária tradicional no Mercado Público, enquanto observa o burburinho do povo que passa. É preciso celebrar a “Festa do Caju”, no Redinha Clube, quando janeiro chega, anunciando uma nova época de fartura nos quintais e alpendres das casas arejadas

    Para exaltar a alegria da Redinha, em dias de carnaval, o folião deve seguir as troças “Siri na Lata” e “Baiacu na Vara”, além de se esbaldar, todo melado de lama, na irreverência do bloco “Os cão”, na terça-feira gorda.

    A Redinha continua arredia ao progresso, preservando suas tradições e afugentando o fantasma do monumento bestial de concreto, a majestosa ponte Newton Navarro, que leva os turistas pelas entranhas salobras da Boca da Barra até as águas mansas da praia da Redinha.

    É na Redinha que o cronista parnasiano, Vicente Serejo, adotou sua morada e, cuja prosa poética não esconde a paixão pela praia quando escreve: “Redinha boa, Redinha mansa, Redinha cheia de solidão como Pasárgada de Bandeira, lá todo mundo é Irene e ninguém precisa pedir licença”.

  • São Miguel do Gostoso — A praia mais gostosa do litoral potiguar

    “Aqui se faz Gostoso” anuncia a placa na entrada do pequeno município praieiro de São Miguel do Gostoso, distante 120 km da capital potiguar. Localizado no litoral norte, no chamado “Pólo Costa Branca”, a cidade é ladeada de imensos coqueirais e vários quilômetros de praias mansas e quase virgens.
    O certo é que São Miguel do Gostoso está na ponta da língua do turista mais antenado, seja brasileiro ou estrangeiro, que procura por aventuras em lugares intocáveis. A cidade é um dos “points” turísticos do litoral nordestino. Gostoso está localizado na esquina do continente sul-americano, literalmente onde o vento faz a curva.

    Apesar do seu nome inusitado, a população chama carinhosamente o local de Gostoso, esquecendo o arcanjo que contribui com o nome. Gostoso é nome para embelezar os estabelecimentos comerciais e ainda dá nome para quem nasce no município: se for homem é “gostoso”, se for mulher é “gostosa”. Pessoas vindas de outros locais que se estabeleceram em Gostoso são chamados de “gostosenses”.

    Um dos novos destinos do litoral potiguar, São Miguel do Gostoso já se adaptou ao turismo, mas não perdeu o charme de vila de pescadores. Longe de ter a badalação da praia da Pipa, Gostoso ganha em tranqüilidade e preservação. Por causa dos ventos constantes, o lugar atrai também os amantes do windsurf e kitesurfe.

    Quem vai para Gostoso deve se preparar para ficar desconectado do mundo por alguns dias. Ao contrário de outras paias nordestinas, onde a balada faz parte do cardápio, o perfil de São Miguel do Gostoso é exatamente o de um lugar para quem quer desfrutar de sombra, água de coco e praias desertas para longas caminhadas.

    Além das praias urbanas como Ponta do Santo Cristo, Xepa, Cardeiro e Maceió, São Miguel do Gostoso oferece outras praias belíssimas ao lonmgo do seu litoral. Uma delas é a Praia do Tourinho, formada por dunas fossilizadas há mais de dois mil anos.

    No município também está localizada a Praia do Marco. Ela tem este nome porque foi ali que, um ano após o descobrimento do Brasil, os portugueses chantaram o primeiro marco colonizador nas terras brasileiras, durante a expedição do navegador Gaspar de Lemos, em 1501.

    Formada por dunas enormes, a praia do Marco também é conhecida como Dunas do Vespúcio (uma homenagem a Américo Vespúcio, que integrava a expedição de Lemos). Apesar da importância histórica desse marco colonial, o fato é conhecido apenas por estudiosos e historiadores.

    O poético Ministro da Cachaça

    Em meio a barris de cachaça e ao som de discos de vinis antigos, ele recebe seus visitantes recitando versos do poeta paraibano Augusto dos Anjos. O lugar se chama “Urca do Tubarão”, um misto de barzinho, restaurante, museu e discoteca ao ar livre – criado pelas mãos do simpático Edson Nobre.

    O lugar é decorado com várias vitrolas e toca-discos que funcionam muito bem, além de rádios antigos, telefones, máquinas de escrever, uma cadeira de dentista do século passado, uma velha caixa registradora que também funciona e marca o troco em cruzeiros.

    Entre os lançamentos de vinil, o visitante pode escolher de Pink Floyd a Altemar Dutra, de Frank Sinatra a Tonico e Tinoco, de Roberto Carlos a Trini Lopez, de Guilherme Arantes a Elomar. Clássicos e modernos, há música para todos os gostos e ocasiões.

    A Urca do Tubarão vive cheia de turistas brasileiros e gringos que descobriram o paraíso de Gostoso. Edson não é nobre só no nome. Gosta de contar histórias dos que visitam seu espaço. Na região de Gostoso, ele também é o Ministro da Cachaça da região e vendo uma deliciosa aguardente artesanal, genuinamente gostosa. Vale a visita a Urca do Tubarão.

  • A nova cruz e a lenda da anta esfolada

    O frondoso Rio Curimataú era um bom lugar para o descanso dos vaqueiros, vindos da Paraíba, quando passavam com seus rebanhos de gados e aboiando o canto liberto do sertão. No início da colonização do RN, o povoado na beira do rio foi chamado de Urtigal, pela quantidade de urtigas existentes na região. Logo depois, o nome do lugar foi mudado para Anta Esfolada, em virtude de alguns fatos curiosos ocorridos na localidade.

    “Existia no território uma anta com espírito maligno. Em determinado dia um astuto caçador conseguiu prender o animal numa armadilha. Na ânsia de tirar o feitiço da anta, o caçador partiu para esfolar o animal vivo. Mas logo no primeiro talho a anta conseguiu escapar, deixando para trás sua pele e penetrando mata adentro”, escreveu o jornalista Manoel Dantas, no seu livro Homens de Outrora.

    A anta esfolada ficou amedrontando os moradores e o lugar ficou conhecido como “Anta Esfolada” durante muito tempo. Reza a lenda que um missionário jesuíta fez uma cruz com os ramos do inharé (arbusto abundante naquele tempo) e fincou no alto de uma pedra por onde a anta costumava passar. Depois da nova cruz, a anta nunca mais foi vista e a cidade ficou conhecida como Nova Cruz.

    Para preservar a memória da cidade, a Praça do Marco Zero é testemunha silente, onde foi fundada Nova Cruz, nos idos de 1852. De acordo com Manoel Dantas, foi neste local que o frei jesuíta Serafim fincou a cruz. Para o povo da cidade, a nova cruz representa a história que deu vida à cidade, preservando a memória do povo sertanejo que mora na ribeira do Rio Curimataú.

    Passeando pela memória de Nova Cruz

    Quem vem à Nova Cruz, a dica é fazer uma visita a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Construída no início do século passado, a igreja é um prédio imponente, como seu altar-mor e suas colunas interiores que lembram colunas de igrejas góticas. Além do seu valor arquitetônico, a Igreja Matriz tem o seu valor sentimental, a grande maioria dos nova-cruzenses se batizou, crismou, fez a primeira comunhão e casou.

    No alto do bairro São Sebastião, uma igreja majestosa se destaca com os sinos anunciando as horas mortas da tarde. Para celebrar a devoção do glorioso São Sebastião, a cidade faz festa no dia 20 de janeiro onde uma grande procissão carrega a fé do povo no andor do santo, pedindo um ano de bom inverno. Após a novena, a programação mundana acontece com quermesse e atrações musicais.

    Pela beleza, o prédio da Prefeitura de Nova Cruz é uma atração que vale uma foto. Construído especialmente para ser a sede do executivo municipal, o edifício apresenta traços arquitetônico de art decó, no melhor estilo dos prédios do início do século passado. Localizado no centro da cidade, o imponente prédio merece ser observado e se o visitante tiver sorte, poderá entrar para visitá-lo.

    Construída em fins do século XIX, aproximadamente em 1883, o prédio da Casa da Cultura de Nova Cruz é outro exemplo da conservação do patrimônio arquitetônico da cidade. Antigamente, funcionava a estação ferroviária. Sua arquitetura segue o padrão das demais estações, aplicado pelos ingleses ainda no tempo da antiga Great Western. Hoje, a Casa de Cultura apresenta a fina flor das manifestações culturais da cidade.

    Em Nova Cruz, vários casarios imponentes podem ser vistos em toda a cidade, resquício de uma época quando a cana-de-açúcar era o grande produto agrícola. Localizado por trás da Igreja Matriz, o casarão de “Seu Euzébio” foi erguido no início do século XIX e merece uma visitação para observar a cúpula romana no final da escada e uma grande varanda. Detalhes na fachada com eira e beira.

    Uma festa no campo

    Uma das melhores épocas para visitar o sertão é durante o mês de junho, quando o inverno trás as festas juninas ainda úmidas da chuva. Nesse tempo, o visitante pode colher, na paisagem sertaneja, o encanto das tardes muito bem escondidas nos barreiros na beira das estradas. Quietas, as casinhas cochilam com suas mulheres esperando seus homens cansados de roça.

    Quem vem na estrada potiguar para entrar na cidade, antes de cruzar a ponte que corta o Rio Curimataú, a Fazenda Santa Gertrudes é logo vista, tendo como sentinela permanente a estátua do velho Diógenes da Cunha Lima, patriarca de uma família de políticos e advogados que atuam em terras paraibanas e potiguares. Muito bem cuidada, a fazenda é uma tradicional referência para a identidade do seu povo.

    Em tempos de festa, a Fazenda Santa Gertrudes abriga centenas de vaqueiros que participam de uma cavalgada que cruza os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Forró pé de serra e cachaça boa fabricada na região animam os vaqueiros que participam de um dia inteiro na festa de vaquejada, realizada no pátio da casa grande.

    Para refrescar o passeio pelo sertão, um banho no Açude Pau Barriga é a melhor pedida. O açude é um dos reservatórios d’água mais antigos do Rio Grande do Norte, que sempre abasteceu a cidade até a chegada da adutora. Atualmente, o açude abriga as melhores festas do município e, em tempos de carnaval, é o point da moçada mais jovem.

    Localizado na Fazenda Lapa, o Açude Pau Barriga é uma das grandes atrações turísticas de Nova Cruz que pode encantar o visitante. O local tem um clima agradável e é rodeado de belos visuais. Currais de gado e a casa grande da fazenda são atrações a parte que encantam o visitante pela simplicidade de uma vida no sertão de Nova Cruz.

  • Curso de Fotografia

    Bonus: Curso Básico de Lightroom (poderosa ferramenta na edição de imagens)

    Aulas On Line e Ao Vivo – Aula Prática Presencial

    O Curso de Fotografia do Engenho de Fotos foi pensado para que o aluno aprenda fotografia na prática e com toda segurança sanitária, com aulas on line e ao vivo, exercícios práticos de fotografia, suporte para tirar dúvidas e aula prática presencial em lugar previamente definido e informado aos alunos.

    Serviço

    Início | 08 de abril

    Contato | [84] 9 8896-5436

    Site | https://www.engenhodefotos.com

    – As Aulas Teóricas ocorrerão on line; duas vezes por semana, sendo 1 hora e meia por aula;

    – Haverá uma aula prática presencial em local aberto e respeitando as recomendações sanitárias como uso de máscaras, álcool gel e o devido distanciamento;

    – Uma apostila em PDF com todo o conteúdo do Curso de Fotografia será enviada para cada aluno; 

    – Alunos podem interagir durante as aulas AO VIVO e on line, fazendo perguntas e opinando;

    – Será criado um grupo no WhatsApp para a comunicação direta com os alunos, tirando dúvidas e para integração com a turma;

    – Cada aluno receberá Certificado do Curso de Fotografia com o selo de qualidade do Engenho de Fotos.

    Para ser um bom fotógrafo é preciso conhecer o equipamento que tem em mãos para não perder tempo tentando encontrar certa função, ou tentando entender o que a sua câmera fotográfica oferece, independente se ela é do celular, uma compacta digital, ou uma SLR profissional.

  • Como ganhar dinheiro com fotografia

    Hoje em dia está mais fácil e acessível adquirir bons equipamentos fotográficos, o que leva muitas pessoas a desenvolverem o gosto pela fotografia. O número de fotógrafos vem crescendo e boa parte desses fotógrafos transforma o hobby em profissão. Porém, para atuar nesse setor exige muito mais do que uma máquina digital.

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    Data | 22 Março 2021

    Horário | 19h00

    Inscrição | https://www.engenhodefotos.com/palestra

  • PATU: Aventuras na Serra do Lima

    Ao longe, a imensa Serra do Lima desponta majestosa no horizonte, como num convite encantado, saltando aos olhos do visitante silenciosamente, prometendo uma aventura sem fim. Situada no Pólo Serrano, distante 320 km de Natal, a serra de Patu é um convite para peripécias turísticas.

    Se o leitor estiver de passagem por Patu e observar as pessoas olhando para cima, usando binóculos ou a olho nu, não se assuste. Eles estão observando o céu repleto de coloridos parapentes e asas-delta voando em torno da Serra do Lima e pousando no meio da caatinga potiguar.

    Atualmente, a cidade norte-riograndense de Patu é considerada como um dos melhores lugares do mundo para a prática de vôos livre, tanto de asa-delta como o vôo de Parapente (Paraglider). Devido às condições climáticas e geográficas da região, vários estrangeiros e brasileiros procuram a cidade para praticar os vôos livres e tentar bater recordes.

    Os vôos-livres acontecem de setembro a janeiro, quando os ventos sertanejos da caatinga são mais quentes e estão propícios para formar as “térmicas”, massas ascendentes de ar quente, que sustentam o vôo. Nessa época do ano, o sertão potiguar de Patu recebe gente do mundo inteiro que vem à cidade para praticar o vôo-livre.

    Turismo religioso no Santuário do Lima

    Santuário e Igreja de Nossa Senhora dos Impossíveis, em cima da Serra do Lima

    O que não há pelo mundo sobra no coração do nordestino: a fé. O Rio Grande do Norte começa a despertar para o potencial do turismo religioso. Tem muita gente apostando na tradição e religiosidade do homem nordestino, cuja cultura está sedimentada no catolicismo trazido pelos portugueses.

    No alto da Serra do Lima está o Santuário de Nossa Senhora dos Impossíveis, um grande complexo religioso, que atrai fiéis de todo o Brasil. Com uma arquitetura modernista, a capela tem capacidade para 700 pessoas. Nos finais de semana, é comum ver pessoas subindo a serra a pé para pagar uma promessa à Santa das coisas impossíveis.

    Administrado pela Irmandade da Sagrada Família há mais de 350 anos, o Santuário do Lima tem sua maior festa no dia 1º de janeiro, dia de Nossa Senhora dos Impossíveis, quando recebe a visita de milhares de fieis que vêm subir a serra para pedir graças à Santa e rezar para que ano vindouro seja leve.

    Na trilha do cangaceiro Jesuíno Brilhante

    Gruta ao pé da Serra do Cajueiro aonde se escondia o cangaceiro Jesuíno Brilhante

    Para conhecer de perto a história de Jesuíno Brilhante, o famoso cangaceiro patuense conhecido como o “Robim Hood da caatinga”, é preciso se embrenhar na mata para ir até a caverna de pedras onde o bando se escondia no pé da Serra do Cajueiro.

    Sob a orientação do guia Turístico local, Zé Doido, os aventureiros seguem a trilha na mata, que tem como característica a riqueza de sua fauna e flora preservada. No caminho, há árvores e cipós gigantescos que chegam a medir entre dez a quinze metros.

    A mata nativa é composta principalmente por jatobás, ipê roxo, aroeira e mororó, espécies também comuns à mata Atlântica. Numa área de aproximadamente cinco hectares, é fácil encontrar cascas do coco catolé, deixados pelos macacos pregos e por micos-leões, frutos de seus cardápios alimentares.

    Criada pelo rolamento de grandes blocos de granito, a gruta está localizada na soleira da Serra do Cajueiro. Estes blocos são formados devido ao intemperismo e falhas que atuam na rocha. Toda a área faz parte da fazenda Cajueiro, localizada às margens da RN-078, distante 6 km de Patu.

    Sítio Arqueológico do Jatobá

    Inscrições rupestres no sítio Riacho do Letreiro

    Devido ao relevo e excelentes condições climáticas a área serrana possui todos os pré-requisitos para pratica de vários tipos de esportes radicais como vôo livre, trilhas ecológicas, rapel e enduros.

    Prática de Voou Livre é comum em Patu de agosto à novembro

    Há milhares de ano, os primeiros habitantes deixaram suas inscrições gravadas nas pedras, que se formou o Sítio Arqueológico do Riacho do Letreiro, com gravuras rupestres feitas sobre as pedras de granito, já bastante destruídas pela ação do sol, água, chuva e trânsito de animais.

    O Riacho do Letreiro é um sítio arqueológico a céu aberto, com suas imagens esculpidas diretamente sobre a rocha, sem a proteção de uma caverna. Segundo especialistas, os desenhos são classificados como da tradição “Itacoatiara”, comum nas regiões ribeirinhas do Nordeste brasileiro.

    Origens patuenses

    Vila de Patu ao Pé da Serra do Lima

    O município de Patu fica situado na região Oeste e microrregião Serrana do Rio Grande do Norte, uma zona de agricultura e pecuária, que no início da colonização estava ligada ao ciclo dos currais. Os primeiros habitantes da região foram os índios Cariris.

    A origem do nome Patu tem duas versões. Na primeira, de acordo com a literatural popular, dois irmãos tinham seus terrenos próximos ao pé da serra. Certo dia um disse ao outro: “Quando eu morrer isto aqui fica PA-TU”. Desde então, o nome do lugar ficou conhecido como Patu.

    Casarões coloniais preservados em Patu

    No entanto, a versão mais aceita é a segunda, registrada pelo historiador Câmara Cascudo. No seu livro “Nomes da Terra” (Sebo Vermelho Edições), Patu significa lugar de terra alta em tupi, denominação que os índios Cariris utilizavam para identificar o local.

    O principal destaque no início da criação de Patu foi o Coronel Antônio de Lima Abreu Perreira, Comandante do Regimento de Ordenanças da Ribeira do Apodi, na Serra do Patu, que no ano de 1758, fez doação de terras para a construção da Capela de Nossa Senhora dos Impossíveis, erguida na majestosa Serra do Lima.

    Patu ainda preserva traços da antiga vila. Desde as casas coloridas, ao pé da serra, até os casarões coloniais, a cidade se espalha por toda a parte. Mesmo sem os trilhos que levaram os trens para Patu, a velha Estação Ferroviária sobreviveu a modernidade da vida como uma testemunha, se transformando num museu para contar a história da região.

    Antiga Estação de Trem abriga a Casa de Cultura do município
  • Lançamento do Livro “Alcateia de Letras” será sábado, no Sebo Vermelho

    Abimael Silva, Sebo Vermelho e a Coleção João Nicodemos de Lima, convidam para o lançamento do livro “Alcateia de Letras – Proseando com a Literatura Potiguar” a ser realizado no próximo sábado, a partir das 10h, no Sebo Vermelho, na Avenida Rio Branco, 705, Centro de Natal RN.

    “Alcateia de Letras” – Proseando com a Literatura Potiguar reúne várias conversas com poetas e romancistas que constroem nossa literatura. Participação de “feras” como Anna Maria Cascudo, Anchieta Fernandes, Chico Ivan, Diógenes da Cunha Lima, Falves Silva, Moacy Cirne, Nei Leandro de Castro, Vicente Serejo, Vingt-um Rosado, entre outras feras que formam essa alcateia.

    As conversas entre o autor e os literatos foram realizadas no período entre os anos 1995 à 2015, retratando o pensamento dos escritores norte-rio-grandenses no início do milênio. A maioria fala sobre a produção literária, o processor para escrever (romance e poesia), além de opinar sobre o movimento da Literatura Potiguar.

    O livro “Alcateia de Letras” foi contemplado no edital da Lei Aldir Blanc, através da Fundação José Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

    SERVIÇO

    Lançamento do livro “Alcateia de Letras”

    Quando | 27 de fevereiro 2021

    Local | Sebo Vermelho

    Horário | 10h às 12h

    Valor | R$ 30,00 (especialmente no dia do Lançamento)

    Contato | [84] 98896-5436

    OBS: Respeitando todos os protocolos sanitários com uso de máscara, álcool em gel e distanciamento!

  • Navegando pelas Ribeiras do Seridó

    Só quem sobe a Serra do Doutor, rasgando a estrada até chegar à cabeceira da Serra de Sant’ana, consegue ver o Seridó que parece uma flor brejeira que brota na terra rochosa em meio ao mato ralo da caatinga. É ali mesmo onde começa o Sertão. No alto do Serrote do Cruzeiro ainda se pode ouvir dos velhos vaqueiros o aboio, o lamento do sertanejo, como se fosse uma ladainha de fim de tarde.

    Em Currais Novos a vegetação é magra e o vento que foge das encostas das serras já não carrega a frescura que abranda o calor dos telhados. Porta de entrada para o Sertão do Seridó, a cidade desabrocha para o turismo como uma rosa bruta catingueira sentindo o cheiro da chuva na primeira florada. O município tem um potencial turístico ainda para ser lapidado, recheado de histórias e bravura entre índios e colonizadores.

    O município faz parte do roteiro turístico da região do Seridó, oferecendo várias opções de encantamento para o visitante como a Mina Brejuí, o Sítio Arqueológico do Totoró, os casarões coloniais, a Igreja de Santana, a Pedra do Sino, o Cânio dos Apertados, a Lagoa do Santo e o Tungstênio Hotel, o “Copacabana Palace” do Seridó. Ainda tem o santeiro Ivan, do sítio Maxixe, um autodidata que produz santos em estilo barroco, como se cada pedaço de imburana aceitasse o corte certeiro do seu canivete afiado, única ferramenta utilizada para dá forma à peça.

    Seguindo a estrada em busca do sertão é quando o carro aponta no alto do quilômetro duzentos da BR 427 e o visitante se depara com Acari, uma típica cidade seridoense encravada nas encostas ocidentais da Chapada Borborema.  As serras e serrotes formam uma garganta para armazenar água chamado Açude Gargalheiras. Considerada a cidade mais asseada do Brasil, Acari é uma das mais antigas cidades seridoenses e carrega a cultura de seu povo entranhada em cada recanto de suas casas coloniais, onde são cultuados os costumes do sertão.

    Visitar o sertão de Carnaúba dos Dantas é vencer os 160 metros de altura até o Monte do Galo e atirar os olhos no espetáculo das serras que circundam a cidade, além das juremas em flor quando o inverno chega. Imponente no alto do morro, o castelo Di Bivar, em estilo mouro, é morada dos vaqueiros medievais, os verdadeiros cavaleiros do sertão. O castelo serviu como cenário para a Casa da Mãe de Pantanho, personagem do filme “O Homem que Desafiou o Diabo”, do premiado cineasta Luiz Carlos Barreto.

    Por que é necessário redescobrir a história que, recentemente, foi criado o “Geoparque Seridó” com sua terra rochosa que constitui um dos lugares únicos no Rio Grande do Norte, um forte atrativo para a exploração de um turismo de conhecimento, geológico, antropológico e ecológico. Da Casa Grande da Fazenda Pitombeira é possível ouvir o badalar do sino da matriz de Sant’ana, quando o som vai avançando sobre os telhados das cidades seridoenses e anunciando um sertão de encantamento.