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Sitio Novo — Um novo sítio histórico no Traíri potiguar

Rasgando a estrada RN 093, depois da cidade de Tangará, a Serra da Tapuia logo aparece majestosa, guardando as casas miúdas onde uma população cuida da agricultura para viver. Essas terras de beira de serra, banhadas pelas águas do Riacho São Pedro, afluente do Rio Potengi, pertenciam ao Capitão Amaro de Barros Lima, um homem rude que desbravou o lugar.

A cidade de Sítio Novo, distante 120 quilômetros de Natal, fica bem próxima a várias serras, inclusive a de São Pedro, da Pitombeira, da Dona Inês. A cordilheira de serras deixa ainda mais bela à paisagem agresteira. O açude da cidade está espraiado em meio à caatinga, completando um cenário único.

O acesso a Serra da Tapuia permite a descida e subida de carros. É necessário ter cuidado porque a elevação é íngreme. No trajeto até o castelo, o visitante pode observar várias residências. As pessoas do lugar vivem, essencialmente, do plantio de fruteiras. A partir do povoado da Serra da Tapuia se tem o acesso para ao Castelo de Zé dos Montes.

Nessas terras, nasceu uma povoação de agricultores tendo à frente o fundador do povoado de Grossos, o senhor Francisco Ferreira Lima, popularmente conhecido como “Seu Chicó”, um homeme do povo. Por iniciativa de dele, a povoação ganhou o nome de “Sítio Novo”. Com o tempo, ergueu-se a capela em homenagem a São Sebastião.

Durante o mês de janeiro, a cidade se arruma para receber os convidados que vão celebrar o santo padroeiro com procissão, festas mundanas e manifestações populares. A economia local é baseada na agricultura, no plantio de frutas e na produção de mel de abelha.

É na beira do grande açude que banha a Serra da Tapuia, onde abriga figuras rupestres, datadas de 10 mil anos. A grande montanha já acolheu a nação dos índios Tapuias que deixaram suas marcas nas pedras das cavernas onde se abrigavam do frio e se protegiam de inimigos e animais ferozes. Além das figuras rupestres, há o Castelo de Zé dos Montes que também impressiona os visitantes.

O castelo fantástico de Zé do Monte na Serra da Tapuia

Há muito tempo atrás, o menino Zé apanhava lenha próximo ao Serrote dos Caboclos, em Pedro Avelino, quando apareceu a bela imagem de mulher vestida em uma roupa de tecido azulado. Era a Virgem Maria. Ela indicava na rocha estranhos desenhos que só poderiam ser decifrados pelo garoto de 11 anos. A mensagem deixada por ela foi de que a “Deus dá-se o nome de rocha e toda a sabedoria estava no monte”.

A história surreal está longe de ser reconhecida pela Igreja Católica. Porém, ela contada pelo menino que viveu a fantástica experiência. Hoje, aos 70 anos, chama-se José Antônio Barreto. Na década de 60, passou a pregar no interior do Nordeste o poder das rochas e ganhou o apelido de Zé dos Montes. Até hoje, ele prefere ser chamado pelo apelido.

Sua história de realismo fantástico concretizou-se através do castelo da Serra da Tapuia, em Sítio Novo, chamando atenção por suas inúmeras torres brancas contrastando com o cinza dos serrotes. Uma passada pelos locais escuros e estreitos pode fazer o visitante se perder nos labirintos dentro do Castelo caso não tenha guia.

Desafiando os arquitetos urbanos, ele teve a idéia de construir um castelo em meio as rochas. A capela, localizada no centro da construção, é a área de convergência de três grandes pedras. Numa delas, Zé dos Montes mandou esculpir um altar para homenagear Nossa Senhora. Não há energia elétrica, nem água encanada no castelo.

Escrito por Alex Gurgel

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