Sobre

Redinha, uma praia arredia

Redinha velha cansada

Muito orgulhosa de si,

Deita o corpo embriagada

No leito do Potengi.

(João Alfredo)

Fotos e Texto: Alex Gurgel (@alex_gurgel)

A Redinha é uma ilha cercada de sentimentos. De um lado, é banhada pelo azul do mar e, do outro, pelas águas do Rio Potengi salgado. Quando andou pelas areias da Redinha, ao lado de Cascudo, o escritor paulista Mário de Andrade ficou encantado com a tranqüilidade infinita do lugar. No livro “Turista Aprendiz”, o poeta modernista relata a monotonia da Redinha, sonhando com a travessia de barco, cruzando o rio num dia de sol forte de verão.

A praia da Redinha é porto pesqueiro quando cada manhã é recheada de jangadas ao sabor do mar, onde o pescador faz pajelança nas gamboas do Potengi, jogando sua tarrafa e apanhando sua porção de sobrevivência. A Redinha também é território livre para poetas, artistas e boêmios, que buscam inspiração em verso e prosa para cantar os alumbramentos dessa paisagem marinha.

Para conhecer a Redinha, o visitante deve saborear uma ginga com tapioca, especiaria culinária tradicional no Mercado Público, enquanto observa o burburinho do povo que passa. É preciso celebrar a “Festa do Caju”, no Redinha Clube, quando janeiro chega, anunciando uma nova época de fartura nos quintais e alpendres das casas arejadas

Para exaltar a alegria da Redinha, em dias de carnaval, o folião deve seguir as troças “Siri na Lata” e “Baiacu na Vara”, além de se esbaldar, todo melado de lama, na irreverência do bloco “Os cão”, na terça-feira gorda.

A Redinha continua arredia ao progresso, preservando suas tradições e afugentando o fantasma do monumento bestial de concreto, a majestosa ponte Newton Navarro, que leva os turistas pelas entranhas salobras da Boca da Barra até as águas mansas da praia da Redinha.

É na Redinha que o cronista parnasiano, Vicente Serejo, adotou sua morada e, cuja prosa poética não esconde a paixão pela praia quando escreve: “Redinha boa, Redinha mansa, Redinha cheia de solidão como Pasárgada de Bandeira, lá todo mundo é Irene e ninguém precisa pedir licença”.

Escrito por Alex Gurgel

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