Bateu na cabeça dele sair de fininho. A embriaguez ficara constatada no espelho do banheiro. Mal conseguia concatenar o momento com a música que chegava abafada no banheiro.
— Se eu sair pela esquerda ninguém nem vai perceber. Poxa! Ainda consigo pensar — disse ele à sua imagem no espelho.
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— De quem é esse quarto, essa cama? Como cheguei aqui? Onde estou?
Ainda consegue lembrar do momento de sua saída do barzinho em meio a uma grande confusão. Não sabe dizer o motivo. Um curativo no ombro o faz recordar de ter sido atingido por algo. Coça os olhos, parece não acreditar no que vê. Reconhece a imagem da moça no porta-retratos colocado em uma mesinha ao lado da cama. A cabeça dói em meio a uma ressaca horrenda, e a vergonha de fazer chorar. “É a cantora Cida. A que estava no barzinho. Como diabos cheguei aqui? Só ela pode dizer o que aconteceu”
Os minutos seguintes são de completa angústia. “Que enrascada, meu Deus?!”. Lamenta-se.
Sai de ponta de pé até o banheiro. Heraldo pensa somente em se recompor. Está nu. “Como foi que fiquei nessa situação?”, pergunta-se a todo momento. Anseia sair o mais rápido possível de tamanha enrascada, e que seja da maneira mais sóbria e menos dolorosa possível.
Conseguiu cobrir o corpo com um grande lençol, e a única opção é esperar que alguém entre por essa bendita porta do quarto. O que acontece cerca de duas horas depois. Fitando a pessoa incessantemente à sua frente, feito uma estátua, a jovem cantora entra e, atropelando cumprimentos, pergunta-lhe sobre o acontecido.
— Por favor. Poderia me dizer o que aconteceu? Devo ter feito absurdos. Entretanto, não consigo lembrar de absolutamente nada — argumenta com todo o desapontamento que um ser humano pode sentir.
— Heraldo, o seu nome, né? Você conseguiu encerrar a festa. Deu início a uma confusão empurrando um cliente ao sair do banheiro, muita gente entrou na briga. Você sofreu um corte, e quando deixou o barzinho bateu seu carro em uma viatura da polícia que estava estacionada na saída. Brigou com uma amiga em comum, dona do estabelecimento, que me incumbiu de retirá-lo do local e assim evitar sua prisão. Logo em seguida você desmaiou. Eu o levei ao hospital. Depois de medicado, e como você não sabia como chegar à sua casa, achei melhor trazê-lo ao meu apartamento — não podia abandoná-lo na rua. Tirei sua roupa porque você vomitou tudo quando chegamos aqui — explicou Cida, sem arroubos nas palavras, na tentativa de acalmar Heraldo.
— Nossa. Peço-lhe mil perdões por envolvê-la em tamanha confusão. Agradeço o que fez por mim. E posso ressarcir o prejuízo que causei. E que problemão, hein?! Meu Deus!
— Não precisa se desculpar. Isso é o de menos. Depois vemos isso. Problema mesmo é o que você vai enfrentar quando sair daqui, pois sua esposa e a polícia estão te esperando na portaria.
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