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Carnatchau do Faria

Por Ana Cadengue

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciou no último dia 22, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que abriu mão de disputar o Senado pelo Rio Grande do Norte e que vai ficar no governo Bolsonaro para concluir sua “missão”.

Como argumento, Fábio Faria disse que “ficava muito preocupado em sair do ministério em março e não entregar o 5G funcionando nas 27 capitais”.

O que ele não disse é que seu nome mostrava um pífio desempenho em pesquisas eleitorais e que o eleitorado potiguar não estava disposto a esquecer sua participação no governo de seu pai, Robinson Faria – mas não fez.

Fábio Faria, que pode ser visto sempre apoiando os presidentes brasileiros do momento e que costuma pular do barco quando o cenário começa a ficar desfavorável era, segundo o jornalista Cláudio Humberto — é aquele Cláudio Humberto mesmo que você está pensado —, um “político em ascensão a quem estava reservada a posição de companheiro de chapa do presidente Jair Bolsonaro como candidato a vice-presidente”.

Segundo o ex-porta-voz do presidente Fernando Collor de Mello (vocês sabem quem, né?), o atual ministro das Comunicações, decidiu sair de cena, abandonar a política. A ideia aventada é se dedicar à iniciativa privada. O genro de Sílvio Santos também diz que não tem pretensão alguma de suceder o empresário no comando da rede de TV SBT.

O que mais uma vez Fábio Faria não disse é se essa vontade imperativa de se dedicar aos negócios tem a ver com a implantação da rede 5G no país e seus inúmeros contatos com empresários chineses. Também não se lembrou de informar se vai cumprir uma necessária e legal “quarentena” antes de se dedicar aos ‘negócios’.

Fábio Faria que travou renhida luta com Rogério Marinho pela candidatura bolsonarista de senador do RN, esqueceu os golpes trocados da cintura para baixo e elogiou o opositor, dizendo que após o término desse governo de terra arrasada implantado pelo Messias Bolsonaro pretende se dedicar à família “pra que eu possa acompanhar aí o crescimento deles, que quando a gente pisca o olho e olha eles já estão maiores que a gente”.

Casado com a simpática (contém ironia) Patrícia Abravanel, FF é pai de 3 rebentos.

Exercendo o quarto mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Norte, licenciado do cargo desde junho de 2020, Fábio Faria é formado em Administração e sempre ostentou seu currículo amoroso como um diferencial.

Namorou a atriz Priscila Fantin, a apresentadora Adriane Galisteu e a modelo, ex-BBB e também apresentadora Sabrina Sato. Em 2009, durante o Escândalo das passagens aéreas no Congresso Nacional, Faria devolveu 21 mil reais para a Câmara dos Deputados por ter utilizado da cota parlamentar de passagens aéreas a que tinha direito para presentear namoradas e artistas.

Fábio Faria foi eleito em 2006 para o primeiro mandato de deputado federal, com 195.148 votos, o que representou 12,02% dos votos válidos para o cargo, assumindo o primeiro lugar entre os oito representantes do Estado. Seu pai era o então presidente da Assembleia Legislativa do RN.

Em 2010, foi reeleito o quarto mais votado do estado com 156.688 votos, campanha que supostamente foi alavancada com recursos da Odebrecht Ambiental via caixa 2 segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

Em 2014, quando com o apoio do PT elegeu Robinson Faria governador do Estado, foi reeleito com 166.427 votos, terceiro mais votado do Rio Grande do Norte.

Na eleição de 2018, após seu pai deixar o RN atolado em dívidas deixando um calote ao funcionalismo público de coisa de 1 bilhão de reais, Fábio Faria conseguiu ser reeleito com 70.350 votos, representando 4.37% dos votos válidos, desta vez sendo o oitavo mais votado do Rio Grande do Norte.

Em entrevista concedida ao jornal Tribuna do Norte, em abril do ano passado, o ministro Fábio Faria ao ser questionado sobre as dívidas deixadas pelo (des)governo Robinson Faria, respondeu, a despeito de toda sua influência na política executada e contratações efetuadas, que a “culpa era do PT”. E declarou: “Eu não participei do Governo!”.

Acredita quem quer. Durante todo o governo do pai, Fábio era chamado nos bastidores por puxa-sacos e desafetos de primeiro-ministro.

Pela evolução demonstrada até o momento pelo filhote Faria e por suas desinteressadas relações ostentadas para quem quiser ver, já conseguimos ouvir o som das latas e taróis anunciando o heroico folião em sua mais que oportuna fantasia de urso a desfilar por esse mundo afora a cantar de porta-em-porta “”A la ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”.

Se os versos bem conhecidos do carnaval pernambucano não são lá muito usados nessa terra de elefante, o costume de se camuflar com uma máscara e um velho macacão coberto de estopa, pelúcia ou agave, tocando caixas e tambores, pedindo dinheiro a quem passar pela frente é uma prática bem conhecida neste período carnavalesco e em tantos outros momentos para os amigos ursos. Ops, para os ursos.

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Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô…