A voz de Jorge Ben – sou dessa época – ressoa na minha cabeça me lembrando que em fevereiro tem carnaval. Se for sincera, diria que ecoa em todo meu corpo. É, exatamente o que você imaginou, a minha carne é de carnaval.
E, se os tempos não deixam que, assim como Moraes Moreira, “eu viro toca, eu viro moita”, me conformo em virar a foliã do bloco do “ensaia, mas não sai” ou do “eu sozinha” mesmo. As sombrinhas de frevo se juntam às máscaras de papelão colorido e aos colares havaianos enfeitando as paredes do terraço e trazendo um alento à minha alma foliã.
“Sonhei que estava em Pernambuco/Fiquei maluco/Quando o frevo passou/Mas, quando estava no melhor da festa/Ora, esta alguém me despertou…”. Sei que é clichê, mas nada define melhor minhas últimas aventuras no reino de Morfeu do que o frevo de Antônio Nóbrega.
Penso em Carnaval e as velhas marchinhas, sambas, frevos e maracatus invadem minha mente. A memória se atropela, subo e desço ladeiras, canto com blocos líricos, me impressiono e divirto com a criatividade das fantasias e adereços, pulso com a energia que vem do chão num mar de gente.
Não vai ser neste ano que vou cantar “Voltei Recife”, mas a saudade que me pega pelo braço e pernas vai tentar se resignar com mais um ano de espera e de pequenas reuniões ao som das melodias que acalantam minha alma foliã. Porque Carnaval que se preze e se escreve com o C maiúsculo é festa popular e alegria de um povo.
E já que hoje não tem clarins de Momo aclamando com todo ardor, fica a reverência dos que sabem bem ao que brindam quando gritam Evoé! “E viva o Zé Pereira/Pois a ninguém faz mal/E viva a bebedeira/Nos dias de Carnaval”.
Viva o Zé Pereira. E viva o Carnaval!
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