2004 foi um ano muito enlouquecido em minha vida. Estava sem emprego, mas cheia de trabalho: atuei em três campanhas políticas, escrevi discursos, dirigi programas de TV e rádio, fui locutora, fiz publicidade, produzi um festival de música, gravei participação num CD, rodei o estado inúmeras vezes, passei por uma cirurgia, mudei de casa. No meio dos corres, o encontro com uma atrevida que começou a circular pelo RN e causava curiosidade sobre seus autores.
Não lembro bem quando ou qual edição me aproximou da revista Papangu, mas recordo que sempre que eu encontrava algum exemplar dava um jeito de mergulhar em suas páginas. Confesso que cheguei até a ‘surrupiar’ uma ou outra edição… as vantagens de usar bolsas grandes.
Naquele tempo – meu Deus, me sinto uma velha! -, existia também uma turma que se ‘reunia” no Yahhoo Groups, era o Beco da Lama virtual. Trocávamos ideias, opiniões, textos, poemas, debatíamos tudo, organizávamos eventos, fervilhávamos cultura. Ali, estreitei contato com alguns e conheci muitos e bons nomes. Túlio Ratto, dentre eles.
O tímido editor da Papangu mandava as notícias de sua Mossoró, tirava onda de todos, divulgava a serelepe revista e enfrentava detratores e agressões com galhardia. Túlio e sua trupe, que crescia a cada dia, era um respiro ante os ‘intelectualóides’ de plantão que dominavam o jornalismo cultural no estado e abria espaço para novos autores, artistas, escritores, poetas…
No final de 2005, por uma dessas tantas mudanças na vida profissional, lá fui eu aportar em Mossoró. Sem conhecer quase ninguém na cidade, pedi ajuda a Cid Augusto que me devolveu: “ligue pra Túlio Ratto, ele tem o contato de todo mundo”. E assim foi. De ligação em ligação, e-mail em e-mail, SMS em SMS, ficamos amigos que não se encontravam…
A campanha do ano seguinte me levou “de vez” para Mossoró. O quitinete da Frei Miguelinho chamado carinhosamente de castelinho foi testemunha de tantas mudanças e descobertas. A primeira cerveja com o Ratto dura até hoje, quase 18 anos depois. A peleja com a revista Papangu também – tô rindo, mas é com respeito.
Dos pitacos a pequenas colaborações até o escancaramento de matérias assinadas já teve um pouco de tudo. A Papangu me levou de leitora a entusiasta, de defensora a poeta, da mulher do cafezinho a cronista, repórter, editora, fotógrafa, produtora de festa… E, em meio às marés da vida, nos trouxe até aqui, do papel à internet. Quiçá, com ajuda das deusas e de todes, do infinito ao além. Simbora, Papangu!!!