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É de camaleão aiaiai

Por ANA CADENGUE

Promulgada no dia 28 de setembro do ano passado, a reforma eleitoral estabelecida pela Emenda Constitucional 111 tinha pretensões de contribuir para o “o equilíbrio da atividade político brasileira”, segundo o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco e trazer inovações em três aspectos políticos eleitorais: promoção da diversidade nos cargos públicos, estímulo à participação popular, e fidelidade partidária. 

Menos de um ano depois, com as novas regras em vigor e praticamente às vésperas de uma eleição geral, o que a gente vê é uma verdadeira miscelânea de partidos ao gosto do freguês. 

Com as coligações partidárias só valendo para as eleições majoritárias (governador, senador e presidente da República), alguns partidos se uniram nas federações, que reúne dois ou mais partidos para atuarem como se fosse uma única agremiação partidária por, no mínimo, 4 anos e tem abrangência nacional.

Apesar de ser novidade, apenas 3 federações foram registradas para as eleições deste ano: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PC do B) e Partido Verde (PV); Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Cidadania (CIDADANIA); e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Rede Sustentabilidade (REDE).

E já que as regras são novinhas, votadas e aprovadas por políticos, era de se esperar que fossem – ao menos – respeitadas por eles, né? Qual o quê? O lema parece ser o de sempre: salve-se quem puder ou, no melhor politiquês: “vote em quem quiser”.

A confusão é tão grande que fica difícil para nós, meros mortais, acompanharmos as alianças, reviravoltas e justificativas partidárias e de seus líderes para tanta permissividade. Haja retórica. Ou óleo de peroba. Escolha. 

Adversários se tornam melhores amigos, inimigos jurados se vêm no mesmo palanque, partidos não se coligam nem estão numa federação, mas  cedem seu tempo da propaganda eleitoral gratuita em Rádio e TV para determinados candidatos, algumas legendas coligam, mas só para um determinado cargo sem chance de juntar a tal da sonhada chapa completa.

Quem percorre o Rio Grande do Norte vê uma salada de candidatos a cada vez que uma liderança abre a boca para anunciar seus candidatos. Se fosse Cazuza, diria que queria uma ideologia para viver. Na boca pequena, o que diz-se é que a ideologia serve mesmo é pra vender.

Não querendo entrar em rebuliços numerários, nem pesquisar orçamento secreto para verbas públicas, recorremos ao grande e saudoso Millôr Fernandes: “O poder é o camaleão ao contrário: todos tomam a sua cor”. 

Animal pertencente à Família Chamaeleonidae, segundo biólogos, o camaleão apresenta normalmente uma cabeça angulosa, com olhos que se movimentam independentemente. Uma de suas principais características é a capacidade de mudar de cor, o que lhes permite camuflar-se no ambiente.

A sua língua é coberta por muco e pode ser lançada a uma distância de quase um metro para capturar o alimento. A Biologia também diz que são animais solitários que só se unem a outros animais apenas na época reprodutiva e que deve existir entre 150 e 160 espécies diferentes de camaleões. 

Bom, nem precisava de tanto, nas tradições dos povos pigmeus acredita-se que  foi o camaleão que retirou da árvore da vida o primeiro homem e a primeira mulher juntamente com a primeira água da terra e foram os filhos deste casal que deram origem a todas as raças existentes. 

Tá explicado. 

Sendo assim, só nos resta adotar a música do Chiclete com Banana como jingle desta campanha e sair cantando: “Cara caramba, cara caraô”. 

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