Para começar bem o “ano de agosto”, já no dia 1º, Joe Biden anunciava que em uma operação super bem-sucedida com a utilização de drones, os Estados Unidos haviam matado no Afeganistão o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, no maior golpe sofrido pela organização terrorista desde que seu fundador Osama Bin Laden foi morto em 2011. Em seu pronunciamento, o presidente americano falou que “tudo foi organizado de maneira meticulosa para que apenas atingisse o alvo”, acrescentando que “não foram atingidos civis ou pessoas inocentes”. A organização jurou vingança.
Nos EUA é assim: quando um presidente está com a popularidade em baixa, manda explodir um terrorista líder da Al Qaeda. Em fevereiro de 2020, Donald Trump, em viés de baixa, também já havia mandado matar no Iêmen, o chefe da Al Qaeda, Qassim al-Rimi, também com a utilização de drones e sem vítimas civis e inocentes e também no maior golpe sofrido pela organização terrorista desde que seu fundador Osama Bin Laden foi morto em 2011. Lembrando que Bin Laden foi morto em 02 de maio de 2011, sob às ordens do presidente democrata Barack Obama, reeleito em novembro de 2012.
Ainda no dia 1º e em meio a conflitos bélicos deflagrados ou a deflagrar, na abertura da 10ª Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres advertia que “a humanidade está a um mal-entendido, a um erro de cálculo da aniquilação nuclear”. E completou: “tivemos uma sorte extraordinária até aqui. Mas sorte não é estratégia nem escudo para impedir que as tensões geopolíticas degenerem em um conflito nuclear”.
Seguindo. No dia 2, uma visita a Taiwan da deputada do Partido Democrata e presidente da câmara dos deputados americana, Nancy Pelosi, provocou um incidente diplomático entre os governos dos Estados Unidos e da China e a tensão entre as duas maiores potências comerciais e bélicas do planeta assumiu contornos beligerantes.
A China não reconhece o território de 24 milhões de habitantes como um estado e sim como sua própria província a ser reincorporada um dia e busca meios de ampliar a sua influência e até mesmo tomar o seu controle, pela força se necessário. Os Estados Unidos, embora também não reconheçam Taiwan como um estado, mantém relações comerciais com a ilha.
O governo chinês já havia afirmado, antes mesmo do início da viagem, que a visita de Nancy Pelosi – que possui um longo histórico de oposição à China – era considerada uma provocação e prometeu ações militares seletivas de represália contra Taiwan.
Enquanto a deputada americana esticava sua turnê até o Japão, no dia 5 de agosto a China comunicou ao mundo que havia disparado mísseis sobre Taiwan pela primeira vez, aumentando as tensões na região. Líderes japoneses protestaram contra Pequim, depois que cinco projéteis caíram perto das ilhas japonesas. Três dias depois, no dia 8, Taiwan iniciou exercícios de defesa da ilha com artilharia real, se preparando para uma possível invasão chinesa.
A notícia do dia 17 é que de acordo com uma fonte militar sul-coreana, a Coréia do Norte disparou dois mísseis de cruzeiro a partir da cidade de Onchon. Os projéteis foram atirados em direção ao mar ao longo de sua costa oeste. Os lançamentos aconteceram um dia após a Coréia do Sul e os Estados Unidos iniciarem uma temporada de exercícios militares conjuntos preliminares. Esses exercícios vêm se intensificando e no dia 22 alcançaram o seu nível máximo (o mais alto desde 2018). Conhecidas como Ulchi Freedom Shield (Escudo da Liberdade Ulchi), as manobras estão previstas para durar até 1º de setembro e deve envolver milhares de militares. Os detalhes não foram divulgados, mas normalmente incluem exercícios de campo envolvendo aviões, navios de guerra e tanques.
No dia 24 de agosto, dia da independência da Ucrânia, o conflito com a Rússia completou seis meses. O mundo está diante de uma guerra que não se restringiu a querelas diplomáticas ou comerciais e tem provocado morte e destruição entre as duas nações fronteiriças.
Desde fevereiro, a União Europeia com o apoio dos Estados Unidos vem impondo vários pacotes de sanções contra a Rússia de Vladimir Putin, incluindo medidas restritivas de caráter econômico e diplomático. Definitivamente essas sanções não surtiram o efeito almejado e a guerra persiste sem qualquer perspectiva de solução e mantendo a humanidade em permanente suspense.
Sem nenhuma pretensão de me aprofundar nas questiúnculas geopolíticas da região, é inequívoco que os interesses comerciais e territoriais dos Estados Unidos e seus parceiros europeus, potencializados pela avidez expansionista do presidente russo, serviram de estopim para a eclosão do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia.
Em um contexto de palavras e ações belicosas de Vladimir Putin sobre a Ucrânia, da política de retaliações americana – apoiada por seus sócios europeus – promovida por seu questionado e desprestigiado presidente, Joe Biden, da retórica e ações nucleares em andamento de Kim Jong Un, líder supremo da Coréia do Norte, na Ásia, e das questões atômicas no Oriente Médio, em referência ao Irâ, vale destacar outro trecho da “advertência” do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, no “longínquo” 1º de agosto, na abertura da 10ª Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares: “a conferência deste ano ocorre em um momento de perigo nuclear não visto desde o auge da Guerra Fria”. “Acrescentando a ameaça de armas nucleares a esses conflitos, essas regiões estão caminhando para uma catástrofe”. Não apenas essas regiões, mas o mundo inteiro, diria esse que vos escreveu.
Só sei que a “peia tá bem rasinha”. Agora não tome uma!
* Texto finalizado em 25/08/2022.