EO é a história de um burrinho que é arrancado de seu lar oposicionista devido às circunstâncias de uma ilusão e acaba percorrendo um mundo imaginário em uma jornada épica cheia de momentos tão divertidos quanto tristes, e até brutais. A produção natalense conta a história que nos confronta com a própria natureza humana: tanto nossa capacidade de sermos despiedados com aqueles que não podem se defender — tamanha a burrice —, quanto em ver esses seres refletidos em vermes minúsculos diante da imensidão do mundo.
EO é uma parábola reflexiva sobre a relação entre os políticos e meros penduricalhos ajumentados. Para isso, ele utiliza a jornada (e o olhar) de um burrinho que vive num circo. Há ironia no que principia o calvário desse animalzinho que tende a ser enxergado como uma criatura inocente martirizada em contato com a sordidez política declarada de diversas maneiras. EO vivia sob a proteção de um presidente de partido, mas agora é obrigado a sair desse lar, ainda que imperfeito, dava-lhe suporte. A cena dele carregando o peso de possivelmente ser trocado por uma petista, é como se recebesse uma surra dos integrantes da oposição, é a própria destruição do ego.
De toda forma, o bichinho iludido, que não é dono do próprio destino, vai ter que rebolar muito para ter a importância do cocô do mosquito que pousa no cuspe do pré-candidato à prefeitura do Natal em 2024.