Neymar é o centro das atenções na Seleção da CBF desde 2010. Isso mesmo. Até quando não foi convocado por Dunga, ele causou polêmica. A imprensa especializada garante que faltou Neymar – à época com 18 anos – no banco de reservas (paupérrimo de talentos, é bom que se diga) para que o Brasil evitasse o vexame de tomar aquela virada contra a Holanda, em um jogo que dominou por completo no primeiro tempo e no segundo se “despinguelou” de vez depois da expulsão do troglodita do Felipe Melo.
Naquele longínquo 2010, Neymar ainda era o garoto “sunguelo” e extrovertido que surgiu no Santos formando uma dupla genial com Paulo Henrique Ganso (muitos queriam os dois na seleção), em mais uma versão dos “Meninos da Vila” e que levou o “Peixe” a conquistar o Tri Campeonato Paulista (2010, 2011 e 2012), Copa do Brasil (2010) e a Libertadores (2011).
Ainda em 2010, no dia 15 de setembro, após a vitória do Santos sobre o Alético Goianiense por 4 a 2, ao criticar o comportamento de Neymar durante a partida, o misto de treinador, preparador físico, psicólogo, antropólogo, sociólogo, filósofo e comentarista esportivo Renê Simões, proferiu a célebre frase que mudaria para sempre os rumos do futebol mundial: “Estamos criando um monstro no futebol brasileiro”. Será que a profecia de Renê Simões se concretizou e não demos conta?
Após as conquistas pelo Santos e por atuações e gols cada vez mais espetaculares, o craque da Vila Belmiro, se transformava assim na principal esperança de conquista do hexa campeonato mundial, em uma Copa que seria disputada dali a quatro anos no Brasil.
Nesse ínterim, em 2013, aconteceu a polêmica transferência para o Barcelona que acabou acarretando problemas com o fisco espanhol em um processo no qual o jogador foi absolvido no último dia 28 de outubro por “falta de indícios suficientes para caracterizar crime fiscal”, de acordo com a Promotoria Espanhola. No entanto, o processo movido pela empresa DIS, intermediária na transação de Neymar para o Barcelona e que se sente lesada em relação aos valores envolvidos na negociação, ainda segue em aberto.
É também em 2013 que Neymar começa a se enveredar pelo mundo das celebridades ao engatar um namoro com a emergente atriz global Bruna Marquezine, que entre idas e vindas durou até 2018. Coincidentemente, quando o jogador começou a demonstrar publicamente o seu viés político de extrema direita.
Em 2014 sob o comando do enérgico paizão Felipão, jogando em casa com um elenco de estrelas que brilhavam no futebol europeu (embora o goleiro Júlio César – à meia boca – fosse reserva no Toronto FC, da Liga Americana) e com o “menino” Neymar no auge da forma aos 22 anos, o Brasil tinha tudo para finalmente conquistar o hexa. Deu no que deu: “7 a 1”, um placar que virou substantivo como significado para “ato vexatório, que humilha, desonra; humilhação: perder assim é uma vergonha”.
No entanto, seria injusto jogar qualquer responsabilidade sobre o “menino” pelo fiasco e maior vexame do futebol brasileiro desde que Charles Miller desembarcou por aqui vindo da Inglaterra em 18 de fevereiro de 1894, trazendo na bagagem duas bolas feitas de couro curtido e bexiga de boi, se transformando assim no “pai do futebol brasileiro”.
Até aquela joelhada insana desferida pelo colombiano Zúñiga, que lhe acertou em cheio o “osso do mucumbu”, Neymar era um dos destaques da Copa, embora já surgissem críticas ao seu irritante “cai cai” e reclamações com os juízes.
Em 03 de agosto de 2017, outra transferência polêmica ao comprar briga para sair do Barcelona para o multibilionário Paris Saint Germain. As atitudes pouco profissionais de Neymar dentro e fora de campo já vinham lhe angariando antipatia, não só entre atletas do mundo todo, mas entre a imprensa e pessoas de diversas camadas que não concordavam com o seu comportamento.
Na Copa de 2018, sob o pragmatismo de Tite, mais uma vez as esperanças da conquista do hexa pelo Brasil recaíam sobre o controverso Neymar. Em uma copa que ficou marcada pelo último lugar da Alemanha (campeã em 2014) em seu grupo, quando perdeu para o México por 1 a 0, venceu a Suécia por 2 a 1 e perdeu para a Coréia do Sul por 2 a 0, Neymar acabou se transformando em um dos “memes” mais reproduzidos no mundo, desde que essa forma de crítica e ironia surgiu nos meios digitais. Ou seja, o milionário e midiático supercraque havia se transformado em motivo de chacota, virado piada mundial.
Após mais um fiasco do Brasil em uma Copa do Mundo na qual chegou como grande favorito e apesar de todas as críticas à sua performance pífia, aos 26 anos o “menino” Neymar, tão contestado, tão injustiçado pela imprensa e pelo torcedor brasileiro, seguia como o único craque capaz de comandar a seleção brasileira rumo à conquista do sexto título, dessa vez na estranha copa do Catar a ser disputada entre novembro e dezembro de 2022.
Aqui, uma pequena pausa nessa “neymarística” retrospectiva: esse escrevinhador não torce pela seleção da CBF desde 1986 e não nutre qualquer simpatia por Neymar desde sempre.
O “menino” saiu da puberdade e alcançou a adolescência. De repente 30! Chegamos à Copa do Mundo de 2022. Um ano marcado por uma eleição presidencial acirrada e virulenta em que as principais forças progressistas (ou nem tanto) se uniram para pôr um fim ao projeto neofacista encampado pelo presidente ainda em exercício.
Neymar, que já se mostrava simpático a Jair Bolsonaro desde a eleição de 2018, resolve às vésperas do primeiro turno, explicitar o seu apoio ao presidente de extrema direita por meio de vídeo nas redes sociais e participação em uma “live” do então candidato à reeleição. E ainda prometeu homenagear o seu “parça” fazendo um 22 quando marcasse o primeiro gol na copa.
E mais uma vez o Brasil estreou em uma Copa do Mundo com o seu principal jogador envolto em polêmicas.
Durante e após a estreia, as reações entre a torcida brasileira foram diversas. A esquerda comemorou quando Neymar se machucou contra a Sérvia e o Brasil venceu com dois gols do progressista Richarlison, que veste a camisa 13. Que máximo! A extrema direita vaiou os gols, mas ainda não ficou claro se foi porque o autor foi o camisa 13 e não o bolsonarista Neymar.
Após a magra vitória de 1 a 0 sobre a Suíça, quando ficou caracterizado o fraco desempenho do ataque da seleção de Tite (o gol foi do volante Casemiro), até o esquerdista que torce pela conquista do hexa sem precisar do maior craque brasileiro na atualidade em campo, foi taxativo: “sem Neymar, não dá”. Como é? Dá ou não dá? Querem ou não querem Neymar?
E os patriotas, que enfrentam sol, chuva e sereno durante suas manifestações por intervenção militar e alienígena vestindo a camisa amarela da CBF, estão desorientados. Torcer ou não torcer, eis a questão. O futebol está acima do patriotismo? Em algumas manifestações “patriotárias”, se o sujeito sair para assistir o jogo do Brasil não é mais aceito de volta. E se o extremista de direita Neymar, se recuperar da contusão, voltar arrebentando e levar o Brasil ao título, vão comemorar ou não?
PS. Esse texto foi escrito logo após o 1 a 0 do Brasil em cima da Suíça. E apesar da minha torcida contra, o Brasil vai ser hexa. É muita seleção ruim e treinador burro nessa Copa do Mundo.