“Manhã, tão bonita manhã…”. Enquanto os versos de Antônio Maria ressoam, as memórias despertam céleres e misturam histórias e fantasias de carnaval.
A menina pirata olha pra mim feliz e me faz duvidar que este ano não haverá carnaval. Sério? E minhas fantasias? Que faço com a vontade de sair de mim, de cantar a altos brados, dançar sem vergonha de ser vista e sentir que, sim, “minha carne é de carnaval”, como diria o Moraes?
Se alguém, em meus piores pesadelos, dissesse que não haveria carnaval em algum momento, confesso, talvez não o levasse a sério. Uma coisa é não querer festejar, outra é curtir entre poucos, alguns hão de dizer que não gostam da festa, mas desejam o feriado. Sem carnaval não há quem. Imagino. Ou melhor, espero.
Já fui havaiana, Pedrita, marinheira, palhaça, borboleta, cigana… Me cobri de brilhos, retalhos, adereços, cores, bandeiras. Cantei frevos, sambas, axés e tudo o que me levasse ao enlevo. Saí de mim.
Festa pagã, dizem alguns. Cristã, bradam outros. Carne Vale, adeus à carne, como traduz o latim, ou a festa da carne como acreditam os profanos. Não sei. Só sei que me dá um negócio, um freviado na alma. Não importa se eu esteja em Natal, Recife, na Usina, em Olinda, Tibau, Mossoró… Não importa mesmo. O carnaval acontece em mim, constato.
Decorei a casa. O terraço só, para ser sincera. Comprei umas fitas metalizadas, juntei antigas fantasias, uma coisinha aqui, outra ali e já me vi em festa.
É, me desculpe quem não gosta, quem não vê motivos para celebrar, quem só critica tudo mesmo, quem está triste. Mil desculpas. É carnaval. Em casa. A folia sou eu.
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