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Navegando pelas Ribeiras do Seridó

Só quem sobe a Serra do Doutor, rasgando a estrada até chegar à cabeceira da Serra de Sant’ana, consegue ver o Seridó que parece uma flor brejeira que brota na terra rochosa em meio ao mato ralo da caatinga. É ali mesmo onde começa o Sertão. No alto do Serrote do Cruzeiro ainda se pode ouvir dos velhos vaqueiros o aboio, o lamento do sertanejo, como se fosse uma ladainha de fim de tarde.

Em Currais Novos a vegetação é magra e o vento que foge das encostas das serras já não carrega a frescura que abranda o calor dos telhados. Porta de entrada para o Sertão do Seridó, a cidade desabrocha para o turismo como uma rosa bruta catingueira sentindo o cheiro da chuva na primeira florada. O município tem um potencial turístico ainda para ser lapidado, recheado de histórias e bravura entre índios e colonizadores.

O município faz parte do roteiro turístico da região do Seridó, oferecendo várias opções de encantamento para o visitante como a Mina Brejuí, o Sítio Arqueológico do Totoró, os casarões coloniais, a Igreja de Santana, a Pedra do Sino, o Cânio dos Apertados, a Lagoa do Santo e o Tungstênio Hotel, o “Copacabana Palace” do Seridó. Ainda tem o santeiro Ivan, do sítio Maxixe, um autodidata que produz santos em estilo barroco, como se cada pedaço de imburana aceitasse o corte certeiro do seu canivete afiado, única ferramenta utilizada para dá forma à peça.

Seguindo a estrada em busca do sertão é quando o carro aponta no alto do quilômetro duzentos da BR 427 e o visitante se depara com Acari, uma típica cidade seridoense encravada nas encostas ocidentais da Chapada Borborema.  As serras e serrotes formam uma garganta para armazenar água chamado Açude Gargalheiras. Considerada a cidade mais asseada do Brasil, Acari é uma das mais antigas cidades seridoenses e carrega a cultura de seu povo entranhada em cada recanto de suas casas coloniais, onde são cultuados os costumes do sertão.

Visitar o sertão de Carnaúba dos Dantas é vencer os 160 metros de altura até o Monte do Galo e atirar os olhos no espetáculo das serras que circundam a cidade, além das juremas em flor quando o inverno chega. Imponente no alto do morro, o castelo Di Bivar, em estilo mouro, é morada dos vaqueiros medievais, os verdadeiros cavaleiros do sertão. O castelo serviu como cenário para a Casa da Mãe de Pantanho, personagem do filme “O Homem que Desafiou o Diabo”, do premiado cineasta Luiz Carlos Barreto.

Por que é necessário redescobrir a história que, recentemente, foi criado o “Geoparque Seridó” com sua terra rochosa que constitui um dos lugares únicos no Rio Grande do Norte, um forte atrativo para a exploração de um turismo de conhecimento, geológico, antropológico e ecológico. Da Casa Grande da Fazenda Pitombeira é possível ouvir o badalar do sino da matriz de Sant’ana, quando o som vai avançando sobre os telhados das cidades seridoenses e anunciando um sertão de encantamento.

Escrito por Alex Gurgel

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